Scuderie Detetive Le Cocq

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Scuderie Detetive Le Cocq[1][2] ou Esquadrão Le Cocq foi uma organização extra-oficial criada por policiais no Rio de Janeiro em 1965 e que atuou principalmente nas décadas de 1960, 1970 e 1980, sendo extinta por decisão judicial no início dos anos 2000.[3] Essa organização matou ao menos 1,5 mil pessoas no Espírito Santo e é considerada o primeiro grupo de extermínio fluminense e o mais famoso do Brasil.[4][5] Em 2015, policiais utilizando o nome da organização, sob a denominação Associação Filantrópica Scuderie Detetive Le Cocq, realizaram ação de panfletagem para incentivar a utilização do disque-denúncia.[6]

História[editar | editar código-fonte]

A Scuderie Le Cocq foi criada para vingar a morte em serviço de Milton Le Cocq d’Oliveira, famoso detetive de polícia do estado do Rio de Janeiro (antigo Distrito Federal), integrante da guarda pessoal de Getúlio Vargas e primo do Brigadeiro Eduardo Gomes.[7] Ele teria sido morto por Manoel Moreira, conhecido como Cara de Cavalo, marginal que atuava na Favela do Esqueleto, na década de 1960, enquanto fazia a proteção de banqueiros do jogo do bicho para que não se roubassem seus pontos de jogo.[8][9] Segundo relatos da época, entretanto, Cara de Cavalo não reagiu aos disparos realizados por Le Cocq e mais 3 policiais, sendo o disparo que matou o detetive oriundo do próprio carro em que ele se encontrava.[10]

A morte mobilizou diversos policiais que se apresentaram voluntariamente para participar das diligências.[9] Cara de Cavalo foi encontrado e morto poucos dias depois, com mais de 50 tiros.[9] Entre os executores se encontravam Luiz Mariano e Guilherme Godinho Ferreira, o Sivuca, que mais tarde se elegeria deputado estadual pelo Rio de Janeiro, com o bordão "bandido bom é bandido morto",[9] depois complementado por “e enterrado de pé, para não ocupar muito espaço”.[5]

As iniciais "E.M." no brasão da Scuderie Le Cocq significam "Esquadrão Motorizado", divisão da Polícia Especial à qual pertencia o detetive Milton Le Cocq na época em que ele era integrante da policia especial, e não Esquadrão da Morte.[9] O emblema da Scuderie Le Cocq era uma caveira em cima de ossos cruzados.[9] Com a extinção da Polícia Especial, Le Cocq, além de seus colegas Sivuca e Euclides, passaram para a Polícia Civil.[9]

A associação era liderada pelos chamados "Doze Homens de Ouro"[11] (um para cada casa do zodíaco), que eram doze famosos policiais escolhidos pelo Secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, Luis França, para "limpar" a cidade e eliminar criminosos, travestis e moradores de rua.[5] Integravam o grupo os policiais Anibal Beckman dos Santos (Cartola), Euclides Nascimento Marinho, Helio Guahyba Nunes, Humberto de Matos, Robson Falcão, Jaime de Lima, Lincoln Monteiro, Mariel Mariscot, Nelson Duart, Neils Kaufman (Diabo Loiro), José Guilherme Godinho (Sivuca), Vigmar Ribeiro e Elinto Pires.[11]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. «Justiça confirma extinção da Scuderie Detetive Le Cocq», Sherlock Holmes .
  2. «Camiseta de esquadrão da morte é vendida nos Jardins, em SP», Pavablogue, 1 de agosto de 2011, consultado em 1 de agosto de 2011 .
  3. «Justiça Federal determina extinção da Scuderie Le Cocq». Consultor Jurídico. Consultado em 22 de dezembro de 2020 
  4. «Uma breve história de Ronnie Lessa, o acusado de matar Marielle». Época. 4 de abril de 2019. Consultado em 18 de agosto de 2023 
  5. a b c «A polícia toma o poder». Piauí. UOL. Consultado em 22 de dezembro de 2020 – via Folha 
  6. «Extinta em 2000, Scuderie Le Cocq volta à cena panfletando para incentivar denúncias», Rio, O globo .
  7. «Dez Anos de Saudade», Rio de Janeiro: Inúbia, Opinião (96), 9 de setembro de 1974, consultado em 5 de julho de 2015 – via Biblioteca nacional 
  8. Ventura, Zuenir (1994), Cidade Partida, ISBN 978-85-7164403-8, Companhia das Letras .
  9. a b c d e f g Leitão, Alexandre (16 de julho de 2014). «A Scuderie Le Coq». Revista da Biblioteca Nacional. Consultado em 3 de fevereiro de 2016. Arquivado do original em 31 de agosto de 2016 
  10. 3. Bicho Solto, 10 de setembro de 2021, consultado em 21 de dezembro de 2021 – via Spotify 
  11. a b «Notícias». Adepol RJ. Consultado em 10 de agosto de 2018 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]