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Sexismo: diferenças entre revisões

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'''Sexismo''' é termo que se refere ao conjunto de ações e ideias que privilegiam determinado [[género (sociedade)|gênero]] ou [[identidade sexual|orientação sexual]] em detrimento de outro gênero (ou orientação sexual). Embora seja constantemente usado como sinônimo de [[machismo]] é na verdade um [[hiperônimo]] deste, que é possível identificar diversas posturas e ideias sexistas (muitas delas bastante disseminadas) que privilegiam um gênero em detrimento a outro.
'''Sexismo''' é um neologismo oriundo do inglês ''sexism,'' termo que se refere ao conjunto de ações e ideias que privilegiam determinado [[género (sociedade)|gênero]] ou [[identidade sexual|orientação sexual]] em detrimento de outro gênero (ou orientação sexual). Embora seja constantemente usado como sinônimo de [[machismo]], no português, intenciona ser um [[hiperônimo]] deste, tornando o termo original "feminismo" secundário a esse e reproduzindo assim a assimetria de gênero de base que pretende denunciar.


== Definição ==
== Definição ==

Revisão das 19h24min de 13 de maio de 2016

Sexismo é um neologismo oriundo do inglês sexism, termo que se refere ao conjunto de ações e ideias que privilegiam determinado gênero ou orientação sexual em detrimento de outro gênero (ou orientação sexual). Embora seja constantemente usado como sinônimo de machismo, no português, intenciona ser um hiperônimo deste, tornando o termo original "feminismo" secundário a esse e reproduzindo assim a assimetria de gênero de base que pretende denunciar.

Definição

Prisão de uma suffragette em Londres, em 1914. As suffragettes lutavam pelo direito das mulheres de votar

De maneira geral, o termo é usado como exclusão ou rebaixamento do gênero feminino. Trata de uma posição, que pode ser praticada tanto por homens quanto por mulheres; portanto, o sexismo está presente intragêneros tanto quanto entre gêneros. De acordo com Karin Ellen von Smigay, culturas falocráticas possuem: "um vasto conjunto de representações socialmente partilhadas, de opiniões e de tendência a práticas que desprezam, desqualificam, desautorizam e violentam as mulheres, tomadas como seres de menor prestígio social". [1] Assim, de acordo com esta autora, o sexismo acaba "legitimando a violência contra mulheres e todos aqueles que, em determinadas circunstâncias, são reconhecidos como tendo uma posição feminilizada. Mantido por um pensamento essencialista, atribui qualidades e defeitos que seriam inerentes e específicos de cada sexo".[2] De acordo com esta análise, sexismo e homofobia estão estreitamente relacionados.

Ações sexistas podem partir de diversos pressupostos, destacando-se os de que:

  • Um gênero (ou uma identidade sexual) é superior a outro.
  • Mulher e homem são profundamente diferentes (mesmo além de diferenças biológicas), e essas diferenças devem se refletir em aspectos sociais como o direito e a linguagem.
  • Existem características comportamentais que são intrínsecas a determinado gênero, de modo que todas as pessoas deste gênero as possuem (visto em generalizações como "todo homem é mulherengo" ou "toda mulher é delicada" ou "todo homossexual é promíscuo").

Diferentes termos podem ser usados para nomear conjuntos de ideias e ações sexistas de acordo com o gênero afetado. O sexismo contra homens é chamado de misandria ou androfobia. O sexismo contra mulheres é comumente denominado de machismo ou misoginia. As formas de sexismo contra LGBT também possuem denominações variantes referentes à cada categoria específica, e são conhecidas como: lesbofobia, homofobia, transfobia, bifobia etc.

Para Daniel Borrillo, tanto o sexismo quanto a homofobia devem ser pensados a partir da ordem pela qual as relações sociais entre os sexos e sexualidades se estruturam: "A ordem (dita natural) dos sexos determina uma ordem social na qual o feminino deve complementar o masculino, o que se realiza com base em uma subordinação psicológica e cultural". Assim, o sexismo, poderia ser definido como "a ideologia organizadora das relações entre os sexos, no seio da qual o masculino se caracteriza por seu pertencimento ao universo exterior e político, ao passo que o feminino denota intimidade e ligação com o ambiente doméstico". [3]

É comum que indivíduos promovam atitudes sexistas contra seu próprio gênero. A forma como a cultura age no imaginário coletivo permite que seja possível encontrar mulheres que defendam que "lugar de mulher é na cozinha" ou homens afirmando que "marido que não procura trabalho é vagabundo", assim como há mulheres e homens que se contrapõem a tais ideários, indistintamente.

Como princípio político, o sexismo utiliza o discurso da diferença natural entre os sexos para justificar e legitimar as desigualdades em matéria de direitos políticos. [4]

Exemplos de ideias sexistas

Vagão de trem com acesso permitido apenas a mulheres e crianças, na Índia.

Apesar das discussões políticas, midiáticas e acadêmicas sobre igualdade de gênero travadas nas últimas décadas, muitas ideias sexistas ainda permeiam a cultura brasileira e explicam parte das diferenças sociais, econômicas, ocupacionais e comportamentais entre os gêneros.

Lista de algumas ideias de caráter sexista e de problemas de ordem comportamental, socioeconômica ou jurídica relacionadas a elas:

  • A gestão no feminino é mais humana
    • Nova tendência de contrabalançar o machismo, atribuindo - ao invés - competências genéticas superiores às mulheres.
  • É dever natural do homem o sustento da família
    • Evasão escolar precoce de grande parte dos homens, sobretudo nas classes mais pobres, que se veem pressionados a trabalhar para sustentar suas famílias enquanto suas irmãs ou esposas têm maior liberdade para escolherem entre trabalhar ou estudar. Consequente inversão no desequilíbrio educacional relativo a gênero, com as mulheres alçando níveis educacionais mais altos que os homens, em média. [5][6]
    • Sobrecarga ocupacional masculina (25% dos homens brasileiros economicamente ativos trabalham mais que 49 horas semanais contra apenas 12% das mulheres na mesma condição). [7]
  • Mulheres devem ser responsáveis pela casa
    • Alto percentual de mulheres sem ocupação econômica, embora já se concentrem neste gênero os mais altos índices de formação educacional e profissional. [8]
  • As mães são mais importantes na formação dos filhos que os pais
    • Baixíssimo índice de decisões judiciais favoráveis a que a guarda de filhos de casais separados seja dada aos pais ou seja compartilhada entre pai e mãe. [9]
  • Homens não choram/ homens devem ser fortes / homem que apanha de mulher é frouxo (e variações destes raciocínios)
    • Menor procura de indivíduos do sexo masculino por atenção médica em comparação às mulheres. [10]
    • Resistência de indivíduos do gênero masculino em prestar queixa contra suas parceiras quando estes vêm a ser vítimas de violência doméstica. [11]
  • Trair é da natureza masculina (mas não da feminina)
    • Atitudes masculinas violentas, muitas vezes originando crimes de agressão ou contra a vida, quando de suspeita ou constatação de infidelidade conjugal.
    • Rejeição social percebida por mulheres que traem seus companheiros, ao contrário do que ocorre aos homens infiéis.
    • Contaminação de mulheres casadas por doenças sexualmente transmissíveis contraídas por seus maridos.
  • As mulheres são mais frágeis (ou inocentes)
    • Predisposição do judiciário a minimizar o papel de mulheres criminosas e a aplicar sobre elas penas mais brandas.
    • Exclusão "a priori" das mulheres de determinados campos profissionais.
  • Gays são promíscuos/não conseguem controlar seus impulsos sexuais
    • Maior dificuldade de homossexuais em adotar crianças. [12][13]
    • Dificuldade de reconhecimento por parte do Estado - muitas vezes por influência religiosa - de promulgar uma lei anti-homofobia. [14]
    • Dificuldade de inclusão em certos grupos sociais, por questão de sexismo ou crença religiosa.
  • Associação errônea entre AIDS e homossexuais, pelo preconceito generalista com origem em estatísticas do Ministério da Saúde [15]
    • Discriminação contra homossexuais. [16]
    • Heterossexuais que acreditam nesta crença não dão tanta importância à prevenção de DSTs. [17]

Referências

  1. SMIGAY, Karin Ellen von (2002). «Sexismo, homofobia e outras expressões correlatas de violência: desafios para a psicologia política». Psicologia em Revista. Belo Horizonte. p. 34. Consultado em 02 de setembro de 2013  Verifique data em: |acessodata= (ajuda)
  2. SMIGAY, Karin Ellen von (2002). «Sexismo, homofobia e outras expressões correlatas de violência: desafios para a psicologia política». Psicologia em Revista. Belo Horizonte. p. 35. Consultado em 02 de setembro de 2013  Verifique data em: |acessodata= (ajuda)
  3. BORRILLO, Daniel (2009). «A homofobia» (PDF). Brasília. p. 24-25. Consultado em 07 de outubro de 2013  Parâmetro desconhecido |livro= ignorado (ajuda); Parâmetro desconhecido |organizadoras= ignorado (ajuda); Verifique data em: |acessodata= (ajuda)
  4. VERFUS, Anne (2005). Voto familiarista e voto familiar: contribuição para o estudo do processo de individualização das mulheres na primeira metade do século XIX. São Paulo: Estação Liberdade. p. 430. ISBN 8574481114 
  5. http://www.db.com.br/noticia/43260.html
  6. http://www.universia.com.br/materia/materia.jsp?id=3012
  7. http://www.ibge.gov.br/lojavirtual/default.php?codigoproduto=8877
  8. http://delas.ig.com.br/a+volta+ao+lar/n1237491673175.html
  9. http://www.pailegal.net/chicus.asp?rvTextoId=1097664668
  10. http://www.uai.com.br/UAI/html/sessao_8/2008/06/23/em_noticia_interna,id_sessao=8&id_noticia=68458/em_noticia_interna.shtml
  11. http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2008/05/080519_homens_agressao_dg.shtml
  12. http://oglobo.globo.com/sp/mat/2008/01/09/promotor_que_pediu_separacao_de_bebe_de_transexual_diz_que_casal_gay_anormal_-327934459.asp
  13. http://www.elpais.com/articulo/sociedad/Tribunal/Europeo/Derechos/Humanos/condena/Francia/impedir/adoptar/lesbiana/elpepusoc/20080122elpepusoc_2/Tes
  14. http://www1.folha.uol.com.br/poder/920652-dilma-suspende-kit-gay-apos-protesto-da-bancada-evangelica.shtml
  15. http://portal.saude.gov.br/portal/saude/Gestor/visualizar_texto.cfm?idtxt=28231
  16. http://www.tupi.am/programas/tupi-doc/38263/Para_o_Dia_do_Hetero_Bolsonaro_associa_gays_a_AIDS_e_criminalidade
  17. Maia, Christiane; Guilhem, Dirce; Freitas, Daniel (04-2008 - Epub: 29-02-2008). «Vulnerabilidade ao HIV/Aids de pessoas heterossexuais casadas ou em união estável». Revista de Saúde Pública. 42 (2). ISSN 0034-8910. doi:10.1590/S0034-89102008005000004  |ISSN= e |issn= redundantes (ajuda); Verifique data em: |data= (ajuda)

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