Movimento Não Alinhado
Movimento dos Países Não Alinhados (MNA) — é um movimento que reúne 115 países (em 2004), em geral nações em desenvolvimento, com o objetivo de criar um caminho independente no campo das relações internacionais que permita aos membros não se envolver no confronto entre as grandes potências. Ver: [1]
Definição
É uma associação de países formada com o aparecimento dos dois grandes blocos opostos durante a Guerra Fria liderados pelas superpotências de então (EUA e URSS). Seu objetivo era manter uma posição neutra e não associada a nenhum dos grandes blocos.
Nesse sentido, o Movimento está intrinsecamente ligado ao confronto ideológico Leste-Oeste da Guerra Fria no século XX.
Os principais temas de que trata o Movimento são as lutas nacionais pela independência, o combate à pobreza, o desenvolvimento econômico e a oposição ao colonialismo, ao imperialismo e ao neocolonialismo. Os seus membros representam 55% da população do planeta e quase dois terços dos países-membros da ONU. Tem por objetivo evitar uma nova guerra mundial, e portanto, suspender os preparativos de guerra criados pelos 2 blocos mundiais da Guerra Fria os EUA e a URSS. Pretende negociar para alcançar o desarmamento total e uma paz duradoura.
São membros importantes o Egito, a Índia e a África do Sul. China e Iugoslávia já tiveram papel de relevo no passado.
O Movimento Não-Alinhado também foi, em larga medida, responsável pela campanha mundial em favor da NOMIC.
História
A origem do Movimento pode ser encontrada na Conferência Ásia-África realizada em Bandung, Indonésia, em 1955. A convite dos primeiros-ministros da Birmânia (hoje Mianmar), do Ceilão (hoje Sri Lanka), da Índia, da Indonésia e do Paquistão, dirigentes de 29 países, quase todos ex-colônias dos dois continentes, reuniram-se para debater preocupações comuns e coordenar posições no campo das relações internacionais.
O primeiro-ministro indiano Jawaharlal Nehru, juntamente com os primeiros-ministros Sukarno (da Indonésia) e Gamal Abdel Nasser (Egito), presidiu a sessão. No encontro, líderes do então assim chamado Terceiro Mundo puderam compartilhar as suas dificuldades em resistir às pressões das grandes potências, em manter a sua independência virgem e em opor-se ao colonialismo e ao neocolonialismo.
Após um encontro preparatório no Cairo, delegações de 25 países reuniram-se em Belgrado de 1 a 6 de setembro de 1961, na Primeira Conferência dos Chefes de Estado e de Governo Não-Alinhados, em grande medida por iniciativa do presidente jugoslavo Josip Broz Tito e mais Nasser, Sukarno, Chu En-Lai e Nehru.
Um dos principais temas da conferência foi a corrida armamentista entre os Estados Unidos e a União Soviética. Nessa Conferência de Cúpula foi estabelecido oficialmente o Movimento de Países Não-Alinhados, sobre uma base geográfica mais ampla, principalmente novos estados independentes.
Da América Latina, o único país participante como membro na primeira conferência foi Cuba.
A mais recente conferência do MNA foi realizada em Havana, Cuba, em setembro de 2006.
Embora nunca tenha sido membro, o Brasil acompanha os trabalhos do Movimento na qualidade de observador.
Conferências
- I Cúpula: 1961, Belgrado, Iugoslávia.
- II Cúpula: 1964, Cairo, Egito.
- III Cúpula: 1970, Lusaka, Zâmbia.
- IV Cúpula: 1973, Argel, Argélia.
- V Cúpula, 1976, Colombo, Sri Lanka.
- VI Cúpula, 1979, Havana, Cuba.
- VII Cúpula, 1983, Nova Délhi, Índia.
- VIII Cúpula, 1986, Harare, Zimbábue.
- IX Cúpula, 1989, Belgrado, Iugoslávia.
- X Cúpula, 1992, Jacarta, Indonésia.
- XI Cúpula, 1995, Cartagena das Índias, Colômbia.
- XII Cúpula, 1998, Durban, África do Sul.
- XIII Cúpula, 2003, Kuala Lumpur, Malásia.
- XIV Cúpula, 2004, Durban, África do Sul.
- XV Cúpula, 2005, Kuala Lumpur, Malásia.
- XVI Cúpula, 2006, Havana, Cuba
Os Dez Princípios de Bandung
Nessa Conferência, foram enunciados os princípios que deveriam orientar as relações entre as nações grandes e pequenas, conhecidos como os Dez Princípios de Bandung. Tais princípios foram adotados posteriormente como os principais fins e objetivos da política de não-alinhamento e os critérios centrais para pertencer ao Movimento.
- Respeito aos direitos humanos fundamentais e aos objetivos e princípios da Carta das Nações Unidas.
- Respeito à soberania e integridade territorial de todas as nações.
- Reconhecimento da igualdade de todas as raças e a igualdade de todas as nações, grandes e pequenas.
- A abstenção de intervir ou de interferir nos assuntos internos de outro país.
- O respeito ao direito a defender-se de cada nação, individual ou coletivamente, em conformidade com a Carta da ONU.
- A abstenção do uso de pactos de defesa coletiva a serviço de interesses particulares de quaisquer das grandes potências.
- A abstenção de todo país de exercer pressões sobre outros países.
- Abster-se de realizar atos ou ameaças de agressão, ou de utilizar a força contra a integridade territorial ou a independência política de qualquer país.
- A solução pacífica de todos os conflitos internacionais, em conformidade com a Carta da ONU.
- A promoção aos interesses mútuos, à cooperação e o respeito à justiça e às obrigações internacionais.
Secretários-Gerais
Ligações externas
- «Sítio oficial do Movimento dos Países Não-Alinhados» (em inglês)
- «Notícias sobre a XIV Cúpula do Países Não-Alinhados» (em inglês) Edição online do jornal TerraViva da agência de notícias IPS - Inter Press Service
- «Notícias sobre a XIV Cúpula do Países Não-Alinhados» (em espanhol) Edição online do jornal TerraViva da agência de notícias IPS - Inter Press Service (em espanhol)