Estação Bauru

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Estação de Bauru (NOB)
Estação Bauru
Administração
Linha Linha Tronco (Estrada de Ferro Noroeste do Brasil)
Informações históricas
Inauguração 27 de setembro de 1906
Fechamento
  • janeiro de 1993 (RFFSA)
  • 14 de março de 2001 (Ferroban)
Reconstrução 1 de setembro de 1939


Estação Bauru (NOB)
Estação Bauru
Fachada da estação, 2013.
Estilo dominante Art déco
Construção 1935-1939
Património nacional
Classificação
Data 1999 (Codepac) [2]
Geografia
País Brasil
Cidade Bauru
Coordenadas 22° 19' 25" S 49° 04' 43" O

A Estação de Bauru (NOB) é o ponto inicial da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil (NOB). Aberta em 1906, era composta por um simples prédio de madeira anexo à Estação de Bauru da Estrada de Ferro Sorocabana. Com o crescimento do tráfego, o prédio de madeira foi sendo ampliado provisoriamente até a construção de uma estação definitiva, aberta em 1939. Os últimos trens de passageiros de longo percurso partiram da estação em 2001, após as concessões da malha ferroviária da Rede Ferroviária Federal (RFFSA) e da Ferrovia Paulista S/A (FEPASA). Em 2006, foi transferida para a prefeitura de Bauru, que a administra desde então.[3][4]

História[editar | editar código-fonte]

Primeira estação (1906-1938)[editar | editar código-fonte]

Primeira estação Bauru da Noroeste, sem data.

Em 1904 foi criada a Companhia Estrada de Ferro Noroeste do Brasil. Composta por capitais belgas, franceses e brasileiros, tinha o objetivo de ligar Bauru a cidade de Cuiabá. As obras da ferrovia foram iniciadas em novembro de 1904[5], partindo da estação Bauru da Estrada de Ferro Sorocabana, concluída em julho de 1905.[6][7] Nos arredores da estação da Sorocabana foi erguida a estação Bauru da Noroeste. Composta por um edifício de madeira foi aberta com a inauguração da ferrovia, em 27 de setembro de 1906.[8][9] Ainda assim, a operação da Noroeste ainda utilizou por algum tempo a estação da Sorocabana como ponto de embarque. A primeira estação da Noroeste foi ficando menor diante do crescimento de embarque de passageiros. Com a chegada dos trilhos da Companhia Paulista em 1910, Bauru se consolidou como um importante entroncamento ferroviário paulista.[10]

Com o projeto de uma nova estação desenvolvido à partir da década de 1930, a estação de madeira viveu seus anos finais. No final das obras da nova estação, em 1938, foi demolida enquanto os passageiros utilizaram plataformas provisórias até a inauguração da nova estação.[4]

Segunda estação (1939-)[editar | editar código-fonte]

Por volta de 1938

No final da década de 1910 a situação da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil era precária. A via férrea se encontrava em más condições, as estações eram de madeira, provisórias e com estrutura apodrecida, funcionários mal pagos, etc. O novo ministro de Viação e Obras Públicas José Pires do Rio nomeou o engenheiro Arlindo Luz (1871-1959) para dirigir a Noroeste e recuperar a ferrovia. Com a posse do engenheiro Luz, a sede administrativa da ferrovia foi transferida do Rio de Janeiro para Bauru. A falta de espaços adequados para abrigar os escritórios da empresa fez o engenheiro Luz patrocinar o projeto de uma nova e imensa estação ferroviária, capaz de abrigar as três ferrovias que se cruzavam em Bauru (Noroeste, Sorocabana e Paulista). Concluído em 1921, o projeto acabou engavetado por conta da falta de recursos e o tumultuado momento político da década de 1920, com o governo federal lutando contra as revoltas tenentistas.[11]

O projeto de uma nova estação para a Noroeste foi retomado apenas na década seguinte. Em 1933 o governo de São Paulo propôs o arrendamento da Noroeste e a construção de uma nova estação pela Sorocabana para abrigar as três ferrovias.[12] A proposta acabou arquivada, mas o projeto da nova estação da Noroeste continuou em pauta até ser aprovado pelo Ministério de Viação e Obras Públicas em julho de 1934. [13] O ministério desejou tocar as obras com auxílio financeiro das outras duas ferrovias beneficiadas pelo projeto (Sorocabana e Paulista).[14] Para construir a estação e realizar demais obras de modernização na Noroeste, o governo do estado de São Paulo e a Companhia Paulista de Estradas de Ferro constituíram em 18 de agosto de 1934 a Sociedade Melhoramentos da E.F. Noroeste do Brasil Limitada. A Estrada de Ferro Noroeste do Brasil ficou responsável pela fiscalização dos serviços.[15]

As obras foram iniciadas pela Sociedade Melhoramentos em 5 de dezembro de 1935, sendo que em junho de 1936 toda a estrutura da estação encontrava-se praticamente concluída.[16] Apesar da obra da estação ter sido rápida, a remodelação e ampliação do pátio ferroviário seguiram de forma lenta. Em 1939 ainda haviam terrenos sendo desapropriados para a construção do pátio.[17]

A nova estação foi inaugurada em 1 de setembro de 1939.[18] No entanto, a Sociedade Melhoramentos concluiu as obras complementares apenas em 1942.[19] As obras custaram 5.870:509$870 réis.[20] No térreo do edifício funcionavam os serviços de bilheteria, despacho de bagagens e salas técnicas da Noroeste, Paulista e Sorocabana e nos 1º e 2º andares se encontravam os escritórios de administração da Noroeste. Em 1959 a estação recebia 28 trens diários, sendo 16 da Cia. Paulista, 8 da Noroeste (recém incorporada à Rede Ferroviária Federal) e 4 da Sorocabana. Somente em 1971 que a Sorocabana e Paulista (posteriormente Fepasa) anunciaram um acordo de unificação de serviços de bilheteria, despacho de bagagens e salas técnicas. Dessa forma, funcionários da Noroeste ficaram encarregados desses serviços, inclusive para os trens da Cia. Paulista e da Sorocabana, liberando os funcionários destas para outras estações.[21][22]

Em 1976 os últimos serviços de trens de passageiros da extinta Sorocabana (incorporada pela Fepasa) foram extintos.[23] No início da década de 1990 o trem Bauru-Corumbá possuía apenas 2 partidas semanais. Com a queda de passageiros, a Rede Ferroviária Federal desativou o trem em janeiro de 1993, de forma que apenas os trens de passageiros da Fepasa prestavam serviços na estação de Bauru.[24][25]

Os últimos trens de passageiros foram desativados pela concessionária Ferroban (sucessora da Fepasa) em 14 de março de 2001.[26]

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Referências

  1. «Estação Ferroviária de Bauru é tema de consulta pública». G1 Bauru e Marília. 10 de novembro de 2015. Consultado em 6 de fevereiro de 2020 
  2. «Estação Central Noroeste do Brasil». Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Bauru. Consultado em 6 de fevereiro de 2020 
  3. Archimedes Raia (janeiro de 2008). «Bauru e o ocaso de uma era ferroviária». Vitruvius, edição 090.02- ISSN 1982-9922. Consultado em 6 de fevereiro de 2020 
  4. a b Ralph Mennucci Giesbrecht (2001). «Bauru (NOB)». Estações ferroviárias do Brasil. Consultado em 6 de fevereiro de 2020 
  5. «Estrada Noroeste do Brasil». Correio Paulistano, edição 14827, página 1/ republicado pela Biblioteca Nacional-Hemeroteca Digital Brasileira. 20 de novembro de 1904. Consultado em 6 de fevereiro de 2020 
  6. Ralph Mennucci Giesbrecht (2001). «Bauru (Sorocabana)». Estações ferroviárias do Brasil. Consultado em 6 de fevereiro de 2020 
  7. Guia Geral das Estradas de Ferro (1960). «Estações ferroviárias do Ramal de Bauru». Centro Oeste. Consultado em 6 de fevereiro de 2020 
  8. «A "Noroeste do Brasil"». Correio Paulistano, edição 15487, página 1/ republicado pela Biblioteca Nacional-Hemeroteca Digital Brasileira. 29 de setembro de 1906. Consultado em 6 de fevereiro de 2020 
  9. Guia Geral das Estradas de Ferro (1960). «Estações ferroviárias do Ramal de Jaú». Centro Oeste 
  10. Ralph Mennucci Giesbrecht (2001). «Bauru (Paulista)». Estações ferroviárias do Brasil. Consultado em 6 de fevereiro de 2020 
  11. Fabio Paride Pallotta (julho de 2014). «Estações ferroviárias em Bauru (1917-1939): o ecletismo e o art deco, marcas da república velha e da era de Vargas no interior do estado de São Paulo». Revista de Arqueologia Pública, nº 9-Laboratório de Arqueologia Pública/Núcleo de Estudos e Pesquisas Ambientais- Universidade Estadual de Campinas. Consultado em 6 de fevereiro de 2020 
  12. «A Noroeste do Brasil: em que condições o governo de São Paulo quer arrendá-la». Correio da Manhã, ano XXXII, edição 11723, página 2/republicado pela Biblioteca Nacional-Hemeroteca Digital Brasileira. 21 de fevereiro de 1933. Consultado em 6 de fevereiro de 2020 
  13. «Atos do chefe do governo provisório:Na pasta da Viação». Correio da Manhã, ano XXXIV, edição 12146, página 9/ republicado pela Biblioteca Nacional-Hemeroteca Digital Brasileira. 1 de julho de 1934. Consultado em 6 de fevereiro de 2020 
  14. «Atos do chefe do governo provisório:Na pasta da Viação». Correio da Manhã, ano XXXIV, edição 12159, página 7/republicado pela Biblioteca Nacional-Hemeroteca Digital Brasileira. 17 de julho de 1934. Consultado em 6 de fevereiro de 2020 
  15. «Contrato da Sociedade Melhoramentos da E.F. Noroeste do Brasil Limitada». Revista das Estradas de Ferro, Ano XII, edição 241, páginas 931-933/republicado pela Biblioteca Nacional-Hemeroteca Digital Brasileira. 30 de julho de 1935. Consultado em 8 de fevereiro de 2020 
  16. O Ferroviário (órgão da Frente dos Ferroviários de S.Paulo), ano I, número 34 (27 de novembro de 1937). «A nova estação de Bauru». Correio Paulistano, ano LXXXIV, edição 25066, página 6/ republicado pela Biblioteca Nacional-Hemeroteca Digital Brasileira. Consultado em 6 de fevereiro de 2020 
  17. «Ontem, no Rio». Correio Paulistano, ano LXXXV, edição 25549, página 12/republicado pela Biblioteca Nacional-Hemeroteca Digital Brasileira. 21 de junho de 1939. Consultado em 6 de fevereiro de 2020 
  18. Antonio Augusto Gorni (1 de setembro de 2002). «The Road». Photo Album of the Brazilian Railroads. Consultado em 8 de fevereiro de 2020 
  19. Companhia Paulista de Estradas de Ferro (15 de maio de 1943). «Sociedade Melhoramentos da E.F. Noroeste do Brasil Limitada». Relatório Anual para 1942-publicado na Revista das Estradas de Ferro, ano XX, edição 426, página 3515/republicado pela Biblioteca Nacional-Hemeroteca Digital Brasileira. Consultado em 8 de fevereiro de 2020 
  20. Rede Ferroviária Federal (30 de setembro de 1975). «Cuiabá:Uma história ferroviária- 10ª D.O da RFFSA-NOB». O Estado de Mato Grosso, ano XXXVII, edição 7185, página 12/republicado pela Biblioteca Nacional-Hemeroteca Digital Brasileira. Consultado em 10 de fevereiro de 2020 
  21. Antonio Augusto Gorni (1 de setembro de 2002). «The road II». Photo Album of the Brazilian Railroads. Consultado em 8 de fevereiro de 2020 
  22. «Unificados os serviços da EFS e NOB em Bauru». Folha de S.Paulo, ano LI, edição 15355, página 14. 1 de julho de 1971. Consultado em 8 de fevereiro de 2020 
  23. Ralph Mennucci Giesbrecht. «Trem do Ramal de Bauru (EFS)». Estações ferroviárias do Brasil. Consultado em 10 de fevereiro de 2020 
  24. Jorge Antônio Barros (6 de setembro de 1992). «Trem pantaneiro está com os dias contados». Jornal do Brasil, ano CII, edição 151, página 13/republicado pela Biblioteca Nacional-Hemeroteca Digital Brasileira. Consultado em 10 de fevereiro de 2020 
  25. Luiz Malavolta (6 de maio de 1996). «RFFSA desativa em junho trem de passageiros no MS». Folha Online. Consultado em 10 de fevereiro de 2020 
  26. Ralph Mennucci Giesbrecht. «Bauru Nororeste». Estações ferroviárias do Brasil. Consultado em 10 de fevereiro de 2020