Eleições estaduais na Paraíba em 1970

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1966 Brasil 1974
Eleições estaduais na  Paraíba em 1970
3 de outubro de 1970
(Eleição indireta)
15 de novembro de 1970
(Eleição direta)


Candidato Ernani Sátiro


Partido ARENA


Natural de Patos, PB


Vice Clóvis Cavalcanti

As eleições estaduais na Paraíba em 1970 ocorreram em duas fases conforme previa o Ato Institucional Número Três e assim a eleição indireta do governador Ernani Sátiro e do vice-governador Clóvis Cavalcanti foi em 3 de outubro e a escolha dos senadores Milton Cabral e Domício Gondim, além de oito deputados federais e vinte e quatro estaduais aconteceu em 15 de novembro a partir de um receituário aplicado aos 22 estados e aos territórios federais do Amapá, Rondônia e Roraima.[1][2][3][nota 1]

Pela primeira vez desde Argemiro de Figueiredo em 1935 os paraibanos teriam um governador eleito pelo voto indireto graças ao Ato Institucional Número Três outorgado pelo Regime Militar de 1964 e tal escolha recaiu sobre o advogado Ernani Sátiro. Formado na Universidade Federal de Pernambuco em 1933 com especialização em Direito Penal, exerceu a profissão de jornalista no Diário de Pernambuco. Eleito deputado estadual na Paraíba em 1934 cumpriu o mandato até a decretação do Estado Novo. Fora da política dedicou-se à advocacia e às fazendas de sua propriedade em Patos, cidade onde nasceu até que uma reviravolta política o fez ser nomeado chefe de polícia pelo agora interventor Argemiro de Figueiredo que em 1940 o nomearia prefeito de João Pessoa, cargo que Ernani Sátiro exerceu por apenas dezoito dias quando o presidente Getúlio Vargas apontou Rui Carneiro para ocupar o Palácio da Redenção.[4] Eleito deputado federal via UDN em 1945, 1950, 1954, 1958, 1962 e 1966, assinou a Constituição de 1946 e foi membro da ala partidária chamada Banda de Música e também o último presidente nacional da UDN por conta do bipartidarismo imposto pelo Ato Institucional Número Dois em 1965.[5][6] Renunciou ao mandato parlamentar em 1969 a fim de assumir uma cadeira no Superior Tribunal Militar e em 1970 chegou ao governo da Paraíba via ARENA após escolha do presidente Emílio Garrastazu Médici.[nota 2][7]

O vice-governador eleito foi o médico Clóvis Cavalcanti. Natural de Bananeiras, se formou em 1935 na Universidade Federal de Pernambuco e foi chefe do posto de saúde em sua cidade natal e comandou interinamente o Serviço de Endemias Rurais da Paraíba. Filiado à UDN, foi nomeado prefeito de Bananeiras em 1945 pelo interventor Severino Montenegro. Eleito deputado estadual em 1947, 1950, 1954, 1958, 1962 e 1966, exerceu a presidência estadual da UDN, da ARENA e da Assembleia Legislativa da Paraíba sendo escolhido vice-governador na chapa de Ernani Sátiro em 1970.

Resultado da eleição para governador[editar | editar código-fonte]

Eleição realizada pela Assembleia Legislativa da Paraíba na qual os deputados de oposição se abstiveram.[8]

Candidatos a governador do estado
Candidatos a vice-governador Número Coligação Votação Percentual
Ernani Sátiro
ARENA
Clóvis Cavalcanti
ARENA
-
ARENA (sem coligação)
19
100%
  Eleito

Biografia dos senadores eleitos[editar | editar código-fonte]

Milton Cabral[editar | editar código-fonte]

Diplomado em Engenharia Civil pela Universidade Mackenzie em 1947, Milton Cabral foi diretor do Rotary Clube e sócio-fundador do Clube de Engenharia em Campina Grande.[9] Assumiu a presidência da Federação das Indústrias do Estado da Paraíba em 1950 e a vice-presidência da Confederação Nacional da Indústria em 1953. Natural de Umbuzeiro e filho de Severino Cabral, foi eleito deputado federal via PTB em 1962, ingressou na ARENA e obteve uma suplência em 1966, contudo a renúncia de Ernani Sátiro para ocupar uma vaga no Superior Tribunal Militar a convite do presidente Costa e Silva o efetivou como deputado até que em 1970 foi eleito senador.[10]

Domício Gondim[editar | editar código-fonte]

Também engenheiro civil, Domício Gondim nasceu em Areia formou-se na New York University e é administrador de voo graduado no Spartan College of Aeronautics and Technology em Tulsa, Oklahoma. Seu retorno ao Brasil ocorreu em 1958 quando obteve uma suplência de deputado federal pelo PSD. Sobrinho de Pedro Gondim, elegeu-se suplente de senador pelo PDC em 1962 sendo efetivado após a eleição de João Agripino ao governo paraibano em 1965. No ano seguinte se filiaria à ARENA e foi reeleito senador em 1970. Presidente da Companhia Mercantil e Industrial Ingá, faleceu no exercício do mandato e nisso a vaga ficou em aberto, pois seu suplente, José Medeiros Vieira, morrera em 1973.[11][12][13]

Resultado da eleição para senador[editar | editar código-fonte]

Dados fornecidos pelo Tribunal Superior Eleitoral contabilizam 833.719 votos nominais, 92.092 votos em branco (9,67%) e 26.327 votos nulos (2,77%) resultando no comparecimento de 952.138 eleitores.[14][nota 3]

Candidatos a senador da República
Primeiro suplente de senador Número Coligação Votação Percentual
Milton Cabral
ARENA
Flaviano Ribeiro
ARENA
-
ARENA (sem coligação)
236.462
28,36%
Domício Gondim
ARENA
José Medeiros Vieira
ARENA
-
ARENA (sem coligação)
236.080
28,32%
Humberto Lucena
MDB
José Gadelha
MDB
-
MDB (sem coligação)
185.332
22,23%
Argemiro de Figueiredo
MDB
Orlando Cavalcanti Melo
MDB
-
MDB (sem coligação)
175.845
21,09%
  Eleitos

Deputados federais eleitos[editar | editar código-fonte]

São relacionados os candidatos eleitos com informações complementares da Câmara dos Deputados. Foram apurados 382.753 votos válidos (80,40%), 66.280 votos em branco (13,92%) e 27.036 votos nulos (5,68%) resultando no comparecimento de 476.069 eleitores.[15][16][nota 4]

Representação eleita

  ARENA: 5
  MDB: 3
Deputados federais eleitos Partido Votação Percentual Cidade onde nasceu Unidade federativa
Antônio Mariz ARENA 59.434 13,24% João Pessoa  Paraíba
Álvaro Gaudêncio ARENA 44.893 9,99% São João do Cariri  Paraíba
Marcondes Gadelha MDB 43.532 9,69% Sousa  Paraíba
Wilson Braga ARENA 43.055 9,59% Conceição  Paraíba
Teotônio Neto ARENA 34.147 7,60% Santana dos Garrotes  Paraíba
Janduhy Carneiro MDB 33.240 7,40% Pombal  Paraíba
Cláudio Leite ARENA 29.660 6,61% João Pessoa  Paraíba
Petrônio Figueiredo MDB 23.716 5,28% Campina Grande  Paraíba

Deputados estaduais eleitos[editar | editar código-fonte]

Na disputa pelas 24 vagas da Assembleia Legislativa da Paraíba a ARENA conquistou quinze cadeiras e o MDB nove.[14]

Representação eleita

  ARENA: 15
  MDB: 9
Deputados estaduais eleitos Partido Votação Percentual Cidade onde nasceu Unidade federativa
Múcio Wanderley Sátyro ARENA 22.633 2,71% Patos  Paraíba
Edme Tavares ARENA 13.505 1,61% Cajazeiras  Paraíba
Jonas Leite Chaves ARENA 12.899 1,54% Itaporanga  Paraíba
José Lacerda Neto ARENA 12.280 1,47% São José de Piranhas  Paraíba
Inácio Morais ARENA 11.677 1,40% Santa Luzia  Paraíba
Eilzo Nogueira Matos ARENA 11.260 1,35% Sousa  Paraíba
Edivaldo Motta ARENA 11.144 1,33% Patos  Paraíba
Orlando Almeida MDB 10.628 1,27% Campina Grande  Paraíba
Francisco de Assis Camelo ARENA 10.371 1,24% Bayeux  Paraíba
Américo Maia ARENA 9.831 1,17% Catolé do Rocha  Paraíba
Zé Gayoso MDB 9.529 1,14% Patos  Paraíba
Chico Vieira ARENA 9.439 1,13% Lagoa  Paraíba
Inácio Pedrosa Sobrinho MDB 9.373 1,12% Cruz do Espírito Santo  Paraíba
Ananias Pordeus Gadelha MDB 9.282 1,11% Cajazeiras  Paraíba
Waldir Lyra dos Santos Lima ARENA 8.575 1,02% Solânea  Paraíba
Egídio Madruga ARENA 8.552 1,02% Pedras de Fogo  Paraíba
Laércio Pires de Souza MDB 8.383 1,00% Sousa  Paraíba
Luiz Ferreira Barros ARENA 8.099 0,97% Cabedelo  Paraíba
Zé Lira MDB 7.684 0,92% Teixeira  Paraíba
José Fernandes de Lima MDB 7.629 0,91% Mamanguape  Paraíba
Rui de Andrade Gouveia MDB 7.576 0,90% João Pessoa  Paraíba
Jáder Pimentel ARENA 7.263 0,87% João Pessoa  Paraíba
Euvaldo da Silva Brito ARENA 7.045 0,84% João Pessoa  Paraíba
Sebastião Calixto de Araújo MDB 6.877 0,82% Cajazeiras  Paraíba

Notas

  1. Nos referidos territórios o pleito serviu apenas para a escolha de deputados federais, não havendo eleições no Distrito Federal e no Território Federal de Fernando de Noronha.
  2. Sua passagem pelo STM ocorreu porque a Constituição de 1967 permitia aos eleitos no ano anterior e aos respectivos suplentes o direito de preservar sua atividade político-partidária.
  3. Mesmo antes de promulgada a Emenda Constitucional Número Um, a Constituição de 1967 dizia (Art. 43 § 2º) que cada senador seria eleito com o seu suplente.
  4. O conceito de "votos válidos" no tocante a esta eleição engloba os votos nominais e os votos de legenda, os quais preferimos não distinguir por razões editoriais segundo a fonte consultada.

Referências

  1. «Subsecretaria de Informações do Senado Federal do Brasil: Ato Institucional Número Três». Consultado em 12 de novembro de 2013 
  2. ... e fez-se o Arenão. Disponível em Veja, ed. 116 de 25/11/1970. São Paulo: Abril. Página visitada em 12 de novembro de 2013.
  3. «Acervo digital Veja». Consultado em 12 de novembro de 2013. Arquivado do original em 29 de outubro de 2013 
  4. «Câmara dos Deputados do Brasil: deputado Ernani Sátiro». Consultado em 17 de julho de 2017 
  5. Aos 74, morre em Brasília o deputado Ernani Satyro (online). Folha de S. Paulo, São Paulo (SP), 09/05/1986. Política, p. 06. Página visitada em 17 de julho de 2017.
  6. «BRASIL. Presidência da República: Constituição de 1946». Consultado em 17 de julho de 2017 
  7. «BRASIL. Presidência da República: Constituição de 1967». Consultado em 17 de julho de 2017 
  8. O pleito de ontem, em todos os estados (online). Folha de S. Paulo, São Paulo (SP), 04/10/1970. Primeiro cadeiro, p. 06. Página visitada em 26 de agosto de 2017.
  9. «Câmara dos Deputados do Brasil: deputado Milton Cabral». Consultado em 17 de julho de 2017 
  10. «Senado Federal do Brasil: senador Milton Cabral». Consultado em 17 de julho de 2017 
  11. «Senado Federal do Brasil: senador Domício Gondim». Consultado em 17 de julho de 2017 
  12. «Câmara dos Deputados do Brasil: deputado Domício Gondim». Consultado em 17 de julho de 2017 
  13. Senador é sepultado em Niterói (online). Jornal do Brasil, Rio de Janeiro (RJ), 06/06/1978. Política e Governo, p. 09. Página visitada em 17 de julho de 2017.
  14. a b «Banco de dados do Tribunal Superior Eleitoral». Consultado em 11 de julho de 2017 
  15. «Página oficial da Câmara dos Deputados». Consultado em 26 de agosto de 2017. Arquivado do original em 2 de outubro de 2013 
  16. «BRASIL. Presidência da República: Lei nº 9.504 de 30/09/1997». Consultado em 26 de agosto de 2017