Saltar para o conteúdo

Bauru Atlético Clube

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Bauru
Nome Bauru Atlético Clube
Alcunhas BAC
Baquinho
Torcedor(a)/Adepto(a) Baqueano
Fundação 01 de maio de 1919 (105 anos)
Estádio Antônio Garcia (demolido)

O Bauru Atlético Clube, mais conhecido como BAC ou Baquinho, é um clube social e recreativo, que já foi também um clube de futebol, da cidade de Bauru, interior do estado de São Paulo. O Bauru entrou para a história do futebol brasileiro e mundial por ter sido o primeiro clube com departamento profissional no qual Edson Arantes do Nascimento, o Pelé, eleito pela FIFA e órgãos oficiais do esporte o maior jogador de todos os tempos, atuou.[1] Teve 13 participações no Campeonato Paulista de Futebol. Suas cores eram azul e branca.[1]

O clube se encontrava com diversas dívidas e um quadro de sócios muito reduzidos, a solução do Conselho do clube foi vendê-lo, em 2006, com sua sede e outros patrimônios sendo demolidos e seus terrenos cedidos a uma rede de supermercados de Marília, no local há dois murais em homenagem ao Baquinho.

Foto aérea do Estádio Antônio Garcia no inicio da década de 50

Fundado em 1º de maio de 1919, com o nome de Luzitana Futebol Clube, o BAC teve como seu primeiro presidente o benemérito Antônio Garcia, doador do terreno para a construção do estádio baqueano, que levava seu nome (e onde hoje está um supermercado).[1] Logo em seus primeiros anos, a equipe começou a se destacar no futebol bauruense, adquirindo grande número de adeptos, e não demorou muito para que viessem as conquistas: já nos três campeonatos iniciais da liga local (uma das mais tradicionais do interior), entre 1931 e 1933, o Luzitana foi tricampeão. Após ficar fora dos dois primeiros lugares em 1934, vieram dois vices, em 1935 e 1936, com os títulos sendo alcançados pelo grande rival Noroeste. O campeonato teve uma interrupção em 1937 e 1938, não sendo realizado. Em 1939, o Luzitana não foi campeão nem vice. De 1940 a 1946, no entanto, os dois principais clubes de Bauru dominaram amplamente o futebol da cidade: o Luzitana foi campeão em 1942, 1944 e 1945, com o Noroeste vice, e o Noroeste foi campeão em 1940, 1941, 1943 e 1946, com o Luzitana vice (neste último, já como Bauru Atlético Clube). Após esse período, porém, o agora BAC não chegou mais ao topo do futebol bauruense.

Além das conquistas municipais, o BAC obteve relativo destaque na esfera estadual. Em 1937, foi campeão da Liga Sorocabana, torneio a respeito do qual um dos poucos registros existentes é uma montagem com os retratos dos jogadores vencedores da época. Já em 1942, ainda como Luzitana, o clube chegou à final do Campeonato do Interior, disputado pelos campeões de 24 regiões esportivas do estado de São Paulo. Campeão da 3ª Região (região de Bauru), o time alviceleste venceu a primeira partida da decisão contra o Taubaté (campeão da 24ª Região) por 4x0, em Bauru. Dado como campeão pela torcida e imprensa local, o Luzitana foi jogar a partida de volta na casa do adversário, uma semana depois, com imensa vantagem, mas sofreu um inacreditável revés de 7x0, tendo de amargar o vice. Para piorar, os baqueanos viram seu arquirrival Noroeste trazendo o primeiro título do Interior para o futebol de Bauru já no ano seguinte, em final disputada contra o tradicional Guarani no Pacaembu.[carece de fontes?] No início de 1947, entretanto, o sonhado título interiorano veio (válido pelo campeonato de 1946), em goleada por 4x1 contra o Cruzeiro, da cidade de mesmo nome (localizada no Vale do Paraíba). Posteriormente, o time de Bauru conquistou o título amador do estado ao vencer o SAMS, campeão da capital, em duas partidas.[2] A vitória por 2x0 fora, somada ao empate por 2x2 em casa, levou o futebol da cidade ao seu primeiro título estadual. Vale destacar que, em homenagem ao cinquentenário do município, buscando ainda maior identificação com a população, o Luzitana já havia se tornado BAC meses antes (a mudança de nome veio justamente no dia do aniversário de 50 anos de Bauru, em 1º de agosto de 1946).

Pelé e seu pai Dondinho usavam as dependências do BAC nas décadas de 1940 e 1950 e tornaram-se ídolos, sendo campeões pelo clube. Pelé vestiu sua camisa pela primeira vez em 1954, não demorando a se destacar junto com seus companheiros. Prova disso é que, no campeonato da Liga Bauruense do mesmo ano, a equipe disputou 33 partidas e marcou 148 gols (uma média de 4,5 por jogo), levantando a taça com seis rodadas de antecipação.

Após idas e vindas e campanhas frustrantes dentro do futebol paulista, sem ter conseguido atingir o mesmo sucesso do Noroeste, o Bauru A.C. deixou seu principal esporte de lado na primeira metade dos anos 70 (o último campeonato oficial foi a Terceira Divisão Paulista de 1968), mantendo-se, ainda assim, como clube social. Tanto que, durante décadas, o BAC organizou shows com os maiores nomes da música brasileira: Nélson Gonçalves, Emilinha Borba, Agnado Rayol, Roberto Carlos, Jamelão, entre outros. O carnaval do BAC também traz saudades, devido à sua movimentação e grandiosidade. As piscinas inauguradas no começo dos anos 70 foram outro ponto marcante.

No final da década de 90, o clube começou a perder os associados por diversas razões, culminando, em 2006, com a venda da sede social para a rede supermercadista Tauste. O supermercado homenageou o clube com um painel que está imortalizado em suas paredes externas. Atualmente, o clube, enquanto instituição, sobrevive com sua sede de campo, onde a população de Bauru e região pode desfrutar de piscinas, campos de futebol society e um parque de esportes radicais para a prática de arvorismo. Entretanto, o número de sócios ativos do clube não passa de dez, tendo ainda cerca de 250 títulos em inadimplência.[3]

Goleadas marcantes

[editar | editar código-fonte]

Embora nunca tenha jogado fora do país, ao contrário do rival Noroeste, o BAC conseguiu grandes feitos contra equipes estrangeiras: venceu por 6x0 um adversário polonês e por 8x2 o argentino Atlanta, ambos em seu campo. O Atlanta estava excursionando pelo país e havia acabado de bater o São Paulo por 1x0, em amistoso, no Pacaembu. A extraordinária goleada às vésperas do Natal (23 de dezembro) de 1951 fez com que o nome de Bauru ganhasse repercussão internacional. Aquele time do BAC ficou conhecido como Esquadrão da Primavera, marcando época. Mesmo assim, não foi capaz de levar o clube à elite estadual. Outra vitória inesquecível ocorreu no dia 22 de novembro de 1942, quando o então Lusitana, vice-campeão do interior semanas antes, convidou a Seleção do Mato Grosso para um amistoso em Bauru e fez incríveis 10x1 no adversário.[4][3]

NO-LU ou Dérbi de Bauru

[editar | editar código-fonte]

O maior rival do BAC foi o Noroeste, hoje o único clube profissional da cidade de Bauru. Quando o BAC ainda se chamava Luzitana (ou Lusitana), o clássico era conhecido como NO-LU e dividia a cidade em azul (do BAC) e vermelho (do Noroeste). O BAC/Lusitana era o Alviceleste, enquanto o Noroeste era o Alvirrubro. Uma prova da força das duas equipes é que, dos primeiros 14 Campeonatos Bauruenses, realizados entre 1931 e 1946, os rivais só deixaram de conquistar a taça em duas ocasiões, com seis títulos para cada um e várias finais disputadas entre eles.

Até o surgimento do Lusitana, em 1919, somente o Smart fazia frente ao Noroeste em Bauru. Foi então que, na estreia de sua camisa azul e branca, no mesmo ano, o clube recém-fundado resolveu aprontar: enfrentou um combinado Smart-Noroeste e goleou por implacáveis 9 a 3.[5][2] Era o cartão de visitas do time que, anos mais tarde, encantaria os bauruenses e faria grandes clássicos contra o eterno rival.

O Noroeste é um clube que surgiu da ferrovia e para os ferroviários. Uma relação íntima com uma categoria fundamental para o crescimento de Bauru. Mas, inicialmente, era uma identificação com apenas um segmento dos bauruenses. Quando o Bauru Atlético Clube estava ativo, não eram poucos os que afirmavam que o clube da cidade era o BAC, enquanto o Norusca era o “time dos ferroviários”.

Apesar da grande rivalidade, no dia do cinquentenário de Bauru (1° de agosto de 1946), BAC e Noroeste se uniram para receber o Corinthians em jogo festivo, como parte das comemorações pela data. A vitória da equipe da capital por 5 a 2, porém, não atrapalhou a festa: afinal, nesse dia, o antigo Luzitana dava lugar ao eterno Bauru Atlético Clube, uma vez que ter a cidade no nome significaria maior identificação do clube com o município, e não somente com a colônia lusitana de Bauru. Foi uma pausa nos confrontos dos dois rivais para unir a cidade em uma só torcida.[6]

Das dezenas de jogos entre Bauru e Noroeste, pode ser destacado um pela Segunda Divisão (atual A-2) do estado, em 1950, vencido pelo Bauru por 1 a 0. A partida ocorreu nos mesmos dia e hora do Maracanaço. E as coincidências não param por aí: o gol do BAC foi marcado, praticamente, ao mesmo tempo em que Ghiggia virava a partida para o Uruguai no Maracanã. Os baqueanos presentes ao estádio Antônio Garcia que ouviam a virada uruguaia pelo rádio se dividiam entre a alegria e a tristeza, enquanto os noroestinos lamentavam duplamente.[7]

Além do embate histórico de 1950, também merecem menção as duas partidas pela primeira fase da Segunda Divisão de 1953, ambas vencidas pelo alvirrubro: 3 a 1, de virada, no primeiro turno da competição, e 4 a 3, em pleno campo do BAC, no segundo turno. Ao final dessa fase, o Noroeste se classificou em primeiro do grupo, com 15 pontos, enquanto o Bauru terminou com apenas 1 ponto, na última colocação da chave. Posteriormente, o Norusca acabou conquistando o título do certame e o acesso para a elite pela primeira vez. Esse foi o último ano em que os rivais bauruenses estiveram na mesma divisão do Paulistão.

Em setembro de 1970, Bauru viu seu derradeiro dérbi, com um BAC já em baixa perdendo por 3 a 0 para o Noroeste em amistoso comemorativo aos 60 anos do rival.[5] Nesse mesmo mês, o time alvirrubro, tal qual em 1953, conquistou o título da Segunda Divisão (feito ainda repetido em 1984).

Outros esportes

[editar | editar código-fonte]

Depois do futebol, o vôlei foi o esporte mais tradicional no BAC. Foram inúmeras disputas em Jogos Regionais e em Jogos Abertos, tanto no masculino quanto no feminino, ao longo de décadas. O ápice, no entanto, veio com as mulheres, no final da década de 90. Com o nome de BAC/Preve, a equipe feminina debutou na Divisão Especial do Campeonato Paulista em 1999,[8] terminando o torneio na sétima colocação.[9] No Campeonato Paulista de 2000, sob a denominação BAC/Preve/Jopema, o time alcançou os playoffs, mas parou nas quartas de final, ao ser derrotado por 2 a 0 na série melhor de três pelo São Caetano.[10] Na classificação final, o BAC ficou com o sexto lugar.[11] Nos anos seguintes, o Bauru não disputou o Campeonato Paulista, mas permaneceu em atividade disputando o Campeonato da Associação Pró-Voleibol (APV), Jogos Regionais e Abertos, além do Campeonato Paulista da Primeira Divisão (considerado o torneio de acesso à elite),[12] competição em que foi pentacampeão.[13] Apesar de ter ganhado cinco vezes a divisão de acesso, o BAC disputou a elite em apenas duas oportunidades, por não conseguir reunir recursos financeiros que permitissem à equipe bater de frente com os principais times do estado de São Paulo. O voleibol no clube foi perdendo força após a morte do presidente Pedro Macéa, até o departamento acabar sendo desativado.

Referências

  1. a b c Bauru, Por Carlos Augusto Ferrari; SP. «Em Bauru, clube onde Pelé deu seus primeiros chutes virou supermercado». globoesporte.com. Consultado em 22 de abril de 2019 
  2. a b «De Luzitana a BAC». Issuu (em inglês). Consultado em 22 de abril de 2019 
  3. a b «BAC chega aos 100 anos com dez sócios». jcnet.com.br. 28 de abril de 2019. Consultado em 28 de abril de 2019 
  4. «Primeiros Tempos da Nossa Bauru» (PDF) 
  5. a b «O Baqueano». Issuu (em inglês). Consultado em 21 de abril de 2019 
  6. SIMONETTI, Paulo Sérgio (2014). Noroeste - 104 anos de um teimoso. [S.l.]: Idea 
  7. «BAC, o time que sorria quando a nação chorava - Jornal da Cidade». jcnet.com.br. Consultado em 20 de abril de 2019 
  8. «Vôlei - Jornal da Cidade». jcnet.com.br. Consultado em 20 de abril de 2019 
  9. «CAMPEONATO PAULISTA 1999 - DIVISÃO ESPECIAL - FEMININO» 
  10. «Vôlei - Jornal da Cidade». jcnet.com.br. Consultado em 20 de abril de 2019 
  11. «CAMPEONATO PAULISTA 2000 - DIVISÃO ESPECIAL - FEMININO» 
  12. «BAC/Sistema conquista título da APV - Jornal da Cidade». jcnet.com.br. Consultado em 20 de abril de 2019 
  13. «Vôlei: BAC é campeão da Primeira Divisão - Jornal da Cidade». jcnet.com.br. Consultado em 21 de abril de 2019