Giganotossauro: diferenças entre revisões

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[[Ficheiro:Giganotosaurus carolinii by durbed.jpg|miniaturadaimagem|Uma reprodução artística de um gigantossauro.]]
O '''Giganotossauro'''<ref>{{citar revista|titulo=Giganotossauro: o novo velho rei dos animais|url=https://super.abril.com.br/ciencia/giganotossauro-o-novo-velho-rei-dos-animais/|autor=Flávio Dieguez|data=31 de janeiro de 1996|revista=[[Super Interessante]]}}</ref> (''Giganotosaurus'' do [[latim]] "lagarto gigante do sul") foi um gênero de [[dinossauro]]s [[Theropoda|terópodes]] que viveram na Argentina durante o período [[Cretáceo]] há aproximadamente 99.6 a 97 milhões de anos,<ref>Holtz, T. R. (2011). [http://www.geol.umd.edu/~tholtz/dinoappendix/HoltzappendixWinter2011.pdf "Dinosaurs: The Most Complete, Up-to-Date Encyclopedia for Dinosaur Lovers of All Ages, Winter 2011 Appendix"] (PDF). Retrieved January 13, 2012.</ref> mais especificamente na Formação Candeleros na [[Patagônia]], seus primeiros fosseis foram encontrados em 1993 no mesmo local, e foi descrito em 1995 como '''''Gigantosaurus carolinii''''' em homenagem ao seu descobridor, Rubén D. Carolini. O gênero atraiu bastante interesse em debates científicos devido por um dos maiores gêneros de dinossauros teropodes já conhecidos.
O '''Giganotossauro'''<ref>{{citar revista|titulo=Giganotossauro: o novo velho rei dos animais|url=https://super.abril.com.br/ciencia/giganotossauro-o-novo-velho-rei-dos-animais/|autor=Flávio Dieguez|data=31 de janeiro de 1996|revista=[[Super Interessante]]}}</ref> ('''''Giganotosaurus''''' do [[latim]] "lagarto gigante do sul") foi um gênero de [[dinossauro]]s [[Theropoda|terópodes]] que viveu na [[Argentina]] durante o período [[Cretáceo]] há aproximadamente 99.6 a 97 milhões de anos,<ref>Holtz, T. R. (2011). [http://www.geol.umd.edu/~tholtz/dinoappendix/HoltzappendixWinter2011.pdf "Dinosaurs: The Most Complete, Up-to-Date Encyclopedia for Dinosaur Lovers of All Ages, Winter 2011 Appendix"] (PDF). Acessado em 13 de janeiro de 2012.</ref> mais especificamente na [[Formação Candeleros]] na [[Patagônia]], seus primeiros fosseis foram encontrados em 1993 no mesmo local, e foi descrito em 1995 como '''''Gigantosaurus carolinii''''' em homenagem ao seu descobridor, Rubén D. Carolini.

O ''Giganotosaurus'' foi um dos maiores carnívoros terrestres conhecidos, mas o tamanho exato tem sido difícil de determinar devido à incompletude dos restos encontrados até agora. As estimativas para o espécime mais completo variam de um comprimento de 12 a 13 m, um crânio de 1,53 a 1,80 m de comprimento e um peso de 4,2 a 13,8 t toneladas. O osso dentário que pertencia a um indivíduo supostamente maior foi usado para extrapolar um comprimento de 13,2 m. Alguns pesquisadores descobriram que o animal é maior que o [[Tiranossauro]], que historicamente tem sido considerado o maior terópode, enquanto outros descobriram que eles são aproximadamente iguais em tamanho e as maiores estimativas de tamanho para o ''Giganotosaurus'' são exageradas. O crânio era baixo, com ossos nasais rugosos (ásperos e enrugados) e uma crista em forma de crista no osso lacrimal na frente do olho. A frente do maxilar inferior era achatada e tinha um processo de projeção para baixo (ou "queixo") na ponta. Os dentes estavam comprimidos lateralmente e tinham serrilhas. O pescoço era forte e a cintura peitoral proporcionalmente pequena.

Parte da família [[Carcharodontosauridae]], o ''Giganotosaurus'' é um dos membros mais conhecidos do grupo, que inclui outros terópodes muito grandes, como o ''[[Mapusaurus]]'' e o ''[[Carcharodontosaurus]]'', intimamente relacionados. Acredita-se que o Giganotossauro tenha sido [[homeotérmico]] (um tipo de "sangue quente"), com um [[metabolismo]] entre o de um mamífero e um réptil, o que permitiria um crescimento rápido. Teria sido capaz de fechar suas mandíbulas rapidamente, capturando e derrubando presas com mordidas poderosas. O "queixo" pode ter ajudado a resistir ao estresse quando uma mordida foi entregue contra a presa. Acredita-se que o Giganotossauro tenha sido o [[superpredador|principal predador]] de seu ecossistema, e pode ter se alimentado de dinossauros [[saurópodes]] juvenis.


== Descoberta ==
== Descoberta ==
[[Imagem:Giganotosarus carolinii restos originales del cráneo.JPG|thumb|esquerda|Partes do fóssil do crânio holótipo]]
O Giganotossauro foi nomeado por [[Ruben Carolini]], um caçador de fósseis amador que o descobriu em [[1995]] próximo ao [[Rio Limay]], na [[Patagônia]], [[Argentina]]. A descoberta foi anunciada por [[Rodolfo Coria]] e [[Leonardo Salgado]] na revista [[Nature]] em [[1995]]. O esqueleto de um dos espécimes encontrados estava 70% completo e incluía o [[crânio]], a [[pélvis]], os ossos do [[pé]] e a maioria da espinha dorsal do animal. Seu tamanho é estimado em aproximadamente 4 metros de altura e algo entre 12 e 13 metros de comprimento,<ref name="Coria&Salgado1995">Coria, R. A.; Salgado, L. (1995). "A new giant carnivorous dinosaur from the Cretaceous of Patagonia". ''Nature''. '''377''' (6546): 224–226. Bibcode:[[bibcode:1995Natur.377..224C|1995Natur.377..224C]]. doi:[https://doi.org/10.1038%2F377224a0 10.1038/377224a0].</ref><ref>{{citar web|URL=http://www.geol.umd.edu/~tholtz/dinoappendix/HoltzappendixWinter2010.pdf|título=Winter 2010 Appendix - Dinosaurs: The Most Complete, Up-to-Date Encyclopedia for Dinosaur Lovers of All Ages|autor=Holtz, Thomas R. Jr.|data=2011|website=University of Maryland|acessodata=5 de julho de 2017}}</ref> com a massa de um dos maiores espécimes calculada em 8,2 toneladas.<ref name=":0">{{citar web |ultimo=Hartman |primeiro=Scott |url=http://www.skeletaldrawing.com/home/mass-estimates-north-vs-south-redux772013 |titulo=Mass estimates: North vs South redux |data=7 de Julho de 2013 |acessodata=3 de Março de 2018 |publicado=}}</ref> Um segundo espécime, muito mais fragmentado, foi encontrado, com somente uma parte da arcada dentária que é 8% maior que o primeiro espécime. Estima-se que este segundo espécime possuía um crânio de 1,95 m, sendo 15 cm maior em relação ao primeiro (com 1,80 m de crânio).<ref name="calvo&coria1998">Calvo, J.O. and Coria, R.A. (1998) "New specimen of ''Giganotosaurus carolinii'' (Coria & Salgado, 1995), supports it as the largest theropod ever found." ''Gaia'', '''15''': 117–122. [http://www.researchgate.net/publication/40662857_New_specimen_of_giganotosaurus_carolinii_%28Coria__Salgado_1995%29_supports_it_as_the_largest_theropod_ever_found pdf]</ref>
O Giganotossauro foi nomeado por [[Ruben Carolini]], um caçador de fósseis amador que o descobriu em [[1995]] próximo ao [[Rio Limay]], na [[Patagônia]], [[Argentina]]. A descoberta foi anunciada por [[Rodolfo Coria]] e [[Leonardo Salgado]] na revista ''[[Nature]]'' em [[1995]]. O esqueleto de um dos espécimes encontrados estava 70% completo e incluía o [[crânio]], a [[pélvis]], os ossos do [[pé]] e a maioria da espinha dorsal do animal. Seu tamanho é estimado em aproximadamente 4 metros de altura e algo entre 12 e 13 metros de comprimento,<ref name="Coria&Salgado1995">Coria, R. A.; Salgado, L. (1995). "A new giant carnivorous dinosaur from the Cretaceous of Patagonia". ''Nature''. '''377''' (6546): 224–226. Bibcode:[[bibcode:1995Natur.377..224C|1995Natur.377..224C]]. doi:[https://doi.org/10.1038%2F377224a0 10.1038/377224a0].</ref><ref>{{citar web|URL=http://www.geol.umd.edu/~tholtz/dinoappendix/HoltzappendixWinter2010.pdf|título=Winter 2010 Appendix - Dinosaurs: The Most Complete, Up-to-Date Encyclopedia for Dinosaur Lovers of All Ages|autor=Holtz, Thomas R. Jr.|data=2011|website=University of Maryland|acessodata=5 de julho de 2017}}</ref> com a massa de um dos maiores espécimes calculada em 8,2 toneladas.<ref name=":0">{{citar web |ultimo=Hartman |primeiro=Scott |url=http://www.skeletaldrawing.com/home/mass-estimates-north-vs-south-redux772013 |titulo=Mass estimates: North vs South redux |data=7 de Julho de 2013 |acessodata=3 de Março de 2018 |publicado=}}</ref> Um segundo espécime, muito mais fragmentado, foi encontrado, com somente uma parte da arcada dentária que é 8% maior que o primeiro espécime. Estima-se que este segundo espécime possuía um crânio de 1,95 m, sendo 15 cm maior em relação ao primeiro (com 1,80 m de crânio).<ref name="calvo&coria1998">Calvo, J.O. and Coria, R.A. (1998) "New specimen of ''Giganotosaurus carolinii'' (Coria & Salgado, 1995), supports it as the largest theropod ever found." ''Gaia'', '''15''': 117–122. [http://www.researchgate.net/publication/40662857_New_specimen_of_giganotosaurus_carolinii_%28Coria__Salgado_1995%29_supports_it_as_the_largest_theropod_ever_found pdf]</ref>


Uma das características dos dinossauros terópodes que mais atraiu o interesse científico é o fato de o grupo incluir os maiores predadores terrestres da [[Mesozóico|Era Mesozóica]]. Esse interesse começou com a descoberta de um dos primeiros dinossauros conhecidos, o [[Megalossauro]], nomeado em 1824 por seu grande tamanho. Mais de meio século depois, em 1905, o [[Tiranossauro]] foi nomeado e permaneceu o maior dinossauro terópode conhecido por 90 anos, embora outros grandes terópodes também fossem conhecidos. A discussão sobre qual terópode era o maior foi revivida na década de 1990 por novas descobertas na [[África]] e na [[América do Sul]].<ref name="Coria&Salgado1995"/> Em sua descrição original, Coria e Salgado consideravam o Giganotossauro pelo menos o maior dinossauro terópode do [[hemisfério sul]], e talvez o maior do mundo. Eles admitiram que a comparação com o ''T. Rex'' era difícil devido ao estado desarticulado dos ossos cranianos do ''Giganotosaurus'', mas notaram que ao medir o tamanho do [[fêmur]] do ''Giganotosaurus'', com cerca de 1,43 m, perceberam que este era 5 cm mais longo que o de "[[Sue]]", o maior espécime conhecido de Tiranossauro, e que os ossos do Giganotossauro pareciam ser mais robustos, indicando um animal mais pesado. Eles estimaram que o crânio tinha cerca de 1,53 m de comprimento, e todo o animal tinha 12,5 m de comprimento, com um peso de cerca de 6 a 8 t.<ref name="Coria&Salgado1995"/>

==Descrição==
[[Imagem:Giganotosaurus carolinii by durbed.jpg|thumb|esquerda|Uma representação artística do Gigantossauro.]]
Acredita-se que o Giganotossauro tenha sido um dos maiores dinossauros terópodes, mas a incompletude de seus restos tornou difícil estimar seu tamanho com segurança. Portanto, é impossível determinar com certeza se era maior que o gênero ''Tyrannosaurus'', por exemplo, que foi considerado o maior terópode por muitos anos. Diferentes estimativas de tamanho foram alcançadas por vários pesquisadores, com base em vários métodos e dependendo de como as partes ausentes do esqueleto foram reconstruídas. As estimativas de comprimento para o espécime [[holótipo]] variaram entre 12 e 13 m, com um [[crânio]] entre 1,53 e 1,80 m de comprimento, um [[fêmur]] (osso da coxa) entre 1,365 e 1,43 m de comprimento e um peso entre 4,2 e 13,8 t .<ref name="Coria&Salgado1995"/><ref name="coria&currie2002"/><ref name="calvo&coria1998"/><ref name=TH07>{{citar periódico|ultimo=Therrien|primeiro=F.|autor2=Henderson, D. M.|ano=2007|titulo=My theropod is bigger than yours...or not: estimating body size from skull length in theropods|periódico=Journal of Vertebrate Paleontology|volume=27|número=1|páginas=108–115|doi=10.1671/0272-4634(2007)27[108:MTIBTY]2.0.CO;2|s2cid=86025320 |issn=0272-4634}}</ref> A fusão de [[suturas]] (articulações) na caixa craniana indica que o espécime do holótipo era um indivíduo maduro.<ref name=coria&currie2002>{{citar periódico|ultimo1=Coria|primeiro1=R. A.|ultimo2=Currie|primeiro2=P. J.|titulo=The braincase of ''Giganotosaurus carolinii'' (Dinosauria: Theropoda) from the Upper Cretaceous of Argentina|periódico=Journal of Vertebrate Paleontology|ano=2002|volume=22|número=4|páginas=802–811|doi=10.1671/0272-4634(2002)022[0802:TBOGCD]2.0.CO;2|s2cid=85678725 }}</ref> Um segundo espécime, consistindo de um osso dentário de um indivíduo supostamente maior, foi usado para extrapolar um comprimento de 13,2 m, um crânio de 1,95 m de comprimento e um peso de 8,2 t. Alguns escritores consideraram as maiores estimativas de tamanho para ambos os espécimes exageradas.<ref name="calvo&coria1998"/><ref name="Holtz2008">{{citar web|ultimo1=Holtz|primeiro1=T. R.|titulo=Dinosaurs: The Most Complete, Up-to-Date Encyclopedia for Dinosaur Lovers of All Ages, Winter 2011 Appendix|url=http://www.geol.umd.edu/~tholtz/dinoappendix/HoltzappendixWinter2011.pdf|acessodata=13 de janeiro de 2012|data=2011}}</ref><ref name="HartmanMassEstimate">{{citar web|ultimo=Hartman|primeiro=S.|data=2013|titulo=Mass estimates: North vs South redux|publisher=Scott Hartman's Skeletal Drawing.com|url=http://www.skeletaldrawing.com/home/mass-estimates-north-vs-south-redux772013|acessodata=24 de agosto de 2013}}</ref><ref name="Tetanurae">{{citar periódico|ultimo1=Carrano|primeiro1=M. T.|ultimo2=Benson|primeiro2=R. B. J.|ultimo3=Sampson|primeiro3=S. D.|titulo=The phylogeny of Tetanurae (Dinosauria: Theropoda)|periódico=Journal of Systematic Palaeontology|data=2012|volume=10|número=2|páginas=211–300|doi=10.1080/14772019.2011.630927|s2cid=85354215}}</ref> ''Giganotosaurus'' foi comparado a uma versão superdimensionada do conhecido gênero ''[[Allosaurus]]''.<ref name="Usurps">{{citar periódico|ultimo1=Monastersky|primeiro1=R.|titulo=New beast usurps ''T. rex'' as king carnivore|periódico=Science News|data=1995|volume=148|número=13|página=199|doi=10.2307/3979427|jstor=3979427}}</ref>
[[Ficheiro: Giganotosaurus Scale.svg|thumb|Comparação de tamanho entre espécimes de ''Giganotosaurus'' e um humano.]]
[[Ficheiro: Giganotosaurus Scale.svg|thumb|Comparação de tamanho entre espécimes de ''Giganotosaurus'' e um humano.]]

== Paleobiologia ==
O [[crânio]] do espécime encontrado na Argentina media 1,95 metros, de perfil mais longo que o usual para terópodes de seu tamanho. Através de estudos envolvendo microscopia eletrônica e densitometria óssea, os cientistas calcularam o quanto de peso a estrutura óssea do giganotossauro poderia suportar. Seu [[cérebro]] se assemelhava a uma [[banana]] em [[tamanho]] e em [[formato]]. Acredita-se que tinha um bom [[olfato]].


== Classificação ==
== Classificação ==
O Giganotossauro está classificado na família [[Carcharodontosauridae]], assim como o ''[[Mapusaurus]]'', ''[[Tyrannotitan]]'' e o ''[[Carcharodontosaurus]]''. Com a descoberta do ''[[Mapusaurus]]'', este carnívoro e seu parente foram postos na subfamília [[Giganotosaurinae]], por [[Coria (paleontólogo)|Coria]] e [[Currie (paleontóloga)|Currie]] em [[2006]].{{Carece de fontes}} Em 2013, a subfamília foi reclassificada dentro de Carcharodontosauridae e convertida na [[tribo (biologia)|tribo]] [[Giganotosaurini]].<ref name=":1">Bell PR, Coria RA (2013) Palaeopathological Survey of a Population of ''Mapusaurus'' (Theropoda: Carcharodontosauridae) from the Late Cretaceous Huincul Formation, Argentina. PLoS ONE 8(5): e63409. https://doi.org/10.1371/journal.pone.0063409</ref>
O Giganotossauro está classificado na família [[Carcharodontosauridae]], assim como o ''[[Mapusaurus]]'', ''[[Tyrannotitan]]'' e o ''[[Carcharodontosaurus]]''. Com a descoberta do ''[[Mapusaurus]]'', este carnívoro e seu parente foram postos na subfamília [[Giganotosaurinae]], por [[Coria (paleontólogo)|Coria]] e [[Currie (paleontóloga)|Currie]] em [[2006]].<ref name="coria2006">{{citar periódico|ultimo1=Coria|primeiro1=R.A.|ultimo2=Currie|primeiro2=P.J.|ano=2006|titulo=A new carcharodontosaurid (Dinosauria, Theropoda) from the Upper Cretaceous of Argentina|periódico=Geodiversitas|volume=28|número=1|páginas=71–118 }}</ref> Em 2013, a subfamília foi reclassificada dentro de Carcharodontosauridae e convertida na [[tribo (biologia)|tribo]] [[Giganotosaurini]].<ref name=":1">Bell PR, Coria RA (2013) Palaeopathological Survey of a Population of ''Mapusaurus'' (Theropoda: Carcharodontosauridae) from the Late Cretaceous Huincul Formation, Argentina. PLoS ONE 8(5): e63409. https://doi.org/10.1371/journal.pone.0063409</ref>


Abaixo um cladograma que segue Novas et al. (2013) que classifica o Giganotossauro dentro de Giganotosaurini ao lado de ''Mapusaurus''.<ref>{{Citar periódico |url=https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0195667113000608 |titulo=Evolution of the carnivorous dinosaurs during the Cretaceous: The evidence from Patagonia |data=2013-10-01 |acessodata=2021-08-30 |jornal=Cretaceous Research |paginas=174–215 |lingua=en |doi=10.1016/j.cretres.2013.04.001 |issn=0195-6671}}</ref>
Abaixo um cladograma que segue Novas et al. (2013) que classifica o Giganotossauro dentro de Giganotosaurini ao lado de ''Mapusaurus''.<ref>{{Citar periódico |url=https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0195667113000608 |titulo=Evolution of the carnivorous dinosaurs during the Cretaceous: The evidence from Patagonia |data=2013-10-01 |acessodata=2021-08-30 |jornal=Cretaceous Research |paginas=174–215 |lingua=en |doi=10.1016/j.cretres.2013.04.001 |issn=0195-6671}}</ref>
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== Paleobiologia ==
Em 1999, o [[paleontólogo]] Reese E. Barrick e o [[geólogo]] William J. Showers descobriram que os ossos do Giganotossauro e do [[Tiranossauro]] tinham padrões de isótopos de oxigênio muito semelhantes, com distribuição de calor semelhante no corpo. Esses padrões termorreguladores indicam que esses dinossauros tinham um [[metabolismo]] intermediário entre o de mamíferos e répteis e, portanto, eram [[homeotérmico]]s (com uma temperatura corporal central estável, um tipo de "sangue quente"). O metabolismo de um Giganotossauro de 8 t seria comparável ao de um mamífero carnívoro de 1 t e teria sustentado um crescimento rápido.<ref name="BS99">{{citar periódico|ultimo1=Barrick|primeiro1=R.E.|ultimo2=Showers|primeiro2=W.J.|ano=1999|titulo=Thermophysiology and biology of ''Giganotosaurus'': Comparison with ''Tyrannosaurus''|periódico=Palaeontologia Electronica|volume=2|número=2|url=http://palaeo-electronica.org/1999_2/gigan/issue2_99.htm|acessodata=6 de fevereiro de 2016|arquivodata=17 de maio de 2011|arquivourl=https://web.archive.org/web/20110517220816/http://palaeo-electronica.org/1999_2/gigan/issue2_99.htm|urlmorta=yes}}</ref>

Em 2001, o [[físico]] Rudemar Ernesto Blanco e Mazzetta avaliaram a capacidade cursorial (corrida) do ''Giganotosaurus''. Eles rejeitaram a hipótese de James O. Farlow de que o risco de lesões envolvidas em animais tão grandes caindo durante uma corrida limitaria a velocidade de grandes terópodes. Em vez disso, eles colocaram que o desequilíbrio causado pelo aumento da velocidade seria o fator limitante. Calculando o tempo que levaria para uma perna ganhar equilíbrio após a retração da perna oposta, eles descobriram que o limite [[Cinemática|cinemático]] superior da velocidade de corrida era de 14 m/s (50 km/h). Eles também descobriram que a comparação entre a capacidade de corrida do ''Giganotosaurus'' e pássaros como o [[avestruz]] com base na força de seus ossos da perna é de valor limitado, já que os terópodes, ao contrário dos pássaros, tinham caudas pesadas para contrabalançar seu peso.<ref name="blanco-mazzetta">{{citar periódico|titulo=A new approach to evaluate the cursorial ability of the giant theropod ''Giganotosaurus carolinii''|autor1=Blanco, R. Ernesto|autor2=Mazzetta, Gerardo V.|ano=2001|periódico=[[Acta Palaeontologica Polonica]]|volume=46|número=2|páginas=193–202|url=http://www.app.pan.pl/article/item/app46-193.html}}</ref>

Um estudo [[biomecânica|biomecânico]] de 2017 sobre a capacidade de corrida do tiranossauro pelo [[biólogo]] William I. Sellers e colegas sugeriram que as cargas esqueléticas eram grandes demais para permitir que indivíduos adultos corressem. Os membros relativamente longos, que há muito se argumentavam que indicavam boa capacidade de corrida, teriam limitado mecanicamente a marchas e, portanto, não teriam sido um [[perseguição predatória|predador de perseguição]] em alta velocidade. Eles sugeriram que essas descobertas também se aplicariam a outros terópodes gigantes de membros longos, como ''Giganotosaurus'', ''[[Mapusaurus]]'' e ''[[Acrocanthosaurus]]''.<ref>{{citar periódico |ultimo1=Sellers |primeiro1=W. I. |ultimo2=Pond |primeiro2=S. B. |ultimo3=Brassey |primeiro3=C. A. |ultimo4=Manning |primeiro4=P. L. |ultimo5=Bates |primeiro5=K. T. |data=18 de julho de 2017 |titulo=Investigating the running abilities of ''Tyrannosaurus rex'' using stress-constrained multibody dynamic analysis |periódico=PeerJ |volume=5 |páginas=e3420 |doi=10.7717/peerj.3420 |issn=2167-8359 |pmc=5518979 |pmid=28740745}}</ref>
===Alimentação===
[[Imagem:HNHM7.JPG|thumb|Exibição dos esqueletos de ''Giganotosaurus'' e o saurópode contemporâneo ''[[Limaysaurus]]'', Museu Húngaro de História Natural]]
Em 2002, Coria e Currie descobriram que várias características da parte traseira do crânio (como a inclinação frontal do occipital e o côndilo occipital baixo e largo) indicam que o Giganotossauro teria uma boa capacidade de mover o crânio lateralmente em relação ao as vértebras frontais do pescoço. Essas características também podem estar relacionadas ao aumento da massa e comprimento dos músculos da mandíbula; a articulação da mandíbula do Giganotossauro e outros carcharodontossaurídeos foi movida para trás para aumentar o comprimento da musculatura da mandíbula, permitindo um fechamento mais rápido das mandíbulas, enquanto os tiranossauros aumentaram a massa da musculatura da mandíbula inferior, para aumentar o poder de sua mordida.<ref name="coria&currie2002"/>

Em 2005, Therrien e colegas estimaram a força de mordida relativa dos terópodes e descobriram que o ''Giganotosaurus'' e os táxons relacionados tinham adaptações para capturar e derrubar presas, entregando mordidas poderosas, enquanto os tiranossauros tinham adaptações para resistir ao [[Torção mecânica|estresse de torção]] e esmagar ossos. Estimativas em valores absolutos como [[Newton (unidade)|newtons]] eram impossíveis. A força de mordida do Giganotossauro era mais fraca do que a do Tiranossauro, e a força diminuía para trás ao longo da fileira de dentes. As mandíbulas inferiores foram adaptadas para morder em fatias, e provavelmente capturou e manipulou presas com a parte frontal das mandíbulas. Esses autores sugeriram que o Giganotossauro e outros alossauros podem ter sido predadores generalizados que se alimentaram de um amplo espectro de presas menores do que eles, como saurópodes juvenis. O processo ventral (ou "queixo") da mandíbula inferior pode ter sido uma adaptação para resistir ao estresse de tração quando a mordida poderosa foi entregue com a frente das mandíbulas contra a presa.<ref>{{Citar livro|ultimo1=Therrien|primeiro1=F.|ultimo2=Henderson|primeiro2=D. M.|ultimo3=Ruff|primeiro3=C. B.|ano=2005|capitulo=Bite Me: Biomechanical models of theropod mandibles and implications for feeding|editor-sobrenome=Carpenter|editor-nome=K.|titulo=The Carnivorous Dinosaurs. Life of the Past.|publicado=Indiana University Press|local=Bloomington, Indiana|páginas=179–237}}</ref>

Os primeiros fósseis conhecidos do ''Mapusaurus'' intimamente relacionado foram encontrados em um leito de ossos consistindo de vários indivíduos em diferentes estágios de crescimento. Em sua descrição do gênero em 2006, Coria e Currie sugeriram que, embora isso pudesse ser devido a um acúmulo de carcaças de longo prazo ou coincidente, a presença de diferentes estágios de crescimento do mesmo táxon indicava que a agregação não era coincidência.<ref name="coria2006"/> Em um artigo da National Geographic de 2006, Coria afirmou que o leito ósseo foi provavelmente o resultado de um evento catastrófico e que a presença de indivíduos principalmente de tamanho médio, com muito poucos jovens ou velhos, é normal para animais que formam matilhas. Portanto, disse Coria, grandes terópodes podem ter caçado em grupos, o que seria vantajoso ao caçar saurópodes gigantescos.<ref name="NatGeo2006">{{citar web|ultimo1=Owen|primeiro1=J.|titulo=Meat-Eating Dinosaur Was Bigger Than T. Rex|url=http://news.nationalgeographic.com/news/2006/04/0417_060417_large_dino.html|acessodata=27 de agosto de 2016|website=[[National Geographic Society]]|publicado=National Geographic News|data=2006|arquivourl=https://web.archive.org/web/20160930130941/http://news.nationalgeographic.com/news/2006/04/0417_060417_large_dino.html|arquivodata=30 de setembro de 2016}}</ref>


== Cultura popular ==
== Cultura popular ==
[[Ficheiro:Giganotosaurus AustMus email.jpg|esquerda|thumb|250px| Esqueleto de um '''giganotossauro'''.]]
[[Ficheiro:Giganotosaurus AustMus email.jpg|esquerda|thumb|250px| Esqueleto de um '''giganotossauro'''.]]
O Giganotossauro apareceu em vários documentários como em ''[[Walking With Dinosaurs Special - Chased by Dinosaurs]]'' no episódio ''"Land of Giants"'' (Terra de Gigantes), um dos especiais da série ''[[Walking with Dinosaurs]]'' ambos da [[BBC]].{{Carece de fontes}}
O Giganotossauro apareceu em vários documentários como em ''[[Walking With Dinosaurs Special - Chased by Dinosaurs]]'' no episódio ''"Land of Giants"'' (Terra de Gigantes), um dos especiais da série ''[[Walking with Dinosaurs]]'' ambos da [[BBC]].<ref name="LandofGiants">{{Citar vídeo|url=https://www.amazon.com/Walking-Dinosaurs-Special-Lands-Giants/dp/B01FN6V3Q0|autor=Jasper James|ano=2002|publicado=BBC|titulo=A Walking with Dinosaurs Special - Land of Giants}}</ref>

Também apareceu no documentário da IMAX ''[[Dinosaurs: Giants of Patagonia]]'', onde o [[Dr. Rodolfo Coria]] mostra o local da descoberta do dinossauro na [[Argentina]].{{Carece de fontes}}


Também apareceu no documentário da IMAX ''[[Dinosaurs: Giants of Patagonia]]'', onde o paleontólogo [[Rodolfo Coria]] mostra o local da descoberta do dinossauro na [[Argentina]].<ref>{{citar web|url=https://www.documentarymania.com/player.php?title=Dinosaurs%20Giants%20of%20Patagonia|titulo=Dinosaurs Giants of Patagonia|website=Documentary Mania|ano=2007|acessodata=07-09-2022}}</ref>
O Giganotossauro também aparece no episódio da Temporada da série [[Reino Unido|britânica]] de [[drama]]/[[ficção científica]] ''Primeval''. Na série um Giganotossauro aparece num aeroporto, mata o zoólogo [[Nigel Marven]] (por graça o mesmo que viajou no tempo no documentário ''Chased by Dinosaurs'' e se encontrou com o dinossauro), e ataca um avião Jumbo.{{Carece de fontes}}


O Giganotossauro também aparece no quarto episódio da terceira Temporada da série [[Reino Unido|britânica]] de [[drama]]/[[ficção científica]] ''[[Primeval]]''. Na série um Giganotossauro aparece num aeroporto, mata o zoólogo [[Nigel Marven]] (como uma referência a atuação do mesmo em ''Chased by Dinosaurs''<ref name="LandofGiants"/>), e ataca um [[Boeing 747|avião Jumbo]].<ref>{{citar web|url=https://www.imdb.com/title/tt1405732/|titulo=A Gigantic Problem|website=IMDB|data=18 de abril de 2009|acessodata=07-09-2022}}</ref>
Outra aparição do Giganotossauro foi no jogo ''[[Dino Crisis 2]]'', para [[Playstation]] e [[computador]], representando o chefão final do jogo, que por sua vez, luta contra um Tiranossauro e o vence arremessando-o para longe.{{Carece de fontes}}


Outra aparição do Giganotossauro foi no jogo ''[[Dino Crisis 2]]'', para [[Playstation]] e [[computador]], representando o chefão final do jogo.<ref>{{citar web|url=https://www.ign.com/articles/2000/09/26/dino-crisis-2-2|titulo=Dino Crisis 2 Review|website=IGN|acessodata=07-09-2022|autor=Doug Perry|data=13 de dezembro de 2018}}</ref>
O Giganotossauro foi um dos "dinossauros antagonistas" do filme ''[[Jurassic World: Dominion]]''.<ref>{{Citar web|ultimo=Evangelista|primeiro=Chris|data=10 de junho de 2021|titulo=The 'Jurassic World: Dominion' Villain is a Dinosaur Director Colin Trevorrow Has Been Saving for the Third Movie|website=/Film|url=https://www.slashfilm.com/jurassic-world-dominion-villain/|acessodata=7 de dezembro de 2021|arquivodata=21 de junho de 2021|arquivourl=https://web.archive.org/web/20210621185053/https://www.slashfilm.com/jurassic-world-dominion-villain/|idioma=en}}</ref>
O Giganotossauro foi um dos "dinossauros antagonistas" do filme ''[[Jurassic World: Dominion]]''.<ref>{{Citar web|ultimo=Evangelista|primeiro=Chris|data=10 de junho de 2021|titulo=The 'Jurassic World: Dominion' Villain is a Dinosaur Director Colin Trevorrow Has Been Saving for the Third Movie|website=/Film|url=https://www.slashfilm.com/jurassic-world-dominion-villain/|acessodata=7 de dezembro de 2021|arquivodata=21 de junho de 2021|arquivourl=https://web.archive.org/web/20210621185053/https://www.slashfilm.com/jurassic-world-dominion-villain/|idioma=en}}</ref>


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* [[Taxonomia dos dinossauros]]
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Revisão das 15h27min de 7 de setembro de 2022

Giganotossauro
Intervalo temporal: Cretáceo Superior
99,6–95 Ma
Classificação científica edit
Domínio: Eukaryota
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Clado: Dinosauria
Clado: Saurischia
Clado: Theropoda
Família: Carcharodontosauridae
Tribo: Giganotosaurini
Gênero: Giganotosaurus
Coria & Salgado, 1995
Espécies:
G. carolinii
Nome binomial
Giganotosaurus carolinii
Coria & Salgado, 1995

O Giganotossauro[1] (Giganotosaurus do latim "lagarto gigante do sul") foi um gênero de dinossauros terópodes que viveu na Argentina durante o período Cretáceo há aproximadamente 99.6 a 97 milhões de anos,[2] mais especificamente na Formação Candeleros na Patagônia, seus primeiros fosseis foram encontrados em 1993 no mesmo local, e foi descrito em 1995 como Gigantosaurus carolinii em homenagem ao seu descobridor, Rubén D. Carolini.

O Giganotosaurus foi um dos maiores carnívoros terrestres conhecidos, mas o tamanho exato tem sido difícil de determinar devido à incompletude dos restos encontrados até agora. As estimativas para o espécime mais completo variam de um comprimento de 12 a 13 m, um crânio de 1,53 a 1,80 m de comprimento e um peso de 4,2 a 13,8 t toneladas. O osso dentário que pertencia a um indivíduo supostamente maior foi usado para extrapolar um comprimento de 13,2 m. Alguns pesquisadores descobriram que o animal é maior que o Tiranossauro, que historicamente tem sido considerado o maior terópode, enquanto outros descobriram que eles são aproximadamente iguais em tamanho e as maiores estimativas de tamanho para o Giganotosaurus são exageradas. O crânio era baixo, com ossos nasais rugosos (ásperos e enrugados) e uma crista em forma de crista no osso lacrimal na frente do olho. A frente do maxilar inferior era achatada e tinha um processo de projeção para baixo (ou "queixo") na ponta. Os dentes estavam comprimidos lateralmente e tinham serrilhas. O pescoço era forte e a cintura peitoral proporcionalmente pequena.

Parte da família Carcharodontosauridae, o Giganotosaurus é um dos membros mais conhecidos do grupo, que inclui outros terópodes muito grandes, como o Mapusaurus e o Carcharodontosaurus, intimamente relacionados. Acredita-se que o Giganotossauro tenha sido homeotérmico (um tipo de "sangue quente"), com um metabolismo entre o de um mamífero e um réptil, o que permitiria um crescimento rápido. Teria sido capaz de fechar suas mandíbulas rapidamente, capturando e derrubando presas com mordidas poderosas. O "queixo" pode ter ajudado a resistir ao estresse quando uma mordida foi entregue contra a presa. Acredita-se que o Giganotossauro tenha sido o principal predador de seu ecossistema, e pode ter se alimentado de dinossauros saurópodes juvenis.

Descoberta

Partes do fóssil do crânio holótipo

O Giganotossauro foi nomeado por Ruben Carolini, um caçador de fósseis amador que o descobriu em 1995 próximo ao Rio Limay, na Patagônia, Argentina. A descoberta foi anunciada por Rodolfo Coria e Leonardo Salgado na revista Nature em 1995. O esqueleto de um dos espécimes encontrados estava 70% completo e incluía o crânio, a pélvis, os ossos do e a maioria da espinha dorsal do animal. Seu tamanho é estimado em aproximadamente 4 metros de altura e algo entre 12 e 13 metros de comprimento,[3][4] com a massa de um dos maiores espécimes calculada em 8,2 toneladas.[5] Um segundo espécime, muito mais fragmentado, foi encontrado, com somente uma parte da arcada dentária que é 8% maior que o primeiro espécime. Estima-se que este segundo espécime possuía um crânio de 1,95 m, sendo 15 cm maior em relação ao primeiro (com 1,80 m de crânio).[6]

Uma das características dos dinossauros terópodes que mais atraiu o interesse científico é o fato de o grupo incluir os maiores predadores terrestres da Era Mesozóica. Esse interesse começou com a descoberta de um dos primeiros dinossauros conhecidos, o Megalossauro, nomeado em 1824 por seu grande tamanho. Mais de meio século depois, em 1905, o Tiranossauro foi nomeado e permaneceu o maior dinossauro terópode conhecido por 90 anos, embora outros grandes terópodes também fossem conhecidos. A discussão sobre qual terópode era o maior foi revivida na década de 1990 por novas descobertas na África e na América do Sul.[3] Em sua descrição original, Coria e Salgado consideravam o Giganotossauro pelo menos o maior dinossauro terópode do hemisfério sul, e talvez o maior do mundo. Eles admitiram que a comparação com o T. Rex era difícil devido ao estado desarticulado dos ossos cranianos do Giganotosaurus, mas notaram que ao medir o tamanho do fêmur do Giganotosaurus, com cerca de 1,43 m, perceberam que este era 5 cm mais longo que o de "Sue", o maior espécime conhecido de Tiranossauro, e que os ossos do Giganotossauro pareciam ser mais robustos, indicando um animal mais pesado. Eles estimaram que o crânio tinha cerca de 1,53 m de comprimento, e todo o animal tinha 12,5 m de comprimento, com um peso de cerca de 6 a 8 t.[3]

Descrição

Uma representação artística do Gigantossauro.

Acredita-se que o Giganotossauro tenha sido um dos maiores dinossauros terópodes, mas a incompletude de seus restos tornou difícil estimar seu tamanho com segurança. Portanto, é impossível determinar com certeza se era maior que o gênero Tyrannosaurus, por exemplo, que foi considerado o maior terópode por muitos anos. Diferentes estimativas de tamanho foram alcançadas por vários pesquisadores, com base em vários métodos e dependendo de como as partes ausentes do esqueleto foram reconstruídas. As estimativas de comprimento para o espécime holótipo variaram entre 12 e 13 m, com um crânio entre 1,53 e 1,80 m de comprimento, um fêmur (osso da coxa) entre 1,365 e 1,43 m de comprimento e um peso entre 4,2 e 13,8 t .[3][7][6][8] A fusão de suturas (articulações) na caixa craniana indica que o espécime do holótipo era um indivíduo maduro.[7] Um segundo espécime, consistindo de um osso dentário de um indivíduo supostamente maior, foi usado para extrapolar um comprimento de 13,2 m, um crânio de 1,95 m de comprimento e um peso de 8,2 t. Alguns escritores consideraram as maiores estimativas de tamanho para ambos os espécimes exageradas.[6][9][10][11] Giganotosaurus foi comparado a uma versão superdimensionada do conhecido gênero Allosaurus.[12]

Comparação de tamanho entre espécimes de Giganotosaurus e um humano.

Classificação

O Giganotossauro está classificado na família Carcharodontosauridae, assim como o Mapusaurus, Tyrannotitan e o Carcharodontosaurus. Com a descoberta do Mapusaurus, este carnívoro e seu parente foram postos na subfamília Giganotosaurinae, por Coria e Currie em 2006.[13] Em 2013, a subfamília foi reclassificada dentro de Carcharodontosauridae e convertida na tribo Giganotosaurini.[14]

Abaixo um cladograma que segue Novas et al. (2013) que classifica o Giganotossauro dentro de Giganotosaurini ao lado de Mapusaurus.[15]

Allosaurus

Carcharodontosauridae

Neovenator

Eocarcharia

Concavenator

Acrocanthosaurus

Shaochilong

Carcharodontosaurinae

Carcharodontosaurus

Giganotosaurini

Tyrannotitan

Mapusaurus

Giganotosaurus

Paleobiologia

Em 1999, o paleontólogo Reese E. Barrick e o geólogo William J. Showers descobriram que os ossos do Giganotossauro e do Tiranossauro tinham padrões de isótopos de oxigênio muito semelhantes, com distribuição de calor semelhante no corpo. Esses padrões termorreguladores indicam que esses dinossauros tinham um metabolismo intermediário entre o de mamíferos e répteis e, portanto, eram homeotérmicos (com uma temperatura corporal central estável, um tipo de "sangue quente"). O metabolismo de um Giganotossauro de 8 t seria comparável ao de um mamífero carnívoro de 1 t e teria sustentado um crescimento rápido.[16]

Em 2001, o físico Rudemar Ernesto Blanco e Mazzetta avaliaram a capacidade cursorial (corrida) do Giganotosaurus. Eles rejeitaram a hipótese de James O. Farlow de que o risco de lesões envolvidas em animais tão grandes caindo durante uma corrida limitaria a velocidade de grandes terópodes. Em vez disso, eles colocaram que o desequilíbrio causado pelo aumento da velocidade seria o fator limitante. Calculando o tempo que levaria para uma perna ganhar equilíbrio após a retração da perna oposta, eles descobriram que o limite cinemático superior da velocidade de corrida era de 14 m/s (50 km/h). Eles também descobriram que a comparação entre a capacidade de corrida do Giganotosaurus e pássaros como o avestruz com base na força de seus ossos da perna é de valor limitado, já que os terópodes, ao contrário dos pássaros, tinham caudas pesadas para contrabalançar seu peso.[17]

Um estudo biomecânico de 2017 sobre a capacidade de corrida do tiranossauro pelo biólogo William I. Sellers e colegas sugeriram que as cargas esqueléticas eram grandes demais para permitir que indivíduos adultos corressem. Os membros relativamente longos, que há muito se argumentavam que indicavam boa capacidade de corrida, teriam limitado mecanicamente a marchas e, portanto, não teriam sido um predador de perseguição em alta velocidade. Eles sugeriram que essas descobertas também se aplicariam a outros terópodes gigantes de membros longos, como Giganotosaurus, Mapusaurus e Acrocanthosaurus.[18]

Alimentação

Exibição dos esqueletos de Giganotosaurus e o saurópode contemporâneo Limaysaurus, Museu Húngaro de História Natural

Em 2002, Coria e Currie descobriram que várias características da parte traseira do crânio (como a inclinação frontal do occipital e o côndilo occipital baixo e largo) indicam que o Giganotossauro teria uma boa capacidade de mover o crânio lateralmente em relação ao as vértebras frontais do pescoço. Essas características também podem estar relacionadas ao aumento da massa e comprimento dos músculos da mandíbula; a articulação da mandíbula do Giganotossauro e outros carcharodontossaurídeos foi movida para trás para aumentar o comprimento da musculatura da mandíbula, permitindo um fechamento mais rápido das mandíbulas, enquanto os tiranossauros aumentaram a massa da musculatura da mandíbula inferior, para aumentar o poder de sua mordida.[7]

Em 2005, Therrien e colegas estimaram a força de mordida relativa dos terópodes e descobriram que o Giganotosaurus e os táxons relacionados tinham adaptações para capturar e derrubar presas, entregando mordidas poderosas, enquanto os tiranossauros tinham adaptações para resistir ao estresse de torção e esmagar ossos. Estimativas em valores absolutos como newtons eram impossíveis. A força de mordida do Giganotossauro era mais fraca do que a do Tiranossauro, e a força diminuía para trás ao longo da fileira de dentes. As mandíbulas inferiores foram adaptadas para morder em fatias, e provavelmente capturou e manipulou presas com a parte frontal das mandíbulas. Esses autores sugeriram que o Giganotossauro e outros alossauros podem ter sido predadores generalizados que se alimentaram de um amplo espectro de presas menores do que eles, como saurópodes juvenis. O processo ventral (ou "queixo") da mandíbula inferior pode ter sido uma adaptação para resistir ao estresse de tração quando a mordida poderosa foi entregue com a frente das mandíbulas contra a presa.[19]

Os primeiros fósseis conhecidos do Mapusaurus intimamente relacionado foram encontrados em um leito de ossos consistindo de vários indivíduos em diferentes estágios de crescimento. Em sua descrição do gênero em 2006, Coria e Currie sugeriram que, embora isso pudesse ser devido a um acúmulo de carcaças de longo prazo ou coincidente, a presença de diferentes estágios de crescimento do mesmo táxon indicava que a agregação não era coincidência.[13] Em um artigo da National Geographic de 2006, Coria afirmou que o leito ósseo foi provavelmente o resultado de um evento catastrófico e que a presença de indivíduos principalmente de tamanho médio, com muito poucos jovens ou velhos, é normal para animais que formam matilhas. Portanto, disse Coria, grandes terópodes podem ter caçado em grupos, o que seria vantajoso ao caçar saurópodes gigantescos.[20]

Cultura popular

Esqueleto de um giganotossauro.

O Giganotossauro apareceu em vários documentários como em Walking With Dinosaurs Special - Chased by Dinosaurs no episódio "Land of Giants" (Terra de Gigantes), um dos especiais da série Walking with Dinosaurs ambos da BBC.[21]

Também apareceu no documentário da IMAX Dinosaurs: Giants of Patagonia, onde o paleontólogo Rodolfo Coria mostra o local da descoberta do dinossauro na Argentina.[22]

O Giganotossauro também aparece no quarto episódio da terceira Temporada da série britânica de drama/ficção científica Primeval. Na série um Giganotossauro aparece num aeroporto, mata o zoólogo Nigel Marven (como uma referência a atuação do mesmo em Chased by Dinosaurs[21]), e ataca um avião Jumbo.[23]

Outra aparição do Giganotossauro foi no jogo Dino Crisis 2, para Playstation e computador, representando o chefão final do jogo.[24] O Giganotossauro foi um dos "dinossauros antagonistas" do filme Jurassic World: Dominion.[25]

Ver também

Referências

  1. Flávio Dieguez (31 de janeiro de 1996). «Giganotossauro: o novo velho rei dos animais». Super Interessante 
  2. Holtz, T. R. (2011). "Dinosaurs: The Most Complete, Up-to-Date Encyclopedia for Dinosaur Lovers of All Ages, Winter 2011 Appendix" (PDF). Acessado em 13 de janeiro de 2012.
  3. a b c d Coria, R. A.; Salgado, L. (1995). "A new giant carnivorous dinosaur from the Cretaceous of Patagonia". Nature. 377 (6546): 224–226. Bibcode:1995Natur.377..224C. doi:10.1038/377224a0.
  4. Holtz, Thomas R. Jr. (2011). «Winter 2010 Appendix - Dinosaurs: The Most Complete, Up-to-Date Encyclopedia for Dinosaur Lovers of All Ages» (PDF). University of Maryland. Consultado em 5 de julho de 2017 
  5. Hartman, Scott (7 de Julho de 2013). «Mass estimates: North vs South redux». Consultado em 3 de Março de 2018 
  6. a b c Calvo, J.O. and Coria, R.A. (1998) "New specimen of Giganotosaurus carolinii (Coria & Salgado, 1995), supports it as the largest theropod ever found." Gaia, 15: 117–122. pdf
  7. a b c Coria, R. A.; Currie, P. J. (2002). «The braincase of Giganotosaurus carolinii (Dinosauria: Theropoda) from the Upper Cretaceous of Argentina». Journal of Vertebrate Paleontology. 22 (4): 802–811. doi:10.1671/0272-4634(2002)022[0802:TBOGCD]2.0.CO;2 
  8. Therrien, F.; Henderson, D. M. (2007). «My theropod is bigger than yours...or not: estimating body size from skull length in theropods». Journal of Vertebrate Paleontology. 27 (1): 108–115. ISSN 0272-4634. doi:10.1671/0272-4634(2007)27[108:MTIBTY]2.0.CO;2 
  9. Holtz, T. R. (2011). «Dinosaurs: The Most Complete, Up-to-Date Encyclopedia for Dinosaur Lovers of All Ages, Winter 2011 Appendix» (PDF). Consultado em 13 de janeiro de 2012 
  10. Hartman, S. (2013). «Mass estimates: North vs South redux». Scott Hartman's Skeletal Drawing.com. Consultado em 24 de agosto de 2013 
  11. Carrano, M. T.; Benson, R. B. J.; Sampson, S. D. (2012). «The phylogeny of Tetanurae (Dinosauria: Theropoda)». Journal of Systematic Palaeontology. 10 (2): 211–300. doi:10.1080/14772019.2011.630927 
  12. Monastersky, R. (1995). «New beast usurps T. rex as king carnivore». Science News. 148 (13): 199. JSTOR 3979427. doi:10.2307/3979427 
  13. a b Coria, R.A.; Currie, P.J. (2006). «A new carcharodontosaurid (Dinosauria, Theropoda) from the Upper Cretaceous of Argentina». Geodiversitas. 28 (1): 71–118 
  14. Bell PR, Coria RA (2013) Palaeopathological Survey of a Population of Mapusaurus (Theropoda: Carcharodontosauridae) from the Late Cretaceous Huincul Formation, Argentina. PLoS ONE 8(5): e63409. https://doi.org/10.1371/journal.pone.0063409
  15. «Evolution of the carnivorous dinosaurs during the Cretaceous: The evidence from Patagonia». Cretaceous Research (em inglês): 174–215. 1 de outubro de 2013. ISSN 0195-6671. doi:10.1016/j.cretres.2013.04.001. Consultado em 30 de agosto de 2021 
  16. Barrick, R.E.; Showers, W.J. (1999). «Thermophysiology and biology of Giganotosaurus: Comparison with Tyrannosaurus». Palaeontologia Electronica. 2 (2). Consultado em 6 de fevereiro de 2016. Arquivado do original em 17 de maio de 2011 
  17. Blanco, R. Ernesto; Mazzetta, Gerardo V. (2001). «A new approach to evaluate the cursorial ability of the giant theropod Giganotosaurus carolinii». Acta Palaeontologica Polonica. 46 (2): 193–202 
  18. Sellers, W. I.; Pond, S. B.; Brassey, C. A.; Manning, P. L.; Bates, K. T. (18 de julho de 2017). «Investigating the running abilities of Tyrannosaurus rex using stress-constrained multibody dynamic analysis». PeerJ. 5: e3420. ISSN 2167-8359. PMC 5518979Acessível livremente. PMID 28740745. doi:10.7717/peerj.3420 
  19. Therrien, F.; Henderson, D. M.; Ruff, C. B. (2005). «Bite Me: Biomechanical models of theropod mandibles and implications for feeding». In: Carpenter, K. The Carnivorous Dinosaurs. Life of the Past. Bloomington, Indiana: Indiana University Press. pp. 179–237 
  20. Owen, J. (2006). «Meat-Eating Dinosaur Was Bigger Than T. Rex». National Geographic Society. National Geographic News. Consultado em 27 de agosto de 2016. Cópia arquivada em 30 de setembro de 2016 
  21. a b Jasper James (2002). A Walking with Dinosaurs Special - Land of Giants. BBC 
  22. «Dinosaurs Giants of Patagonia». Documentary Mania. 2007. Consultado em 7 de setembro de 2022 
  23. «A Gigantic Problem». IMDB. 18 de abril de 2009. Consultado em 7 de setembro de 2022 
  24. Doug Perry (13 de dezembro de 2018). «Dino Crisis 2 Review». IGN. Consultado em 7 de setembro de 2022 
  25. Evangelista, Chris (10 de junho de 2021). «The 'Jurassic World: Dominion' Villain is a Dinosaur Director Colin Trevorrow Has Been Saving for the Third Movie». /Film (em inglês). Consultado em 7 de dezembro de 2021. Cópia arquivada em 21 de junho de 2021