Melmoth Apaziguado

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Melmoth réconcilié
Autor(es) Honoré de Balzac
Idioma Francês
País  França
Gênero Romance fantástico
Série Études philosophiques
Editora Le Livre des Conteurs de Lequien.
Lançamento 1835
Cronologia
Jésus-Christ en Flandre
Le Chef-d'œuvre inconnu

Melmoth Apaziguado (em francês Melmoth réconcilié) é uma novela de Honoré de Balzac surgida em 1835, incluída nos Estudos filosóficos nas edições definitivas de A comédia humana.

O projeto inicial, que tinha por título Le Dernier Bienfait de Melmoth-le-Voyager et La Fin de Melmoth, foi publicado pela primeira vez no Livre des Conteurs, pelo edtor Lequien.

Em sua dedicatória à Monsieur general barão de Pommereul, Balzac define assim o caixa que será a vítima de Melmoth:

Ele é da natureza de homens que a civilização obtém no reino social, como os floristas criam no reino vegetal, pela educação da estufa, uma espécie híbrida que eles não podem reproduzir nem por sementes, nem por corte. Esse homem é um caixa, produto antropomorfo verossímil, regado de idéias religiosas, preservado pela guilhotina, podado pelo vício, e que mora em um terceiro andar, entre uma mulher estimável e crianças tediosas.[1]

Isso demonstra a pouca estima que ele tinha pela personagem à qual ele reserva uma vida terrível.

Esse romance, ao mesmo tempo fantástico e moralizante, deixa entrever o misticismo de Balzac, que se encontra em outras obras nas quais a redenção é um pré-requisito à morte. John Melmoth é o herói mítico do romance do irlandês Charles Robert Maturin, publicado em 1820 e admirado por Balzac, Melmoth ou o homem errante, a quem Satanás deu imensos poderes em troca de sua alma.

Enredo[editar | editar código-fonte]

Melmoth chega no momento em que o caixa de Nucingen, Castanier, quase arruinado por sua amante Aquilina, está a ponto de desviar uma grande soma para seus fins pessoais. Melmoth propõe a Castanier comprar-lhe a alma e vem em um segundo encontro no qual ele revelará um segredo que lhe pesa: o poder que ele obteve ao fazer um pacto com o diabo pode ser transmitido por cento e cinquenta anos se outra pessoa firmar o pacto por livre vontade. Melmoth quer, assim, encontrar a paz de espírito e ele se desembaraça de seu fardo sobre Castanier, que fica muito feliz no início em usá-lo à vontade. Mas, logo cansado dos dons sobrenaturais que herdou, o caixa tenta, por sua vez, se livrar do pacto satânico. Para isso, ele precisa encontrar um substituto, que busca entre os investidores da Bolsa. O pacto passará assim por numerosas mãos, perdendo pouco a pouco seu poder. E, enquanto Melmoth morre, enfim reconciliado com Deus e consigo mesmo, é o funcionário de um notário que herdará por fim esse famoso pacto e que morrerá dos excessos aos quais se entregará.[2]

A moral dessa história é semelhante à de A pele de onagro: a onipotência é mais um fardo do que uma bênção e, como em Jesus Cristo em Flandres, a salvação parece ser encontrada na fé.[3]

Referências

  1. Honoré de Balzac. "A comédia humana". Org. Paulo Rónai. Porto Alegre: Editora Globo, 1954. Volume XV.
  2. Resumo traduzido do verbete francês da Wikipédia.
  3. Narendra Jussien. «Melmoth réconcilié (1835)». Consultado em 13 de agosto de 2023 

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • (fr) Ruth Amossy, « Melmoth réconcilié ou la parodie du conte fantastique », L'Année balzacienne, 1978, p. 149-67.
  • (fr) Ruth Amossy, « L’Au-dela de la ‘représentation’ fantastique : le mot d’esprit et le cliché dans Melmoth réconcilié », Degrés, 1978, p. 16-18.
  • (fr) Andrew F. Campagna, « Le Journalisme et la vente de l’âme chez Balzac: Signes/signatures/significations », Nineteenth-Century French Studies, Spring-Summer 1981, n° 9 (3-4), p. 175-184.
  • (en) Hope Crampton, « Melmoth in La Comedie humaine », Modern Language Review, 1966, n° 61, p. 42-50.
  • (fr) Emeline Dhommée, « Melmoth réconcilié ou un diable peut en cacher un autre », Réflexions sur l’autoréflexivité balzacienne, Toronto, Centre d’Études du XIXe siècle Joseph Sablé, 2002, p. 41-54
  • (en) Catherine Lanone, « Verging on the Gothic: Melmoth’s Journey to France », European Gothic: A Spirited Exchange, 1760-1960, Manchester, Manchester UP, 2002, p. 71-83.
  • (fr) Josée S. J. Lauersdorf, « Les Métamorphoses de Castanier dans Melmoth réconciliéde Balzac », Romance Notes, Winter 1994, n° 35 (2), p. 205-14.
  • (fr) Scott Lee, « Balzac et le débordement », Règles du genre et inventions du génie, London, Mestengo, 1999. p. 111-21.
  • (fr) Moïse Le Yaouanc, « Les Épreuves de Melmoth réconcilié : le Cahier Shonberg-Hartenstein. », L’Année balzacienne, 1975, p. 29-54.
  • (fr) Moïse Le Yaouanc, « Melmoth et les romans du jeune Balzac, », Balzac and the Nineteenth Century: Studies in French Literature Presented to Herbert J. Hunt, Leicester, Leicester U.P., 1972, p. 35-45.
  • (fr) Paul Perron, « Désir du sujet/sujet du désir : Melmoth réconcilié », Nineteenth-Century French Studies, Fall-Winter 1983-1984, n° 2 (1-2), p. 36-53.
  • (fr) André Vanoncini, « Le Pacte : structures et évolutions d’un motif balzacien », L’Année balzacienne, 2002, n° 3, p. 279-92.
  • (pt) Honoré de Balzac. "A comédia humana". Org. Paulo Rónai. Porto Alegre: Editora Globo, 1954. Volume XV.

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

CategoriaːRomances da França