Cassiano Gabus Mendes

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Cassiano Gabus Mendes
Cassiano Gabus Mendes
Nascimento 29 de julho de 1929
Morte 18 de agosto de 1993 (64 anos)
São Paulo, SP
Serviço militar
País  Brasil

Cassiano Gabus Mendes (São Paulo, 29 de julho de 1929 — São Paulo, 18 de agosto de 1993) foi um radialista e pioneiro da televisão no Brasil. Filho do radialista Otávio Gabus Mendes e pai dos atores Cássio e Tato Gabus Mendes.[1]

Escreveu novelas de grande sucesso, como Locomotivas, Que Rei Sou Eu?, Meu Bem, Meu Mal, Tititi, Brega e Chique, Elas por Elas e outras.

Biografia

Foi um profissional extremamente versátil, tendo sido ator, roteirista, diretor, produtor, sonoplasta, contrarregra e autor de telenovelas. Antes da inauguração da televisão no Brasil, Lima Duarte fora escolhido para ser o principal diretor da futura TV Tupi, mas recusou. Cassiano foi a segunda opção e tornou-se assim o primeiro diretor artístico da televisão brasileira, comandando a TV Tupi por mais de uma década.

Na primeira década criou vários programas que entraram para a história da televisão, como TV de Vanguarda e Alô Doçura. Após uma breve passagem pela TV Excelsior em 1967, voltou à Tupi e concebeu outro marco, a telenovela Beto Rockfeller. Com a decadência da Tupi passou brevemente pela TV Cultura antes de chegar à Rede Globo, na qual só encontrou vaga como autor de telenovelas. Como não havia melhor opção, aceitou e se tornou um dos maiores autores do gênero. Cassiano dizia que a vantagem de ser um autor era a de que não precisava comparecer à emissora diariamente.

A crítica demorou a reconhecer o brilhantismo de Cassiano. Suas novelas eram vistas como exibições fúteis do conflito entre ricos e pobres, até se começar a notar que Cassiano, na verdade, era um amargo observador da mesquinharia humana, e que a futilidade dos personagens era vista com um olhar impiedoso e cruel. Cassiano não admirava nem um pouco seus personagens, eles eram um retrato amargo de uma sociedade vazia e superficial.

A novela Anjo Mau (1976) foi seu sucesso mais popular, protagonizado por Susana Vieira e que ganharia um remake 21 anos depois, desta vez protagonizado por Glória Pires e adaptado por sua fiel colaboradora Maria Adelaide Amaral. O remake também foi bem sucedido, mesmo não repetindo o estrondoso sucesso da versão original (que, segundo consta, contava até com o ex-presidente Juscelino Kubitschek como fã).

Embora tenha escrito sucessos nos anos 70, como Locomotivas (1977), Te Contei? (1978) e Marron Glacê (1979-1980), se consagrou mesmo na década seguinte, conseguindo grandes êxitos de público e crítica com inesquecíveis tramas do horário das sete da noite, como Elas por Elas (1982), Ti Ti Ti (1985-86), Brega & Chique (1987) e principalmente Que Rei Sou Eu? (1989). Essa última era uma inteligente sátira em forma de aventura capa e espada à situação política do Brasil no final do caótico governo Sarney. Escreveu também duas novelas para o horário nobre, Champagne e Meu Bem, Meu Mal, em 1983 e 1990, mas que não tiveram o mesmo êxito de suas tramas para a faixa das sete horas.

Sua grande característica era a de imprimir um delicioso tom irônico nos seus trabalhos, elaboradas e sofisticadas sátiras de costumes. Outro traço marcante era o de suas tramas raramente ultrapassarem o número de 30 personagens; assim, todos participavam diretamente do segmento da ação principal. Autores renomados, como Sílvio de Abreu, Maria Adelaide Amaral e Carlos Lombardi, veem-no como uma grande influência. Lombardi até prestou uma homenagem a ele, escalando-o como ator em Perigosas Peruas (1992). Cassiano a essa altura não atuava há décadas. Inicialmente ele faria apenas uma participação especial, mas acabou ficando a novela inteira, embora depois confessasse não ter gostado muito da experiência.

Seus dois filhos, Cássio e Tato Gabus Mendes são importantes atores da atualidade, bem como seu cunhado Luís Gustavo. Cassiano Gabus Mendes morreu de infarto do miocárdio, faltando menos de três semanas para o desfecho de sua última novela O Mapa da Mina.

Algumas de suas telenovelas foram reencenadas na TV Chilena. O remake de Marron Glacê fez tanto sucesso que teve uma segunda parte, o que não aconteceu com o original.

Em junho de 1994, quase um ano após sua morte, foi inaugurado, na Zona Leste de São Paulo, um viaduto que leva seu nome. A homenagem foi prestada pelo então secretário de obras municipal Reynaldo de Barros, representando o prefeito à ocasião, Paulo Maluf.[2]

Filmografia

No Brasil
Período Trabalho Emissora Escalação Parceiros Titulares
2010
2011
Ti Ti Ti Rede Globo obra principal
adaptação e remake
Maria Adelaide Amaral
1997
1998
Anjo Mau Rede Globo obra principal
adaptação e remake
Maria Adelaide Amaral
1993 O Mapa da Mina Rede Globo autor principal Maria Adelaide Amaral
1992 Perigosas Peruas Rede Globo ator Carlos Lombardi
Lauro César Muniz
1990
1991
Meu Bem, Meu Mal Rede Globo autor principal Maria Adelaide Amaral
1989 Que Rei Sou Eu? Rede Globo autor principal
1987 Brega e Chique Rede Globo autor principal
1985
1986
Ti Ti Ti Rede Globo autor principal
1983 Mário Fofoca Rede Globo autor principal
1983
1984
Champagne Rede Globo autor principal
1982 Elas por Elas Rede Globo autor principal
1980
1981
Plumas e Paetês Rede Globo autor principal Sílvio de Abreu
1979
1980
Marron Glacê Rede Globo autor principal
1978 Te Contei? Rede Globo autor principal
1977 Locomotivas Rede Globo autor principal
1976 Anjo Mau Rede Globo autor principal
1968
1969
Beto Rockfeller Rede Tupi autor principal Bráulio Pedroso
1966 O Amor Tem Cara de Mulher Rede Tupi autor principal Nenê Castellar
1956 O Sobrado codiretor Walter George Durst
1953
1964
Alô Doçura Rede Tupi autor principal
No Chile

Canal 13

Televisión Nacional de Chile

No México

Televisa

Referências

  1. "Cassiano Gabus Mendes". Memória Globo
  2. Reportagem local (08 de junho de 1994). «Viaduto em homenagem a novelista é inaugurado». Folha de S. Paulo. Consultado em 29 de janeiro de 2015  Verifique data em: |data= (ajuda)

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