Ainur (Tolkien)

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Os Ainur (singular: Ainu) são uma raça fictícia de espíritos imortais da obra literária do filólogo e professor britânico J. R. R. Tolkien. Foram os primeiros seres a serem criados pelo pensamento de Eru Ilúvatar antes da criação de Arda, a Terra.[1] Seu nome é traduzido do quenya como os Sagrados. A partir do tema que lhes foi proposto por Eru, desenvolveram a Grande Música, do qual criaram a Terra Média. Alguns desceram a , passando a ser conhecidos como valares e maiares.

Desenvolvimento[editar | editar código-fonte]

Através dos livros da série The History of Middle-earth, nota-se que a ideia que Tolkien apresenta dos Ainur vai evoluindo ao longo do tempo. No princípio, os Ainur (que ainda não tinham este nome) se pareciam com um panteão de deuses pagãos,[2] sendo comum haver Ainur irmãos ou com filhos. Posteriormente, eles foram se aproximando da ideia cristã de anjos.[2]

Seus aspectos físicos não apresentam descrições completas em escrito, afinal, segundo Tolkien estes seres poderiam assumir formas variadas e até mesmo revestir-se com seus pensamentos, descortinados por enorme glória e terror. Sua majestade se comparada às terras de Arda era grandiosa e inigualável, de acordo com o Silmarillion.

História fictícia[editar | editar código-fonte]

Antes da Criação, Eru Ilúvatar fez os Ainur ou "os sagrados". Este nome em quenya vem da raiz élfica ayan- "reverenciar, tratar com admiração".[3] "Os Ainur só aparecem no plural [em textos élficos], já que depois da Criação todos os que foram Maiar incluem Valar e seus parentes menores, mas não aqueles que não participaram da Grande Música, ou então não entraram em Eä."[3] Isso significa que apenas textos apócrifos escritos por Homens ou por Hobbits usavam o singular Ainu.

O Universo foi criado através da Música dos Ainur ou Ainulindalë, música cantada pelos Ainur em resposta aos temas criados por Eru. Este universo, a canção dotada de existência por Eru, foi chamada em quenya de . A terra foi chamada de Arda. Aqueles entre os Ainur que sentiam preocupação pela Criação entraram nela, e tornaram-se conhecidos como os valares e maiares, os guardiões da Criação.

O vala Melkor ou Melko reivindicou a Terra para si mesmo. Seu irmão Manwë e vários outros Valar decidiram confrontá-lo. O conflito entre os Valar e Melkor marcou profundamente o mundo. De acordo com O Silmarillion, os Valar e Maiar — com a ajuda do Vala Tulkas, que entrou na Criação por último — conseguiram exilar Morgoth, a manifestação física de Melkor, no Vazio.

Valar[editar | editar código-fonte]

Os Valar, (singular: Vala), eram os mais poderosos dentre os Ainur,[4][5][6] recebendo o título de Valar apenas os mais poderosos dentre os Ainur que adentraram em Arda, finalizando o desenvolvimento material do planeta após sua criação pela Música dos Ainur (Ainulindalë).

O termo Valar é usualmente utilizado por Tolkien para descrever todos os Ainur que adentraram Arda, porém seu uso mais frequente se refere aos catorze mais poderosos Ainur.[7]

Maiar[editar | editar código-fonte]

Os Maiar (singular: Maia), estão entre uma classe de seres do Universo Fantástico de J. R. R. Tolkien. Sobrenaturais e angelicais, eles são "Ainur inferiores" que entraram em "Eä" no começo dos tempos.

O nome Maiar está na língua quenya (uma das várias línguas construídas) que vem da raiz élfica maya- "excelente, admirável".[8]

Maiar às vezes se refere a todos os Ainur que entraram em Eä, a "Criação", mas com mais frequência aos menos poderosos entre eles: "Maia é o nome dos Parentes dos Valar, mas especialmente daqueles de menor poder que os nove grandes governantes", escreveu Tolkien.

Sendo de origem divina e possuindo grande poder[9], os Maiar podem vagar pelo mundo invisível ou moldar-se à moda dos elfos ou de outras criaturas; esses "véus", chamados fanar em quenya, podiam ser destruídos, mas seu verdadeiro ser não. Raramente os Maiar adotaram suas formas visíveis para os elfos e o homem, e por essa razão, muito poucos Maiar têm nomes em suas línguas, e os elfos não sabem quantos Maiar existem.

Dentre a classe dos Maia, três receberam grande destaque nas obras de Tolkien, sendo seus nomes mais conhecidos os de Saruman O Branco, Gandalf o Cinzento (posteriormente O Branco) e Sauron[10].

Maiar conhecidos[editar | editar código-fonte]

Eis os principais maiar, citados nas obras de Tolkien, com seus nomes dados em quenya:

  • Arien
  • Eönwë
  • Ilmarë
  • Melian
  • Ossë
  • Tilion
  • Uinen
  • Olórin (Gandalf)
  • Rómenstámo e Morínehtar (Magos Azuis)
  • Aiwendil (Radagast)
  • Curunír (Saruman)
  • Mairon (Sauron)

Istari[editar | editar código-fonte]

Dentre os Maiar há a os Istari, um pequeno grupo de magos, de aspecto semelhante ao dos Homens, mas possuindo maior capacidades físicas e mentais.[11] Sendo Maiar em forma corpórea os Istari possuem limitações às suas capacidades, diferentemente de Sauron, o qual veio a Arda em sua forma espiritual.[7]

Os mais importantes nos livros são Gandalf, o Cinzento e Saruman, o Branco. Desde Aman há uma certa desavença entre Saruman e Gandalf, muito mais por parte daquele do que por este que, desde o princípio, preferira ficar em Aman, pois "estava cansado e era fraco para enfrentar Sauron". Diz-se que antes de sua partida de Aman, Gandalf seria o terceiro, ao que Varda teria dito o contrário, que ele iria, mas não como o terceiro (vide O Silmarillion), e disso Saruman se lembrou. Tornou-se ainda do conhecimento de Saruman que Gandalf havia recebido de Círdan, Senhor dos Portos, o Anel do Fogo, Narya, pois viu que ele teria "uma missão difícil, e precisaria do anel para acender os corações na Terra-Média".

N'O Silmarillion há a dúvida quanto à quantidade exata de istaris que teriam ido à Terra-Média. Dos cinco que entraram nas histórias, dois tiveram papel principal, um terceiro, Radagast, teria se desviado de seu intento, e os outros dois teriam se perdido no leste.

Diz-se que Radagast se perdeu ao se importar mais com os animais e plantas do que com sua missão de ajudar o povo de Arda. O que de certo parece estranho, pois, desde o princípio, ele fora escolhido por Yavanna, que era a "patrona" tanto dos animais quanto das plantas. Ademais, sempre fora grande o desprezo que Saruman tinha por ele. Mesmo em Aman, foi necessário que Yavanna insistisse muito com ele para que pudesse levar consigo Radagast.

Já os Magos Azuis, sabe-se que foram para o Leste com Saruman, mas de lá nunca retornaram. Não se sabe ao certo o que aconteceu com eles; talvez tenham também se perdido em seu intento, ou tenham sido capturados por Sauron e submetidos à vontade dele.

Os cinco eram:

  • Gandalf (conhecido ainda por Mithrandir, Olórin, Tharkûn, Íncanus, o Cinzento ou o Branco)
  • Saruman (Curunír, Curumo, Sharkey, o Branco ou de muitas cores)
  • Radagast (Aiwendil ou o Castanho)
  • Alatar (O azul, mais citado junto de Pallando como os "Magos azuis")
  • Pallando (O azul, citado mais junto de Alatar como os "Magos azuis")

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. Tolkin, J. R. R. (1977). The Silmarillion (em inglês). Nova Iorque: Houghton Mifflin. ISBN 0-618-12698-8 
  2. a b Purtill, Richard L. (2003). J.R.R. Tolkien: Myth, Morality, and Religion (em inglês). São Francisco, CA: Ignatius Press. ISBN 0-89870-948-2 
  3. a b Tolkien, J. R. R. "Words, Phrases and Passages", Parma Eldalamberon 17 (2007), p. 149.
  4. Kerry, Paul E. (10 de dezembro de 2010). The Ring and the Cross: Christianity and the Lord of the Rings (em inglês). [S.l.]: Fairleigh Dickinson. ISBN 9781611470659 
  5. www.taylorfrancis.com. doi:10.4324/9781315582283-8 https://www.taylorfrancis.com/books/e/9781315582283/chapters/10.4324/9781315582283-8. Consultado em 12 de outubro de 2019  Em falta ou vazio |título= (ajuda)
  6. Raposeira, Sílvia do Carmo Campos (2006). «Tree by Tolkien : J.R.R. Tolkien e a teoria dos contos de fada» 
  7. a b Tolkien, J.R.R. (2015). O Silmarillion. São Paulo: WMF Martins Fontes. 10 páginas 
  8. Drout, Michael D. C. (6 de novembro de 2006). J.R.R. Tolkien Encyclopedia: Scholarship and Critical Assessment (em inglês). [S.l.]: Routledge. ISBN 9781135880347 
  9. Wood, Ralph C. (2003). The Gospel According to Tolkien (em inglês). [S.l.]: Westminster John Knox Press. ISBN 9780664234669 
  10. Ramos, Hugo Filipe (junho de 2013). «O Panóptico de Sauron: Poder e Vigilância no Senhor dos Anéis de J.R.R. Tolkien». Observatorio (OBS*). 7 (3): 129–152. ISSN 1646-5954 
  11. Wood, Ralph C. (2003). The Gospel According to Tolkien (em inglês). [S.l.]: Westminster John Knox Press. ISBN 9780664234669