Ferrugende

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Ferrugende
Distrito Distrito de Vila Real
Município Valpaços
Freguesia Friões
Área 2.98 km²
População 22 hab. (2010)
Orago São Tomé
Povoações de Portugal
Capela de S.Tomé.

Ferrugende é uma pequena aldeia de Portugal, localizada na freguesia de Friões, concelho de Valpaços, com 22 habitantes, com idade média de 62 anos. Dista 15 km da sede do concelho e 19 km da cidade de Chaves. Juntamente com Vilarinho faz parte do agregado populacional de Friões.

Em 1963, Ferrugende possuía 126 habitantes, todos agricultores exceto um barbeiro muito popular e duas costureiras, que confecionavam roupa, quase exclusivamente para senhoras, mas mesmo estes complementavam a sua atividade com tarefas agrícolas.

Do ponto de vista laboral havia 3 classes (em termos regionais): Agricultores de média dimensão, pequenos agricultores e assalariados agrícolas, estes trabalhavam quase sempre para os médios agricultores. Os pequenos cuidavam das suas pequenas parcelas e também trabalhavam para os médios agricultores. Os principais produtos agrícolas eram a batata o centeio e a castanha.

Produção anual para estes 3 produtos em 1963 e 2010:

1963

2020

  • Batata: 90 000.00Kg
  • Centeio: 10 000.00Kg
  • Castanha: 45 000.00 kg

Os trabalhos agrícolas realizavam-se de sol a sol, todos os dias do ano exceto domingos e feriados religiosos. Quando os campos estavam cobertos de neve ou chovia, trabalhava-se nos armazéns cuidando das batatas e de outras colheitas.

Além dos três produtos referidos, também se produzia, vinho, trigo, milho, nabos, frutos (maçãs, peras, cerejas, uvas, figos, nozes, amêndoas, kiwis, diospiros) e hortícolas (couves, tomates, pimentos, pepinos, abóboras, alfaces, feijão, ervilhas, cenouras, favas, salsa) estes produtos destinavam-se quase exclusivamente à alimentação das famílias e dos animais domésticos. O animal doméstico mais importante era o boi, a maioria das famílias possuía pelo menos uma junta, os bois lavravam as terras e transportavam (em carros de bois) as produções dos terrenos para os respetivos armazéns. Havia cavalos e burros utilizados também em tarefas agrícolas e sobretudo para transportarem os donos a feiras que se realizavam em Chaves, Vilarandelo e Carrazedo de Montenegro.

Precisamente em 1963 iniciou-se a sangria para a França e Estados Unidos, e a população ainda não parou de diminuir desde essa data.

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Topónimo[editar | editar código-fonte]

Provavelmente o nome tem origem, no aspeto das casas velhas todas de granito, enegrecido por oxidação, dando o aspeto de ferro enferrujado, o primeiro nome terá sido Ferrugência, que terá evoluído para Ferrugende (1)

Localização[editar | editar código-fonte]

Situada na margem esquerda do ribeiro Lamalonga, que corre para o rio Torto, afluente do Rabaçal, que por sua vez desagua no Tua, um dos principais tributários do rio Douro. Estamos na vertente sul de suave declive, da Serra do Brunheiro. A aldeia é atravessada pela estrada municipal que liga o Barracão às Hortas de Argeriz. A partir de Ferrugende há caminhos de terra batida (únicas vias de comunicação no passado recente) que conduzem diretamente a Celeirós, Vilaranda, Gondar e Paranhos.

  • Coordenadas: 41º 40' 00" N, 7º 23' 56" O.

Atividade Económica[editar | editar código-fonte]

A população dedica-se essencialmente à agricultura, produzindo principalmente Castanhas, batatas, centeio, vinho, frutas, legumes, leite e mel. A atividade comercial, relacionada principalmente com a agricultura é também digna de registo.

História[editar | editar código-fonte]

Ferrugende destaca-se pela sua antiguidade, sendo provavelmente a mais antiga aldeia da freguesia, como revela o próprio topónimo, já utilizado no século XI.

Paisagens[editar | editar código-fonte]

A aldeia é por si própria um autêntico miradouro, de onde se podem observar paisagens com vales e montanhas deslumbrantes, situadas a grandes distâncias. Pode observar-se de dia e, principalmente, de noite, a bonita cidade de Mirandela, à qual os transmontanos chamam a princesa do Tua. Podem também observar-se as serras de Montesinho (1486 m) e Bornes (1200 m),os elegantes montes de Santa Comba(1041 m) e o Cabeço de N. S. da Assunção (Vila Flor).

Património[editar | editar código-fonte]

No centro existe uma pequena capela onde se pode encontrar a imagem do padroeiro, o apóstolo São Tomé. Na noite de 20 para 21 de Dezembro realiza-se uma imponente fogueira em honra deste santo, a qual se deverá manter ativa até ao dia de Natal. Digna de registo é a fonte, caracterizada pela sua simplicidade e beleza, situada a cerca de 0.5 km da aldeia. Era, até 1963, o único local onde a população (então constituída por mais de 130 pessoas) se poderia abastecer de água potável.

Equipamentos[editar | editar código-fonte]

A aldeia, dotada de uma rua central ampla, a rua de São Tomé, possui um pequeno jardim central, um centro de convívios, localizado no pequeno edifício onde antes funcionava a escola primária, um café e muitas hortas verdejantes. Ferrugende possui um campo destinado ao jogo do Fite, no qual se podem desenhar várias pistas.

A Fogueira de S. Tomé[editar | editar código-fonte]

A lenda do povo diz que Jesus entregou o governo dos dias e das noites a João Batista, essa responsabilidade ter-lhe-á sido atribuída no dia 24 de Junho.

João seria, digamos, algo preguiçoso, não gostaria de se levantar muito cedo e por isso ia fazendo com que os dias ficassem cada vez mais pequenos.

A 21 de Dezembro Tomé, terá abordado Jesus, queixando-se: “Mestre os dias acabam-se”. Jesus verificando que, os dias já estavam demasiado pequenos, retirou a guarda do tempo a João e entregou-a a Tomé. Como este era trabalhador, os dias começaram de imediato a crescer, de forma que:

  • No Natal já têm mais o salto de um pardal
  • Em Janeiro, mais o salto de um carneiro
  • Em Fevereiro uma hora por inteiro
  • No Entrudo, mais o salto de um burro
  • E em Março, “igualaço”, a noite com o dia e o pão com o sargaço, ou seja, a noite é igual ao dia, assim como a atura do pão ( o centeio) é igual à altura de um sargaço.

21 de Dezembro[editar | editar código-fonte]

Para celebrar o dia de S. Tomé (3 de Julho para a Igreja), mas para a gente de Ferrugende 21 de Dezembro é que conta, realiza-se desde tempos imemoriais, diz-se desde sempre, uma grande fogueira em honra de S. Tomé, (até 1925, o dia consagrado a São Tomé era o dia 21 de Dezembro, data em que o Vatinano transferiu para o dia 3 de julho]]

No início da noite do dia 20, os rapazes e os homens, isto é solteiros e casados, reúnem-se junto à capela, tocam o sino e vão, durante a noite, roubar sub-repticiamente lenha na própria aldeia, nos campos e até nas aldeias vizinhas. “É para o Santo, ninguém leva a mal.

Na madrugada do dia 21 é ateada a majestosa fogueira, que dá um ar de alegria e vivacidade à serena tranquilidade deste povo, nos gélidos dias de dezembro.

Jogo do Fite[editar | editar código-fonte]

O fite, noutras terras chama-lhe fito (no entanto o nome fite é mais elegante e mais identificativo), originalmente era um jogo de pastores, é o mais popular de todos os desportos, joga-se em todas as aldeias.

  • Disputa-se em equipas de 2 pessoas ou individualmente.
  • Necessita de uma ou várias pistas de terra batida de 25 x 2 m.
  • Nas extremidades de cada pista, coloca-se 1 pino (vinte) de pedra com cerca de 8 cm de altura.
  • Se jogado em equipa, os lançamentos são alternados.
  • Fite é uma pedra encontrada na natureza que cada jogador escolhe e molda de forma que se adapte o melhor possível à sua mão.
  • Sempre que a pedra (fite) de um jogador fique mais próxima do pino (também chamado o vinte) este ganha a mão e é o primeiro a efetuar o lançamento seguinte.
  • Sempre que ganha a mão o jogador ou a respetiva equipa, faz 4 pontos.
  • Quando derruba o pino e ganha a mão, o jogador faz 8 pontos.
  • Se derrubar o pino sem ter ganho a mão, faz 4 pontos.
  • Os pontos contam-se em 2 níveis, 20 de baixo e 20 de cima.
  • Ganha o jogo quem primeiro somar 40 pontos.
  • Vence a equipa que ganhar dois jogos seguidos, ou três em caso de empate.
  • Há cerca de trinta anos jogava-se a vinho, ou seja os perdedores pagavam ou ofereciam vinho aos vencedores.

Fauna[editar | editar código-fonte]

São os seguintes os principais mamíferos selvagens que se podem avistar em Ferrugende: O coelho-bravo, a lebre, a raposa, o javali, o corso e talvez o lobo.

Em toda a província de Trás-os-Montes, não deverão existir mais de 250 lobos, em toda a Península Ibérica, o seu número não deverá ultrapassar os 1600.

Galeria Fotográfica[editar | editar código-fonte]

Referências[editar | editar código-fonte]

(1)Dicionário Onomástico Etimológico da Língua Portuguesa de José Pedro Machado

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