Cassiano Gabus Mendes

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Cassiano Gabus Mendes
Cassiano Gabus Mendes
Nome completo Cassiano Gabus Mendes
Nascimento 29 de julho de 1927
São Paulo, SP
Morte 18 de agosto de 1993 (66 anos)
São Paulo, SP
Causa da morte infarto do miocárdio
Nacionalidade brasileiro
Progenitores Pai: Otávio Gabus Mendes
Filho(a)(s) Cássio Gabus Mendes
Tato Gabus Mendes
Ocupação radialista, autor e pioneiro
Principais trabalhos Anjo Mau (1976)
Locomotivas (1977)
Te Contei? (1978)
Marrom Glacê (1979)
Plumas & Paetês (1980)
Elas por Elas (1982)
Ti Ti Ti (1985)
Brega & Chique (1987)
Que Rei Sou Eu? (1989)
Meu Bem, Meu Mal (1990)
Prêmios Lista

Cassiano Gabus Mendes (São Paulo, 29 de julho de 1927 — São Paulo, 18 de agosto de 1993) foi um radialista, autor e pioneiro da televisão no Brasil. Filho do radialista Otávio Gabus Mendes e pai dos atores Cássio e Tato Gabus Mendes.[1]

Escreveu novelas de grande sucesso como Anjo Mau, Locomotivas, Que Rei Sou Eu?, Ti Ti Ti, Brega & Chique, Meu Bem, Meu Mal e Elas por Elas.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Foi um profissional extremamente versátil, tendo sido ator, roteirista, diretor, produtor, sonoplasta, contrarregra e autor de telenovelas. Antes da inauguração da televisão no Brasil, Lima Duarte fora escolhido para ser o principal diretor da futura TV Tupi, mas recusou. Cassiano foi a segunda opção e tornou-se assim o primeiro diretor artístico da televisão brasileira, comandando a TV Tupi por mais de uma década.

Na primeira década criou vários programas que entraram para a história da televisão, como TV de Vanguarda e Alô Doçura. Após uma breve passagem pela TV Excelsior em 1967, voltou à Tupi e concebeu outro marco, a telenovela Beto Rockfeller. Com a decadência da Tupi passou brevemente pela TV Cultura antes de chegar à Rede Globo, na qual só encontrou vaga como autor de telenovelas. Como não havia melhor opção, aceitou e se tornou um dos maiores autores do gênero. Cassiano dizia que a vantagem de ser um autor era a de que não precisava comparecer à emissora diariamente.

A crítica demorou a reconhecer o brilhantismo de Cassiano. Suas novelas eram vistas como exibições fúteis do conflito entre ricos e pobres, até se começar a notar que Cassiano, na verdade, era um amargo observador da mesquinharia humana, e que a futilidade dos personagens era vista com um olhar impiedoso e cruel. Cassiano não admirava nem um pouco seus personagens, eles eram um retrato amargo de uma sociedade vazia e superficial.

A novela Anjo Mau (1976) foi seu sucesso mais popular, protagonizado por Susana Vieira e que ganharia um remake 21 anos depois, desta vez protagonizado por Glória Pires e adaptado por sua fiel colaboradora Maria Adelaide Amaral. O remake também foi bem sucedido, mesmo não repetindo o estrondoso sucesso da versão original (que, segundo consta, contava até com o ex-presidente Juscelino Kubitschek como fã).

Embora tenha escrito sucessos nos anos 70, como Locomotivas (1977), Te Contei? (1978) e Marron Glacê (1979-1980), se consagrou mesmo na década seguinte, conseguindo grandes êxitos de público e crítica com inesquecíveis tramas do horário das sete da noite, como Elas por Elas (1982), Ti Ti Ti (1985-86), Brega & Chique (1987) e principalmente Que Rei Sou Eu? (1989). Essa última era uma inteligente sátira em forma de aventura capa e espada à situação política do Brasil no final do caótico Governo Sarney. Escreveu também duas novelas para o horário nobre, Champagne e Meu Bem, Meu Mal, em 1983 e 1990, mas que não tiveram o mesmo êxito de suas tramas para a faixa das sete horas.

Sua grande característica era a de imprimir um delicioso tom irônico nos seus trabalhos, elaboradas e sofisticadas sátiras de costumes. Outro traço marcante era o de suas tramas raramente ultrapassarem o número de 30 personagens; assim, todos participavam diretamente do segmento da ação principal. Autores renomados, como Sílvio de Abreu, Maria Adelaide Amaral e Carlos Lombardi, veem-no como uma grande influência. Lombardi até prestou uma homenagem a ele, escalando-o como ator em Perigosas Peruas (1992). Cassiano a essa altura não atuava há décadas. Inicialmente ele faria apenas uma participação especial, mas acabou ficando a novela inteira, embora depois confessasse não ter gostado muito da experiência.

Cassiano era casado com Elenita Sánchez (irmã mais nova do também ator Luís Gustavo). O casal teve dois filhos Cássio e Tato Gabus Mendes que são importantes atores da atualidade, assim como seu cunhado Luís Gustavo, irmão de Helenita. Cassiano Gabus Mendes morreu de infarto do miocárdio, faltando menos de três semanas para o desfecho de sua última novela O Mapa da Mina.

Algumas de suas telenovelas foram reencenadas na TV chilena. O remake de Marron Glacê fez tanto sucesso que teve uma segunda parte, o que não aconteceu com o original.

Em junho de 1994, quase um ano após sua morte, foi inaugurado, na Zona Leste de São Paulo, um viaduto que leva seu nome. A homenagem foi prestada pelo então secretário de obras municipal Reynaldo de Barros, representando o prefeito à ocasião, Paulo Maluf.[2]

Filmografia[editar | editar código-fonte]

Como autor[editar | editar código-fonte]

Telenovelas

Ano Trabalho Emissora Escalação Parceiros Titulares
1993 O Mapa da Mina Rede Globo Autor principal Maria Adelaide Amaral
1990 Meu Bem, Meu Mal Maria Adelaide Amaral e Djair Cardoso
1989 Que Rei Sou Eu?
1987 Brega & Chique
1985 Ti Ti Ti
1983 Champagne
1982 Elas por Elas
1980 Plumas e Paetês Sílvio de Abreu
1979 Marron Glacê
1978 Te Contei?
1977 Locomotivas
1976 Anjo Mau
1968 Beto Rockfeller Rede Tupi Bráulio Pedroso
1966 O Amor Tem Cara de Mulher Nené Cascallar

Telenovelas póstumas

Ano Trabalho Emissora Escalação Notas Parceiros Titulares
2023 Elas por Elas Rede Globo Autor da história original Remake da original homônima de 1982 Thereza Falcão e Alessandro Marson
2010 Ti Ti Ti Remake da original homônima de 1985 e de Plumas e Paetês Maria Adelaide Amaral
1997 Anjo Mau Remake da original homônima de 1976

Séries

Ano Trabalho Emissora Escalação Parceiros Titulares
1983 Mário Fofoca Rede Globo Criador Bráulio Pedroso
Carlos Eduardo Novaes
Luís Fernando Veríssimo
1953
1964
Alô Doçura Rede Tupi Autor principal

Adaptações em outros países

Ano Trabalho País Emissora Escalação Notas Parceiros Titulares
2011 Ni contigo ni sin ti  México Televisa Autor da história original Remake de Te Contei? Gabriela Ortigoza
1995 El amor está de moda  Chile Canal 13 Remake de Ti Ti Ti Gerardo Cáceres
1994 Champaña Remake de Champagne Fernando Aragón
Arnaldo Madrid
Rompecorazón Televisión Nacional de Chile Remake de Brega e Chique Jorge Marchant
Sergio Bravo
1993 Marrón Glacé Canal 13 Remake de Marron Glacê Fernando Aragón
Arnaldo Madrid
1992 Fácil de amar Remake de Plumas e Paetês Javier Larenas Peñafiel
1990 Ellas por ellas Remake de Elas por Elas Silvia Hojman
Claudio Navarro
¿Te conté? Remake de Te Contei? Jorge Díaz Saenger
1988 Bellas y audaces Televisión Nacional de Chile Remake de Locomotivas Jorge Marchant
1986 Ángel malo Canal 13 Remake de Anjo Mau Jorge Díaz Saenger

Como ator[editar | editar código-fonte]

Telenovelas

Ano Trabalho Emissora Personagem
1992 Perigosas Peruas Rede Globo D. Franco Torremolinos

Como diretor[editar | editar código-fonte]

Cinema

Prêmios e indicações[editar | editar código-fonte]

Troféu Imprensa[editar | editar código-fonte]

Ano Categoria Indicação Resultado
1961 Melhor Diretor de TV Cassiano Gabus Mendes Venceu

Troféu Roquette Pinto[editar | editar código-fonte]

Ano Categoria Indicação Resultado
1952 Melhor Diretor de TV Cassiano Gabus Mendes Venceu

Referências

  1. «Cassiano Gabus Mendes». Memória Globo. Consultado em 12 de julho de 2021 
  2. Reportagem local (8 de junho de 1994). «Viaduto em homenagem a novelista é inaugurado». Folha de S. Paulo. Consultado em 29 de janeiro de 2015 

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Francfort, Elmo. "Gabus Mendes - Grandes Mestres do Rádio e Televisão" Editora In House, 2015 ISBN 8578993713