Vitória de França

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Vitória
Princesa de França
Vitória de França
Retrato por Jean-Marc Nattier, 1748
Nascimento 11 de maio de 1733
  Palácio de Versalhes, Versalhes, França
Morte 7 de junho de 1799 (66 anos)
  Trieste, Itália
Sepultado em 20 de janeiro de 1817, Basílica de Saint-Denis, Seine-Saint-Denis, França
Nome completo Vitória Luísa Maria Teresa
Casa Bourbon
Pai Luís XV de França
Mãe Maria Leszczyńska
Religião Catolicismo
Assinatura Assinatura de Vitória

Vitória Luísa Maria Teresa de França (Victoire Louise Marie Thérèse; Versalhes, 11 de maio de 1733Trieste, 7 de junho de 1799) foi uma princesa francesa.[nota 1] Era a sétima filha, a quinta menina, do rei Luís XV de França e sua esposa Maria Leszczyńska.[1]

Biografia[editar | editar código-fonte]

Vitória como a deusa Hebe, por Jean-Marc Nattier

Vitória Luísa Maria Teresa nasceu a 11 de maio de 1733 no Palácio de Versalhes, sendo a quinta filha do rei Luís XV de França e sua esposa Maria Leszczyńska. Foi criada juntamente com suas irmãs mais novas na Abadia de Fontevraud.[2]

Em 24 de março de 1748, tendo quinze anos, Vitória escreveu ao pai, o rei, e pediu com sucesso permissão para retornar à corte. Luís XV nomeou três damas de honra para atendê-la.[3] Posteriormente, a novembro de 1750, suas irmãs mais novas também abandonariam a abadia pela corte.[3] Após a sua chegada à corte, as princesas receberam sua própria comitiva compartilhada, conhecida como comitiva das Mesdames cadettes, ("Jovens Madames"), com uma própria dama de honra, a Duquesa de Duras.[4]

Vitória era popular na corte francesa, Madame Campan descreveu-a: "Madame Vitória era bonita e muito graciosa; sua presença, semblante e sorriso estavam em perfeita harmonia com a bondade de seu coração."[5] Vitória foi considerada a filha mais bonita dos reis: "Seus olhos escuros têm uma doçura perturbadora; as longas franjas dos cílios sombream suas bochechas; a boca é sensual, o queixo estreito, a testa larga; o cabelo preto (como o pai) harmoniza com a tez fosca e dourada; o vestido bordado em ouro, o lenço de seda amarela, a renda branca parecem adornar um corpo voluptuoso." escreveu o historiador Pierre de Nolhac comentando o retrato de Vitória pintado por Jean-Marc Nattier.[6]

Henriqueta como - A Água,
Por Jean-Marc Nattier, 1751. No Museu de Arte de São Paulo

Vitória aprendeu como seu irmão e irmãs a tocar vários instrumentos musicais. Ela se destacou no cravo - vários compositores como Jacques Duphly e Armand-Louis Couperin dedicaram peças a ela ou a coleções -, todavia, a princesa não gostava dos bailes que tinha para comparecer. Ela mostrou um gosto especial por jardinagem e plantas exóticas, um hobby em voga na época. Vitória também adquiriu um bom conhecimento de história, italiano, inglês e matemática.[5]

Sua irmã mais velha, Luísa Isabel, casada em 1739 com um infante da Espanha, sugeriu, em 1753, que Vitória se casasse com seu cunhado, o rei Fernando VI da Espanha, cuja saúde da esposa deteriorava-se cada vez mais. Todavia, a rainha da Espanha, embora com saúde medíocre, morreu apenas cinco anos depois. Sendo assim o casamento não se realizou; após o fracasso de encontrar uma marido adequado para Vitória ela engordou e seu pai apelidou-a de Coche ("Gorda").[5][7][8][9][10][11]

Durante a Revolução Francesa, restavam apenas Vitória e Adelaide dos dez filhos que Luís XV teve com a rainha. As duas princesas, contrárias à política anticristã da assembléia revolucionária, deixaram a França em fevereiro de 1791, não sem ter sofrido alguns insultos e intervenções no caminho do exílio.[12] Elas só conseguiram atravessar a fronteira após a interseção de Mirabeau.[12] Elas se refugiaram na Itália. Primeiro em Turim, onde morava sua sobrinha Clotilde, esposa de Carlos Emanuel IV da Sardenha[13], depois em Roma, protegida pelo Papa Pio VI, que os hospedava no Palácio Farnésio.[14] Na chegada das tropas francesas, eles se juntaram a Nápoles, onde reinava uma irmã de Maria Antonieta, Maria Carolina da Áustria, muito infeliz em vê-las.[15]As duas senhoras tiveram que fugir novamente em 1798 e cruzaram o Adriático em um barco.[carece de fontes?]

Vitória morreu em Trieste, de câncer de mama, em 7 de junho de 1799. Adelaide sobreviveu a ela apenas oito meses. Seus corpos foram repatriados para a França sob Luís XVIII, outro de seus sobrinhos, e foram enterrados na Basílica de Saint-Denis, enterro da família real.

Um romance de Frédéric Lenormand, Les Princesses vagabondes ("As Princesas Vagabundas"), de 1998, descreve a fuga de mulheres na Itália de 1791 até a morte.[16] Em sua biografia Mesdames de France ("Senhoras da França"), Bruno Cortequisse homenageia as filhas de Luís XV e descreve sua existência cheia de vazio.[17]

Ancestrais[editar | editar código-fonte]

Notas e referências

Notas

  1. As filhas dos reis franceses ostentavam o título de Fille de France (Filha de França).

Referências

  1. Achaintre, Nicolas Louis, Histoire généalogique et chronologique de la maison royale de Bourbon, Vol. 2, (Publisher Mansut Fils, 4 Rue de l'École de Médecine, Paris, 1825), 155.
  2. Simone Poignant, L'Abbaye de Fontevrault et les filles de Louis XV, Paris, Nouvelles éditions latines, 1966, p. 186.
  3. a b Latour, Louis Therese (1927). Kegan Paul, Trench, Trubner & Co., ed. Princesses Ladies and Salonnières of the Reign of Louis XV. Traduzido por Clegg, Ivy E. [S.l.: s.n.] 
  4. Luynes (Charles-Philippe d’Albert, duc de), Mémoires du duc de Luynes sur la cour de Louis XV (1735-1758), Paris, Firmin Didot, 1860-1865, 17 vol.
  5. a b c Madame Campan, Memoirs of the Court of Marie Antoinette, Queen of France, Projeto Gutenberg
  6. Pierre de Nolhac, Nattier: peintre de la cour de Louis XV, Paris, H. Floury, 1925, p. 137.
  7. Montagu, Violette M. (1914). The Celebrated Madame Campan: Lady-in-waiting to Marie Antoinette and Confidante of Napoleon. J.B. Lippincott. p. 18.
  8. Fraser, Antonia (2002). Marie Antoinette: The Journey. Knopf Doubleday Publishing Group. p. 65. ISBN 9781400033287.
  9. Campan, Mme. Jeanne-Louise-Henriette (1895). [ https://books.google.com.br/books?id=N8gTAAAAQAAJ&redir_esc=y Memoirs of the Court of Marie Antoinette]. Vol. 1. H. S. Nichols & Company. p. 4.
  10. Gibbs, Philip (1906). Men and Women of the French Revolution. Kegan Paul, Trench, Trübner & Co. Ltd. p. 12.
  11. Cangioli, Paolo (1989). Versailles. Manfred Pawlak. p. 12. ISBN 9780948248764.
  12. a b Imbert de Saint-Amand, 1834-1900; Martin, Elizabeth Gilbert, b. 1837, tr, Marie Antoinette at the Tuileries, 1789-1791, New York, C. Scribner's sons, 1891
  13. Maxwell-Scott, Mary Monica, Madame Elizabeth de France, 1764-1794, London : E. Arnold, 1908
  14. Jill Berk Jiminez, Dictionary of Artists Models, London, 2001
  15. Justin C. Vovk: In Destiny's Hands: Five Tragic Rulers, Children of Maria Theresa (2010), p 277
  16. Les princesses vagabondes Por Frédéric Lenormand · 1998
  17. Mesdames de France: les filles de Louis XV Por Bruno Cortequisse · 2010
  18. Frederic Guillaume Birnstiel, ed. (1768). Genealogie ascendante jusqu'au quatrieme degre inclusivement de tous les Rois et Princes de maisons souveraines de l'Europe actuellement vivans (em francês). Bourdeaux: [s.n.] p. 12 
  19. Żychliński, Teodor (1882). Jarosław Leitgeber, ed. Złota księga szlachty polskiéj: Rocznik IVty (em polaco). [S.l.: s.n.] p. 1 
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