Reserva Biológica de Una
Reserva Biológica de Una | |
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Categoria Ia da IUCN (Reserva Natural Estrita) | |
A reserva é a mais importante unidade conservação do mico-leão-de-cara-dourada. | |
Localização | |
País | Brasil |
Estado | Bahia |
Mesorregião | Sul Baiano |
Microrregião | Ilhéus-Itabuna |
Localidade mais próxima | Una |
Dados | |
Área | [1] | 18 724,86 hectares (187,2 km2)
Criação | 10 de dezembro de 1980 (43 anos)[1] |
Gestão | Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade |
Coordenadas | |
A Reserva Biológica de Una[2] é uma unidade de conservação integral localizada no sul da Bahia. Representa um dos últimos remanescentes das Florestas Costeiras da Bahia e é principal área protegida do mico-leão-de-cara-dourada. Por ser uma reserva biológica, a visitação só é permitida após uma licença concedida pelo gestor do área.
Localização
[editar | editar código-fonte]A Reserva Biológica de UNA - REBIO Una - foi criada em 10 de dezembro de 1980[2]. Situa-se no sudoeste da Bahia, a 45 quilômetros ao sul do município de Ilhéus, e compreende uma área de aproximadamente 18.715 ha. A REBIO Una está inserida no bioma Mata Atlântica, e seu entorno possui uma porcentagem alta de florestas nativas e cultivos agrícolas permanentes, como plantações de seringueira e plantações tradicionais de cacau no sistema “cabruca” (sistema agroflorestal onde o cacau é sombreado por árvores remanescentes da floresta original)[3].
O clima é típico das florestas tropicais quentes e úmidas, com chuvas superiores a 1300 milímetros por ano. Mesmo com chuvas distribuídas ao longo de todo o ano, ocorrem estações secas curtas e imprevisíveis, com duração de um a três meses por ano[4]. A temperatura da região apresenta-se com médias de 27.9 graus Celsius, máximas de 32.5 graus Celsius no mês de maio e mínimas de 15 graus Celsius no mês de agosto (dados para 2017)[5].
A Reserva se localiza em uma região de domínios geomorfológicos de Planaltos Inundados e Planaltos Cristalinos, sendo o primeiro caracterizado por relevos tabuliformes pouco elevados[4]. A altitude varia de poucos metros a cerca de 400 metros acima do nível do mar. A Reserva está inserida na bacia do rio Una, alimentada pelos rios Aliança e São Pedro. O rio Serra atravessa a Reserva do oeste para o leste sul. O rio Maruim forma a fronteira natural do oeste norte da Reserva[4].
Conservação
[editar | editar código-fonte]A Reserva Biológica é uma Unidade de Conservação de Proteção Integral. O objetivo é “a preservação integral da biota e demais atributos naturais existentes em seus limites, sem interferência humana direta ou modificações ambientais”[6].
Flora
[editar | editar código-fonte]A Reserva Biológica de Una tem dois tipos principais de formações florestais: florestas de tabuleiro (ou florestas úmidas de terras baixas), associada aos solos mais arenosos na região leste, e florestas tropicais úmidas sub-montanas[3]. A flora é composta por pelo menos 1038 espécies vasculares, onde as fanerógamas compreendem 947 espécies, distribuídas em 108 famílias e 435 gêneros, e as pteridófitas apresentam 91 espécies, distribuídas em 19 famílias e 41 gêneros[3]. Nas florestas de tabuleiro destaca-se a presença da palmeira endêmica da Mata Atlântica do nordeste: Attalea funifera, explorada comercialmente na região de Una. Nas florestas sub-montanas destacam-se as árvores de grande porte, como angelim, amargoso, copaíba e condurú[3].
Fauna
[editar | editar código-fonte]Segundo os estudos com anfíbios desenvolvidos na região de Una[6][7], ocorrem na REBIO Una pelo menos 50 espécies, das quais duas são endêmicas para o estado da Bahia: Pristimantis paulodutrai e P. vinhai. Além disso, de acordo a “Lista Oficial das Espécies da Fauna Ameaçadas de Extinção do Estado da Bahia”[8] (Portaria Nª 37, 2017), duas espécies são consideradas “Em Perigo de Extinção”: Perereca-de-capacete (Aparasphenodon arapapa) e Perereca-de-vidro-do-focinho-curto (Vitreorana eurygnatha).
Com relação às aves, já foram registradas ao menos 189 espécies[9]. Dentre elas: macuquinho-baiano (Eleoscytalopus psychopompus), uiraçu (Morphnus guianensis) e mutum-do-sudeste (Crax blumenbachii), classificadas como “Criticamente Em Perigo” no estado da Bahia; macuco (Tinamus solitarius), gavião-pega-macaco (Spizaetus tyrannus), tiriba-de-orelha-branca (Pyrrhura leucotis) e chauá (Amazona rhodocorytha), classificadas como “Em Perigo”; e tiriba-grande (Pyrrhura cruentata), “Vulnerável”. O macuquinho-baiano (Eleoscytalopus psychopompus) e o capitão-de-saíra (Attila rufus hellmayri) são duas espécies endêmicas do sul da Bahia que ocorrem na REBIO Una[8][9].
A região abriga também espécies de mamíferos ameaçados de extinção como o mico-leão-da-cara-dourada (Leontopithecus chysomelas), considerado “Em Perigo”, que se tornou objeto de conservação. Esta espécie foi o foco inicial para a criação da Reserva Biológica de Una, por ser endêmica da Mata Atlântica sul baiana. Estudos indicam a existência de 30 espécies de mamíferos de médio e grande porte na Reserva[10]. Dentre elas destacam-se outras espécies ameaçadas de extinção como o macaco-prego-de-peito-amarelo (Sapajus xanthosternos), na categoria “Em Perigo”; e ouriço-preto (Chaetomys subspinosus), preguiça-de-coleira (Bradypus torquartus) e guigó (Callicebus melanochir), na categoria “Vulnerável”. O sul da Bahia é uma região muito importante considerando a riqueza de mamíferos, principalmente para o grupo de primatas com a ocorrência de um alto número de espécies ameaçadas e de distribuição restrita.
Referências
- ↑ a b «Plano de Manejo Rebio de Una» (PDF). Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade. Consultado em 27 de janeiro de 2013
- ↑ a b ICMBio. «Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade». Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade. Consultado em 12 de novembro de 2017
- ↑ a b c d Amorim, A.M.; Thomas, W.W.; Carvalho, A.M.V. & Jardim, J.G. (2008). Floristics of the Una Biological Reserve, Bahia, Brazil. New York: The New York Botanical Garden Press
- ↑ a b c «Plano de manejo da Reserva Biológica de Una» (PDF). ICMBio. 1997. Consultado em 12 de novembro de 2017
- ↑ «Instituto Nacional de Meteorologia». Consultado em 12 de novembro de 2017
- ↑ a b Moraes, Lourenço Ricardo (2011). Análise comparada de diversidade de anuros em três pontos da Mata Atlântica no sul do Estado de Bahia, Brasil. Ilhéus: Universidade Estadual de Santa Cruz - Programa de Pos Graduação em Zoologia. 146 páginas
- ↑ Silvano, D.L., Pimenta B.V.S (2003). Diversidade e distribuição de anfíbios na Mata Atlântica do Sul da Bahia. [S.l.]: IESB/CI/CABS/UFMG/UNICAMP
- ↑ a b Lista Oficial das Espécies da Fauna Ameaçadas de Extinção no Estado da Bahia. Portaria nº 37 de 15 de agosto de 2017.
- ↑ a b Cordeiro, P. H. C. (2003). Inventário de aves em remanescentes florestais de Mata Atlântica no Sul da Bahia, lista das espécies observadas. [S.l.]: IESB/CI/CABS/UFMG/UNICAMP
- ↑ Moura, R.T. (2003). Distribuição e ocorrência de mamíferos na Mata Atlântica do sul da Bahia. [S.l.]: IESB/CI/CABS/UFMG/UNICAMP
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Rudi Ricardo Laps (20 de dezembro de 2006), Efeito da fragmentação e alteração do habitat na avifauna da região da Reserva Biologica de Una, Bahia, Campinas: Universidade Estadual de Campinas, Wikidata Q107417395