Raposo (distrito de Itaperuna)
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Bairro do Brasil | ||
Raposo, vista panorâmica obtida do Mirante do Cristo. Imagem de 2017. | ||
Localização | ||
Unidade federativa | Rio de Janeiro | |
História | ||
Criado em | 24 de maio de 1990 (33 anos) | |
Características geográficas | ||
População total | 3 493 habitantes hab. | |
Outras informações | ||
Limites | Norte: Natividade e Antônio Prado de Minas Leste: Comendador Venâncio Sul: Laje do Muriaé Oeste: Eugenópolis e Patrocínio do Muriaé |
Raposo é o 7º distrito do município de Itaperuna, localizado ao noroeste do Estado do Rio de Janeiro. Em razão das propriedades medicinais presentes nas águas de suas fontes, é uma das estâncias hidrominerais mais procuradas no Estado como destino turístico. Cognominado como "Águas de Raposo". O povoado foi elevado a condição de distrito municipal em 24 de maio de 1990.
Fontes hidrominerais[editar | editar código-fonte]
O distrito de Raposo possui dois importantes parques de águas minerais famosos por suas capacidades terapêuticas: o Parque das Águas Soledade e o Fontanário Raposo.[1]
Fontanário Raposo[editar | editar código-fonte]
Em 1911 a primeira fonte foi descoberta pelo proprietário das terras Antônio Raposo de Medeiros, e ficou conhecida como Água Santa do seu Raposo. Hoje, o rebatizado Fontanário Raposo compõe-se de três diferentes águas carbogasosas, cada qual com sabor e propriedades terapêuticas próprias.[1] Posteriormente foi vendida ao empresário Augusto Martinez (22 de janeiro de 1906 - 26 de abril de 1971), que anteriormente fora sócio-proprietário do antigo Banco Fluminense da Produção; Martinez constrói o Hotel Fazenda Raposo para melhor abrigar os visitantes.[2] Em 1973, após o falecimento de Augusto Toja ocorrido em 1971, os hospedes do hotel erigiram as suas custas um busto em sua memória.[3]
Parque das Águas Soledade[editar | editar código-fonte]
A primeira fonte do Parque Soledade foi descoberta ao acaso no ano de 1935, quando empregados da fazenda do coronel Balbino Rodrigues da França Júnior abriam valetas para o escoamento de águas pluviais. A água Soledade (também chamada magnesiana) possui efeitos terapêuticos para casos de doenças hepato-biliares, renais e pancreáticas, sendo também aconselhada no tratamento contra dispepsias e gastrites.[1]
Atrativos culturais[editar | editar código-fonte]
Festa do Carro de Boi[editar | editar código-fonte]
É um evento tradicional do noroeste do estado do Rio. Inspirado numa festa tradicional portuguesa, possui natureza religiosa. Realizado sempre no último domingo do mês de maio.[1]
O evento envolvendo os carros de boi se tornou importante no distrito de Raposo a partir de 1962. Neste ano dois turistas, em visita ao local, se sensibilizaram com a precariedade da igreja local erguida em devoção a Santo Antônio (padroeiro da localidade) e começaram uma campanha para melhorias na capela. Os agricultores da região colocavam seus donativos nos carros de bois e seguiam em procissão até a igreja, onde faziam a oferta. Desta forma, começou o tradicional desfile dos carros de boi.[4][5]
Passeio de Veículos Antigos em Raposo[editar | editar código-fonte]
Outro acontecimento de importância é o chamado Passeio de Veículos Antigos em Raposo. Ocorrendo no mês de junho, o evento anual teve início em 2010. Como tradição, todas as atividades são concentradas no Hotel Fazenda Raposo, que é a sede do evento de antigomobilismo. Participam do evento vários clubes dos estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo, e São Paulo, além de diretores regionais da Federação Brasileira de Autos Antigos (FBVA), sediada em Juiz de Fora.[6][7]
Expostos na área verde ao redor do Hotel, ficam os veículos clássicos para a observação do público. O destaque maior é o desfile de Veículos Antigos pela principal avenida da localidade de Raposo. Tradição também é o momento religioso onde o padre da igreja local abençoa as chaves dos veículos.[6]
História[editar | editar código-fonte]
A região na qual a localidade de Raposo esta inserida já foi considerada a maior produtora de café do mundo.[8] Raposo, por conta disto, possuía grandes fazendas produtoras de café e cereais da região, motivo pelo qual foi escolhida para uma visita do interventor federal, comandante Ari Parreiras, que estava em Itaperuna e queria conhecer as ricas lavouras de café. Nessa mesma ocasião, partiu de Miracema uma comissão de separatistas, liderados por Antônio Ventura Coimbra Lopes, para reiterar o pedido da emancipação política e administrativa do então segundo distrito de Santo Antônio de Pádua.[9]
A cultura do algodão foi introduzida como alternativa para driblar a Crise de 1929, provocada pela queda da Bolsa de Nova Iorque, que arruinou a economia brasileira, e também, como não poderia deixar de ser, a das fazendas de Itaperuna, que, nessa época, produzia 2.000.000 de arrobas e era o maior município produtor de café do Brasil. Vale lembrar que Natividade, Porciúncula, Bom Jesus do Itabapoana e Laje do Muriaé eram, nesse período, distritos de Itaperuna. Também foi introduzida a chamada “lavoura branca” (arroz, milho e feijão) e a pecuária leiteira, que começava a ser introduzida na região, motivada pela fundação da Cooperativa Agropecuária de Natividade, realizada em 22 de janeiro de 1939.[9]
Em meados de 1950-1970, a economia da região passou a mudar quando, junto com a agropecuária, passou-se a investir no fluxo de visitantes em busca das águas minerais, transformando em atrativo turístico e desenvolvendo as infraestruturas necessárias; tais como hotéis e melhorias na estrada de acesso. Desta forma, Raposo foi elevada à categoria de estância hidromineral por decreto do ex-governador fluminense Paulo Francisco Torres (1964-1966), possui atualmente uma Infra-estrutura considerável. As fontes locais chegam a ser comparadas, por médicos especializados, às de Vichy, na França.[2][10]
Em 1990 o distrito de Comendador Venâncio perde parte de sua área territorial pois, pela lei estadual nº 1650-A, de 24 de maio de 1990, é criado o distrito de Raposo. Esta lei estadual homologou a Lei Municipal nº 21, de 11 de abril de 1988, de Itaperuna, que cria o 7º Distrito do Município, com a denominação de “Raposo”, com área de 106, 27 km², a ser desmembrado do 4º Distrito, Comendador Venâncio.[11]
Geografia[editar | editar código-fonte]
A Localidade situada possui um relevo ondulado, com escarpas íngremes e vales.
Localização Geográfica:
Educação[editar | editar código-fonte]
Possui duas escolas públicas sendo elas, a Escola Estadual Doutor José Bastos França e a Escola Municipal. Ainda possui alguns centros educacionais, de iniciativa privada.
Saúde[editar | editar código-fonte]
Possui um Posto de Atendimento do Sistema Único de Saúde - SUS. Já com médico de plantão 24h todos os finais de semana. Os casos de urgência são encaminhados para a sede do município.
Referências
- ↑ a b c d Mapa de Cultura. «Aguas curativas de Raposo». Governo do Estado do Rio de Janeiro. Consultado em 11 de dezembro de 2017
- ↑ a b PRIMO, Sylvio. Águas de Raposo: antes e depois de Martinez. Itaperuna: Damadá, 1984
- ↑ «Lua-de-mel em Raposo é tradição de meio século» 21375 ed. Niterói: jornal O Fluminense. 6 de maio de 1973. p. 16. Consultado em 1 de agosto de 2020
- ↑ «Desfile dos carros de boi movimenta distrito de Raposo em Itaperuna, RJ». G1. Consultado em 11 de dezembro de 2017
- ↑ «Carro de boi de Recreio participa de concurso em Raposo/RJ e fica em 2º lugar». Pólis, portal de notícias da cidade de Recreio/MG. 29 de Maio de 2017. Consultado em 21 de julho de 2020
- ↑ a b «IV Passeio de Veículos Antigos em Raposo é marcado pela Amizade». Federação Brasileira de Autos Antigos. 3 de junho de 2014. Consultado em 21 de julho de 2020
- ↑ «IX Passeio de Veículos Antigos em Raposo já tem programação divulgada». SFN, portal de notícias. 10 de abril de 2019. Consultado em 21 de julho de 2020
- ↑ LAMEGO, Alberto Ribeiro. A Planície do Solar e da Senzala. Arquivo Público do Estado do Rio de Janeiro/Imprensa Oficial do Estado do Rio de Janeiro, 2ª edição, 1996
- ↑ a b «Fazenda São Vicente, p.189» (PDF). Instituto Cidade Viva. Consultado em 11 de dezembro de 2017
- ↑ AMORA, Ephem Wellington de Barros (9 de abril de 1971). «Raposo, a fonte das águas santas» 20742 ed. Niterói: jornal O Fluminense. p. 7 (2° caderno). Consultado em 1 de agosto de 2020
- ↑ «LEI Nº 1650-A, DE 24 DE MAIO DE 1990.». Rio de Janeiro: Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (ALERJ). 1990. Consultado em 22 de julho de 2020