Raposo (distrito de Itaperuna)

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Raposo (Itaperuna)

"Águas de Raposo"

  Bairro do Brasil  
Raposo, vista panorâmica obtida do Mirante do Cristo. Imagem de 2017.
Raposo, vista panorâmica obtida do Mirante do Cristo. Imagem de 2017.
Raposo, vista panorâmica obtida do Mirante do Cristo. Imagem de 2017.
Localização
Unidade federativa  Rio de Janeiro
História
Criado em 24 de maio de 1990 (33 anos)
Características geográficas
População total 3 493 habitantes hab.
Outras informações
Limites Norte: Natividade e Antônio Prado de Minas
Leste: Comendador Venâncio
Sul: Laje do Muriaé
Oeste: Eugenópolis e Patrocínio do Muriaé

Raposo é o 7º distrito do município de Itaperuna, localizado ao noroeste do Estado do Rio de Janeiro. Em razão das propriedades medicinais presentes nas águas de suas fontes, é uma das estâncias hidrominerais mais procuradas no Estado como destino turístico. Cognominado como "Águas de Raposo". O povoado foi elevado a condição de distrito municipal em 24 de maio de 1990.

Fontes hidrominerais[editar | editar código-fonte]

O distrito de Raposo possui dois importantes parques de águas minerais famosos por suas capacidades terapêuticas: o Parque das Águas Soledade e o Fontanário Raposo.[1]

Entrada do Fontanário Raposo, atração turística da localidade. Imagem de março de 2017.

Fontanário Raposo[editar | editar código-fonte]

Busto de Augusto Maria Martinez Toja, Localizado no distrito de Raposo (Itaperuna-RJ). Martinez é apontado como um dos responsáveis pelo desenvolvimento da localidade de Raposo/RJ

Em 1911 a primeira fonte foi descoberta pelo proprietário das terras Antônio Raposo de Medeiros, e ficou conhecida como Água Santa do seu Raposo. Hoje, o rebatizado Fontanário Raposo compõe-se de três diferentes águas carbogasosas, cada qual com sabor e propriedades terapêuticas próprias.[1] Posteriormente foi vendida ao empresário Augusto Martinez (22 de janeiro de 1906 - 26 de abril de 1971), que anteriormente fora sócio-proprietário do antigo Banco Fluminense da Produção; Martinez constrói o Hotel Fazenda Raposo para melhor abrigar os visitantes.[2] Em 1973, após o falecimento de Augusto Toja ocorrido em 1971, os hospedes do hotel erigiram as suas custas um busto em sua memória.[3]

Parque das Águas Soledade[editar | editar código-fonte]

A primeira fonte do Parque Soledade foi descoberta ao acaso no ano de 1935, quando empregados da fazenda do coronel Balbino Rodrigues da França Júnior abriam valetas para o escoamento de águas pluviais. A água Soledade (também chamada magnesiana) possui efeitos terapêuticos para casos de doenças hepato-biliares, renais e pancreáticas, sendo também aconselhada no tratamento contra dispepsias e gastrites.[1]

Atrativos culturais[editar | editar código-fonte]

Padre benze tradicionais carros de boi em Raposo, distrito de Itaperuna, estado do Rio de Janeiro.
55º Desfile de Carros de Boi do distrito de Raposo, em Itaperuna/RJ, realizado em 28 de maio de 2017. Carro em homenagem à N. Sra. Aparecida.

Festa do Carro de Boi[editar | editar código-fonte]

É um evento tradicional do noroeste do estado do Rio. Inspirado numa festa tradicional portuguesa, possui natureza religiosa. Realizado sempre no último domingo do mês de maio.[1]

O evento envolvendo os carros de boi se tornou importante no distrito de Raposo a partir de 1962. Neste ano dois turistas, em visita ao local, se sensibilizaram com a precariedade da igreja local erguida em devoção a Santo Antônio (padroeiro da localidade) e começaram uma campanha para melhorias na capela. Os agricultores da região colocavam seus donativos nos carros de bois e seguiam em procissão até a igreja, onde faziam a oferta. Desta forma, começou o tradicional desfile dos carros de boi.[4][5]

Passeio de Veículos Antigos em Raposo[editar | editar código-fonte]

Outro acontecimento de importância é o chamado Passeio de Veículos Antigos em Raposo. Ocorrendo no mês de junho, o evento anual teve início em 2010. Como tradição, todas as atividades são concentradas no Hotel Fazenda Raposo, que é a sede do evento de antigomobilismo. Participam do evento vários clubes dos estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo, e São Paulo, além de diretores regionais da Federação Brasileira de Autos Antigos (FBVA), sediada em Juiz de Fora.[6][7]

Expostos na área verde ao redor do Hotel, ficam os veículos clássicos para a observação do público. O destaque maior é o desfile de Veículos Antigos pela principal avenida da localidade de Raposo. Tradição também é o momento religioso onde o padre da igreja local abençoa as chaves dos veículos.[6]

História[editar | editar código-fonte]

O comandante Ari Parreiras, interventor federal do Estado do Rio de Janeiro (1931-1935)

A região na qual a localidade de Raposo esta inserida já foi considerada a maior produtora de café do mundo.[8] Raposo, por conta disto, possuía grandes fazendas produtoras de café e cereais da região, motivo pelo qual foi escolhida para uma visita do interventor federal, comandante Ari Parreiras, que estava em Itaperuna e queria conhecer as ricas lavouras de café. Nessa mesma ocasião, partiu de Miracema uma comissão de separatistas, liderados por Antônio Ventura Coimbra Lopes, para reiterar o pedido da emancipação política e administrativa do então segundo distrito de Santo Antônio de Pádua.[9]

A cultura do algodão foi introduzida como alternativa para driblar a Crise de 1929, provocada pela queda da Bolsa de Nova Iorque, que arruinou a economia brasileira, e também, como não poderia deixar de ser, a das fazendas de Itaperuna, que, nessa época, produzia 2.000.000 de arrobas e era o maior município produtor de café do Brasil. Vale lembrar que Natividade, Porciúncula, Bom Jesus do Itabapoana e Laje do Muriaé eram, nesse período, distritos de Itaperuna. Também foi introduzida a chamada “lavoura branca” (arroz, milho e feijão) e a pecuária leiteira, que começava a ser introduzida na região, motivada pela fundação da Cooperativa Agropecuária de Natividade, realizada em 22 de janeiro de 1939.[9]

Em meados de 1950-1970, a economia da região passou a mudar quando, junto com a agropecuária, passou-se a investir no fluxo de visitantes em busca das águas minerais, transformando em atrativo turístico e desenvolvendo as infraestruturas necessárias; tais como hotéis e melhorias na estrada de acesso. Desta forma, Raposo foi elevada à categoria de estância hidromineral por decreto do ex-governador fluminense Paulo Francisco Torres (1964-1966), possui atualmente uma Infra-estrutura considerável. As fontes locais chegam a ser comparadas, por médicos especializados, às de Vichy, na França.[2][10]

Em 1990 o distrito de Comendador Venâncio perde parte de sua área territorial pois, pela lei estadual nº 1650-A, de 24 de maio de 1990, é criado o distrito de Raposo. Esta lei estadual homologou a Lei Municipal nº 21, de 11 de abril de 1988, de Itaperuna, que cria o 7º Distrito do Município, com a denominação de “Raposo”, com área de 106, 27 km², a ser desmembrado do 4º Distrito, Comendador Venâncio.[11]

Geografia[editar | editar código-fonte]

A Localidade situada possui um relevo ondulado, com escarpas íngremes e vales.
Localização Geográfica:

Educação[editar | editar código-fonte]

Possui duas escolas públicas sendo elas, a Escola Estadual Doutor José Bastos França e a Escola Municipal. Ainda possui alguns centros educacionais, de iniciativa privada.

Saúde[editar | editar código-fonte]

Possui um Posto de Atendimento do Sistema Único de Saúde - SUS. Já com médico de plantão 24h todos os finais de semana. Os casos de urgência são encaminhados para a sede do município.

Referências

  1. a b c d Mapa de Cultura. «Aguas curativas de Raposo». Governo do Estado do Rio de Janeiro. Consultado em 11 de dezembro de 2017 
  2. a b PRIMO, Sylvio. Águas de Raposo: antes e depois de Martinez. Itaperuna: Damadá, 1984
  3. «Lua-de-mel em Raposo é tradição de meio século» 21375 ed. Niterói: jornal O Fluminense. 6 de maio de 1973. p. 16. Consultado em 1 de agosto de 2020 
  4. «Desfile dos carros de boi movimenta distrito de Raposo em Itaperuna, RJ». G1. Consultado em 11 de dezembro de 2017 
  5. «Carro de boi de Recreio participa de concurso em Raposo/RJ e fica em 2º lugar». Pólis, portal de notícias da cidade de Recreio/MG. 29 de Maio de 2017. Consultado em 21 de julho de 2020 
  6. a b «IV Passeio de Veículos Antigos em Raposo é marcado pela Amizade». Federação Brasileira de Autos Antigos. 3 de junho de 2014. Consultado em 21 de julho de 2020 
  7. «IX Passeio de Veículos Antigos em Raposo já tem programação divulgada». SFN, portal de notícias. 10 de abril de 2019. Consultado em 21 de julho de 2020 
  8. LAMEGO, Alberto Ribeiro. A Planície do Solar e da Senzala. Arquivo Público do Estado do Rio de Janeiro/Imprensa Oficial do Estado do Rio de Janeiro, 2ª edição, 1996
  9. a b «Fazenda São Vicente, p.189» (PDF). Instituto Cidade Viva. Consultado em 11 de dezembro de 2017 
  10. AMORA, Ephem Wellington de Barros (9 de abril de 1971). «Raposo, a fonte das águas santas» 20742 ed. Niterói: jornal O Fluminense. p. 7 (2° caderno). Consultado em 1 de agosto de 2020 
  11. «LEI Nº 1650-A, DE 24 DE MAIO DE 1990.». Rio de Janeiro: Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (ALERJ). 1990. Consultado em 22 de julho de 2020 
Ícone de esboço Este artigo sobre geografia do estado do Rio de Janeiro é um esboço. Você pode ajudar a Wikipédia expandindo-o.