Comando Vermelho
Comando Vermelho | |
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Fundação | 17/09/1979[1] (como Falange Vermelha)[2] |
Local de fundação | Presídio Cândido Mendes, Ilha Grande, Angra dos Reis, Rio de Janeiro, Brasil. |
Anos ativo | 17 de setembro de 1979 — presente |
Território (s) | Brasil, majoritariamente no Rio de Janeiro e outros países como, Bolívia, Peru, Venezuela, Paraguai e Colômbia com que tem laços com a FARC |
Atividades | Assassinatos, tráfico de drogas, Assaltos, rebeliões e atividades terroristas e formação de quadrilha |
Rivais | PCC, TCP, ADA, EC, MLJ. |
O Comando Vermelho Rogério Lemgruber, mais conhecido como Comando Vermelho e pelas siglas CV e CVRL, é uma das maiores organizações criminosas do Brasil. Foi criada em 1979 no Instituto Penal Cândido Mendes, na Ilha Grande, Angra dos Reis, Rio de Janeiro.[1][3][2]
Entre os membros fundadores da facção, que se tornaram notórios depois de suas prisões, estão os líderes Rogério Lemgruber, William da Silva Lima, o "Professor";[4] Luiz Fernando da Costa, o "Fernandinho Beira-Mar";[5] Márcio dos Santos Nepomuceno, o "Marcinho VP";[6] Gilberto Martins da Silva, o "Mineiro da Cidade Alta";[7][8] Elias Pereira da Silva, o "Elias Maluco";[7] e Fabiano Atanásio da Silva, o "FB".[9] O CV possui ramificações em outros estados brasileiros como Acre, Amapá, Alagoas, Ceará, Distrito Federal, Mato Grosso, Pará, Rio Grande do Norte, Rondônia, Roraima e Tocantins.[10]
História[editar | editar código-fonte]
A facção descende da Falange Vermelha e foi criada por Rogério Lemgruber e o colegiado, ainda na década de 1970.[11] Uma das primeiras medidas do Comando Vermelho foi a instituição do "caixa comum" da organização, alimentado pelos proventos arrecadados pelas atividades criminosas isoladas, daqueles que estavam em liberdade, o dízimo.[12] O dinheiro assim arrecadado serviria não só para financiar novas tentativas de fuga, mas igualmente para amenizar as duras condições de vida dos presos, reforçando a autoridade e respeito do Comando Vermelho no seio da população carcerária.
No início dos anos 1980, os primeiros presos egressos da Ilha Grande começaram a pôr em prática todos os ensinamentos que haviam adquirido ao longo dos anos de convivência com os presos políticos,[13] organizando e praticando numerosos assaltos a instituições bancárias, algumas empresas e joalherias.
Houve diversas disputas internas pelo controle do tráfico de drogas e dos territórios conquistados, com esse embate, os ex membros do CV criaram a facção ADA (Amigos dos Amigos), que por sua vez também tiveram dissidentes, dessa forma, criaram a facção TCP (Terceiro Comando Puro).
Ainda no início da década de 1990, a facção influenciaria a criação do Primeiro Comando da Capital, em São Paulo.[14] Dela surge ainda uma espécie de dissidência, posteriormente reincorporada, o Comando Vermelho Jovem.[15]
Na década de 2000, diversas favelas controladas pela facção passaram a ser ocupadas por milícias e por Unidades de Polícia Pacificadora. Em 2016, o Comando Vermelho e o Primeiro Comando da Capital romperam, em razão de disputa de territórios nas fronteiras do Brasil com Paraguai, Bolívia e Colômbia, o que ocasionou numa rebelião em presídios de Rondônia e Roraima. CV e PCC eram aliadas há quase duas décadas.
Na cultura popular[editar | editar código-fonte]
A organização foi retratada no livro 400X1 - Uma Historia do Comando Vermelho, de William da Silva Lima, um dos responsáveis pela criação do código de conduta em que se baseou a organização do CV, nos anos 1970.[16] Com base no livro, foi produzido o filme 400 contra 1 - A história do Comando Vermelho, dirigido por Caco Souza e estrelado por Daniel de Oliveira, Daniela Escobar e participação especial de Negra Li. A organização também foi retratada no filme Quase Dois Irmãos, que conta a história da origem da facção. Em 2004, Caco Souza lançou documentário Senhora Liberdade, baseado na história de William da Silva Lima.[17]
Ver também[editar | editar código-fonte]
- Criminalidade no Brasil
- Falcão - Meninos do Tráfico, documentário de MV Bill e Celso Athayde
- Narcoterrorismo
- Notícias de uma guerra particular, filme de 1999 João Moreira Salles e Kátia Lund
- Quase Dois Irmãos, filme de 2005 de Lúcia Murat
Referências
- ↑ a b «Organização nasceu do convívio com grupos de combate ao regime militar». Folha de S.Paulo. Consultado em 1 de Setembro de 2016
- ↑ a b «Facções criminosas do Rio tiveram origem nos presídios». Terra noticias. Consultado em 2 de Setembro de 2016
- ↑ «Polícia prende fundador da facção Comando Vermelho em imóvel na zona oeste do Rio». UOL Notícias. Consultado em 2 de Setembro de 2016
- ↑ «Morre William 'Professor', um dos fundadores da maior facção criminosa do Rio». Extra. 1 de agosto de 2019. Consultado em 24 de agosto de 2021
- ↑ «Os donos do crime». IstoÉ. 6 de janeiro de 2017. Consultado em 24 de agosto de 2021
- ↑ Leandro Resende (17 de agosto de 2021). «Em conversa com chefe de facção, ex-secretário do RJ admite celular em presídios». CNN Brasil. Consultado em 24 de agosto de 2021
- ↑ a b Mario Hugo Monken (21 de agosto de 2002). «Traficante é preso em pré-estréia de filme». Folha de S.Paulo. Consultado em 24 de agosto de 2021
- ↑ «Chefe do tráfico é encontrado morto pela polícia». Extra. 19 de novembro de 2008. Consultado em 24 de agosto de 2021
- ↑ Herculano Barreto Filho (26 de junho de 2021). «'Na carta veio seu nome': ordens de chefe do CV preso chegavam por WhatsApp». UOL. Consultado em 24 de agosto de 2021
- ↑ Flávio Costa; Luís Adorno (22 de agosto de 2018). «Mapa das facções no Brasil: PCC e Comando Vermelho disputam hegemonia do crime em 9 estados». UOL. Consultado em 31 de julho de 2021
- ↑ Extra (10 de maio de 2009). «Rogério Lengruber e a Falange Vermelha». Extra.globo.com. Consultado em 14 de dezembro de 2011
- ↑ Amorin, Carlos (2012). Comando Vermelho: a história do crime organizado. [S.l.]: Editora Best Seller
- ↑ Amorim, Carlos, Comando Vermelho: a história secreta do crime organizado. Editora Record, 1993. ISBN 9788501041159 Página visitada em 3 de junho de 2014.
- ↑ «Comando Vermelho deu origem à organização paulista». Folha de S.Paulo. 21 de fevereiro de 2001. Consultado em 14 de dezembro de 2011
- ↑ Pedro Dantas (26 de janeiro de 2001). «Comando Vermelho Jovem pode ter financiado túnel em Bangu 3». Folha de S.Paulo. Consultado em 14 de dezembro de 2011
- ↑ Resenha de “400x1 - Uma história do Comando Vermelho”. Por João Paulo Balbino. Revista Conexão Leitura.
- ↑ Senhora Liberdade, acesso em 26 de agosto de 2016.
Bibliografia[editar | editar código-fonte]
- Abusado - O dono do Morro Dona Marta, Caco Barcellos, Rio de Janeiro, Editora Record, 2003.
- Amorim, Carlos. CV-PCC: a irmandade do crime, 4ª ed. Rio de Janeiro: Record, 2004.
- Barbato Jr, Roberto. Direito informal e criminalidade: os códigos do cárcere e do tráfico Campinas, Editora Millennium, 2006.
- Lima, William da Silva. Quatrocentos contra um: uma história do Comando Vermelho. Editora Vozes, 1991. 2ª ed.— São Paulo: Labortexto Editorial, 2001.
Ligações externas[editar | editar código-fonte]
- «Comando Vermelho» (em inglês). Brazil Now Glossary
- Fundador do Comando Vermelho sepultado no RJ