Fortaleza de Santiago (Quíloa)

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Fortaleza de Santiago
Kilwa Kisiwani em Tanzânia
A Fortaleza de Santiago

A Fortaleza de Santiago é um antigo forte português na ilha de Quíloa, na Tanzânia. É hoje conhecido localmente como Forte Árabe ou Gereza . Situa-se entre o Palácio Makutani e a Grande Mesquita.

História[editar | editar código-fonte]

Pedro Álvares Cabral, segundo a navegar para a Índia após Vasco da Gama, foi o primeiro português a entrar em contacto com Quíloa em 1500. Quíloa tinha cerca de 4.000 habitantes, mas as suas sortes económicas encontravam-se por então em declínio.[1] Como a maioria dos reinos da costa leste africana, Quíloa era um reino islâmico e os portugueses foram mal recebidos pelas elites locais. Em 1502, os portugueses reduziram Quíloa à condição de vassalo tributário. Em 1505, o rei D. Manuel I de Portugal nomeou D. Francisco de Almeida como primeiro vice-rei da Índia, encarregue, entre outras coisas, de construir um forte em Quíloa, que serviria de ponto de paragem às frotas portuguesas que navegavam entre a Europa e a Ásia por via da Rota do Cabo e também garantir a segurança dos comerciantes portugueses na cidade.[2]

Ao chegar a Quíloa, o governante local emir Ibrahim, um ministro que havia recentemente assassinado e usurpado o trono do legítimo sultão Fudail, recusou-se a negociar com os portugueses, pelo que D. Francisco mandou capturar a ilha e depor o emir, sendo este substituído por Maomé Arcone.[2] Arcone era um nobre pró-português, mas como não tinha sangue real, aceitou o cargo apenas temporariamente, até que o filho de Fudail, Micante, pudesse suceder no trono. Poucos dias depois, iniciaram-se as obras da fortaleza no dia 25 de Julho, dia de São Tiago, santo que deu nome à fortaleza.[2] Terá sido da autoria do arquitecto-mor Tomás Fernandes, presente na frota.[2] O chefe do estaleiro era Fernão Gomes. [2]

O forte foi construído sobre a antiga cidadela real.[2] Várias casas contíguas ao forte foram demolidas para liberar o campo de tiro da artilharia.[2] Foi erguido um baluarte junto ao mar, para assegurar as comunicações entre o forte e as frotas portuguesas.[2] O forte tinha uma forma quadrada com quatro torres nos cantos, e canhoneiras rentes ao solo. [2] Tinha 73 canhões.[2]

A Fortaleza de Santiago revelou-se pouco útil devido ao estado de intriga política e guerra civil em Quíloa, não causada pelos portugueses, mas agravada pela deposição do emir Ibrahim.[2] O comércio abrandou e o explorador português António Fernandes, enviado ao interior africano, descobriu que o lucrativo comércio de ouro tinha lugar nas feiras do interior e não nas cidades costeiras.[3] Os relatos de Fernandes constituem o primeiro registo europeu de exploração do interior da África central.[3] A Ilha de Moçambique foi entendida como um porto mais conveniente.[4] Por ordem de D. Manuel, em 1512, a guarnição foi evacuada por uma frota comandada por Jorge de Melo Pereira e o forte abandonado.[2] Quíloa manteve-se como um vassalo de Portugal.[4]

O Império Omanita capturou o forte no século XIX.[5] O aspecto actual do forte é típico dos fortes omanitas. [6] A palavra Gereza significa "prisão" em suaíli, possivelmente indicando o uso do forte como um armazém de escravos durante o final do século XVIII até o final do século XIX, após o colapso da civilização suaíli após a chegada dos portugueses no final do século XVI. [7]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. Andrew M. Reid, Paul J. Lane: African Historical Archaeologies, Springer, 2014, p. 117.
  2. a b c d e f g h i j k l André Teixeira: Fortalezas do Estado Português da Índia: Arquitectura Militar na Construção do Império de D. Manuel I, Tribuna da História, Lisbon, pp. 34-40.
  3. a b Malyn Newitt: A History of Portuguese Overseas Expansion 1400–1668, Routledge, 2004, p. 81.
  4. a b Edward A. Alpers: Ivory and Slaves in East Central Africa: Changing Pattern of International Trade in East Central Africa to the Later Nineteenth CenturyUniv of California Press, 2022, p. 42.
  5. Saheed Aderinto: African Kingdoms: An Encyclopedia of Empires and Civilizations p.146.
  6. Petersen, Andrew (11 de março de 2002). Dictionary of Islamic Architecture (em inglês). [S.l.]: Routledge. 153 páginas. ISBN 978-1-134-61366-3 
  7. «Site - Kilwa Kisiwani - Swahili Ruins». www.zamaniproject.org. Consultado em 24 de julho de 2021