Tato

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ANATOMIA DO CORPO HUMANO
Cinco sentidos
olfato | paladar | visão | tato | audição
Aparelho digestivo
boca | faringe | esófago | estômago
intestino delgado | intestino grosso
fígado | pâncreas | reto | ânus
Aparelho respiratório
nariz | faringe | laringe | traqueia | pulmão | epiglote| brônquio | alvéolo pulmonar | diafragma
Aparelho circulatório
coração | artéria | veia | capilar
sangue | glóbulos brancos
Aparelho urinário
rim | ureter | bexiga | uretra
Sistema nervoso
cérebro | cerebelo | medula espinhal
meninges | bulbo raquidiano
Sistema endócrino
hipófise | paratireoide | tireoide | timo
suprarrenal | testículo | ovário | amígdala
Aparelho reprodutor
ovário | trompa | útero | vagina
testículo | próstata | escroto | pênis
Estrutura óssea
crânio | coluna vertebral | fêmur | rádio
tíbia | fíbula
tarso | falange

O tato[1] ou tacto[2] é um dos cinco sentidos clássicos propostos por Aristóteles, porém os especialistas o dividem em quatro outros sentidos: sistema somatossensorial (identificação de texturas), propriocepção ou cinestesia (reconhecimento da localização espacial do corpo), termocepção (percepção da temperatura) e nocicepção (percepção da dor). Geralmente associado apenas com a pele, na verdade inclui vários órgãos diferentes como o labirinto e medulas.[3]

Outras possíveis subdivisões[editar | editar código-fonte]

Discute-se ainda o fato de existirem receptores nervosos diferenciados para pressão ligeira e intensa para pressão breve e permanente e também existem diferenças na percepção do calor e percepção do frio. A complexidade do estudo deste sentido aumenta se pensarmos que também existem receptores distintos que detectam a pressão visceral, como quando estamos de estômago cheio; ou receptores endócrinos que proporcionam a sensação de "tensão" - como quando apresentamos ansiedade ou se tomam substâncias como a cafeína. Assim, caso a definição seja baseada nos órgãos sensoriais, é possível subdividir o tato em até oito sentidos diferentes.

Em cegos[editar | editar código-fonte]

Os cegos utilizam muito o tato devido à falta da visão: usam, por exemplo, uma bengala que serve como extensão do braço; a leitura em Braille também usa este sentido. Um estudo que comparou desenhos feitos por cegos com os feitos por pessoas com visão normal, indicou que a percepção dos objetos através do tato permite uma leitura de mundo muito semelhante, excluindo apenas a cor e a distância. Pessoas com visão normal não conseguiram diferenciar desenhos feitos por cegos de desenhos feitos por videntes.[4]

A semelhança dos desenhos é tão significativa que até mesmo testes psicológicos baseados no desenho (como o Procedimento de Desenhos-Estórias) pode ser eficazmente aplicado mesmo em cegos desde o nascimento.[5]

Em animais[editar | editar código-fonte]

O mesmo se passa com animais noturnos que, face à falta de luz, usam bigodes longos ou antenas desenvolvidos para detectar através do tato as propriedades do meio, por exemplo Gatos, Ratos e Toupeiras e entre outros.

Sensores[editar | editar código-fonte]

Para que nós sejamos capazes de obter as percepções táteis existem na pele uma série de terminações nervosas e corpúsculos. Eles são os chamados receptores táteis:

  • Corpúsculo de Pacini - percepção da pressão;
  • Corpúsculo de Meissner - percepção do tato leve. Quando passamos ligeiramente as mãos por uma superfície, são eles os responsáveis pelas sensações que experimentamos;
  • Discos de Merkel - como os corpúsculos de Meissner, captam toques leves;
  • Corpúsculo de Krause - percepção do frio;
  • Corpúsculo de Ruffini - percepção do calor;
  • Terminações nervosas livres (nociceptores) - terminações nervosas sensíveis aos estímulos mecânicos, térmicos e especialmente aos dolorosos. Não formam corpúsculos. É importante frisar que a dor que sentimos é sempre igual, podendo variar apenas em intensidade, logo a dor que sentimos ao quebrar um braço é igual a dor que sentimos quando recebemos um beliscão variando apenas na intensidade.

Efeito psicológico[editar | editar código-fonte]

O contato físico carinhoso com alguém que gostamos gera desde a infância uma sensação de bem-estar, segurança e afeto em todos os mamíferos. Esse contato carinhoso é essencial para o desenvolvimento saudável de todos primatas, inclusive dos seres humanos, desde o aleitamento quando o tato é um dos sentidos mais desenvolvidos. Possui papel central na socialização de vários dos primatas e inúmeros estudos revelam como a privação desse contato causa prejuízos físicos e psicológicos mesmo em adultos.[6]

Mesmo um breve contato físico é suficiente para alterar nossa relação com outra pessoa, para melhor ou para pior, e empresários tem usado diversas técnicas táteis há séculos para aumentar sua chance de sucesso com seus clientes. Um estudo verificou que um mero toque sutil de alguns segundos já é suficiente para aumentar a avaliação de satisfação do cliente e as gorjetas recebidas por garçons em aproximadamente 20%. E essa não é a única relação entre tato e dinheiro. Um outro estudo defende que tocar dinheiro aumenta a sensação de poder e assim diminui a percepção de dor.[7]

Algumas psicoterapias foram focalizadas no contato físico e cinestésicas. Esse tipo de psicoterapia corporal tem entre seus objetivos relaxar o paciente, fazer ele entrar em contato com seu corpo, seus sentimentos e sensações e uma relação carinhosa com o terapeuta. Para a abordagem de Gerda Boyesen, o tato é uma forma de acessar o inconsciente e trabalhar sobre o ego do indivíduo. Porém, envolver o contato físico numa relação tão íntima potencializa também riscos de transferência e contratransferência inadequados e por isso exige um estabelecimento claro de limites desde a primeira sessão relembrando as regras sempre que necessário.[8]

Referências

  1. ILTEC. «tato». Portal da Língua Portuguesa. Consultado em 25 de janeiro de 2011 
  2. ILTEC. «tacto». Portal da Língua Portuguesa. Consultado em 27 de outubro de 2013 
  3. The importance of the sense of touch http://www.roblesdelatorre.com/gabriel/GR-IEEE-MM-2006.pdf Arquivado em 24 de janeiro de 2014, no Wayback Machine..
  4. HM Kamel (2000) A study of blind drawing practice: creating graphical information without the visual channel. http://portal.acm.org/citation.cfm?id=354324.354334
  5. Amiralian, Maria Lúcia Toledo Moraes (1992) Compreendendo o cego através do Procedimento de Desenhos-Estórias: uma abordagem psicanalítica da influência de cegueira na organizaçäo da personalidade. http://bases.bireme.br/cgi-bin/wxislind.exe/iah/online/?IsisScript=iah/iah.xis&src=google&base=LILACS&lang=p&nextAction=lnk&exprSearch=126796&indexSearch=ID
  6. Ricardo Amaral Rego (2004) Contato com o tato. Disponível em: http://www.centroreichiano.com.br/artigos/Anais%202004/Ricardo%20Amaral%20Rego.pdf Arquivado em 14 de abril de 2015, no Wayback Machine.
  7. Xinyue Zhou, Kathleen D. Vohs, Roy F. Baumeister (2009) The Symbolic Power of Money. http://www.csom.umn.edu/assets/127771.pdf
  8. André Samsonh. Transferência e Contratransferência em Psicoterapia Corporal. Disponível em: ttp://portalsaudebrasil.com/artigospsb/psico040.pdf

Ligações externas[editar | editar código-fonte]