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Luteranismo: diferenças entre revisões

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O '''Luteranismo''' é uma [[Denominações cristãs|denominação cristã]] ligada diretamente a [[Martinho Lutero]], pioneiro da [[Reforma Protestante|Reforma da Igreja]] na [[Alemanha]], a partir de [[1517]].
O '''Luteranismo''' é uma [[Denominações cristãs|denominação cristã]] ligada diretamente a [[Martinho Lutero]], pioneiro da [[Reforma Protestante|Reforma da Igreja]] na [[Alemanha]], a partir de [[1517]].


==A História da Igreja Luterana==
==Lutero e a história da Igreja Luterana==


1. NASCIMENTO E FAMÍLIA DE LUTERO
A [[10 de novembro]] de [[1483]], na cidade de [[Eisleben]], na Alemanha, nasceu [[Martinho Lutero]], um jovem que, contrariando a vontade dos pais, decidiu tornar-se monge. No [[mosteiro]], Lutero vivia em angústias e desespero por duvidas que tinha sobre seus méritos espirituais. Quanto mais se penitenciava, tanto mais cresciam suas dúvidas e incertezas. Não possuía, por isso, paz de alma e via Deus como um severo juiz pronto a castigar os pecadores.
Martim Luder (ou Ludher) ou como é conhecido entre os brasileiros, Martinho Lutero, nasceu no dia 10 de novembro de 1483, em Eisleben, na Alemanha. A casa em que nasceu continua conservada até o dia de hoje, sendo um ponto turístico visitado por muitas pessoas, luteranas ou não, de todo o mundo. De acordo com um velho costume, no dia em que o menino Lutero nasceu foi levado no outro dia à pia batismal da igreja de São Pedro. Ali foi batizado e recebeu o nome de Martinho, pois este dia era o dia de S. Martinho e havia o costume entre os católicos mais fervorosos de batizar seus filhos com o nome do santo do dia.
Seu pai chamava-se Hans (João), era filho de agricultores e natural de Möhra, Turíngia. Sua mãe, Margaretha (Margarida), nasceu em Ziegler, e provinha de círculos burgueses. O pai de Lutero trabalhava como mineiro em uma mina de cobre. Era uma família humilde. Alguns meses após o nascimento de Martinho, a família, para melhorar de vida, na primavera de 1484 mudou-se para a cidade de Mansfeld, o centro da região mineira próxima. Em poucos anos Hans conseguiu melhorar suas condições financeiras. Em 1507 fazia parte das pessoas economicamente mais respeitadas da região.
Quanto a educação recebida em sua casa, Albert Greiner cita: “Quando pensa em sua família o reformador recorda sobretudo de uma coisa: ele e seus irmãos receberam uma educação muito severa. “Meu pai – conta ele – me corrigiu um dia de tal maneira, que fugi e tive medo dele, até que me acostumei de novo a ele... Meus pais foram muito severos comigo e me tornei tímido. Minha mãe me açoitou um dia por uma desgraçada noz, a ponto de sangrar. Meus pais só queriam o meu bem; mas não sabiam discernir os espíritos e eram desmedidos nos castigos”1.


1.1 OS PRIMEIROS ESTUDOS DE LUTERO
[[Martinho Lutero | Lutero]] tornou-se Doutor em [[Teologia]] e passou a lecionar na Universidade de [[Wittenberg]]. Sendo um dos privilegiados a ter acesso a uma [[Bíblia]], [[Martinho Lutero | Lutero]] desenvolveu nova visão teológica lendo as palavras de [[Novo Testamento | Romanos 1.17]]: "O justo viverá por fé". Segundo sua interpretação, dizia que o perdão e a vida eterna não são conquistados por nós mediante boas obras, mas nos são dados gratuitamente por meio da fé em [[Jesus Cristo]], O Filho de Deus, que morreu e ressuscitou para perdão de toda a humanidade.
Aos sete anos Lutero foi enviado à escola comunal de Mansfeld. O regime da escola era semelhante ao de sua casa. “Certo dia levei quinze açoites em uma única manhã, recorda o reformador”2. Quanto aos conteúdos que eram ensinados na escola, não era certamente brilhante a variedade; estudava-se os elementos do catecismo – Decálogo, Credo, Pai Nosso - alguns hinos para as festas dos santos e alguma coisa elementar de gramática latina. Martinho lamentou profundamente este método e mais tarde o modificou radicalmente. Martinho acabou o curso na escola de Mansfeld e aos 14 anos, em 1497, abandonou seu lar e foi enviado por seu pai para a escola superior de Magdeburgo, administrada pelos Irmãos da Vida Comum3. Ali Martinho recebeu os primeiros ensinos religiosos mais profundos. Seus pais eram cristãos, mas a superstição e a bruxaria dominava seus espíritos, como era normal no povo do fim da Idade Média. A exemplo de outros estudantes pobres, Martinho teve que mendigar o seu pão de cada dia cantando de porta em porta. Já no ano seguinte teve que abandonar os estudos e voltar para Mansfeld por motivo de grave enfermidade.
Depois que recuperou sua saúde, Martinho devia continuar seus estudos. Foi enviado em 1498, aos 14 anos, por seu pai para Eisenach, na Escola de São Jorge. Os pais de Martinho sustentavam a esperança de que o parente Conrado Lutero, sacristão da a igreja de S. Nicolau, iria ajudar o filho. Isso não aconteceu. Deus porém proveu, e Lutero foi acolhido em casas de famílias piedosas, dentre as quais especialmente os Cotta e os Schalbe. Com esse apoio financeiro Lutero pôde continuar a estudar.
Neste colégio Lutero teve a oportunidade de conhecer o reitor e professor João Trebonius. “Informa Lutero que, ao entrar em sala de aula, o professor descobria a cabeça e cumprimentava seus alunos dizendo: “pois que, entre estes jovens alunos, encontram-se alguns dos quais Deus poderá fazer honrado prefeito de um, de outro chanceler e ilustre doutor ou governador de outro, embora de momento não os conheçais. É justo os honrardes!”4
1.2 LUTERO NA UNIVERSIDADE


Martinho estudou três anos nesta escola. Em 1501, aos 17 anos, foi enviado por seu pai para a Universidade de Erfurt, fundada em 1379. Agora seu pai já tinha condições de o sustentar com seus próprios ganhos. Ali, pela primeira vez, aos 18 anos viu uma Bíblia na Biblioteca da Universidade. Assim como os demais estudantes, freqüentou durante quatro anos a faculdade dos artistas, precondição para a matrícula em uma das três faculdades superiores: Teologia, Medicina e Direito. Martinho, por influência de seu pai, iria cursar Direito. No outono de 1502, formou-se em Baccalaureus artium e, em janeiro de 1505, Magister artium . O currículo estava centrado no estudo de Aristóteles. Depois de concluídos estes cursos, estava em condições de lecionar filosofia, e ainda dedicar-se ao estudo de Direito. Sempre foi um aluno muito dedicado. Alguns dias depois de iniciar seus estudos de Direito, ficou gravemente doente que quase o levou à beira da sepultura. Assim que restabeleceu a saúde, partiu para fazer uma visita a seus pais em Mansfeld. No caminho, caiu sobre o seu espadim de acadêmico quase esvaindo-se em sangue. Não muito tempo depois perdeu a vida de um amigo íntimo. Lutero questionava-se: “que será de mim na eternidade, quando eu morrer?”
Em [[1517]], na [[Alemanha]], o professor e monge [[Martinho Lutero]] fixou à porta da [[Catedral de Wittenberg]] 95 teses criticando a atuação do [[Papa]] e do alto clero. Elas se propagaram rapidamente, mesmo com a intervenção da Igreja. [[Martinho Lutero | Lutero]] foi apoiado por parte da população e pela nobreza que, desejosa de conquistar novas terras sob domínio de [[Roma]] (na região da atual [[Alemanha]]), o protegeram da perseguição do [[papa]], poupando-o da fogueira, mas não da excomunhão.


1.3 LUTERO ENTRA PARA O CONVENTO
Alguns exemplos dessas teses:


Outro acontecimento que lhe marcou profundamente, foi quando ao retornar de sua casa para Erfurt, em 2 de julho de 1505, foi surpreendido por uma intensa tempestade em Stotternheim. Raios e trovões o deixaram apavorado e temendo a morte. Mortalmente assombrado, prostrou-se em terra e invocou a proteção de Sant’Ana, em troca dessa proteção, prometeu ingressar no convento.
Tese 27:Pregam a doutrina humana os que dizem que,tão logo seja ouvido o tilintar da moeda lançada na caixa,a alma sairá voando.
Martinho retornou para a Universidade, vendeu seus livros, e mesmo com opiniões contrárias de seus colegas, entrou para o convento Agostiniano de Erfurt, isso sem o conhecimento de seu pai. Segundo um historiador franciscano de nossa época, Dr. Reinold Weijenborg, Lutero entrou no convento para não precisar pagar uma dívida contraída junto ao seu pai para pagar seus estudos na Universidade. “É claro que essa explicação é insensata e desprovida de qualquer fundamento”5. O convento era dos mais rigorosos, mas oferecia a possibilidade de o noviço continuar seus estudos. O pai de Martinho só concordou com a atitude do filho depois de muita relutância.
Lutero pensava que com essa atitude agradaria a Deus. Acreditava que a vida no convento dava-lhe mais segurança em seu relacionamento com Deus, poderia alcançar desta forma a sua salvação. Seu quarto no convento era uma cela pequena de dois ou três metros, em que havia uma mesa, uma cadeira um colchão de palha e uma janela. Fez voto de pobreza, obediência e castidade. Lutero estudava a Bíblia. Cumpria todas as penitências religiosa que lhe eram impostas; usava uma batina preta; andava também pelas ruas da cidade com um saco às costas, como de costume na época, mendigando pão, manteiga, ovos e tudo o que era necessário para o sustento do convento. Além disso tinha que cuidar da limpeza da capela e dos quartos e bater o sino. No quarto estudava religião e filosofia e orava aos santos, querendo merecer o céu através de suas boas obras. Mais do que nunca buscava a paz de espírito, mas não a podia encontrar. Pensava sempre: “Sou pecador, e Deus está zangado comigo.”6


1.4 LUTERO É ORDENADO SACERDOTE
Tese 32:Serão condenados em eternidade, juntamente com seus mestres,aqueles que se julgam seguros de sua salvação através de cartas de indulgência.


Em 27 de fevereiro (alguns autores citam a data 3 de abril) de 1507, com 23 anos de idade, foi ordenado sacerdote. As regras monásticas foram rigorosamente observadas por Lutero. “Posso dizer que fui um frade piedoso, cumprindo as regras da ordem com tamanho rigor que me é permitido afirmar: se algum dia entrou um frade no céu em virtude de sua vida no convento, eu seria um deles. Todos os meus companheiros de convento poderão dar-me este testemunho. Se tivesse continuado por algum tempo nessa vida, eu teria me matado com preces, jejuns, vigílias, frio, leitura e trabalho”
Tese 86:Por que o papa, cuja fortuna é hoje maior que a dos mais ricos crassos, não constrói com seu próprio dinheiro ao menos a [[Basílica de São Pedro]], em vez de fazê-lo com o dinheiro dos pobres fiéis?
Em 02 de maio de 1507 celebrou sua primeira missa, onde quase fugiu do altar por julgar-se indigno de realizar o sacrifício da missa diante da majestade divina. Lutero prosperava nos seus estudos e por isso a ordem agostiniana determinou que viesse a se tornar professor de Teologia .


1.5 PROFESSOR UNIVERSITÁRIO
[[Martinho Lutero | Lutero]], então, passou a participar de vários debates teológicos com autoridades civis e eclesiásticas que tentavam fazê-lo abrir mão de suas idéias e retratar-se
de críticas à Igreja e ao [[Papa]]. Em [[1520]], [[Martinho Lutero | Lutero]] foi excomungado pelo [[Papa]] e, no mesmo ano, queimou a Bula de Excomunhão em praça pública,
rompendo assim com a [[Igreja Católica]] da época. Em [[1530]], surgiu a [[Confissão de Augsburgo]] que foi escrita por [[Martinho Lutero | Lutero]] e [[Phillip Melanchthon | Melanchthon]], um fiel companheiro seu. Este documento trazia um resumo dos ensinos [[Luteranismo | luteranos]].


No Studium Generale de sua ordem, em Erfurt, foram iniciados seus estudos teológicos. Os principais objetos de estudo foram a Bíblia e as Sentenças de Pedro Lombardo, para cujo Lutero valeu-se dos comentários de Gabriel Biel e de Pierre d’Ailly. Em 1508 a ordem o enviou para a nova Universidade de Wittenberg, onde foi professor de filosofia moral. Em Wittenberg deu continuidade a seus estudos teológicos. Tornou-se Baccalaureus em Teologia, e em março de 1509, teve que assumir aulas de interpretação bíblica. Em Wittenberg também encontrou o Geral da ordem e decano da Universidade de Teologia: Johann von Staupitz. Este foi um grande conselheiro e confessor de Lutero. Também em 1509 teve que voltar para Erfurt para dar aulas sobre as sentenças de Pedro Lombardo. Em 1510 tornou-se Baccalaureus formatus, precondição para tornar-se Magister Theologiae.
Uma das principais preocupações de [[Martinho Lutero | Martin Lutero]], era que todas as pessoas pudessem ler o livro no qual os ensinamentos [[Igreja Católica |católicos]] estariam escritos e assim puderem tirar suas próprias conclusões. Por isto [[Martinho Lutero | Martin Lutero]] traduziu a [[Bíblia]] para o [[Alemão]] para que todos pudessem lê-la em sua própria língua. Alguns anos mais tarde, a bíblia foi traduzida para o [[Inglês]], [[Francês]] e [[Espanhol]] as pessoas passaram a ler a [[Bíblia]] e terem suas próprias conclusões. Aos poucos a [[Igreja Católica]] foi perdendo poder e influência. Depois de [[Martinho Lutero | Lutero]] a [[Igreja Católica]] nunca mais conseguiu exercer o forte domínio sobre a [[Europa]] como tinha antes da [[Reforma Protestante]].


1.6 A VIAGEM A ROMA
Pouco a pouco, o ideal de reforma da [[Igreja Católica]] que [[Martinho Lutero | Lutero]] possuía foi sendo sufocado e o Reformador viu-se obrigado, juntamente com seus seguidores, a formar um grupo separado de [[Cristianismo |cristãos]] que queriam permanecer fiéis às suas idéias. Surgia assim a Igreja Luterana.
Contudo, teve que interromper suas preleções porque o seu superior, Dr. Staupitz, lhe pediu que fosse a Roma, onde vivia o papa. Lutero ficou muito contente. Partiu com um companheiro, viajando a pé. Foi uma longa e perigosa viagem. Quando finalmente avistaram Roma, Lutero se ajoelhou e exclamou: “Salve, santa cidade de Roma!” Permaneceu em Roma entre novembro de 1510 e fevereiro de 1511. Ficou muito impressionado com o que viu em Roma, visitando templos, catacumbas e santuários, peregrinou pelas sete igrejas principais da cidade santa, nelas obtendo a indulgência anunciada. Ficou, porém, muito desapontado quando viu que o povo de Roma levava uma vida pecaminosa, incluindo também os padres.


1.7 DOUTOR EM TEOLOGIA
Depois desta visita a Roma, Lutero voltou para Wittenberg. Deu prosseguimento a seus estudos e em 1512 recebeu o título de Doutor em Teologia, passando também a pregar na bonita catedral de Wittenberg. Desde 22 de outubro de 1912 até o final de sua vida, Lutero foi professor de Bíblia, um exegeta, na faculdade de Teologia da Universidade de Wittenberg. O povo admirava-se das belas e eloqüentes pregações de Lutero. Era cada vez maior o número de pessoas que iam à igreja ouvir Lutero falar. Lutero advertia seus ouvintes a não procurarem se salvar pelas obras, mas somente pela fé em Jesus.
De agosto a outubro de 1515 interpretou os Salmos; em 1525/16 trabalhou sobre Romanos; em 1516/17 sobre Gálatas; e em 1517/18 foi a vez de Hebreus; novamente em 1518/19 interpretou os Salmos.

2. AS INDULGÊNCIAS E AS 95 TESES
Naqueles dias a igreja entregou-se ao nefasto comércio das indulgências (recibos de perdão dos pecados, comprados com dinheiro). João Tetzel, responsável pela venda de indulgências na Alemanha, chegou a Wittenberg. Ali insistia junto ao povo que comprasse o perdão para todos os seus pecados, passados, presentes e futuros. “As indulgências, surgidas no século XI, diziam respeito apenas aos castigos temporais impostos pela igreja; mais tarde, aos castigos temporais que deviam ser purgados no purgatório e, finalmente, também aos pecados de parentes já falecidos que estavam no purgatório. As opiniões dos teólogos divergiam entre si, e no início do século XVI, não havia a necessária clareza a respeito do assunto”8. Para Lutero as indulgências eram uma afronta àquilo que Deus revelara em sua Palavra: que o homem é justificado pela fé, por causa de Cristo! Esta convicção Lutero também percebeu nos escritos de Agostinho. Sendo assim era inconcebível a igreja querer vender o perdão a seus fiéis. As indulgências tinham destacada importância sob o aspecto financeiro. A cúria e o Estado papal, sendo Leão X o papa, dependiam em grande parte das rendas provindas da venda de indulgências. Além do mais o papa Leão X precisava de grandes quantias de dinheiro para concluir a basílica de São Pedro, iniciada pelo seu antecessor Júlio II.
Muitos membros da igreja em que Lutero pregava compraram indulgências e não se importaram mais em se arrepender de seus pecados. Lutero, em conseqüência disso, lhes negou a Santa Ceia. Disse-lhes que, se não se arrependessem, Deus não lhes perdoaria os pecados, pois as indulgências não tinham nenhum valor diante de Deus. Muito entristecido com o que estava acontecendo, Lutero pregou nos domingos seguintes, com veemência, chamando o povo ao arrependimento.
Para esclarecer a questão das indulgências, Lutero afixou no dia 31 de outubro de 1517 na porta da Igreja de Wittenberg, 95 teses em que chamava ao diálogo e ao debate os acadêmicos de Teologia, para que houvesse um esclarecimento sobre o real valor das indulgências. Essas teses não negavam o direito do papa conceder indulgências, contudo, punham em dúvida a validade das indulgências para o perdão dos pecados e denunciava os abusos cometidos na venda das mesmas.
As teses difundiram-se rapidamente. O dominicano Tetzel, sub-comissário para venda de indulgências na província da Saxônia e que privilegiava o dinheiro em relação à penitência, defendeu em janeiro de 1818 em um debate acadêmico:
“Quando o dinheiro retine na caixinha, a alma salta do purgatório para o céu.”

2.1 A RESPOSTA DE ROMA
Quando o papa Leão X ouviu falar do que estava acontecendo na Alemanha, ficou furioso e ameaçou Lutero com a excomunhão, caso ele não se retratasse dentro de 60 dias. Lutero, porém, ficou firme em seu pensamento, pois tinha certeza de que estava agindo conforme aquilo que descobrira na Bíblia, sua ação era para a glória de Deus, o que está muito acima de qualquer ordem ou mandamento criado pela tradição da igreja.
Em 1521 Lutero recebeu a comunicação de que devia comparecer à Dieta de Worms, para ser julgado. Novamente Lutero foi intimado a se retratar. Lutero pediu que lhe provassem da Bíblia que ele estava errado. Ninguém pôde provar. Por isso Lutero não desmentiu o que outrora havia escrito. Foi, então, declarado pessoa fora da lei. A 3 de janeiro deste ano Lutero foi excomungado com a bula Decet Romanum Pontificem. Quem o encontrasse, o podia matar, sem medo de sofrer punições.

2.2 O “SEQÜESTRO” DE LUTERO
Embora sua vida corresse grande perigo, Lutero não se intimidou e iniciou sua viagem de volta para Wittenberg. Ao atravessar uma florestas, um bando de homens mascarados o atacou. Fizeram-no prisioneiro e o levaram para o castelo de Wartbugo. Muitos pensavam que Lutero havia sido morto, mas na verdade seus amigos, a mando de Frederico, o Sábio, haviam simulado o rapto para o guardar em segurança contra seus inimigos. Lutero, disfarçado de “cavalheiro Jorge”, permaneceu dos dias 4 maio de 1521 a 1o de março de 1522. Neste período aproveitou para traduzir o Novo Testamento do original grego para o alemão, a fim de que o povo pudesse ler as Sagradas Letras. Lutero também produziu e deu continuidade a outras obras literárias neste período, como por exemplo: Os Votos Monásticos; Sermonário da Igreja; Magnificat,etc..
Todos os escritos de Lutero ganhavam rapidamente a Europa, visto naquela época Gutenberg ter aperfeiçoado o prelo, descobrindo o sistema de letras móveis, o que possibilitava rápidas e grandes tiragens de livros.
2.3 A VOLTA PARA WITTENBERG
Contudo, na ausência de Lutero, alguns líderes extremistas começaram a confundir o povo, promovendo revoltas com seus pensamentos. Lutero, então, voltou para Wittenberg em 1522 e continuou a pregar. Realizou uma série de oito pregações vigorosas, mostrando os erros em que muitos haviam caído e explicando ao povo de que maneira convém viver para agradar a Deus. Advertia-os a não usarem a força contra o papa e a igreja católica. Deviam combater o erro da igreja apenas com a Palavra de Deus. Lutero ainda viajou por muitas outras cidades aconselhando o povo a usar a liberdade dada por Deus contra a tirania papal com um único fim: para se tornarem melhores cristãos.
Lutero vivia em constante perigo de ser aprisionado e morto. Mas nada aconteceu. Foi um milagre Lutero continuar vivo naqueles dias.
Nos anos de 1522/23, os movimentos sociais começaram a ver em Lutero um possível aliado. Primeiro a decadente cavalaria buscou seu auxílio, depois os camponeses. Tais pedidos fizeram com que muitos vissem no movimento luterano um movimento revolucionário. Mas Lutero sempre apontava para a pregação da Palavra e para o diálogo como meios de buscar a paz e a justiça. Devido a esse posicionamento Lutero foi e ainda é duramente criticado pela história secular. Muitas pessoas, especialmente os camponeses, esperavam que Lutero lutasse pela causa deles, até mesmo apoiando a luta armada.

3. O CASAMENTO DE LUTERO
Mesmo em meio a uma situação de intensos conflitos, Lutero foi abençoado por Deus com o matrimônio. Em 13 de junho de 1525, Lutero casou-se com Catarina de Bora, uma antiga freira que havia abandonado o convento por reconhecer o erro da vida enclausurada. A cerimônia de casamento foi realizada no Mosteiro Negro de Wittenberg, que a pouco havia sido transformado em residência para Lutero. Lutero e Catarina tiveram 6 filhos: Isabel, Madalena, Margarida, João, Martinho e Paulo. Infelizmente duas de suas filhas vieram a falecer, uma aos oito meses de idade e outra aos catorze anos.
Lutero amava o lar e sempre encontrava tempo para brincar com os filhos, tocar música e cantar com eles; também escrevia para eles belas cartas quando estava viajando. Lutero recebia muitas visitas em sua casa, era extremamente hospitaleiro.

4 LUTERO E SUA OBRA
Lutero sempre quis que o povo entendesse a mensagem do evangelho, por isso escreveu o Catecismo Maior para os pastores conhecerem bem as principais doutrinas cristãs e o Catecismo Menor para que os pais ensinassem as principais doutrinas da Bíblia aos seus filhos. Lutero também elaborou uma ordem litúrgica para a celebração do culto na língua alemã, a língua do povo. Até então as missas eram celebradas somente em latim, língua que somente o clero entendia. Lutero compôs várias músicas sacras com melodias que o povo pudesse cantar, a principal obra musical é Castelo Forte é nosso Deus. Ele também publicou em 1524 o primeiro hinário evangélico. Podemos observar que Lutero se esmerava para que o evangelho fosse pregado de várias formas, uma delas a música.
Lutero ajudou a escrever a Confissão de Augsburgo, que foi publicada em 1530. Em 1534 completou a tradução do Antigo Testamento, agora o povo tinha uma Bíblia completa em suas mãos. Embora sua saúde não estivesse boa, Lutero sempre trabalhava, quer entre o povo, quer entre seu gabinete. Suas obras somam mais de vinte volumes e algumas milhares de páginas. Hoje estão sendo traduzidas para diversas línguas e permanecem ainda revelando a pureza do evangelho e toda a sabedoria da Palavra de Deus. Lutero foi um vaso escolhido por Deus para que a Sua Palavra fosse proclamada verdadeiramente. Lutero não se calou diante de heresias papais (indulgências, infalibilidade papal), de príncipes (quando pediram que se retratasse na Dieta de Worms), do povo (por ocasião da guerra dos Camponeses), de teólogos (como Zwínglio, em relação a Santa Ceia, e Calvino, diante da doutrina da predestinação).
Lutero escreveu várias obras visando sempre esclarecer o povo diante dos acontecimentos que se sucediam por ocasião da Reforma, também se dirigia a acadêmicos, nobres e príncipes em seus escritos. Todos os escritos eram elaborados de forma clara e também, se preciso, profundamente eloqüentes. Lutero foi um grande homem utilizado por Deus para resgatar a verdade contida na Palavra de Deus. Sua vida foi dedicada a Deus, cheia de aventuras, cheia de realizações, cheia de bênçãos, mas, também, Lutero sofreu na carne a dor da calúnia, da mentira, da perda, da doença e da traição. Em meio a esses altos e baixos de sua vida, Lutero sempre soube agradecer a Deus e glorificá-lo nos bons momentos e também soube inclinar seus joelhos em oração para suplicar o socorro e o amparo de seu Senhor nos momentos de dificuldades.
Uma das principais preocupações de Lutero foi com a educação do povo. Ele sempre insistia para que as congregações tivessem ao lado de seus templos uma escola. Também recomendava e exortava os pais a que incentivassem seus filhos ao estudo.
Lutero foi um homem de Deus. Isso percebe-se em seu culto, em sua vida de oração e, sobretudo, na incessante luta para que todos soubessem que Deus é amor e quer salvar a todos mediante a fé em Jesus, o único Senhor da Igreja.

4.1 A MORTE DE LUTERO
Por estar freqüentemente doente, Lutero sempre contava com uma morte próxima. Em casa e em viagem houve situações de expectativa imediata de morte. Assim não era estranha a Lutero a idéia de que ele poderia falecer fora de Wittenberg. Em23 de janeiro de 2546, viajou em pleno inverno a cidade de Eisleben, para tratar de desavenças entre os duques de Mansfeld. Lutero tinha assumido a função de reconcilia-los. A discussão com os duques de Mansfeld foi dura e penosa. Por fim, numa Terça-feira, dia 16 de fevereiro, chega-se a um acordo. Ao retirar-se de noite, Lutero escreve sobre o papel estas poucas linhas, as últimas linhas escritas de próprio punho: “Ninguém pode entender as Bucólicas de Virgínio se não foi pastor durante cinco anos. Ninguém pode entender a s Geórgias de Virgílio se não foi cinco anos lavrador. Ninguém pode entender as cartas de Cícero se não estava metido durante 25 anos em grandes afazeres públicos. Que ninguém creia Ter gostado e compreendido a Sagrada Escritura se não esteve cem anos com os profetas Elias, Eliseu, João Batista, Jesus e os apóstolos, conduzindo a Igreja. Não toques a divina Eneida, contenta-te em adorá-la de longe. Nós somos mendigos, esta é a verdade.”9
Na madrugada de 18 de fevereiro de 1546, após poucas horas de extrema fraqueza física,
Lutero veio a falecer. Antes de sua morte, um de seus amigos perguntou-lhe se estava preparado
para morrer em nome do Senhor Jesus Cristo, cuja doutrina havia pregado. Lutero respondeu com voz clara: “Sim”.
O corpo de Lutero foi levado para Wittenberg e sepultado no dia 22 de fevereiro na Igreja do Castelo de Wittenbrg, em frente ao púlpito, onde permanece até hoje.
Lutero morreu, mas sua obra ainda permanece. A Reforma da igreja por ele iniciada, espalhou-se por todo o mundo. O puro evangelho do Cristo Salvador, tão defendido por Lutero, hoje habita em muitos corações e durante a história, com certeza, já levou muitas almas para junto do Deus Eterno.


==As Confissões Luteranas==
==As Confissões Luteranas==
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==Os Credos Ecumênicos==
==Os Credos Ecumênicos==


Em reposta à acusação de que a Igreja Luterana se desviou da antiga fé da Igreja [[Cristianismo | Cristã]] e era, por isso, uma nova seita, os pais luteranos oficialmente declararam sua concordância total com os credos [[Ecumenismo | ecumênicos||. No prefácio da [[Fórmula de Concórdia]] declararam: "E porque imediatamente depois do tempo dos apóstolos e mesmo enquanto eles ainda viviam, falsos mestres e hereges se levantaram, símbolos, isto é, confissões breves e concisas, foram compostos contra eles na igreja primitiva, que foram considerados como a unânime, universal fé cristã e a confissão da [[Igreja Ortodoxa]] e verdadeira, a saber, o [[Credo Apostólico]], o [[Credo Niceno]], e o [[Credo Atanasiano]]; juramos fidelidade a eles, e deste modo rejeitamos todas as heresias e [[Doutrina |doutrinas]], que, contrárias a eles, têm sido introduzidas na igreja de [[Deus]]".
Em reposta à acusação de que a Igreja Luterana se desviou da antiga fé da Igreja [[Cristianismo | Cristã]] e era, por isso, uma nova seita, os pais luteranos oficialmente declararam sua concordância total com os credos [[Ecumenismo | ecumênicos]]. No prefácio da [[Fórmula de Concórdia]] declararam: "E porque imediatamente depois do tempo dos apóstolos e mesmo enquanto eles ainda viviam, falsos mestres e hereges se levantaram, símbolos, isto é, confissões breves e concisas, foram compostos contra eles na igreja primitiva, que foram considerados como a unânime, universal fé cristã e a confissão da [[Igreja Ortodoxa]] e verdadeira, a saber, o [[Credo Apostólico]], o [[Credo Niceno]], e o [[Credo Atanasiano]]; juramos fidelidade a eles, e deste modo rejeitamos todas as heresias e [[Doutrina |doutrinas]], que, contrárias a eles, têm sido introduzidas na igreja de [[Deus]]".


A primeira [[Confissão de Fé | confissão da fé]] cristã foi o [[Credo Apostólico]]. Divergências posteriores levaram à formulação do [[Credo Niceno]] ([[325]]) e do [[Credo Atanasiano]] ([[451]]). Essas três confissões são conhecidas como [[Credo]]s [[Ecumenismo |Ecumênicos]] ou Universais.
A primeira [[Confissão de Fé | confissão da fé]] cristã foi o [[Credo Apostólico]]. Divergências posteriores levaram à formulação do [[Credo Niceno]] ([[325]]) e do [[Credo Atanasiano]] ([[451]]). Essas três confissões são conhecidas como [[Credo]]s [[Ecumenismo |Ecumênicos]] ou Universais.
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No ano de 1532 chegou ao Brasil o primeiro Luterano, [[Heliodoro Heoboano]], filho de um amigo de [[Martinho Lutero |Lutero]], que aportou em [[:São Vicente (São Paulo)|São Vicente]].
No ano de 1532 chegou ao Brasil o primeiro Luterano, [[Heliodoro Heoboano]], filho de um amigo de [[Martinho Lutero |Lutero]], que aportou em [[:São Vicente (São Paulo)|São Vicente]].


A primeira comunidades Luterana foi a de [[Nova Friburgo]], no [[Rio de Janeiro]] organizada em [[1824]] por [[Friedrich Osvald Sauerbronn]] o primeiro pastor luterano no Brasil. O Luteranismo se estabeleceu e expandiu em solo brasileiro através da [[Imigração alemã no Brasil]]. No [[Rio Grande do Sul]] o primeiro pastor luterano [[Georg Ehlers]] chegou com a terceira leva de imigrantes à [[São Leopoldo]] em [[1824]].
A primeira comunidade Luterana foi a de [[Nova Friburgo]], no [[Rio de Janeiro]] organizada em [[1824]] por [[Friedrich Osvald Sauerbronn]] o primeiro pastor luterano no Brasil. O Luteranismo se estabeleceu e expandiu em solo brasileiro através da [[Imigração alemã no Brasil]]. No [[Rio Grande do Sul]] o primeiro pastor luterano [[Georg Ehlers]] chegou com a terceira leva de imigrantes à [[São Leopoldo]] em [[1824]].


Em [[1 de julho]] de [[1900]], foi fundada uma congregação luterana no município de [[São Pedro, RS]]. Esta congregação enviou o chamado para um pastor do [[Sínodo de Missouri]]. Este pastor veio em [[1901]. Foi o Rev. W. Mahler.
Em [[1 de julho]] de [[1900]], foi fundada uma congregação luterana no município de [[São Pedro, RS]]. Esta congregação enviou o chamado para um pastor do [[Sínodo de Missouri]]. Este pastor veio em [[1901]]. Foi o Rev. W. Mahler.


Dessas comunidades luteranas iniciais surgiram vários sínodos que foram se aglutinando e hoje formam especialmente duas igrejas: [[Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil]] e a [[Igreja Evangélica Luterana do Brasil]]. Além disso existem outras Igrejas de menor porte, como por exemplo a Igreja Luterana Livre, a Igreja Luterana Finlandesa no Brasil (exclusivamente para os descendentes finlandeses), também há igrejas luteranas de orientação pentecostal ou neo-pentecostal, como as filiadas à Aliança Luterana de Igrejas em Avivamento (ALIA), surgida de a partir de uma cisão na IECLB.
Dessas comunidades luteranas iniciais surgiram vários sínodos que foram se aglutinando e hoje formam especialmente duas igrejas: [[Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil]] e a [[Igreja Evangélica Luterana do Brasil]]. Além disso existem outras Igrejas de menor porte, como por exemplo a Igreja Luterana Livre, a Igreja Luterana Finlandesa no Brasil (exclusivamente para os descendentes finlandeses), também há igrejas luteranas de orientação pentecostal ou neo-pentecostal, como as filiadas à Aliança Luterana de Igrejas em Avivamento (ALIA), surgida de a partir de uma cisão na IECLB.
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No [[século XIX]], após a ordem de unificação dos luteranos sob o comando do estado, na Alemanha, muitos dos que não concordaram com esta decisão, defendendo a distinção entre Igreja e Estado, emigraram para a [[América do Norte]], fundando, em [[1849]], o "Sínodo de Missouri, Ohio e outros estados", que hoje é a [LC-MS] (Lutheran Church-[[Missouri]] Synod).
No [[século XIX]], após a ordem de unificação dos luteranos sob o comando do estado, na Alemanha, muitos dos que não concordaram com esta decisão, defendendo a distinção entre Igreja e Estado, emigraram para a [[América do Norte]], fundando, em [[1849]], o "Sínodo de Missouri, Ohio e outros estados", que hoje é a [LC-MS] (Lutheran Church-[[Missouri]] Synod).
Assim,enquanto a maioria dos luteranos que chegaram ao [[Brasil[[ em [[1824]] eram provenientes da linha estatal alemã, que gerou os diversos sínodos que deram origem à IECLB, a IELB é fruto de missão da igreja norte-americana a partir de [[1900]], que veio atendendo pedidos de luteranos no Brasil que desejavam atendimento daquele Sínodo Luterano.
Assim, enquanto a maioria dos luteranos que chegaram ao [[Brasil]] em [[1824]] eram provenientes da linha estatal alemã, que gerou os diversos sínodos que deram origem à IECLB, a IELB é fruto de missão da igreja norte-americana a partir de [[1900]], que veio atendendo pedidos de luteranos no Brasil que desejavam atendimento daquele Sínodo Luterano.


===Distribuição de luteranos no Brasil===
===Distribuição de luteranos no Brasil===
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*[[Rio Grande do Sul]]: 630 mil
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*[[Santa Catarina]]: 260 mil
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*[[Região Centro-Oeste do Brasil | Região Centro-Oeste]]: 27 mil
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*[[Região Nordeste do Brasil | Região Nordeste]]: 10 mil
*[[Região Nordeste do Brasil | Região Nordeste]]: 10 mil
*[[Região Norte do Brasil | Região Norte||: 5 mil
*[[Região Norte do Brasil | Região Norte]]: 5 mil


== Ver também ==
*[[Igreja Evangélica Luterana do Brasil]]
*[[Igreja Luterana - Sínodo de Missouri]]
*[[Igreja Evangélica Luterana Independente]]
* Vida em Comunidade: http://igrejaluterana.blogspot.com


=={{Ligações externas}}==
=={{Ligações externas}}==
[http://www.igrejaluterana.web.pt/]
[http://www.igrejaluterana.web.pt/ Igreja Luterana]
*[http://www.lutheranworld.org/ Mundo Luterano]
*[http://www.lutheranworld.org/ Mundo Luterano]
*[http://www.ekd.de Igreja Luterana na Alemanha]
*[http://www.selk.de Igreja Luterana na Alemanha]
*[http://www.luteranos.com.br Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil]
*[http://www.luteranos.com.br Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil]
*[http://www.ielb.org.br Igreja Evangélica Luterana do Brasil]
*[http://www.ielb.org.br Igreja Evangélica Luterana do Brasil]
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*[http://www.lutero.com.br Comissão Inter-Luterana de Literatura]
*[http://www.lutero.com.br Comissão Inter-Luterana de Literatura]
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[[Categoria:Reforma Protestante]]
[[Categoria:Reforma Protestante]]

Revisão das 21h08min de 28 de maio de 2008

O selo de Martinho Lutero

O Luteranismo é uma denominação cristã ligada diretamente a Martinho Lutero, pioneiro da Reforma da Igreja na Alemanha, a partir de 1517.

Lutero e a história da Igreja Luterana

1. NASCIMENTO E FAMÍLIA DE LUTERO Martim Luder (ou Ludher) ou como é conhecido entre os brasileiros, Martinho Lutero, nasceu no dia 10 de novembro de 1483, em Eisleben, na Alemanha. A casa em que nasceu continua conservada até o dia de hoje, sendo um ponto turístico visitado por muitas pessoas, luteranas ou não, de todo o mundo. De acordo com um velho costume, no dia em que o menino Lutero nasceu foi levado no outro dia à pia batismal da igreja de São Pedro. Ali foi batizado e recebeu o nome de Martinho, pois este dia era o dia de S. Martinho e havia o costume entre os católicos mais fervorosos de batizar seus filhos com o nome do santo do dia. Seu pai chamava-se Hans (João), era filho de agricultores e natural de Möhra, Turíngia. Sua mãe, Margaretha (Margarida), nasceu em Ziegler, e provinha de círculos burgueses. O pai de Lutero trabalhava como mineiro em uma mina de cobre. Era uma família humilde. Alguns meses após o nascimento de Martinho, a família, para melhorar de vida, na primavera de 1484 mudou-se para a cidade de Mansfeld, o centro da região mineira próxima. Em poucos anos Hans conseguiu melhorar suas condições financeiras. Em 1507 fazia parte das pessoas economicamente mais respeitadas da região. Quanto a educação recebida em sua casa, Albert Greiner cita: “Quando pensa em sua família o reformador recorda sobretudo de uma coisa: ele e seus irmãos receberam uma educação muito severa. “Meu pai – conta ele – me corrigiu um dia de tal maneira, que fugi e tive medo dele, até que me acostumei de novo a ele... Meus pais foram muito severos comigo e me tornei tímido. Minha mãe me açoitou um dia por uma desgraçada noz, a ponto de sangrar. Meus pais só queriam o meu bem; mas não sabiam discernir os espíritos e eram desmedidos nos castigos”1.

1.1 OS PRIMEIROS ESTUDOS DE LUTERO Aos sete anos Lutero foi enviado à escola comunal de Mansfeld. O regime da escola era semelhante ao de sua casa. “Certo dia levei quinze açoites em uma única manhã, recorda o reformador”2. Quanto aos conteúdos que eram ensinados na escola, não era certamente brilhante a variedade; estudava-se os elementos do catecismo – Decálogo, Credo, Pai Nosso - alguns hinos para as festas dos santos e alguma coisa elementar de gramática latina. Martinho lamentou profundamente este método e mais tarde o modificou radicalmente. Martinho acabou o curso na escola de Mansfeld e aos 14 anos, em 1497, abandonou seu lar e foi enviado por seu pai para a escola superior de Magdeburgo, administrada pelos Irmãos da Vida Comum3. Ali Martinho recebeu os primeiros ensinos religiosos mais profundos. Seus pais eram cristãos, mas a superstição e a bruxaria dominava seus espíritos, como era normal no povo do fim da Idade Média. A exemplo de outros estudantes pobres, Martinho teve que mendigar o seu pão de cada dia cantando de porta em porta. Já no ano seguinte teve que abandonar os estudos e voltar para Mansfeld por motivo de grave enfermidade. Depois que recuperou sua saúde, Martinho devia continuar seus estudos. Foi enviado em 1498, aos 14 anos, por seu pai para Eisenach, na Escola de São Jorge. Os pais de Martinho sustentavam a esperança de que o parente Conrado Lutero, sacristão da a igreja de S. Nicolau, iria ajudar o filho. Isso não aconteceu. Deus porém proveu, e Lutero foi acolhido em casas de famílias piedosas, dentre as quais especialmente os Cotta e os Schalbe. Com esse apoio financeiro Lutero pôde continuar a estudar. Neste colégio Lutero teve a oportunidade de conhecer o reitor e professor João Trebonius. “Informa Lutero que, ao entrar em sala de aula, o professor descobria a cabeça e cumprimentava seus alunos dizendo: “pois que, entre estes jovens alunos, encontram-se alguns dos quais Deus poderá fazer honrado prefeito de um, de outro chanceler e ilustre doutor ou governador de outro, embora de momento não os conheçais. É justo os honrardes!”4

1.2 LUTERO NA UNIVERSIDADE

Martinho estudou três anos nesta escola. Em 1501, aos 17 anos, foi enviado por seu pai para a Universidade de Erfurt, fundada em 1379. Agora seu pai já tinha condições de o sustentar com seus próprios ganhos. Ali, pela primeira vez, aos 18 anos viu uma Bíblia na Biblioteca da Universidade. Assim como os demais estudantes, freqüentou durante quatro anos a faculdade dos artistas, precondição para a matrícula em uma das três faculdades superiores: Teologia, Medicina e Direito. Martinho, por influência de seu pai, iria cursar Direito. No outono de 1502, formou-se em Baccalaureus artium e, em janeiro de 1505, Magister artium . O currículo estava centrado no estudo de Aristóteles. Depois de concluídos estes cursos, estava em condições de lecionar filosofia, e ainda dedicar-se ao estudo de Direito. Sempre foi um aluno muito dedicado. Alguns dias depois de iniciar seus estudos de Direito, ficou gravemente doente que quase o levou à beira da sepultura. Assim que restabeleceu a saúde, partiu para fazer uma visita a seus pais em Mansfeld. No caminho, caiu sobre o seu espadim de acadêmico quase esvaindo-se em sangue. Não muito tempo depois perdeu a vida de um amigo íntimo. Lutero questionava-se: “que será de mim na eternidade, quando eu morrer?”

1.3 LUTERO ENTRA PARA O CONVENTO

Outro acontecimento que lhe marcou profundamente, foi quando ao retornar de sua casa para Erfurt, em 2 de julho de 1505, foi surpreendido por uma intensa tempestade em Stotternheim. Raios e trovões o deixaram apavorado e temendo a morte. Mortalmente assombrado, prostrou-se em terra e invocou a proteção de Sant’Ana, em troca dessa proteção, prometeu ingressar no convento. Martinho retornou para a Universidade, vendeu seus livros, e mesmo com opiniões contrárias de seus colegas, entrou para o convento Agostiniano de Erfurt, isso sem o conhecimento de seu pai. Segundo um historiador franciscano de nossa época, Dr. Reinold Weijenborg, Lutero entrou no convento para não precisar pagar uma dívida contraída junto ao seu pai para pagar seus estudos na Universidade. “É claro que essa explicação é insensata e desprovida de qualquer fundamento”5. O convento era dos mais rigorosos, mas oferecia a possibilidade de o noviço continuar seus estudos. O pai de Martinho só concordou com a atitude do filho depois de muita relutância. Lutero pensava que com essa atitude agradaria a Deus. Acreditava que a vida no convento dava-lhe mais segurança em seu relacionamento com Deus, poderia alcançar desta forma a sua salvação. Seu quarto no convento era uma cela pequena de dois ou três metros, em que havia uma mesa, uma cadeira um colchão de palha e uma janela. Fez voto de pobreza, obediência e castidade. Lutero estudava a Bíblia. Cumpria todas as penitências religiosa que lhe eram impostas; usava uma batina preta; andava também pelas ruas da cidade com um saco às costas, como de costume na época, mendigando pão, manteiga, ovos e tudo o que era necessário para o sustento do convento. Além disso tinha que cuidar da limpeza da capela e dos quartos e bater o sino. No quarto estudava religião e filosofia e orava aos santos, querendo merecer o céu através de suas boas obras. Mais do que nunca buscava a paz de espírito, mas não a podia encontrar. Pensava sempre: “Sou pecador, e Deus está zangado comigo.”6

1.4 LUTERO É ORDENADO SACERDOTE

Em 27 de fevereiro (alguns autores citam a data 3 de abril) de 1507, com 23 anos de idade, foi ordenado sacerdote. As regras monásticas foram rigorosamente observadas por Lutero. “Posso dizer que fui um frade piedoso, cumprindo as regras da ordem com tamanho rigor que me é permitido afirmar: se algum dia entrou um frade no céu em virtude de sua vida no convento, eu seria um deles. Todos os meus companheiros de convento poderão dar-me este testemunho. Se tivesse continuado por algum tempo nessa vida, eu teria me matado com preces, jejuns, vigílias, frio, leitura e trabalho” Em 02 de maio de 1507 celebrou sua primeira missa, onde quase fugiu do altar por julgar-se indigno de realizar o sacrifício da missa diante da majestade divina. Lutero prosperava nos seus estudos e por isso a ordem agostiniana determinou que viesse a se tornar professor de Teologia .

1.5 PROFESSOR UNIVERSITÁRIO

       No Studium Generale de sua ordem, em Erfurt, foram iniciados seus estudos teológicos. Os principais objetos de estudo foram a Bíblia e as Sentenças de Pedro Lombardo, para cujo Lutero valeu-se dos comentários de Gabriel Biel e de Pierre d’Ailly. Em 1508 a ordem o enviou para a nova Universidade de Wittenberg, onde foi professor de filosofia moral. Em Wittenberg deu continuidade a seus estudos teológicos. Tornou-se Baccalaureus em Teologia, e em março de 1509, teve que assumir aulas de interpretação bíblica. Em Wittenberg também encontrou o Geral da ordem e decano da Universidade de Teologia: Johann von Staupitz. Este foi um grande conselheiro e confessor de Lutero. Também em 1509 teve que voltar para Erfurt para dar aulas sobre as sentenças de Pedro Lombardo. Em 1510 tornou-se Baccalaureus formatus, precondição para tornar-se Magister Theologiae. 

1.6 A VIAGEM A ROMA Contudo, teve que interromper suas preleções porque o seu superior, Dr. Staupitz, lhe pediu que fosse a Roma, onde vivia o papa. Lutero ficou muito contente. Partiu com um companheiro, viajando a pé. Foi uma longa e perigosa viagem. Quando finalmente avistaram Roma, Lutero se ajoelhou e exclamou: “Salve, santa cidade de Roma!” Permaneceu em Roma entre novembro de 1510 e fevereiro de 1511. Ficou muito impressionado com o que viu em Roma, visitando templos, catacumbas e santuários, peregrinou pelas sete igrejas principais da cidade santa, nelas obtendo a indulgência anunciada. Ficou, porém, muito desapontado quando viu que o povo de Roma levava uma vida pecaminosa, incluindo também os padres.


1.7 DOUTOR EM TEOLOGIA Depois desta visita a Roma, Lutero voltou para Wittenberg. Deu prosseguimento a seus estudos e em 1512 recebeu o título de Doutor em Teologia, passando também a pregar na bonita catedral de Wittenberg. Desde 22 de outubro de 1912 até o final de sua vida, Lutero foi professor de Bíblia, um exegeta, na faculdade de Teologia da Universidade de Wittenberg. O povo admirava-se das belas e eloqüentes pregações de Lutero. Era cada vez maior o número de pessoas que iam à igreja ouvir Lutero falar. Lutero advertia seus ouvintes a não procurarem se salvar pelas obras, mas somente pela fé em Jesus. De agosto a outubro de 1515 interpretou os Salmos; em 1525/16 trabalhou sobre Romanos; em 1516/17 sobre Gálatas; e em 1517/18 foi a vez de Hebreus; novamente em 1518/19 interpretou os Salmos.

2. AS INDULGÊNCIAS E AS 95 TESES Naqueles dias a igreja entregou-se ao nefasto comércio das indulgências (recibos de perdão dos pecados, comprados com dinheiro). João Tetzel, responsável pela venda de indulgências na Alemanha, chegou a Wittenberg. Ali insistia junto ao povo que comprasse o perdão para todos os seus pecados, passados, presentes e futuros. “As indulgências, surgidas no século XI, diziam respeito apenas aos castigos temporais impostos pela igreja; mais tarde, aos castigos temporais que deviam ser purgados no purgatório e, finalmente, também aos pecados de parentes já falecidos que estavam no purgatório. As opiniões dos teólogos divergiam entre si, e no início do século XVI, não havia a necessária clareza a respeito do assunto”8. Para Lutero as indulgências eram uma afronta àquilo que Deus revelara em sua Palavra: que o homem é justificado pela fé, por causa de Cristo! Esta convicção Lutero também percebeu nos escritos de Agostinho. Sendo assim era inconcebível a igreja querer vender o perdão a seus fiéis. As indulgências tinham destacada importância sob o aspecto financeiro. A cúria e o Estado papal, sendo Leão X o papa, dependiam em grande parte das rendas provindas da venda de indulgências. Além do mais o papa Leão X precisava de grandes quantias de dinheiro para concluir a basílica de São Pedro, iniciada pelo seu antecessor Júlio II. Muitos membros da igreja em que Lutero pregava compraram indulgências e não se importaram mais em se arrepender de seus pecados. Lutero, em conseqüência disso, lhes negou a Santa Ceia. Disse-lhes que, se não se arrependessem, Deus não lhes perdoaria os pecados, pois as indulgências não tinham nenhum valor diante de Deus. Muito entristecido com o que estava acontecendo, Lutero pregou nos domingos seguintes, com veemência, chamando o povo ao arrependimento. Para esclarecer a questão das indulgências, Lutero afixou no dia 31 de outubro de 1517 na porta da Igreja de Wittenberg, 95 teses em que chamava ao diálogo e ao debate os acadêmicos de Teologia, para que houvesse um esclarecimento sobre o real valor das indulgências. Essas teses não negavam o direito do papa conceder indulgências, contudo, punham em dúvida a validade das indulgências para o perdão dos pecados e denunciava os abusos cometidos na venda das mesmas. As teses difundiram-se rapidamente. O dominicano Tetzel, sub-comissário para venda de indulgências na província da Saxônia e que privilegiava o dinheiro em relação à penitência, defendeu em janeiro de 1818 em um debate acadêmico: “Quando o dinheiro retine na caixinha, a alma salta do purgatório para o céu.”


2.1 A RESPOSTA DE ROMA Quando o papa Leão X ouviu falar do que estava acontecendo na Alemanha, ficou furioso e ameaçou Lutero com a excomunhão, caso ele não se retratasse dentro de 60 dias. Lutero, porém, ficou firme em seu pensamento, pois tinha certeza de que estava agindo conforme aquilo que descobrira na Bíblia, sua ação era para a glória de Deus, o que está muito acima de qualquer ordem ou mandamento criado pela tradição da igreja. Em 1521 Lutero recebeu a comunicação de que devia comparecer à Dieta de Worms, para ser julgado. Novamente Lutero foi intimado a se retratar. Lutero pediu que lhe provassem da Bíblia que ele estava errado. Ninguém pôde provar. Por isso Lutero não desmentiu o que outrora havia escrito. Foi, então, declarado pessoa fora da lei. A 3 de janeiro deste ano Lutero foi excomungado com a bula Decet Romanum Pontificem. Quem o encontrasse, o podia matar, sem medo de sofrer punições.

2.2 O “SEQÜESTRO” DE LUTERO Embora sua vida corresse grande perigo, Lutero não se intimidou e iniciou sua viagem de volta para Wittenberg. Ao atravessar uma florestas, um bando de homens mascarados o atacou. Fizeram-no prisioneiro e o levaram para o castelo de Wartbugo. Muitos pensavam que Lutero havia sido morto, mas na verdade seus amigos, a mando de Frederico, o Sábio, haviam simulado o rapto para o guardar em segurança contra seus inimigos. Lutero, disfarçado de “cavalheiro Jorge”, permaneceu dos dias 4 maio de 1521 a 1o de março de 1522. Neste período aproveitou para traduzir o Novo Testamento do original grego para o alemão, a fim de que o povo pudesse ler as Sagradas Letras. Lutero também produziu e deu continuidade a outras obras literárias neste período, como por exemplo: Os Votos Monásticos; Sermonário da Igreja; Magnificat,etc.. Todos os escritos de Lutero ganhavam rapidamente a Europa, visto naquela época Gutenberg ter aperfeiçoado o prelo, descobrindo o sistema de letras móveis, o que possibilitava rápidas e grandes tiragens de livros.

2.3 A VOLTA PARA WITTENBERG Contudo, na ausência de Lutero, alguns líderes extremistas começaram a confundir o povo, promovendo revoltas com seus pensamentos. Lutero, então, voltou para Wittenberg em 1522 e continuou a pregar. Realizou uma série de oito pregações vigorosas, mostrando os erros em que muitos haviam caído e explicando ao povo de que maneira convém viver para agradar a Deus. Advertia-os a não usarem a força contra o papa e a igreja católica. Deviam combater o erro da igreja apenas com a Palavra de Deus. Lutero ainda viajou por muitas outras cidades aconselhando o povo a usar a liberdade dada por Deus contra a tirania papal com um único fim: para se tornarem melhores cristãos. Lutero vivia em constante perigo de ser aprisionado e morto. Mas nada aconteceu. Foi um milagre Lutero continuar vivo naqueles dias. Nos anos de 1522/23, os movimentos sociais começaram a ver em Lutero um possível aliado. Primeiro a decadente cavalaria buscou seu auxílio, depois os camponeses. Tais pedidos fizeram com que muitos vissem no movimento luterano um movimento revolucionário. Mas Lutero sempre apontava para a pregação da Palavra e para o diálogo como meios de buscar a paz e a justiça. Devido a esse posicionamento Lutero foi e ainda é duramente criticado pela história secular. Muitas pessoas, especialmente os camponeses, esperavam que Lutero lutasse pela causa deles, até mesmo apoiando a luta armada.

3. O CASAMENTO DE LUTERO Mesmo em meio a uma situação de intensos conflitos, Lutero foi abençoado por Deus com o matrimônio. Em 13 de junho de 1525, Lutero casou-se com Catarina de Bora, uma antiga freira que havia abandonado o convento por reconhecer o erro da vida enclausurada. A cerimônia de casamento foi realizada no Mosteiro Negro de Wittenberg, que a pouco havia sido transformado em residência para Lutero. Lutero e Catarina tiveram 6 filhos: Isabel, Madalena, Margarida, João, Martinho e Paulo. Infelizmente duas de suas filhas vieram a falecer, uma aos oito meses de idade e outra aos catorze anos. Lutero amava o lar e sempre encontrava tempo para brincar com os filhos, tocar música e cantar com eles; também escrevia para eles belas cartas quando estava viajando. Lutero recebia muitas visitas em sua casa, era extremamente hospitaleiro.

4 LUTERO E SUA OBRA Lutero sempre quis que o povo entendesse a mensagem do evangelho, por isso escreveu o Catecismo Maior para os pastores conhecerem bem as principais doutrinas cristãs e o Catecismo Menor para que os pais ensinassem as principais doutrinas da Bíblia aos seus filhos. Lutero também elaborou uma ordem litúrgica para a celebração do culto na língua alemã, a língua do povo. Até então as missas eram celebradas somente em latim, língua que somente o clero entendia. Lutero compôs várias músicas sacras com melodias que o povo pudesse cantar, a principal obra musical é Castelo Forte é nosso Deus. Ele também publicou em 1524 o primeiro hinário evangélico. Podemos observar que Lutero se esmerava para que o evangelho fosse pregado de várias formas, uma delas a música.

Lutero ajudou a escrever a Confissão de Augsburgo, que foi publicada em 1530. Em 1534 completou a tradução do Antigo Testamento, agora o povo tinha uma Bíblia completa em suas mãos. Embora sua saúde não estivesse boa, Lutero sempre trabalhava, quer entre o povo, quer entre seu gabinete. Suas obras somam mais de vinte volumes e algumas milhares de páginas. Hoje estão sendo traduzidas para diversas línguas e permanecem ainda revelando a pureza do evangelho e toda a sabedoria da Palavra de Deus. Lutero foi um vaso escolhido por Deus para que a Sua Palavra fosse proclamada verdadeiramente. Lutero não se calou diante de heresias papais (indulgências, infalibilidade papal), de príncipes (quando pediram que se retratasse na Dieta de Worms), do povo (por ocasião da guerra dos Camponeses), de teólogos (como Zwínglio, em relação a Santa Ceia, e Calvino, diante da doutrina da predestinação).    

Lutero escreveu várias obras visando sempre esclarecer o povo diante dos acontecimentos que se sucediam por ocasião da Reforma, também se dirigia a acadêmicos, nobres e príncipes em seus escritos. Todos os escritos eram elaborados de forma clara e também, se preciso, profundamente eloqüentes. Lutero foi um grande homem utilizado por Deus para resgatar a verdade contida na Palavra de Deus. Sua vida foi dedicada a Deus, cheia de aventuras, cheia de realizações, cheia de bênçãos, mas, também, Lutero sofreu na carne a dor da calúnia, da mentira, da perda, da doença e da traição. Em meio a esses altos e baixos de sua vida, Lutero sempre soube agradecer a Deus e glorificá-lo nos bons momentos e também soube inclinar seus joelhos em oração para suplicar o socorro e o amparo de seu Senhor nos momentos de dificuldades. Uma das principais preocupações de Lutero foi com a educação do povo. Ele sempre insistia para que as congregações tivessem ao lado de seus templos uma escola. Também recomendava e exortava os pais a que incentivassem seus filhos ao estudo. Lutero foi um homem de Deus. Isso percebe-se em seu culto, em sua vida de oração e, sobretudo, na incessante luta para que todos soubessem que Deus é amor e quer salvar a todos mediante a fé em Jesus, o único Senhor da Igreja.

4.1 A MORTE DE LUTERO Por estar freqüentemente doente, Lutero sempre contava com uma morte próxima. Em casa e em viagem houve situações de expectativa imediata de morte. Assim não era estranha a Lutero a idéia de que ele poderia falecer fora de Wittenberg. Em23 de janeiro de 2546, viajou em pleno inverno a cidade de Eisleben, para tratar de desavenças entre os duques de Mansfeld. Lutero tinha assumido a função de reconcilia-los. A discussão com os duques de Mansfeld foi dura e penosa. Por fim, numa Terça-feira, dia 16 de fevereiro, chega-se a um acordo. Ao retirar-se de noite, Lutero escreve sobre o papel estas poucas linhas, as últimas linhas escritas de próprio punho: “Ninguém pode entender as Bucólicas de Virgínio se não foi pastor durante cinco anos. Ninguém pode entender a s Geórgias de Virgílio se não foi cinco anos lavrador. Ninguém pode entender as cartas de Cícero se não estava metido durante 25 anos em grandes afazeres públicos. Que ninguém creia Ter gostado e compreendido a Sagrada Escritura se não esteve cem anos com os profetas Elias, Eliseu, João Batista, Jesus e os apóstolos, conduzindo a Igreja. Não toques a divina Eneida, contenta-te em adorá-la de longe. Nós somos mendigos, esta é a verdade.”9 Na madrugada de 18 de fevereiro de 1546, após poucas horas de extrema fraqueza física, Lutero veio a falecer. Antes de sua morte, um de seus amigos perguntou-lhe se estava preparado para morrer em nome do Senhor Jesus Cristo, cuja doutrina havia pregado. Lutero respondeu com voz clara: “Sim”. O corpo de Lutero foi levado para Wittenberg e sepultado no dia 22 de fevereiro na Igreja do Castelo de Wittenbrg, em frente ao púlpito, onde permanece até hoje. Lutero morreu, mas sua obra ainda permanece. A Reforma da igreja por ele iniciada, espalhou-se por todo o mundo. O puro evangelho do Cristo Salvador, tão defendido por Lutero, hoje habita em muitos corações e durante a história, com certeza, já levou muitas almas para junto do Deus Eterno.

As Confissões Luteranas

As Confissões Luteranas podem também ser consideradas como estandarte, em torno do qual os luteranos cerram fileiras em defesa de suas visões doutrinárias da Escritura contra o erro, ou podem ser consideradas como uma bandeira, à qual os mestres da igreja prestam juramento de fidelidade. Cada membro da Igreja Luterana deve subscrever não apenas a Bíblia, mas também as confissões como exposição correta das doutrinas bíblicas. Para o leigo isto significa, ao menos, o Catecismo Menor de Lutero; para o pastor e professor significam todas as confissões adotadas pela Igreja Luterana.

Em suas constituições, os grupos luteranos – congregações, bem como sínodos – geralmente definem sua posição doutrinária mais ou menos nestas palavras: "Confessamos que os livros canônicos do Antigo e do Novo Testamento são a palavra de Deus inspirada e, portanto, a única regra de fé e vida, e que as confissões da Igreja Evangélica Luterana são uma exposição correta das doutrinas desta palavra". Por que esta firme insistência, como resumido nas confissões luteranas? Porque para luteranos não pode haver nada mais importante do que as doutrinas expostas conforme sua interpretação da Bíblia.

Em vista do precedente, segundo sua interpretação, o termo "igreja" jamais deveria ser empregado para definir um grupo religioso que não pertence ao Senhor como seu corpo ( Ef. 1.22,23). Uma seita que, de acordo com sua visão, nega a divindade de Jesus, como a dos unitaristas, Mórmons ou Testemunhas de Jeová, não deveria ser chamada igreja.

Escreve Lutero nos Artigos de Esmalcalde: "Graças a Deus, (hoje) uma criança de sete anos de idade sabe o que é a igreja, a saber, os santos crentes e cordeiros que escutam a voz do seu Pastor" (parte III, art. XII, cf. Livro de Concórdia, p. 338). Em seu Catecismo Maior, ele apresenta essa definição clássica: "Eu creio que há sobre a terra um pequeno grupo santo e congregação de santos puros sob uma cabeça, Cristo, chamados pelo Espírito Santo para uma fé, uma mente e uma compreensão, com dons multiformes, entretanto concordando em amor, sem seitas nem cismas. Também faço parte do mesmo, sendo participante e co-proprietário de todos os bens que possui, trazido a ele e incorporado nele pelo Espírito Santo pelo ouvir e pelo continuar a ouvir a palavra de Deus, que é o processo de iniciação nele. Pois, anteriormente, antes de termos alcançado isto, pertencíamos ao diabo, nada sabendo de Deus e de Cristo. Assim, até o último dia, o Espírito Santo permanece com a santa congregação, ou cristandade, por intermédio da qual ele nos traz a Cristo, e é ela que o Espírito Santo utiliza para nos ensinar a pregar a palavra; pela igreja ele age e promove a santificação, fazendo-a crescer diariamente e fortalecendo-a na fé e nos frutos que ele faz produzir". (O Credo. Art. III, cf. Livro de Concórdia, p. 454).

A Confissão de Ausburgo

A Confissão de Ausburgo é o documento que Felipe Melanchton escreveu e que foi apresentado, como sendo o testemunho luterano, ao Imperador Carlos V e à Dieta do Santo Império Romano, a 25 de junho de 1530. Compõe-se de vinte e oito artigos. Destes, os primeiros vinte e um apresentam a doutrina luterana e sintetizam os ensinamentos de Lutero. Eles tentam provar que os luteranos não estavam ensinando novas doutrinas, contrárias às Escrituras Sagradas, e que não constituíram uma nova seita religiosa. Os Artigos XXI a XXVIII pretendem tratar dos abusos medievais que os luteranos tinham corrigido.

Sua leitura angariou prosélitos importantes. O bispo Stadion de Ausburgo teria afirmado: "O que foi lido é a pura verdade, e nós não podemos negá-lo". Quando João Eck, um dos mais ativos adversários de Lutero, supostamente disse ao duque Guilherme da Baviera que ele era capaz de refutar a Confissão de Ausburgo com os pais eclesiáticos, mas não com as Sagradas Escrituras, Guilherme teria respondido: "Assim, pois, ouço que os luteranos estão com a Escritura e nós, que seguimos o pontífice, fora dela".

Os Credos Ecumênicos

Em reposta à acusação de que a Igreja Luterana se desviou da antiga fé da Igreja Cristã e era, por isso, uma nova seita, os pais luteranos oficialmente declararam sua concordância total com os credos ecumênicos. No prefácio da Fórmula de Concórdia declararam: "E porque imediatamente depois do tempo dos apóstolos e mesmo enquanto eles ainda viviam, falsos mestres e hereges se levantaram, símbolos, isto é, confissões breves e concisas, foram compostos contra eles na igreja primitiva, que foram considerados como a unânime, universal fé cristã e a confissão da Igreja Ortodoxa e verdadeira, a saber, o Credo Apostólico, o Credo Niceno, e o Credo Atanasiano; juramos fidelidade a eles, e deste modo rejeitamos todas as heresias e doutrinas, que, contrárias a eles, têm sido introduzidas na igreja de Deus".

A primeira confissão da fé cristã foi o Credo Apostólico. Divergências posteriores levaram à formulação do Credo Niceno (325) e do Credo Atanasiano (451). Essas três confissões são conhecidas como Credos Ecumênicos ou Universais.

Contudo, com o passar dos tempos, segundo a visão Luterana, a igreja foi se desviando da verdade bíblica. Vozes que clamavam contra o erro foram silenciadas. Martinho Lutero, monge agostiniano, doutor em Teologia e professor da Bíblia na Universidade de Wittemberg,Alemanha, Postulou que a igreja estava desviada da verdade bíblica. A Igreja Luterana vê em Lutero um instrumento de Deus para reconduzir a igreja às verdades bíblicas e considera ainda que Deus preparou outros homens fiéis que participaram da causa da Reforma.

Os seguintes documentos formam as Confissões Luteranas:

  • Catecismo Menor (1529), um resumo de interpretações bíblicas, escritas para o povo.
  • O Catecismo Maior (1529), as mesmas interpretações detalhadamente explicadas para adultos.
  • A Confissão de Augsburgo (1530), a principal confissão luterana.
  • A Apologia (1531), uma defesa da Confissão de Augsburgo.
  • Os Artigos de Esmalcalde (1537) reafirmam os ensinos da Confissão de Augsburgo e expõem, com mais profundidade, a doutrina da Santa Ceia, segundo a visão Luterana.
  • A Fórmula de Concórdia (1577), que define o pecado original, a impossibilidade de o homem salvar-se por suas próprias força e a pessoa e obra de Cristo.

As Confissões foram reunidas no Livro de Concórdia, em 1580, que é aceito hoje por muitas igrejas luteranas no mundo. Essas igrejas afirmam: " Aceitamos todos os livros canônicos das Escrituras Sagradas do Antigo e Novo Testamentos, como palavra infalível de Deus e, como exposição correta da Escritura Sagrada, aceitamos os livros simbólicos reunidos no Livro de Concórdia." A Escritura ou Bíblia Sagrada é a única norma na igreja para doutrina e praxe.

Luteranismo Mundial

A distribuição dos Luteranos hoje se encontra da seguinte forma: Europa: 53 milhões. África: 15 milhões. América: 11 milhões. Ásia: 8,5 milhões.

Os países com o maior número de Luteranos hoje são: 1º Alemanha: 24,1 milhões. 2º Estados Unidos: 8,9 milhões. 3º Suécia: 7 milhões. 4º Finlândia: 4,6 milhões. 5º Dinamarca: 4,5 milhões. 6º Etiópia: 4,3 milhões. 7º Indonésia: 4,3 milhões. 8º Noruega: 4 milhões. 9º Tanzânia: 3,5 milhões. 10º Madagascar: 3 milhões.

Hoje mundo afora existe cerca de 250 ramos Luteranos, desta igrejas mais de 160 estão filiadas a (LWF) Federação Luterana Mundial e mais 50 fazem parte do (ILC) Concílio Luterano Internacional. As demais Igrejas Luteranas estão na sua maioria filiadas à Conferência Luterana Confessional e várias outras se intitulam Comunidades Luteranas Indepedentes. segundo dados levantados no período de 2005 / 2006 o número de Luteranos ultrapassa a marca dos 87.000.000.

Mesmo com uma queda considerável na Europa o percentual de luteranos continua crescendo, no período de 2001 / 2006 houve um crescimento de quase 5.000.000 adeptos.

Igreja da IECLB em Carambeí

O Luteranismo Brasileiro

No ano de 1532 chegou ao Brasil o primeiro Luterano, Heliodoro Heoboano, filho de um amigo de Lutero, que aportou em São Vicente.

A primeira comunidade Luterana foi a de Nova Friburgo, no Rio de Janeiro organizada em 1824 por Friedrich Osvald Sauerbronn o primeiro pastor luterano no Brasil. O Luteranismo se estabeleceu e expandiu em solo brasileiro através da Imigração alemã no Brasil. No Rio Grande do Sul o primeiro pastor luterano Georg Ehlers chegou com a terceira leva de imigrantes à São Leopoldo em 1824.

Em 1 de julho de 1900, foi fundada uma congregação luterana no município de São Pedro, RS. Esta congregação enviou o chamado para um pastor do Sínodo de Missouri. Este pastor veio em 1901. Foi o Rev. W. Mahler.

Dessas comunidades luteranas iniciais surgiram vários sínodos que foram se aglutinando e hoje formam especialmente duas igrejas: Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil e a Igreja Evangélica Luterana do Brasil. Além disso existem outras Igrejas de menor porte, como por exemplo a Igreja Luterana Livre, a Igreja Luterana Finlandesa no Brasil (exclusivamente para os descendentes finlandeses), também há igrejas luteranas de orientação pentecostal ou neo-pentecostal, como as filiadas à Aliança Luterana de Igrejas em Avivamento (ALIA), surgida de a partir de uma cisão na IECLB.

O número total de luteranos no Brasil, atualmente, é de pouco mais de um milhão.

Atualmente

As duas principais Igrejas Luteranas do Brasil, Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil e Igreja Evangélica Luterana do Brasil têm origens historicas diferentes no Brasil.

No século XIX, após a ordem de unificação dos luteranos sob o comando do estado, na Alemanha, muitos dos que não concordaram com esta decisão, defendendo a distinção entre Igreja e Estado, emigraram para a América do Norte, fundando, em 1849, o "Sínodo de Missouri, Ohio e outros estados", que hoje é a [LC-MS] (Lutheran Church-Missouri Synod).

Assim, enquanto a maioria dos luteranos que chegaram ao Brasil em 1824 eram provenientes da linha estatal alemã, que gerou os diversos sínodos que deram origem à IECLB, a IELB é fruto de missão da igreja norte-americana a partir de 1900, que veio atendendo pedidos de luteranos no Brasil que desejavam atendimento daquele Sínodo Luterano.

Distribuição de luteranos no Brasil


Ver também

Ligações externas

Igreja Luterana

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