Terror Vermelho: diferenças entre revisões

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[[File:Bundesarchiv Bild 102-00032, Felix Dzierzynski.jpg|thumb|Félix Dzerjinski, Chefe da Tcheka.]]
[[File:Bundesarchiv Bild 102-00032, Felix Dzierzynski.jpg|thumb|[[Félix Dzerjinsky ]], Chefe da Tcheka.]]
O '''Terror Vermelho''' na [[Rússia Soviética]] foi a campanha de prisões e [[Pena de morte|execuções]] em massa conduzidas pelo governo [[Bolchevique]]. Na historiografia soviética, o Terror Vermelho é descrito como anunciado oficialmente em [[2 de setembro]] de [[1918]] por [[Yakov Sverdlov]] e terminado aproximadamente em outubro de 1918. Entretanto, muitos historiadores, começando por Serghei Melgúnov, aplicam este termo à repressões para todo o período da [[Guerra civil russa]], 1918-1922.<ref name="Melgunov">[[Sergei Petrovich Melgunov]], ''Red Terror in Russia'', Hyperion Pr (1975), ISBN 0-88355-187-X</ref><ref>Nicolas Werth, Karel Bartošek, Jean-Louis Panné, Jean-Louis Margolin, Andrzej Paczkowski, Stéphane Courtois, ''The Black Book of Communism: Crimes, Terror, Repression'', [[Harvard University]] Press, 1999, capa-dura, 858 páginas, ISBN 0-674-07608-7</ref> A [[repressão]] em massa foi conduzida [[Punição|sem processo judicial]] pela [[Segurança nacional|polícia secreta]], a [[Cheka]],<ref>Edvard Radzinsky Stalin: The First In-depth Biography Based on Explosive New Documents from Russia's Secret Archives, Anchor, (1997) ISBN 0-385-47954-9, páginas 152-155</ref> junto de elementos da agência de inteligência militar bolchevista, a GRU.<ref name="Suvorov, Viktor 1984">Suvorov, Viktor, ''Inside Soviet Military Intelligence'', New York: Macmillan (1984)</ref>

'''Terror Vermelho''' na [[Rússia Soviética]] foi a campanha de prisões e [[Pena de morte|execuções]] em massa conduzidas pelo governo [[Bolchevique]]. Na [[História da União Soviética|historiografia soviética]], o Terror Vermelho é descrito como anunciado oficialmente em [[2 de setembro]] de [[1918]] por [[Yakov Sverdlov]] e terminado aproximadamente em outubro de 1918. Entretanto, muitos historiadores, começando por Serghei Melgúnov, aplicam este termo à repressões para todo o período da [[Guerra civil russa]], 1918-1922.<ref name="Melgunov">[[Sergei Petrovich Melgunov]], ''Red Terror in Russia'', Hyperion Pr (1975), ISBN 0-88355-187-X</ref><ref>Nicolas Werth, Karel Bartošek, Jean-Louis Panné, Jean-Louis Margolin, Andrzej Paczkowski, Stéphane Courtois, ''The Black Book of Communism: Crimes, Terror, Repression'', [[Harvard University]] Press, 1999, capa-dura, 858 páginas, ISBN 0-674-07608-7</ref> A [[repressão]] em massa foi conduzida [[Punição|sem processo judicial]] pela [[Segurança nacional|polícia secreta]], a [[Cheka]],<ref>Edvard Radzinsky Stalin: The First In-depth Biography Based on Explosive New Documents from Russia's Secret Archives, Anchor, (1997) ISBN 0-385-47954-9, páginas 152-155</ref> junto de elementos da agência de inteligência militar bolchevista, a GRU.<ref name="Suvorov, Viktor 1984">Suvorov, Viktor, ''Inside Soviet Military Intelligence'', New York: Macmillan (1984)</ref>


O termo "Terror Vermelho" foi originalmente<ref>Jan ten Brink (1899) English translation by J. Hedeman [http://books.google.com/books?id=m7QEAAAAYAAJ&dq=robespierre+%22red+terror%22&printsec=frontcover&source=web&ots=XeBLxKxvPY&sig=8ZNFDmwk4sQ9wlVYtz2zyB0sLjw "Robespierre and the Red Terror"], reprinted in 2004, ISBN 1-4021-3829-6</ref> usado para descrever as últimas seis semanas do "[[Terror (Revolução Francesa)|Terror]]" da [[Revolução Francesa]], terminando em [[28 de julho]] de [[1794]] (execução de [[Maximilien Robespierre|Robespierre]]), para distingui-lo do subsequente período do [[Terror branco]]<ref>[http://www.victorianweb.org/history/hist7.html French Revolution]</ref> (historicamente este período tem sido conhecido como o Grande Terror ({{lang-fr|[[:fr:Terreur (Révolution française)#La Grande Terreur (juin-juillet 1794)|la Grande Terreur]]}}).
O termo "Terror Vermelho" foi originalmente<ref>Jan ten Brink (1899) English translation by J. Hedeman [http://books.google.com/books?id=m7QEAAAAYAAJ&dq=robespierre+%22red+terror%22&printsec=frontcover&source=web&ots=XeBLxKxvPY&sig=8ZNFDmwk4sQ9wlVYtz2zyB0sLjw "Robespierre and the Red Terror"], reprinted in 2004, ISBN 1-4021-3829-6</ref> usado para descrever as últimas seis semanas do "[[Terror (Revolução Francesa)|Terror]]" da [[Revolução Francesa]], terminando em [[28 de julho]] de [[1794]] (execução de [[Maximilien Robespierre|Robespierre]]), para distingui-lo do subsequente período do [[Terror branco]]<ref>[http://www.victorianweb.org/history/hist7.html French Revolution]</ref> (historicamente este período tem sido conhecido como o Grande Terror ({{lang-fr|[[:fr:Terreur (Révolution française)#La Grande Terreur (juin-juillet 1794)|la Grande Terreur]]}}).

''Terror Rojo'' ("[[Terror Vermelho (Espanha)|Terror Vermelho]]"),<ref>''El terror rojo.'' Julius Ruiz, Grupo Planeta, 2012, {{es}} ISBN 9788467006803 Adicionado em 13/09/2015.</ref> <ref>''The Battle for Spain: The Spanish Civil War 1936-1939.'' Antony Beevor, Hachette UK, 2012, {{en}}. ISBN 9781780224534 Adicionado em 13/09/2015.</ref> é o termo historicamente usado na [[Espanha]] para descrever a repressão ocorrida na [[Segunda República Espanhola|II República]] e a [[perseguição religiosa durante a guerra civil espanhola]], perpetrada por agentes desta e seus partidários.<ref>[http://wn.com/la_persecuci%C3%B3n_religiosa_en_espa%C3%B1a_el_terror_rojo World News] - Vídeo: ''La persecución religiosa en España: El Terror Rojo.'' {{es}} Acessado em 13/09/2015.</ref>


== Finalidade ==
== Finalidade ==
O Terror Vermelho foi um esforço por parte dos bolcheviques para eliminar [[contra-revolução|contra-revolucionários]] que pertenciam as antigas "[[Classe dominante|classes dominantes]]", como uma implementação da [[ditadura do proletariado]].<ref>''The supersession of the bourgeois state by the proletarian state is impossible without a violent revolution'' (The State and Revolution, [http://www.marxists.org/archive/lenin/works/1917/staterev/ch01.htm#s3 capitulo 1])</ref> [[Martin Latsis]], chefe da [[Tcheka]] na Ucrânia, explicou no jornal Red Terror:


O Terror Vermelho foi um esforço por parte dos bolcheviques para eliminar [[contrarrevolução|contra-revolucionários]] que pertenciam as antigas "[[Classe dominante|classes dominantes]]", como uma implementação da [[ditadura do proletariado]] <ref>''The supersession of the bourgeois state by the proletarian state is impossible without a violent revolution'' (The State and Revolution, [http://www.marxists.org/archive/lenin/works/1917/staterev/ch01.htm#s3 capitulo 1])</ref> (''ver: [[luta de classes]]''). [[Martin Latsis]], chefe da [[Tcheka]] na Ucrânia, explicou no jornal Red Terror:
{{Quote|''Não olhe no arquivo por provas incriminatórias. Você não precisa provar que este ou aquele homem agiu contra os interesses do poder soviético. Pergunte a ele, em vez de qual classe pertence, qual é o seu passado, a sua educação, a sua profissão. Estas são as perguntas que irão determinar o destino do acusado. Esse é o significado da essência do Terror Vermelho.|[[Martin Latsis]]<ref name="State">Yevgenia Albats and Catherine A. Fitzpatrick. ''The State Within a State: The KGB and Its Hold on Russia – Past, Present, and Future'', 1994. ISBN 0-374-52738-5.</ref> }}

{{Quote2|''Não olhe no arquivo por provas incriminatórias. Você não precisa provar que este ou aquele homem agiu contra os interesses do poder soviético. Pergunte a ele, em vez de qual classe pertence, qual é o seu passado, a sua educação, a sua profissão. Estas são as perguntas que irão determinar o destino do acusado. Esse é o significado da essência do Terror Vermelho.|[[Martin Latsis]]<ref name="State">Yevgenia Albats and Catherine A. Fitzpatrick. ''The State Within a State: The KGB and Its Hold on Russia – Past, Present, and Future'', 1994. ISBN 0-374-52738-5.</ref> }}


A luta amarga foi descrita de forma sucinta, do ponto de vista bolchevique, por [[Grigory Zinoviev]] em meados de setembro 1918:
A luta amarga foi descrita de forma sucinta, do ponto de vista bolchevique, por [[Grigory Zinoviev]] em meados de setembro 1918:

{{Quote|''Para vencer os nossos inimigos, devemos ter o nosso próprio militarismo socialista. Temos de carregar conosco 90 milhões dos atuais 100 milhões da população da Rússia Soviética. Quanto ao resto, não temos nada a dizer a eles. Eles devem ser aniquilados.''|[[Grigory Zinoviev]]<ref>George Leggett. ''The Cheka: Lenin's Political Police'' [[Oxford University Press]], 1986. ISBN 0-19-822862-7 pagina 114.</ref> }}
{{Quote2|''Para vencer os nossos inimigos, devemos ter o nosso próprio militarismo socialista. Temos de carregar conosco 90 milhões dos atuais 100 milhões da população da Rússia Soviética. Quanto ao resto, não temos nada a dizer a eles. Eles devem ser aniquilados.''|[[Grigory Zinoviev]]<ref>George Leggett. ''The Cheka: Lenin's Political Police'' [[Oxford University Press]], 1986. ISBN 0-19-822862-7 pagina 114.</ref> }}


== História ==
== História ==

[[File:Leon Trotsky.JPG|thumb|200px|"Bolshevik freedom"&nbsp;– Poster de propaganda polonesa com a caricatura de Leon Trotsky]]
[[File:Leon Trotsky.JPG|thumb|200px|"Bolshevik freedom"&nbsp;– Poster de propaganda polonesa com a caricatura de Leon Trotsky]]
A campanha de repressão em massa começou oficialmente em retaliação ao assassinato em [[Petrogrado]] do líder da Tcheca [[Moisei Uritsky]], pelo estudante e membro dos [[Partido Socialista Revolucionário (Russo)|Partido Socialista Revolucionário]] Leonid Kannegisser,<ref name="Wade">{{citar livro|autor=David Marples |título="Motherland - Russia in the 20th Century" |url=https://books.google.co.th/books?id=Q2WuBAAAQBAJ&pg=PA61&dq=Moissey+Uritsky&hl=pt-BR&sa=X&ei=bo2SVITlNYSiugSMs4D4Dw&ved=0CD4Q6AEwBA#v=onepage&q=Moissey%20Uritsky&f=false |lingua3=en |ano=2002 |página=61 |editora=Routledge |local=Nova York|acessado= 18 de dezembro de 2014 |ISBN=987 0 582 43834-7}}</ref><ref name="cox"/> e pela tentativa de assassinato de Lenin, pela [[Partido Socialista Revolucionário (Russo)|socialista revolucionária]] [[Fanni Kaplan]] em 30 de agosto de 1918.<ref name="cox">{{citar livro|autor=David Cox |título="Close Protection: The Politics of Guarding Russia's Rulers" |url=https://books.google.co.th/books?id=rsB-5-e0RwgC&pg=PA12&dq=Moissey+Uritsky&hl=pt-BR&sa=X&ei=mteSVK_qB4aVuAS7lYLQCA&ved=0CCoQ6AEwAjgK#v=onepage&q=Moissey%20Uritsky&f=false |lingua3=en |ano=2001 |página=12 |editora=Greenwood Publishing Group |local=USA|acessado= 18 de dezembro de 2014 |ISBN=987 0 275 96688-7}} In addition to assassinating the German ambassador and Moisey Uritsky, the head of Petrograd Cheka, the Left SRs went after Lenin. On August 30, a Left SR named Fanya Kaplan shot Lenin three times.</ref>


A campanha de repressão em massa começou oficialmente em retaliação ao assassinato em [[Petrogrado]] do líder da Tcheka [[Moisei Uritsky]], pelo estudante e membro dos [[Partido Socialista Revolucionário (Russo)|Partido Socialista Revolucionário]] Leonid Kannegisser,<ref name="Wade">{{citar livro|autor=David Marples |título="Motherland - Russia in the 20th Century" |url=https://books.google.co.th/books?id=Q2WuBAAAQBAJ&pg=PA61&dq=Moissey+Uritsky&hl=pt-BR&sa=X&ei=bo2SVITlNYSiugSMs4D4Dw&ved=0CD4Q6AEwBA#v=onepage&q=Moissey%20Uritsky&f=false |lingua3=en |ano=2002 |página=61 |editora=Routledge |local=Nova York|acessado= 18 de dezembro de 2014 |ISBN=987 0 582 43834-7}}</ref><ref name="cox"/> e pela tentativa de assassinato de Lenin, pela [[Partido Socialista Revolucionário (Russo)|socialista revolucionária]] [[Fanni Kaplan]] em 30 de agosto de 1918.<ref name="cox">{{citar livro|autor=David Cox |título="Close Protection: The Politics of Guarding Russia's Rulers" |url=https://books.google.co.th/books?id=rsB-5-e0RwgC&pg=PA12&dq=Moissey+Uritsky&hl=pt-BR&sa=X&ei=mteSVK_qB4aVuAS7lYLQCA&ved=0CCoQ6AEwAjgK#v=onepage&q=Moissey%20Uritsky&f=false |lingua3=en |ano=2001 |página=12 |editora=Greenwood Publishing Group |local=USA|acessado= 18 de dezembro de 2014 |ISBN=987 0 275 96688-7}} In addition to assassinating the German ambassador and Moisey Uritsky, the head of Petrograd Cheka, the Left SRs went after Lenin. On August 30, a Left SR named Fanya Kaplan shot Lenin three times.</ref>
Como reação 1300 representantes da classe burguesa foram massacrados por destacamentos da tcheca dentro das prisões em Petrogrado e [[Kronstadt]] entre 31 de agosto e 4 de setembro. Quinhentos reféns foram executados imediatamente pelo governo comunista bolchevique após o assassinato do Uritsky.<ref name="Radzinsky">Edvard Radzinsky ''[[Joseph Stalin|Stalin]]: The First In-depth Biography Based on Explosive New Documents from Russia's Secret Archives'', Anchor, (1997) ISBN 0-385-47954-9, paginas 152–155</ref>


Como reação 1300 representantes da classe burguesa foram massacrados por destacamentos da tcheka dentro das prisões em Petrogrado e [[Kronstadt]] entre 31 de agosto e 4 de setembro. Quinhentos reféns foram executados imediatamente pelo governo comunista bolchevique após o assassinato de Uritsky.<ref name="Radzinsky">Edvard Radzinsky ''[[Joseph Stalin|Stalin]]: The First In-depth Biography Based on Explosive New Documents from Russia's Secret Archives'', Anchor, (1997) ISBN 0-385-47954-9, paginas 152–155</ref>
Enquanto se recuperava de seus ferimentos, Lenin instruiu:


Enquanto se recuperava de seus ferimentos, [[Lenin]] instruiu:
:"É necessário - secretamente e com urgência - preparar para o terror”.<ref name="Mitrokhin">Christopher Andrew and Vasili Mitrokhin (2000). O [[O Arquivo Mitrokhin]]: The KGB in Europe and the West. Gardners Books. ISBN 0-14-028487-7, página 34.</ref>

Mas mesmo antes dos atentados, Lenin estava enviando telegramas "para introduzir terror em massa" em [[Níjni Novgorod]], em resposta a uma suspeita insurreição civil lá, e de "esmagar" latifundiários em [[Penza]] que protestavam, por vezes violentamente, a requisição de seus grãos por destacamentos militares. <ref>Barbara Lefebvre, Sophie Ferhadjian, ''Comprendre les génocides du XXe siècle: comparer-enseigner'', Editions Bréal, 2007, pagina 89</ref><ref name="Black"> Nicolas Werth, Karel Bartosek, Jean-Louis Panne, Jean-Louis Margolin, Andrzej Paczkowski, Stephane Courtois, ''Black Book of Communism: Crimes, Terror, Repression'', pagina 72 e 78 [[Harvard University Press]], 1999, ISBN 0-674-07608-7. capitulo 4: ''The Red Terror'' – Telegramas enviados em 9 e 10 de agosto.</ref>
{{Quote|''É necessário - secretamente e com urgência - preparar para o terror.''<ref name="Mitrokhin">Christopher Andrew and Vasili Mitrokhin (2000). O [[O Arquivo Mitrokhin]]: The KGB in Europe and the West. Gardners Books. ISBN 0-14-028487-7, página 34.</ref>}}

Mas mesmo antes dos atentados, Lenin estava enviando telegramas "para introduzir terror em massa" em [[Níjni Novgorod]], em resposta a uma suspeita insurreição civil lá, e de "esmagar" latifundiários em [[Penza]] que protestavam, por vezes violentamente, a requisição de seus grãos por destacamentos militares. <ref>Barbara Lefebvre, Sophie Ferhadjian, ''Comprendre les génocides du XXe siècle: comparer-enseigner'', Editions Bréal, 2007, pagina 89</ref><ref name="Black"> Nicolas Werth, Karel Bartosek, Jean-Louis Panne, Jean-Louis Margolin, Andrzej Paczkowski, Stephane Courtois, ''[[O Livro Negro do Comunismo|Black Book of Communism: Crimes, Terror, Repression]]'', pagina 72 e 78 [[Harvard University Press]], 1999, ISBN 0-674-07608-7. capitulo 4: ''The Red Terror'' – Telegramas enviados em 9 e 10 de agosto.</ref>

{{Quote2|[[Camarada]]s! ''A revolta ''[[kulak]]'' em seus cinco distritos deve ser esmagada sem piedade... Vocês devem fazer dessas pessoas um exemplo. <br />''(1):'' Pendure-as ''(quero dizer, pendurar publicamente, para que as pessoas vejam)'' pelo menos 100 kulaks, bastardos ricos, e sanguessugas conhecidos. <br />''(2):'' Publiquem seus nomes. <br />''(3):'' Confisquem todos os seus grãos. <br />''(4):'' Selecionem os prisioneiros de acordo com as minhas instruções do telegrama de ontem. <br />Façam tudo isso de modo que, por quilômetros ao redor, as pessoas vejam tudo isso, compreendam, temam, e digam que estamos matando os kulaks sanguinários e que vamos continuar a fazê-lo...''|Lenin. (P.S. Encontrem pessoas mais duras).<ref name="Black"/>}}


O primeiro anúncio oficial do Terror Vermelho foi publicado em 3 de setembro de 1918 no [[Izvestia]], com o titulo de "Apelo à classe trabalhadora" instigando os trabalhadores a "esmagar a [[Hidra de Lerna|hidra]] da [[contra-revolução]] com terror!
O primeiro anúncio oficial do Terror Vermelho foi publicado em 3 de setembro de 1918 no [[Izvestia]], com o titulo de "Apelo à classe trabalhadora" instigando os trabalhadores a "esmagar a [[Hidra de Lerna|hidra]] da [[contra-revolução]] com terror!
: "Quem se atreve a espalhar o menor rumor contra o regime soviético será preso imediatamente e enviados para campos de concentração".<ref name="werth">[[Nicolas Werth]], [http://www.massviolence.org/IMG/pdf/Crimes-et-violences-de-masse-des-guerres-civiles-russes-1918-1921.pdf Crimes et violences de masse des guerres civiles russes], Online Encylopedia of Mass Violence / Sciences-Po Paris, 2008</ref>


{{Quote|''Quem se atreve a espalhar o menor rumor contra o regime soviético será preso imediatamente e enviados para'' [[campos de concentração]].<ref name="werth">[[Nicolas Werth]], [http://www.massviolence.org/IMG/pdf/Crimes-et-violences-de-masse-des-guerres-civiles-russes-1918-1921.pdf Crimes et violences de masse des guerres civiles russes], Online Encylopedia of Mass Violence / Sciences-Po Paris, 2008</ref>}}
Em 5 de setembro o [[Conselho do Comissariado do Povo]] publicou um decreto intitulado ‘’Sobre o Terror Vermelho’’ apelando para ...‘’isolar os [[inimigos de classe]] da República Soviética dentro de campos de concentração, e de executar no local todo envolvido em insurreições, motins ou de pertencer a Guarda Branca.<ref>Decreto assinado pelo People's Commissar of Justice D. Kursky, People's Commissars of Interior G.Petrovsky, Director in Affairs of the Council of People's Commissars Vl.Bonch-Bruyevich, SU, #19, department 1, art.710, 04.09.1918</ref><ref name="Red Terror.1">V.T.Malyarenko. "Rehabilitation of the repressed: Legal and Court practices". ''Yurinkom''. Kiev 1997. pagina 17–18.</ref><ref name="Red Terror.2">A.N.Yakovlev. "GULAG: The main directory of camps. 1918–1960". ''MFD''. Moscow 2000.</ref><ref>[http://www.istpravda.com.ua/short/2011/09/5/54045/ A declaração do Terror Vermelho completa 92 anos]</ref>


Em 5 de setembro o [[Conselho do Comissariado do Povo]] publicou um decreto intitulado "''Sobre o Terror Vermelho''" apelando para: "''isolar os [[inimigos de classe]] da República Soviética dentro de campos de concentração, e de executar no local todo envolvido em insurreições, motins ou de pertencer a [[Exército Branco|Guarda Branca]].''"<ref>Decreto assinado pelo People's Commissar of Justice D. Kursky, People's Commissars of Interior G.Petrovsky, Director in Affairs of the Council of People's Commissars Vl.Bonch-Bruyevich, SU, #19, department 1, art.710, 04.09.1918</ref><ref name="Red Terror.1">V.T.Malyarenko. "Rehabilitation of the repressed: Legal and Court practices". ''Yurinkom''. Kiev 1997. pagina 17–18.</ref><ref name="Red Terror.2">A.N.Yakovlev. "GULAG: The main directory of camps. 1918–1960". ''MFD''. Moscow 2000.</ref><ref>[http://www.istpravda.com.ua/short/2011/09/5/54045/ A declaração do Terror Vermelho completa 92 anos]</ref>
Em 15 de outubro, um dos líderes da Tcheca, [[Gleb Bokii]], citou que o Terror Vermelho tinha terminado oficialmente, informando que em Petrogrado 800 supostos inimigos havia sido baleado e outro 6.229 presos.<ref name="Mitrokhin"/> Os mortos nos dois primeiros meses foram entre 10.000 e 15.000 com base em listas de pessoas executadas sumariamente publicadas no jornal Cheka Weekly e em outros da imprensa oficial.<ref name="Black"/>


Em 15 de outubro, um dos líderes da Tcheka, [[Gleb Bokii]], citou que o Terror Vermelho tinha terminado oficialmente, informando que em Petrogrado 800 supostos inimigos havia sido baleado e outro 6.229 presos.<ref name="Mitrokhin"/> Os mortos nos dois primeiros meses foram entre 10.000 e 15.000 com base em listas de pessoas executadas sumariamente publicadas no jornal Cheka Weekly e em outros da imprensa oficial.<ref name="Black"/>
O número de execuções pela Tcheka em poucas semanas foi duas a três vezes maior que a pena de morte por parte do regime czarista em 92 anos.<ref name="werth"/>


O número de execuções pela Tcheka em poucas semanas foi duas a três vezes maior que a [[pena de morte]] por parte do [[regime czarista]] em 92 anos.<ref name="werth"/>
A medida que a guerra civil progredia, um número significativo de presos, suspeitos e reféns foram executados com base de pertencerem às "classes inimigas do proletariado". Na [[Crimeia]], [[Béla Kun]], com a aprovação de Vladimir Lenin<ref>[[Donald Rayfield]]. ''[[Stalin and His Hangmen]]: The Tyrant and Those Who Killed for Him.'' [[Random House]], 2004. ISBN 0-375-50632-2 p. 83</ref> executou sumariamente 50.000 civis e prisioneiros de guerra [[Exército Branco|brancos]], por disparo ou enforcados, após a derrota do general [[Pyotr Nikolayevich Wrangel]], no final de 1920. A eles havia sido prometida anistia se eles se rendessem.<ref>{{cite book |last=Gellately |first=Robert |title=Lenin, Stalin, and Hitler: The Age of Social Catastrophe |publisher=[[Alfred A. Knopf|Knopf]] |year=2007 |page=72 |isbn=1-4000-4005-1}}</ref> É razoável citar os bolcheviques como iniciantes do ciclo de atrocidades durante a guerra civil.<ref>{{citar livro|autor=Vladimir Brovkin | título="The Bolsheviks in the Russian Society" |capítulo=5 |lingua3=en |ano=1997 |página=115 |editora=Yale University|local=London |ISBN=300 06706 2}}</ref>

A medida que a [[Guerra Civil Russa|guerra civil]] progredia, um número significativo de presos, suspeitos e reféns foram executados com base de pertencerem às "classes inimigas do proletariado". Na [[Crimeia]], [[Béla Kun]], com a aprovação de Vladimir Lenin<ref>[[Donald Rayfield]]. ''[[Stalin and His Hangmen]]: The Tyrant and Those Who Killed for Him.'' [[Random House]], 2004. ISBN 0-375-50632-2 p. 83</ref> executou sumariamente 50.000 civis e [[prisioneiros de guerra]] do [[Anticomunismo|anticomunista]] [[Exército Branco]], por disparo ou enforcados, após a derrota do general [[Pyotr Nikolayevich Wrangel]], no final de 1920. A eles havia sido prometida [[anistia]] se eles se rendessem.<ref>{{cite book |last=Gellately |first=Robert |title=Lenin, Stalin, and Hitler: The Age of Social Catastrophe |publisher=[[Alfred A. Knopf|Knopf]] |year=2007 |page=72 |isbn=1-4000-4005-1}}</ref> É razoável citar os bolcheviques como iniciantes do ciclo de atrocidades durante a guerra civil.<ref>{{citar livro|autor=Vladimir Brovkin | título="The Bolsheviks in the Russian Society" |capítulo=5 |lingua3=en |ano=1997 |página=115 |editora=Yale University|local=London |ISBN=300 06706 2}}</ref>


== Repressões ==
== Repressões ==
{{Principal|Repressão política na União Soviética}}
=== Camponeses ===
=== Camponeses ===

Os adversários reais ou imaginários são submetidos a prisões e execuções. Segundo algumas estimativas, a repressão da [[Revolta de Tambov]] (1919-1921) causou a deportação de cerca 100.000 camponeses rebeldes e suas famílias, sendo cerca de 15.000 deles executados.<ref>{{citar livro |ultimo=Gellately |primeiro=Robert |titulo=''Lenin, Stalin, and Hitler: The Age of Social Catastrophe'' |editora=Alfred A. Knopf |data=2007 |pagina= 75 |ISBN=1-4000-4005-1}}</ref>
Os adversários reais ou imaginários são submetidos a prisões e execuções. Segundo algumas estimativas, a repressão da [[Revolta de Tambov]] (1919-1921) causou a deportação de cerca 100.000 camponeses rebeldes e suas famílias, sendo cerca de 15.000 deles executados.<ref>{{citar livro |ultimo=Gellately |primeiro=Robert |titulo=''Lenin, Stalin, and Hitler: The Age of Social Catastrophe'' |editora=Alfred A. Knopf |data=2007 |pagina= 75 |ISBN=1-4000-4005-1}}</ref>


=== Trabalhadores da indústria ===
=== Trabalhadores da indústria ===
Em 16 de Março de 1919, a Tcheka invadiu a fábrica Putilov. Mais de 900 trabalhadores que estavam em greve foram presos, dos quais mais de 65 foram executados sem julgamento durante os próximos dias.<ref name="vladimir2">{{citar livro|autor=Vladimir Brovkin| título="The Bolsheviks in the Russian Society" |capítulo=7 |ano=1997 |página=147}}</ref> Inúmeras greves ocorreu na primavera de 1919, nas cidades de Tula, Orel, Tver, Ivanovo e Astrakhan. Os trabalhadores famintos procurou obter rações alimentares semelhantes às dos soldados do Exército Vermelho. Eles também exigiram a eliminação de privilégios para bolcheviques, a liberdade de imprensa e eleições livres. Todas as greves foram impiedosamente reprimidas pela Tcheka usando execuções.<ref name="vladimir2"/><ref>Edvard Radzinsky, '' Stalin: The First In-depth Biography Based on Explosive New Documents from Russia's Secret Archives'', Anchor, 1997, paginas 152-155</ref>


Em 16 de Março de 1919, a Tcheka invadiu a fábrica Putilov. Mais de 900 trabalhadores que estavam em [[greve]] foram presos, dos quais mais de 65 foram executados sem julgamento durante os próximos dias.<ref name="vladimir2">{{citar livro|autor=Vladimir Brovkin| título="The Bolsheviks in the Russian Society" |capítulo=7 |ano=1997 |página=147}}</ref> Inúmeras greves ocorreram na primavera de 1919, nas cidades de [[Tula (Rússia)|Tula]], [[Oriol]], [[Tver]], [[Ivanovo]] e [[Astracã]]. Os trabalhadores famintos procuraram obter rações alimentares semelhantes às dos soldados do [[Exército Vermelho]]. Eles também exigiram a eliminação de privilégios para [[bolchevique]]s, a [[liberdade de imprensa]] e [[eleições livres]]. Todas as greves foram impiedosamente reprimidas pela Tcheka usando execuções.<ref name="vladimir2"/><ref>Edvard Radzinsky, '' Stalin: The First In-depth Biography Based on Explosive New Documents from Russia's Secret Archives'', Anchor, 1997, paginas 152-155</ref>
Os membros do clero foram submetidos a abusos particularmente brutais. De acordo com documentos citados porAlexander Yakovlev, então chefe do Comitê Presidencial para a reabilitação das vítimas da repressão política, padres, monges e freiras foram crucificados, jogados em caldeirões de piche fervendo, escalpelados, estrangulados e afogado em buracos no gelo.<ref name="Yakovlev">Alexander Nikolaevich Yakovlev. ''A Century of Violence in Soviet Russia.'' [[Yale University Press]], 2002. ISBN 0-300-08760-8 [http://books.google.com/books?id=ChRk43tVxTwC&pg=PA156&lpg=PA156&dq=yakovlev+crucified&source=web&ots=ICKDgb9JAk&sig=gFYkPqJP9tewjmH3VL7b7ODHe5w pagina 156]</ref> Estima-se que 3.000 foram condenados à morte só em 1918.<ref name="Yakovlev"/>

Os membros do [[clero]] foram submetidos a abusos particularmente brutais (''ver: [[antirreligião]] e [[ateísmo marxista-leninista]]''). De acordo com documentos citados por [[Alexander Yakovlev (político russo)|Alexander Yakovlev]], então chefe do Comitê Presidencial para a reabilitação das vítimas da repressão política, [[padre]]s, [[monge]]s e [[freira]]s foram [[Crucificação|crucificados]], jogados em caldeirões de piche fervendo, escalpelados, estrangulados e afogado em buracos no gelo <ref name="Yakovlev">Alexander Nikolaevich Yakovlev. ''A Century of Violence in Soviet Russia.'' [[Yale University Press]], 2002. ISBN 0-300-08760-8 [http://books.google.com/books?id=ChRk43tVxTwC&pg=PA156&lpg=PA156&dq=yakovlev+crucified&source=web&ots=ICKDgb9JAk&sig=gFYkPqJP9tewjmH3VL7b7ODHe5w pagina 156]</ref> (''ver: [[religião na União Soviética]]''). Estima-se que 3.000 foram condenados à morte só em 1918.<ref name="Yakovlev"/>

== Ver também ==

* [[Democídio]]
* [[Grande Expurgo]]
* [[Gulag]]
* [[Patocracia]]
* [[Ponerologia]]
* [[Terror Branco]]
* [[Terrorismo de Estado]]
* [[The Great Terror]]
* [[The Soviet Story]]


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== Bibliografia ==
== Bibliografia ==

* Nicolas Werth, Karel Bartosek, Jean-Louis Panne, Jean-Louis Margolin, Andrzej Paczkowski, Stephane Courtois, ''Black Book of Communism: Crimes, Terror, Repression'', [[Harvard University]] Press, 1999, hardcover, 858 pages, ISBN 0-674-07608-7. Chapter 4: ''The Red Terror''
* Nicolas Werth, Karel Bartosek, Jean-Louis Panne, Jean-Louis Margolin, Andrzej Paczkowski, Stephane Courtois, ''Black Book of Communism: Crimes, Terror, Repression'', [[Harvard University]] Press, 1999, hardcover, 858 pages, ISBN 0-674-07608-7. Chapter 4: ''The Red Terror''
* George Leggett, ''The Cheka: Lenin’s Political Police.'' [[Oxford University Press]], 1987, ISBN 0-19-822862-7
* George Leggett, ''The Cheka: Lenin’s Political Police.'' [[Oxford University Press]], 1987, ISBN 0-19-822862-7
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== Ligações externas ==
== Ligações externas ==

* [http://www.spartacus.schoolnet.co.uk/RUSterror.htm Terror Vermelho]coleção de extratos de fontes primárias da Spartacus Schoolnet
* [http://www.spartacus.schoolnet.co.uk/RUSterror.htm Terror Vermelho] coleção de extratos de fontes primárias da Spartacus Schoolnet
* [http://www.marxists.org/archive/trotsky/1920/terrcomm/index.htm Livro ''Terrorismo ou Comunismo'']por [[Leon Trotsky]] sobre o uso do Terror Vermelho.
* [http://www.marxists.org/archive/trotsky/1920/terrcomm/index.htm Livro ''Terrorismo ou Comunismo''] por [[Leon Trotsky]] sobre o uso do Terror Vermelho.
* {{Link||2=http://www.marxists.org/archive/martov/1918/07/death-penalty.htm |3=Fora com a Pena de Morte! |4=por [[Julius Martov|Yuliy Osipovich Martov]], Junho/Julho 1918}}
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Félix Dzerjinsky , Chefe da Tcheka.

Terror Vermelho na Rússia Soviética foi a campanha de prisões e execuções em massa conduzidas pelo governo Bolchevique. Na historiografia soviética, o Terror Vermelho é descrito como anunciado oficialmente em 2 de setembro de 1918 por Yakov Sverdlov e terminado aproximadamente em outubro de 1918. Entretanto, muitos historiadores, começando por Serghei Melgúnov, aplicam este termo à repressões para todo o período da Guerra civil russa, 1918-1922.[1][2] A repressão em massa foi conduzida sem processo judicial pela polícia secreta, a Cheka,[3] junto de elementos da agência de inteligência militar bolchevista, a GRU.[4]

O termo "Terror Vermelho" foi originalmente[5] usado para descrever as últimas seis semanas do "Terror" da Revolução Francesa, terminando em 28 de julho de 1794 (execução de Robespierre), para distingui-lo do subsequente período do Terror branco[6] (historicamente este período tem sido conhecido como o Grande Terror (em francês: la Grande Terreur).

Terror Rojo ("Terror Vermelho"),[7] [8] é o termo historicamente usado na Espanha para descrever a repressão ocorrida na II República e a perseguição religiosa durante a guerra civil espanhola, perpetrada por agentes desta e seus partidários.[9]

Finalidade

O Terror Vermelho foi um esforço por parte dos bolcheviques para eliminar contra-revolucionários que pertenciam as antigas "classes dominantes", como uma implementação da ditadura do proletariado [10] (ver: luta de classes). Martin Latsis, chefe da Tcheka na Ucrânia, explicou no jornal Red Terror:

A luta amarga foi descrita de forma sucinta, do ponto de vista bolchevique, por Grigory Zinoviev em meados de setembro 1918:

História

"Bolshevik freedom" – Poster de propaganda polonesa com a caricatura de Leon Trotsky

A campanha de repressão em massa começou oficialmente em retaliação ao assassinato em Petrogrado do líder da Tcheka Moisei Uritsky, pelo estudante e membro dos Partido Socialista Revolucionário Leonid Kannegisser,[13][14] e pela tentativa de assassinato de Lenin, pela socialista revolucionária Fanni Kaplan em 30 de agosto de 1918.[14]

Como reação 1300 representantes da classe burguesa foram massacrados por destacamentos da tcheka dentro das prisões em Petrogrado e Kronstadt entre 31 de agosto e 4 de setembro. Quinhentos reféns foram executados imediatamente pelo governo comunista bolchevique após o assassinato de Uritsky.[15]

Enquanto se recuperava de seus ferimentos, Lenin instruiu:

É necessário - secretamente e com urgência - preparar para o terror.[16]

Mas mesmo antes dos atentados, Lenin estava enviando telegramas "para introduzir terror em massa" em Níjni Novgorod, em resposta a uma suspeita insurreição civil lá, e de "esmagar" latifundiários em Penza que protestavam, por vezes violentamente, a requisição de seus grãos por destacamentos militares. [17][18]

O primeiro anúncio oficial do Terror Vermelho foi publicado em 3 de setembro de 1918 no Izvestia, com o titulo de "Apelo à classe trabalhadora" instigando os trabalhadores a "esmagar a hidra da contra-revolução com terror!

Quem se atreve a espalhar o menor rumor contra o regime soviético será preso imediatamente e enviados para campos de concentração.[19]

Em 5 de setembro o Conselho do Comissariado do Povo publicou um decreto intitulado "Sobre o Terror Vermelho" apelando para: "isolar os inimigos de classe da República Soviética dentro de campos de concentração, e de executar no local todo envolvido em insurreições, motins ou de pertencer a Guarda Branca."[20][21][22][23]

Em 15 de outubro, um dos líderes da Tcheka, Gleb Bokii, citou que o Terror Vermelho tinha terminado oficialmente, informando que em Petrogrado 800 supostos inimigos havia sido baleado e outro 6.229 presos.[16] Os mortos nos dois primeiros meses foram entre 10.000 e 15.000 com base em listas de pessoas executadas sumariamente publicadas no jornal Cheka Weekly e em outros da imprensa oficial.[18]

O número de execuções pela Tcheka em poucas semanas foi duas a três vezes maior que a pena de morte por parte do regime czarista em 92 anos.[19]

A medida que a guerra civil progredia, um número significativo de presos, suspeitos e reféns foram executados com base de pertencerem às "classes inimigas do proletariado". Na Crimeia, Béla Kun, com a aprovação de Vladimir Lenin[24] executou sumariamente 50.000 civis e prisioneiros de guerra do anticomunista Exército Branco, por disparo ou enforcados, após a derrota do general Pyotr Nikolayevich Wrangel, no final de 1920. A eles havia sido prometida anistia se eles se rendessem.[25] É razoável citar os bolcheviques como iniciantes do ciclo de atrocidades durante a guerra civil.[26]

Repressões

Camponeses

Os adversários reais ou imaginários são submetidos a prisões e execuções. Segundo algumas estimativas, a repressão da Revolta de Tambov (1919-1921) causou a deportação de cerca 100.000 camponeses rebeldes e suas famílias, sendo cerca de 15.000 deles executados.[27]

Trabalhadores da indústria

Em 16 de Março de 1919, a Tcheka invadiu a fábrica Putilov. Mais de 900 trabalhadores que estavam em greve foram presos, dos quais mais de 65 foram executados sem julgamento durante os próximos dias.[28] Inúmeras greves ocorreram na primavera de 1919, nas cidades de Tula, Oriol, Tver, Ivanovo e Astracã. Os trabalhadores famintos procuraram obter rações alimentares semelhantes às dos soldados do Exército Vermelho. Eles também exigiram a eliminação de privilégios para bolcheviques, a liberdade de imprensa e eleições livres. Todas as greves foram impiedosamente reprimidas pela Tcheka usando execuções.[28][29]

Os membros do clero foram submetidos a abusos particularmente brutais (ver: antirreligião e ateísmo marxista-leninista). De acordo com documentos citados por Alexander Yakovlev, então chefe do Comitê Presidencial para a reabilitação das vítimas da repressão política, padres, monges e freiras foram crucificados, jogados em caldeirões de piche fervendo, escalpelados, estrangulados e afogado em buracos no gelo [30] (ver: religião na União Soviética). Estima-se que 3.000 foram condenados à morte só em 1918.[30]

Ver também

Referências

  1. Sergei Petrovich Melgunov, Red Terror in Russia, Hyperion Pr (1975), ISBN 0-88355-187-X
  2. Nicolas Werth, Karel Bartošek, Jean-Louis Panné, Jean-Louis Margolin, Andrzej Paczkowski, Stéphane Courtois, The Black Book of Communism: Crimes, Terror, Repression, Harvard University Press, 1999, capa-dura, 858 páginas, ISBN 0-674-07608-7
  3. Edvard Radzinsky Stalin: The First In-depth Biography Based on Explosive New Documents from Russia's Secret Archives, Anchor, (1997) ISBN 0-385-47954-9, páginas 152-155
  4. Suvorov, Viktor, Inside Soviet Military Intelligence, New York: Macmillan (1984)
  5. Jan ten Brink (1899) English translation by J. Hedeman "Robespierre and the Red Terror", reprinted in 2004, ISBN 1-4021-3829-6
  6. French Revolution
  7. El terror rojo. Julius Ruiz, Grupo Planeta, 2012, (em castelhano) ISBN 9788467006803 Adicionado em 13/09/2015.
  8. The Battle for Spain: The Spanish Civil War 1936-1939. Antony Beevor, Hachette UK, 2012, (em inglês). ISBN 9781780224534 Adicionado em 13/09/2015.
  9. World News - Vídeo: La persecución religiosa en España: El Terror Rojo. (em castelhano) Acessado em 13/09/2015.
  10. The supersession of the bourgeois state by the proletarian state is impossible without a violent revolution (The State and Revolution, capitulo 1)
  11. Yevgenia Albats and Catherine A. Fitzpatrick. The State Within a State: The KGB and Its Hold on Russia – Past, Present, and Future, 1994. ISBN 0-374-52738-5.
  12. George Leggett. The Cheka: Lenin's Political Police Oxford University Press, 1986. ISBN 0-19-822862-7 pagina 114.
  13. David Marples (2002). "Motherland - Russia in the 20th Century" (em inglês). Nova York: Routledge. p. 61. ISBN 987 0 582 43834-7 Verifique |isbn= (ajuda)  Parâmetro desconhecido |acessado= ignorado (ajuda);
  14. a b David Cox (2001). "Close Protection: The Politics of Guarding Russia's Rulers" (em inglês). USA: Greenwood Publishing Group. p. 12. ISBN 987 0 275 96688-7 Verifique |isbn= (ajuda)  Parâmetro desconhecido |acessado= ignorado (ajuda); In addition to assassinating the German ambassador and Moisey Uritsky, the head of Petrograd Cheka, the Left SRs went after Lenin. On August 30, a Left SR named Fanya Kaplan shot Lenin three times.
  15. Edvard Radzinsky Stalin: The First In-depth Biography Based on Explosive New Documents from Russia's Secret Archives, Anchor, (1997) ISBN 0-385-47954-9, paginas 152–155
  16. a b Christopher Andrew and Vasili Mitrokhin (2000). O O Arquivo Mitrokhin: The KGB in Europe and the West. Gardners Books. ISBN 0-14-028487-7, página 34.
  17. Barbara Lefebvre, Sophie Ferhadjian, Comprendre les génocides du XXe siècle: comparer-enseigner, Editions Bréal, 2007, pagina 89
  18. a b c Nicolas Werth, Karel Bartosek, Jean-Louis Panne, Jean-Louis Margolin, Andrzej Paczkowski, Stephane Courtois, Black Book of Communism: Crimes, Terror, Repression, pagina 72 e 78 Harvard University Press, 1999, ISBN 0-674-07608-7. capitulo 4: The Red Terror – Telegramas enviados em 9 e 10 de agosto.
  19. a b Nicolas Werth, Crimes et violences de masse des guerres civiles russes, Online Encylopedia of Mass Violence / Sciences-Po Paris, 2008
  20. Decreto assinado pelo People's Commissar of Justice D. Kursky, People's Commissars of Interior G.Petrovsky, Director in Affairs of the Council of People's Commissars Vl.Bonch-Bruyevich, SU, #19, department 1, art.710, 04.09.1918
  21. V.T.Malyarenko. "Rehabilitation of the repressed: Legal and Court practices". Yurinkom. Kiev 1997. pagina 17–18.
  22. A.N.Yakovlev. "GULAG: The main directory of camps. 1918–1960". MFD. Moscow 2000.
  23. A declaração do Terror Vermelho completa 92 anos
  24. Donald Rayfield. Stalin and His Hangmen: The Tyrant and Those Who Killed for Him. Random House, 2004. ISBN 0-375-50632-2 p. 83
  25. Gellately, Robert (2007). Lenin, Stalin, and Hitler: The Age of Social Catastrophe. [S.l.]: Knopf. p. 72. ISBN 1-4000-4005-1 
  26. Vladimir Brovkin (1997). «5». "The Bolsheviks in the Russian Society" (em inglês). London: Yale University. p. 115. ISBN 300 06706 2 Verifique |isbn= (ajuda) 
  27. Gellately, Robert (2007). Lenin, Stalin, and Hitler: The Age of Social Catastrophe. [S.l.]: Alfred A. Knopf. p. 75. ISBN 1-4000-4005-1 
  28. a b Vladimir Brovkin (1997). «7». "The Bolsheviks in the Russian Society". [S.l.: s.n.] p. 147 
  29. Edvard Radzinsky, Stalin: The First In-depth Biography Based on Explosive New Documents from Russia's Secret Archives, Anchor, 1997, paginas 152-155
  30. a b Alexander Nikolaevich Yakovlev. A Century of Violence in Soviet Russia. Yale University Press, 2002. ISBN 0-300-08760-8 pagina 156

Bibliografia

  • Nicolas Werth, Karel Bartosek, Jean-Louis Panne, Jean-Louis Margolin, Andrzej Paczkowski, Stephane Courtois, Black Book of Communism: Crimes, Terror, Repression, Harvard University Press, 1999, hardcover, 858 pages, ISBN 0-674-07608-7. Chapter 4: The Red Terror
  • George Leggett, The Cheka: Lenin’s Political Police. Oxford University Press, 1987, ISBN 0-19-822862-7
  • Melgounov, Sergey Petrovich (1925) The Red Terror in Russia. London & Toronto: J. M. Dent & Sons Ltd.

Ligações externas

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