Eleições estaduais em Alagoas em 1970

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1966 Brasil 1974
Eleições estaduais em  Alagoas em 1970
3 de outubro de 1970
(Eleição indireta)
15 de novembro de 1970
(Eleição direta)


Candidato Afrânio Lages


Partido ARENA


Natural de Maceió, AL


Vice José Tavares
Votos 27
Porcentagem 100%

As eleições estaduais em Alagoas em 1970 ocorreram em duas fases de acordo com o Ato Institucional Número Três e assim a eleição indireta do governador Afrânio Lages e do vice-governador José Tavares foi em 3 de outubro e a escolha dos senadores Arnon de Melo e Luís Cavalcanti, cinco deputados federais e quinze estaduais aconteceu em 15 de novembro num ritual semelhante ao aplicado aos 22 estados brasileiros e aos territórios federais do Amapá, Rondônia e Roraima.[1][2][3][nota 1]

Para governar Alagoas o presidente Emílio Garrastazu Médici escolheu Afrânio Lages. Advogado formado na Universidade Federal da Bahia em 1931, ele nasceu em Maceió, presidiu a seccional da Ordem dos Advogados do Brasil e o Instituto dos Advogados de Alagoas. Professor e jornalista, integrou o Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas e a Associação Alagoana de Imprensa. Eleito deputado estadual em 1935, teve o mandato extinto pelo Estado Novo. Professor da Universidade Federal de Alagoas e diretor da Faculdade de Direito, foi conselheiro do Tribunal de Contas do Estado dirigiu a Carteira de Colonização do Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal. Eleito suplente de senador via UDN em 1954, foi efetivado em 1961 com a renúncia de Freitas Cavalcanti para ocupar uma vaga no Tribunal de Contas da União. Antes fora candidato a governador de Alagoas em 1955, mas foi derrotado por Muniz Falcão, entretanto foi escolhido para ocupar esse cargo em 1970 pela ARENA tendo como vice-governador o deputado estadual José Tavares.[4]

O senador mais votado foi o jornalista, advogado e empresário Arnon de Melo. Nascido em Rio Largo ele estava no Rio de Janeiro quando irrompeu a Revolução de 1930 e na então capital federal trabalhou em A Vanguarda, Diário de Notícias, Diário Carioca, O Jornal e nos Diários Associados. Graduado em Direito em 1933 na Universidade Federal do Rio de Janeiro foi advogado da Associação Comercial do Rio de Janeiro, assumiu em 1936 a direção da Gazeta de Alagoas e tornou-se membro do conselho diretor da Associação Brasileira de Imprensa. Com o fim do Estado Novo ingressou na UDN e venceu sua primeira eleição ao conquistar o governo alagoano em 1950 para um mandato de cinco anos. Filiado ao PDC foi eleito senador em 1962 ingressando na ARENA após a decretação do bipartidarismo pelo Regime Militar de 1964 reelegendo-se em 1970.[5][nota 2]

A outra vaga ficou com Luís Cavalcanti cujo ingresso em 1937 na Escola Militar do Realengo o levou a uma carreira no Exército Brasileiro na qual se tornou General de Brigada. Auxiliar do então governador Arnon de Melo, iniciou carreira política na UDN e foi eleito suplente do senador Rui Palmeira em 1954, deputado federal em 1958 e governador de Alagoas em 1960 ingressando depois na ARENA pela qual obteve um novo mandato de deputado federal em 1966 e um de senador em 1970.[6][7]

Resultado da eleição para governador[editar | editar código-fonte]

Em pleito realizado na Assembleia Legislativa de Alagoas a chapa vencedora recebeu vinte e sete votos enquanto Alcides Falcão, Gilberto Sarmento e José Tavares se abstiveram.[8][9][nota 3]

Candidatos a governador do estado
Candidatos a vice-governador Número Coligação Votação Percentual
Afrânio Lages
ARENA
José Tavares
ARENA
11
ARENA (sem coligação)
27
100%
  Eleito

Resultado da eleição para senador[editar | editar código-fonte]

Dados fornecidos pelo Tribunal Superior Eleitoral informam a existência de 316.223 votos nominais (75,78%), 78.983 votos em branco (18,93%) e 22.098 votos nulos (5,29%) resultando no comparecimento de 417.304 eleitores.[1]

Candidatos a senador da República
Primeiro suplente de senador Número Coligação Votação Percentual
Arnon de Melo
ARENA
João Inácio da Silva
ARENA
111
ARENA (sem coligação)
100.635
31,82%
Luís Cavalcanti
ARENA
Medeiros Neto
ARENA
112
ARENA (sem coligação)
99.566
31,49%
Aurélio Viana
MDB
João de Omena Fireman
MDB
152
MDB (sem coligação)
63.916
20,21%
Luiz Gonzaga Mendes de Barros
MDB
Ramiro Costa Pereira
MDB
155
MDB (sem coligação)
52.106
16,48%
  Eleitos

Deputados federais eleitos[editar | editar código-fonte]

São relacionados os candidatos eleitos com informações complementares da Câmara dos Deputados.[10][11]

Representação eleita

  ARENA: 4
  MDB: 1
Deputados federais eleitos Partido Votação Percentual Cidade onde nasceu Unidade federativa
José Sampaio ARENA 23.069 Palmeira dos Índios  Alagoas
Vinicius Cansanção MDB 18.231 Pilar  Alagoas
José Alves ARENA 17.883 Delmiro Gouveia  Alagoas
Geraldo Bulhões ARENA 17.091 Santana do Ipanema  Alagoas
Oceano Carleial ARENA 16.621 Barbalha  Ceará

Deputados estaduais eleitos[editar | editar código-fonte]

Das quinze cadeiras em disputa a ARENA conquistou onze ante quatro do MDB.[1]

Representação eleita

  ARENA: 11
  MDB: 4
Deputados estaduais eleitos Partido Votação Percentual Cidade onde nasceu Unidade federativa
Tarcísio de Jesus ARENA 9.605 4,60% Maceió  Alagoas
Antônio Ferreira de Andrade MDB 8.013 3,84% Desterro  Paraíba
Divaldo Suruagy ARENA 7.265 3,48% São Luís do Quitunde  Alagoas
Alcides Falcão MDB 6.033 2,89% Ouricuri  Pernambuco
Geraldo Melo ARENA 6.012 2,88% Capela  Alagoas
Teobaldo Barbosa ARENA 5.805 2,78% São José da Laje  Alagoas
Jorge Duarte Quintella Cavalcanti ARENA 5.758 2,75% Penedo  Alagoas
Nelson Costa ARENA 5.497 2,63% Piaçabuçu  Alagoas
José Lúcio de Melo ARENA 5.291 2,53% Arapiraca  Alagoas
Aroldo Dorvillé Loureiro Farias ARENA 5.253 2,51% Maceió  Alagoas
José Bandeira de Medeiros ARENA 5.214 2,49% Delmiro Gouveia  Alagoas
Guilherme Palmeira ARENA 5.125 2,45% Maceió  Alagoas
Humberto Melo Souza ARENA 4.941 2,36% Pilar  Alagoas
Walter Dória de Figueiredo MDB 4.669 2,23% Rio Largo  Alagoas
Higino Vital da Silva MDB 4.610 2,20% Arapiraca  Alagoas

Notas

  1. Nos referidos territórios o pleito serviu apenas para a escolha de deputados federais, não havendo eleições no Distrito Federal e no Território Federal de Fernando de Noronha.
  2. O ardil das "candidaturas múltiplas" permitiu a Arnon de Melo eleger-se deputado federal e governador de Alagoas em 1950, entretanto como ele optou pelo Executivo, a cadeira parlamentar foi entregue a Mário Gomes de Barros.
  3. Os deputados oposicionistas Ademar Medeiros, Antônio Amaral, Antônio Lopes, Higino Vital e José Vasconcelos estão entre os que sufragaram a chapa vitoriosa.

Referências

  1. a b c «Banco de dados do Tribunal Superior Eleitoral». Consultado em 10 de novembro de 2013 
  2. «Subsecretaria de Informações do Senado Federal do Brasil: Ato Institucional Número Três». Consultado em 10 de novembro de 2013 
  3. ... e fez-se o Arenão. Disponível em Veja, ed. 116 de 25/11/1970. São Paulo: Abril. Página visitada em 10 de novembro de 2013.
  4. «Senado Federal do Brasil: senador Afrânio Lages». Consultado em 21 de maio de 2018 
  5. «Senado Federal do Brasil: senador Arnon de Melo». Consultado em 21 de maio de 2018 
  6. «Câmara dos Deputados do Brasil: deputado Luís Cavalcanti». Consultado em 21 de maio de 2018 
  7. «Senado Federal do Brasil: senador Luís Cavalcanti». Consultado em 21 de maio de 2018 
  8. «Legislativos elegem; MDB faz restrições (online). O Estado de S. Paulo, São Paulo (SP), 04/10/1970. Geral, p. 04.». Consultado em 23 de maio de 2018 
  9. Assembléias (sic) estaduais elegem os governadores (online). Jornal do Brasil, Rio de Janeiro (RJ), 04/10/1970. Primeiro caderno, p. 26. Página visitada em 21 de maio de 2018.
  10. «Página oficial da Câmara dos Deputados». Consultado em 5 de agosto de 2015. Arquivado do original em 2 de outubro de 2013 
  11. BRASIL. Presidência da República. «Lei n.º». Consultado em 5 de agosto de 2015