Saltar para o conteúdo

Veja

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
 Nota: Para outros significados, veja Veja (desambiguação).
Veja
Capa380.jpg
Capa da edição de 3 de agosto de 2011
Slogan Veja, indispensável para o país que queremos ser
Editor Eurípedes Alcântara
Categoria Notícias
Frequência Semanal
Formato 20,2 x 26,6 cm[1]
Circulação Total: 1.088.134[2]
Editora Editora Abril
Fundação 11 de setembro de 1968
Primeira edição 11 de setembro de 1968 (55 anos)
País  Brasil
Idioma português
veja.com.br

Veja é uma revista semanal brasileira, publicada pela Editora Abril. Foi criada em 1968, pelos jornalistas Victor Civita e Mino Carta. Com uma tiragem superior a um milhão de exemplares, é a revista de maior circulação no Brasil.

A revista trata de temas do cotidiano da sociedade brasileira e do mundo, como política, economia, cultura e comportamento; tecnologia, ecologia e religião por vezes também são abordados. Possui seções fixas de cinema, literatura, música, entre outras variedades. Seus textos são elaborados em sua maior parte por jornalistas, porém nem todas as seções são assinadas. A revista publica eventualmente edições que tratam de assuntos regionais como Veja São Paulo, Veja Rio ou Veja BH.

A Veja é entregue aos assinantes aos sábados e nas bancas aos domingos, mas traz a data das quartas-feiras.

Veja tem tiragem atualmente de 1.218.400 de exemplares, sendo que vende 1.088.134 distribuídos em 926.880 assinaturas e 161.254 revistas compradas em bancas, supermercados, etc.[2]

História

Em 11 de setembro de 1968, foi lançada a primeira edição da revista. Tendo como manchete de capa "O Grande Duelo no Mundo Comunista", trazia entre outros os seguintes artigos: "Rebelião na Galáxia Vermelha", "A Romênia Quer Resistir", "Checos Têm Esperancas". Em sua página 20, no editorial, trazia publicado: "VEJA quer ser a grande revista semanal de informação de todos os brasileiros".[3]

Em dezembro de 1975, a revista publicou reportagem afirmando que cientistas haviam conseguido obter slides inéditos de Nessie, o monstro do lago Ness, suficientemente claras para identificar a suposta criatura como um plesiossauro, extinto há 70 milhões de anos. Veja dedicou seis reportagens ao monstro, citando supostas evidências científicas de sua existência em cinco delas. Na última reportagem, admitiu que o monstro era uma fraude.[4]

Em abril de 1983, a revista publicou, em sua seção de ciência, uma reportagem afirmando que pesquisadores alemães, da cidade de Hamburgo, haviam criado um processo inédito que permitia a fusão de células animais e vegetais, culminando com um produto híbrido de carne bovina e tomate, capaz de crescer em árvores e apelidado de "boimate". A reportagem se baseou em informações de teor humorístico do periódico britânico New Science, sem perceber que se tratava de uma brincadeira de 1º de abril.Erro de citação: Parâmetro inválido na etiqueta <ref> O jornal O Estado de S. Paulo desmentiu as afirmações da publicação em 26 de junho daquele ano[5]. A revista publicaria uma nota no mês seguinte[6], desmentindo a matéria original, corrigindo o equívoco e pedindo desculpas aos leitores.

Em 25 de abril de 1992, a revista publicou uma entrevista exclusiva com Pedro Collor de Mello (irmão do então presidente Fernando Collor de Mello), em que o entrevistado denunciava irregularidades de desvio de dinheiro público em uma suposta parceria com Paulo César Farias. Essa entrevista desencadeou uma série de novas denúncias e investigações culminando com o impeachment e a renúncia do presidente da República.

Em 14 de maio de 2005, reportagem da revista teve papel relevante na eclosão de outra crise política de grandes proporções, quando divulgou a transcrição de um vídeo em que se flagrava, com uma câmera escondida, o então funcionário dos Correios Maurício Marinho explicando a dois empresários como funcionaria um esquema de pagamentos de propina para fraudar licitações. Tal esquema envolveria o deputado Roberto Jefferson, e sua denúncia serviu de ignitor para que este deputado deflagrasse o chamado escândalo do mensalão.

No segundo semestre de 2005, por ocasião do referendo sobre a proibição da comercialização de armas de fogo e munições, a revista publicou a reportagem Referendo da fumaça, em que apresentava a seus leitores sete "razões" pelas quais deveriam votar "não" à pergunta "o comércio de armas de fogo e munição deve ser proibido no Brasil?". Veja justificou a sua opção afirmando que a consulta popular pretendia "desarmar a população e fortalecer o contrabando de armas e o arsenal dos bandidos".[7] A jornalista Barbara Gancia, colunista da Folha de S. Paulo, criticou abertamente a posição da revista, afirmando que o argumento da reportagem de que o desarmamento é um dos pilares do totalitarismo "não só tenta vincular de forma sub-reptícia a campanha pelo desarmamento à agenda do PT [...] como ecoa a ladainha alarmista da direita truculenta." Gancia também acusou a revista, na mesma ocasião, de possuir interesses não declarados na defesa pelo "não", questionando "por que a revista não nos contou que a empresa à qual pertence paga aluguel de cerca R$ 1 milhão à família Birmann, da construtora homônima, que vem a ser proprietária do prédio que serve de sede da Editora Abril e também, veja só, da CBC, a Companhia Brasileira de Cartuchos?".[8]

Em maio de 2006, o grupo Abril, mantenedor da revista, anunciou a sociedade com o Naspers, grupo de comunicações sul-africano já vinculado no passado ao Partido Nacional, agremiação política ultra-conservadora sul-africana, de ideologia nacionalista africânder que instaurou o regime do apartheid.[9] O grupo africano passou a deter 30% do capital da Abril, incluindo a compra dos 13,8% que pertenciam aos fundos de investimento administrados pela Capital International, desde julho de 2004.[10]

Em 2009, a revista Veja liberou o acesso a informação de todas as suas edições, agora digitalizadas, em um projeto realizado com a parceria do Bradesco.[11] Em setembro de 2010 a revista publicou uma reportagem que denunciava a ministra-chefe da casa Civil, Erenice Guerra, por agir em conjunto com sua família num esquema torpe de tráfico de influência, sendo que Erenice era o braço direito de Dilma Rousseff quando esta era ministra da Casa Civil.

Em abril de 2012, a revista Carta Capital publicou matéria, baseada em informações da Polícia Federal, afirmando que Policarpo Júnior, diretor da sucursal de Veja em Brasília, manteve mais de 200 ligações telefônicas com o bicheiro Carlinhos Cachoeira, então preso sob a acusação de envolvimento com o crime organizado. Em um dos grampos captados pela Polícia Federal, Carlinhos Cachoeira, em conversa com o araponga Jairo Martins, responsável por filmar um pagamento de propina que culminou no escândalo do mensalão, afirma ter repassado à revista Veja todos "os grandes furos do Policarpo". Segundo Carta Capital, "a relação, se exposta em toda sua extensão, poderá trazer à tona não somente os métodos pouco jornalísticos usados pela semanal da Abril para fazer reportagens a partir de um esquema clandestino de arapongagem, mas a participação da revista na construção do escândalo do mensalão."[12] Conforme o portal Rede Brasil Atual, o deputado federal pernambucano Fernando Ferro, do Partido dos Trabalhadores, acusou Veja de tentar abafar a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar a conexão entre Carlinhos Cachoeira, políticos, empresários e jornalistas. Ferro também acusou Veja de associação com o crime organizado e afirmou que deseja convocar Roberto Civita, presidente do Grupo Abril, para prestar esclarecimentos sobre as conexões entre a revista e Carlinhos Cachoeira.[13]

Críticas e controvérsias

A revista se posiciona muitas vezes alinhada com alguns setores conservadores da direita política brasileira, o que a faz alvo de críticas por jornalistas como Luis Nassif em seção especial de seu blog[14] e o próprio Mino Carta, em diversas edições de sua revista, CartaCapital , com tiragem menor do que a Veja, de 65 mil exemplares [15] [16] [17] [18] [19] [20]. Ambos travam disputas judiciais com a revista e seus colunistas (em especial, Diogo Mainardi) em relação às acusações feitas por ambas as partes.

Em agosto de 2010, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) concedeu ao Partido dos Trabalhadores (PT) direito de resposta a ser veiculado pela Veja. A decisão do TSE se deve à publicação da reportagem "Indio acertou no Alvo", sobre as declarações do deputado Índio da Costa acerca das supostas ligações entre o PT e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC} e o narcotráfico.[21] Sobre a concessão do direito de resposta, o ministro Hamilton Carvalhido afirmou que "há uma linha tênue que separa o legítimo direito de exercer a liberdade de imprensa e seus abusos".[22]

A medida foi criticada por juristas como Miguel Reale Júnior (ex-ministro da Justiça de Fernando Henrique Cardoso), Ives Gandra Martins (um dos primeiros brasileiros a ingressar na Opus Dei), Paulo Brossard (ligado ao ex-presidente José Sarney), Oscar Vilhena Vieira e Carlos Velloso (indicado ao STF pelo ex-presidente Fernando Collor). Para Reale Júnior, "dizer a verdade não constitui crime se a intenção não é ofender mas narrar um fato - mesmo que esse fato venha em desfavor do prestígio social de uma entidade, como um partido político", enquanto para Ives Gandra a revista teria expressado sua opinião, "um direito seu", e teria feito "a análise de um fato, o que é legítimo dentro dos princípios da liberdade de imprensa." Para Brossard "os fatos publicados são de notoriedade incontroversa", "fatos públicos e graves" que teriam sido "noticiado fartamente"; já Vilhena Vieira afirmou que o caso "confirma uma tendência de restrição ao direito à informação e à liberdade de expressão no Brasil", e que Veja "tinha o direito de publicar a reportagem".[23]

Para os três ministros que se opuseram ao direito de resposta, a matéria seria "essencialmente jornalística" e sua concessão do direito de resposta estaria em conflito com a liberdade de impresa e de expressão.[23]

Já para a maioria dos ministros do TSE, a revista não se limitou a reportar os fatos, mas reforçou o argumento do deputado, julgado como ofensivo ao partido pelo próprio tribunal. Para Arnaldo Versiani, a reportagem, mais do que apenas reportar os fatos, enunciava juízos de valor.[24] Ricardo Lewandowski, presidente do tribunal, afirmou que na reportagem "a revista entremeia fatos com insinuações.".[22]

Na madrugada do dia 25 de setembro de 2010, a Polícia Federal teve de ser acionada para garantir a distribuição de oito mil exemplares da revista (com a capa A Liberdade sob Ataque, datada de 29 de setembro de 2010) no estado do Tocantins.[25][26][27][28]

A revista também já foi alvo de tentativas de processos judiciais por partidos PCdoB[29][30][31] e PT[32][33][34] e também por diversos políticos; entre eles, Erenice Guerra,[35][36] Luciana Genro,[37][38] José Genoino,[39][40] Roberto Marques,[41][42][43] Orestes Quércia,[44][45][46] Yeda Crusius,[47] Luiz Marinho,[48][49][50] Vicentinho,[51][52][53][54] Renan Calheiros[55][56] e Luiz Gushiken.[57]

CPMI do Cachoeira

Em 2012, a revista foi acusada pela Rede Record, em uma reportagem de quinze minutos de duração, de agir a mando do contraventor Carlinhos Cachoeira.[58] Após a instalação da CPMI do Cachoeira, o PT divulgou um documento em que cobra a fixação de um marco regulatório para os meios de comunicação. De acordo com a Folha de São Paulo, o texto divulgado pelo partido diz que após o escândalo envolvendo Cachoeira e Demóstenes, ficou claro a associação de um setor da mídia com organizações criminosas.[59] A opinião do partido contrasta com discurso da presidente Dilma Rousseff. No dia 12 de abril, em cerimônia do Minha Casa, Minha Vida, ela defendeu a liberdade de imprensa. “Somos um país que convive com a liberdade de imprensa, somos um país que convive com a multiplicidade de opiniões, somos um país que convive com a crítica.[59]

Em seguida, houve troca de acusações entre políticos e jornalistas. Enquanto governistas argumentaram que Roberto Civita (a Veja) cometeu crimes à privacidade iguais aos cometidos por Rupert Murdoch (que controlava os jornais The Sun e News of the World), em 8 de maio de 2012, o colunista Ricardo Noblat publicou no jornal O Globo o editorial Roberto Civita não é Rupert Murdoch, defendendo que Civita é inocente. Diversos jornais passaram a publicar editoriais sobre a polêmica, entre eles a própria revista Veja.[60]

Colunistas

Slogans

  • VEJA, indispensável para o país que queremos ser. (2009)
  • Quem lê Veja entende os dois lados. (2004)
  • Indispensável. (1998)
  • Os olhos do Brasil.
  • A revista mais lida e comentada do Brasil.

Ver também

Wikiquote
Wikiquote
O Wikiquote possui citações de ou sobre: Revista Veja

Referências

  1. «Tipos de Encartes». Site Oficial da Revista. Consultado em 9 de junho de 2010 
  2. a b Tabela Geral de Circulação.
  3. «O Grande Duelo no Mundo Comunista». Veja (1). 11 de setembro de 1968. Consultado em 25 de junho de 2011 
  4. «A capa caiu». Veja. Consultado em 7 de julho de 2010 
  5. «A nova fronteira científica do boimate». JusBrasil. Consultado em 7 de julho de 2010 
  6. «Correção». Editora Abril. Veja (774). 12 páginas. 6 de julho de 1983 
  7. Referendo da fumaça, Veja, 5 de outubro de 2005.
  8. [https://acesso.uol.com.br/login.html?dest=CONTENT&url=http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff1410200504.htm&COD_PRODUTO=7 Deu a louca na revista "Veja"?, Folha de S. Paulo, 14 de outubro de 2005.
  9. Naspers journalistas apologise for Apartheid
  10. Revista Veja, 5 de setembro de 2006, "O Grupo Abril, que edita VEJA, tem desde a sexta-feira passada um novo sócio, o grupo sul-africano Naspers, em Observatório da Imprensa, 10 de setembro de 2006
  11. Acervo Digital da Revista VEJA
  12. FORTES, Leandro. O Brasil de Cachoeira. Carta Capital. São Paulo: Confiança. Ano XVII, nº. 693, 18 de abril de 2012.
  13. «Para deputado, revista Veja é "o crime organizado fazendo jornalismo"». Rede Brasil Atual. Consultado em 18 de abril de 2012 
  14. O Caso Veja, de Luis Nassif
  15. «Canal da Imprensa». Consultado em 24 de Março de 2012 
  16. A escalada do muro, por Mino Carta
  17. Enfim, quem é radical?
  18. Não é preciso combater à sombra.
  19. Patética mídia nativa, por Mino Carta
  20. Mino Carta: "Hoje (a Veja) é um desastre total. É um bando de facínoras."
  21. PT e Farc: até os EUA duvidaram de denúncia da Veja, acessado em 28 de agosto de 2011
  22. a b TSE concede ao PT direito de resposta na Revista Veja, O Globo, 2 de agosto de 2010.
  23. a b "A Resposta do Direito", Veja, 11 de agosto de 2010, ed. 2117, p. 81-82, disp. online em [1].
  24. http://noticias.terra.com.br/eleicoes/2010/noticias/0,,OI4600983-EI15315,00.html], do Portal Terra
  25. Polícia Militar tenta impedir circulação da revista ‘Veja’, com vídeo
  26. Policia Militar do Tocantins tenta impedir circulação da Veja – Policia Federal é acionada para garantir a circulação da revista
  27. A imprensa na mira do faroeste no Tocantins
  28. PM tenta impedir circulação da revista Veja no Tocantins
  29. Protocoladas ações do PCdoB contra revistas Época e Veja
  30. As ações do PCdoB contra Veja e Época, Minuto Notícias
  31. As ações do PCdoB contra Veja e Época
  32. PT processa editora Abril por reportagens de "Veja"
  33. PT processa Veja em valor ainda não calculado
  34. PT diz que vai processar 'Estado', 'Veja' e promotor
  35. Erenice anuncia processo contra a Veja
  36. Ex-ministra da Casa Civil desiste de processo contra Revista Veja
  37. Luciana Genro irá processar revista Veja por reportagem mentirosa
  38. Luciana Genro irá processar revista Veja por reportagem mentirosa
  39. Revista Veja não tem de indenizar José Genoino
  40. Justiça nega pedido de Genoíno - Sentença reconhece que genuína atividade jornalística não dá ensejo à indenização
  41. Bob Marques, amigo de Dirceu, perde ação contra Veja
  42. Ação indenizatória - Roberto Marques, com o processo na íntegra
  43. Amigo de José Dirceu perde ação contra Veja
  44. Improcedência de ação movida por Orestes Quércia contra a Editora Abril
  45. Improcedência de ação movida por Orestes Quércia contra a Editora Abril
  46. Justiça nega pedido de indenização de Orestes Quércia à revista Veja
  47. Yeda decide processar VEJA por danos morais
  48. TJ/DF - Revista Veja é condenada a pagar R$ 50 mil de indenização a ex-presidente da CUT
  49. Editora Abril é condenada por danos morais a Luiz Marinho
  50. Editora Abril é condenada a indenizar Luiz Marinho, ex-presidente da CUT
  51. Vicentinho ganha direito de resposta na revista Veja
  52. Vicentinho ganha processo contra Veja, ABCD Maior
  53. Vicentinho ganha direito de resposta na revista Veja, Petista também entrou com ação por danos morais contra a publicação
  54. Vicentinho derrota Veja na Justiça
  55. Renan Calheiros perde processo contra revista Veja, Jurídico em Tela
  56. Processo na íntegra
  57. Gushiken fracassa em novo processo contra a Veja
  58. Reportagem da Record sobre a revista Veja, com vídeo, na íntegra
  59. a b Cachoeira e Veja: Após caso Demóstenes, PT pede urgência em controle da mídia
  60. A tentativa de intimidar o jornalismo. Leia editorial do jornal “O Globo”

Ligações externas

Predefinição:Publicações da Editora Abril