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O '''tório''' (homenagem ao deus escandinavo do trovão [[Thor]]) é um [[tabela periódica|elemento químico]] de símbolo '''Th''' e de [[número atômico]] igual a 90 (90 [[próton]]s e 90 [[elétron]]s), com [[massa atómica]] aproximada de 232,0 [[Unidade de massa atómica|u]]. À temperatura ambiente, encontra-se no [[Sólido|estado sólido]]. Foi descoberto em [[1828]] por [[Jöns Jacob Berzelius]].
'''Tório''' é um [[tabela periódica|elemento químico]] de símbolo '''Th''' e de [[número atômico]] igual a 90 (90 [[próton]]s e 90 [[elétron]]s), com [[massa atómica]] aproximada de 232,0 [[Unidade de massa atómica|u]]. À [[temperatura ambiente]], encontra-se no [[Sólido|estado sólido]]. Foi descoberto em [[1828]] por [[Jöns Jacob Berzelius]]. Recebeu este nome homenagem a [[Thor]], deus [[escandinavo]] do trovão da antiga [[religião nórdica]].


== Características principais ==
== Características principais ==

O tório é um [[metal]] natural, ligeiramente [[radioatividade|radioativo]]. Quando puro, o tório é um metal branco prateado que mantém o seu brilho por diversos meses. Entretanto, em presença do [[atmosfera|ar]], escurece lentamente tornando-se cinza ou, eventualmente, preto. O [[óxido]] de tório (ThO<sub>2</sub>), também chamado de "tória", apresenta um dos [[ponto de ebulição|pontos de ebulição]] mais elevados (3300&nbsp;°C) de todos os óxidos. Quando aquecido no ar, o metal de tório inflama-se e queima produzindo uma luz branca brilhante. O tório extraído da [[Torita]].
O tório é um [[metal]] natural, ligeiramente [[radioatividade|radioativo]]. Quando puro, o tório é um metal branco prateado que mantém o seu brilho por diversos meses. Entretanto, em presença do [[atmosfera|ar]], escurece lentamente tornando-se cinza ou, eventualmente, preto. O [[óxido]] de tório (ThO<sub>2</sub>), também chamado de "tória", apresenta um dos [[ponto de ebulição|pontos de ebulição]] mais elevados (3300&nbsp;°C) de todos os óxidos. Quando aquecido no ar, o metal de tório inflama-se e queima produzindo uma luz branca brilhante. O tório extraído da [[Torita]].


== Aplicações ==
== Aplicações ==

* O tório é uma potencial revolução energética em escala global.<ref>{{citar web|URL=http://www.energyfromthorium.com/|título=Energy from Thorium|autor=|data=|publicado=|acessodata=7 de agosto de 2018}}</ref> Reatores nucleares à base de tório, como o [[indiano]] [[KAMINI]], além de extremamente mais eficientes que os baseados em [[urânio]], produzem consideravelmente menos subprodutos. O rejeito destes reatores também representa menos riscos que o plutônio (rejeito do urânio) por não ser tão útil na fabricação de armas e por sua radiação decair mais rapidamente.<ref>{{Citation|título=3 Reasons Why Nuclear Energy Is Awesome! 3/3|último =Kurzgesagt – In a Nutshell|data=2015-04-01|acessodata=2017-03-06}}</ref>
* O tório é uma potencial revolução energética em escala global.<ref>{{citar web|URL=http://www.energyfromthorium.com/|título=Energy from Thorium|autor=|data=|publicado=|acessodata=7 de agosto de 2018}}</ref> [[Reator de tório|Reatores nucleares à base de tório]], como o [[indiano]] [[KAMINI]], além de extremamente mais eficientes que os baseados em [[urânio]], produzem consideravelmente menos subprodutos. O rejeito destes reatores também representa menos riscos que o [[plutônio]] (rejeito do urânio) por não ser tão útil na fabricação de armas e por sua radiação decair mais rapidamente.<ref>{{Citation|título=3 Reasons Why Nuclear Energy Is Awesome! 3/3|último =Kurzgesagt – In a Nutshell|data=2015-04-01|acessodata=2017-03-06}}</ref>
* Em mantas (camisas) de lampiões a gás. Estas mantas brilham intensamente quando aquecidas numa chama resultante da queima de um gás.

* Como elemento de [[liga metálica|liga]] para aumentar a resistência mecânica e a resistência a elevadas temperaturas do [[magnésio]].
* Em mantas (camisas) de [[Lampião|lampiões]] a gás. Estas mantas brilham intensamente quando aquecidas numa chama resultante da queima de um gás.
* Como elemento de [[liga metálica|liga]] para aumentar a [[resistência mecânica]] e a resistência a elevadas temperaturas do [[magnésio]].
* O tório é usado para revestir fios de [[tungstênio]] usados em equipamentos eletrônicos.
* O tório é usado para revestir fios de [[tungstênio]] usados em equipamentos eletrônicos.
* O tório foi usado em [[eletrodo]]s para soldas [[cerâmica]]s de alta resistência ao calor.
* O tório foi usado em [[eletrodo]]s para soldas [[cerâmica]]s de alta resistência ao calor.
* O óxido de tório é usado para controlar o tamanho das partículas de [[tungstênio]] usados em lâmpadas elétricas.
* O óxido de tório é usado para controlar o tamanho das partículas de [[tungstênio]] usados em [[Lâmpada incandescente|lâmpadas elétricas]].
* O óxido de tório é usado em equipamentos de [[laboratório]] que são submetidos a elevadas temperaturas ( [[cadinho]]s ).
* O óxido de tório é usado em equipamentos de [[laboratório]] que são submetidos a elevadas temperaturas ([[cadinho]]s).
* O óxido de tório adicionado a [[vidro]] produz cristais com alto [[óptica|índice de refração]] e baixa dispersão. Portanto, encontram uso em lentes de alta qualidade em câmeras e instrumentos científicos.
* O óxido de tório adicionado a [[vidro]] produz cristais com alto [[óptica|índice de refração]] e baixa dispersão. Portanto, encontram uso em [[lente]]s de alta qualidade em câmeras e instrumentos científicos.
* O óxido de tório tem sido usado como um [[catalisador]] :
* O óxido de tório tem sido usado como um [[catalisador]] :
** Na conversão de [[amônia]] em [[ácido nítrico]]
:* Na conversão de [[amônia]] em [[ácido nítrico]]
** No craqueamento do [[petróleo]].
:* No craqueamento do [[petróleo]].
** Na produção do [[ácido sulfúrico]]
:* Na produção do [[ácido sulfúrico]]
* Com a datação do método de decaimento [[Urânio]] – Tório em [[Zirconita|zircões]] é possível obter idades de rochas de mais de 500 milhões de anos. Foi com o desenvolvimento deste método na década de [[1950]] que foi datada a idade da Terra em 4,56 bilhões de anos.
* Com a [[Datação radiométrica|datação]] do método de decaimento [[Urânio]] – Tório em [[Zirconita|zircões]] é possível obter idades de rochas de mais de 500 milhões de anos. Foi com o desenvolvimento deste método na década de [[1950]] que foi datada a idade da [[Terra]] em 4,56 bilhões de anos.
* Como material para produzir combustível [[reator nuclear|nuclear]]. O tório-232 bombardeado com [[nêutron]]s produz o fissionável isótopo [[Urânio-233|U-233]].
* Como material para produzir combustível [[reator nuclear|nuclear]]. O tório-232 bombardeado com [[nêutron]]s produz o fissionável [[isótopo]] [[Urânio-233|U-233]].
* O dióxido de tório (ThO<sub>2</sub>) é um componente ativo do [[Thorotrast]], que foi usado no diagnóstico em [[radiografia]]. Este uso foi abandonado devido a natureza [[carcinógena]] do Thorotrast.
* O dióxido de tório (ThO<sub>2</sub>) é um componente ativo do [[Thorotrast]], que foi usado no diagnóstico em [[radiografia]]. Este uso foi abandonado devido a natureza [[carcinógena]] do Thorotrast.


== História ==
== História ==

O tório foi descoberto em [[1828]] pelo [[químico]] [[suécia|sueco]] [[Jöns Jacob Berzelius]] num [[óxido]] que denominou de "tória", nomeado desta forma em honra ao [[mitologia|deus escandinavo]] do trovão [[Thor]]. O metal, denominado de tório, contido na tória, foi isolado por Berzelius, em [[1829]], aquecendo num tubo de vidro [[potássio]] com [[fluoreto]] de tório.
O tório foi descoberto em [[1828]] pelo [[químico]] [[suécia|sueco]] [[Jöns Jacob Berzelius]] num [[óxido]] que denominou de "tória", nomeado desta forma em honra ao [[mitologia|deus escandinavo]] do trovão [[Thor]]. O metal, denominado de tório, contido na tória, foi isolado por Berzelius, em [[1829]], aquecendo num tubo de vidro [[potássio]] com [[fluoreto]] de tório.


O metal não tinha nenhuma aplicação até a invenção da lâmpada de manta, um dispositivo de iluminação, em [[1885]], por [[Auer von Welsbach]]. O nome [[Ionio]] foi usado para um [[isótopo]] do tório no início do estudo da [[radioatividade]]. Com o advento da eletricidade, e devido ao caráter de radioativo do tório, esta aplicação diminuiu bastante. Com a descoberta da radioatividade, o tório passou a ter uma aplicação relevante nesta área devido a invenção da usina nuclear movida a esse elemento na década de 50 que seria mais segura, mais limpa e mais produtiva do que as termonucleares atuais.<ref>{{citar web |url=http://www.telegraph.co.uk/finance/comment/ambroseevans_pritchard/8393984/Safe-nuclear-does-exist-and-China-is-leading-the-way-with-thorium.html|título=Safe nuclear does exist, and China is leading the way with thorium|acessodata=14 de julho de 2014|autor=Ambrose Evans-Pritchard|coautores= |data=20|ano=2011|mes=3|formato=HTML|obra=[[The Daily Telegraph]]|publicado=[[The Daily Telegraph]]|páginas= |língua=en|citação=}}</ref> Apesar disso, o governo americano interrompeu as pesquisas em 1973, porque essas usinas não produziam [[plutônio]] para armas nucleares.<ref>{{citar web |url=http://www.telegraph.co.uk/finance/comment/ambroseevans_pritchard/8393984/Safe-nuclear-does-exist-and-China-is-leading-the-way-with-thorium.html|título=Safe nuclear does exist, and China is leading the way with thorium|acessodata=14 de julho de 2014|autor=Ambrose Evans-Pritchard|coautores= |data=20|ano=2011|mes=3|formato=HTML|obra=[[The Daily Telegraph]]|publicado=[[The Daily Telegraph]]|páginas= |língua=en|citação=}}</ref> Posteriormente os ingleses<ref>{{citar web |url=http://www.popsci.com/technology/article/2011-06/pocket-particle-accelerators-could-bring-safer-nuclear-power-neighborhoods|título=Pocket Particle Accelerators Like This One Could Bring Safer Nuclear Power to Neighborhoods|acessodata=14 de julho de 2014|autor= Rebecca Boyle|coautores= |data=20|ano=2011|mes=3|formato=HTML|obra=Popular Science|publicado=Popular Science|páginas= |língua=en|citação=}}</ref> e chineses retomariam os estudos sobre esta fonte de energia em 2011.<ref>{{citar web |url=http://www.telegraph.co.uk/finance/comment/ambroseevans_pritchard/8393984/Safe-nuclear-does-exist-and-China-is-leading-the-way-with-thorium.html|título=Safe nuclear does exist, and China is leading the way with thorium|acessodata=14 de julho de 2014|autor=Ambrose Evans-Pritchard|coautores= |data=20|ano=2011|mes=3|formato=HTML|obra=[[The Daily Telegraph]]|publicado=[[The Daily Telegraph]]|páginas= |língua=en|citação=}}</ref><ref>{{citar web |url=http://www.wired.com/2011/02/china-thorium-power/|título=China Takes Lead in Race for Clean Nuclear Power|acessodata=14 de julho de 2014|autor=RICHARD MARTIN|coautores= |data=2|ano=2011|mes=1|formato=HTML|obra=[[Wired]]|publicado=[[Wired]]|páginas= |língua=en|citação=}}</ref>
O metal não tinha nenhuma aplicação até a [[invenção]] da lâmpada de manta, um dispositivo de iluminação, em [[1885]], por [[Auer von Welsbach]]. O nome [[Ionio]] foi usado para um [[isótopo]] do tório no início do estudo da [[radioatividade]]. Com o advento da [[eletricidade]], e devido ao caráter de radioativo do tório, esta aplicação diminuiu bastante. Com a descoberta da [[radioatividade]], o tório passou a ter uma aplicação relevante nesta área devido a invenção dos [[Reator de tório|reatores de tório]] na década de 50, que seriam mais seguros, mais limpos e mais produtivos do que as termonucleares atuais.<ref>{{citar web |url=http://www.telegraph.co.uk/finance/comment/ambroseevans_pritchard/8393984/Safe-nuclear-does-exist-and-China-is-leading-the-way-with-thorium.html|título=Safe nuclear does exist, and China is leading the way with thorium|acessodata=14 de julho de 2014|autor=Ambrose Evans-Pritchard|coautores= |data=20|ano=2011|mes=3|formato=HTML|obra=[[The Daily Telegraph]]|publicado=[[The Daily Telegraph]]|páginas= |língua=en|citação=}}</ref> Apesar disso, o governo americano interrompeu as pesquisas em 1973, porque essas usinas não produziam [[plutônio]] para [[Bomba nuclear|armas nucleares]].<ref>{{citar web |url=http://www.telegraph.co.uk/finance/comment/ambroseevans_pritchard/8393984/Safe-nuclear-does-exist-and-China-is-leading-the-way-with-thorium.html|título=Safe nuclear does exist, and China is leading the way with thorium|acessodata=14 de julho de 2014|autor=Ambrose Evans-Pritchard|coautores= |data=20|ano=2011|mes=3|formato=HTML|obra=[[The Daily Telegraph]]|publicado=[[The Daily Telegraph]]|páginas= |língua=en|citação=}}</ref> Posteriormente os ingleses<ref>{{citar web |url=http://www.popsci.com/technology/article/2011-06/pocket-particle-accelerators-could-bring-safer-nuclear-power-neighborhoods|título=Pocket Particle Accelerators Like This One Could Bring Safer Nuclear Power to Neighborhoods|acessodata=14 de julho de 2014|autor= Rebecca Boyle|coautores= |data=20|ano=2011|mes=3|formato=HTML|obra=Popular Science|publicado=Popular Science|páginas= |língua=en|citação=}}</ref> e chineses retomariam os estudos sobre esta fonte de energia em 2011.<ref>{{citar web |url=http://www.telegraph.co.uk/finance/comment/ambroseevans_pritchard/8393984/Safe-nuclear-does-exist-and-China-is-leading-the-way-with-thorium.html|título=Safe nuclear does exist, and China is leading the way with thorium|acessodata=14 de julho de 2014|autor=Ambrose Evans-Pritchard|coautores= |data=20|ano=2011|mes=3|formato=HTML|obra=[[The Daily Telegraph]]|publicado=[[The Daily Telegraph]]|páginas= |língua=en|citação=}}</ref><ref>{{citar web |url=http://www.wired.com/2011/02/china-thorium-power/|título=China Takes Lead in Race for Clean Nuclear Power|acessodata=14 de julho de 2014|autor=RICHARD MARTIN|coautores= |data=2|ano=2011|mes=1|formato=HTML|obra=[[Wired]]|publicado=[[Wired]]|páginas= |língua=en|citação=}}</ref>


== Ocorrência ==
== Ocorrência ==

[[Ficheiro:MonaziteUSGOV.jpg|thumb|esquerda|Monazita, uma terra-rara-e-fosfato-de-Tório é a principal fonte mundial de Tório.]]
[[Ficheiro:MonaziteUSGOV.jpg|thumb|esquerda|Monazita, uma terra-rara-e-fosfato-de-Tório é a principal fonte mundial de Tório.]]
O tório é encontrado em quantidades pequenas na maioria das [[rocha]]s e [[solo]]s, onde é aproximadamente três vezes mais abundante do que o [[urânio]], e é aproximadamente tão comum quanto o [[chumbo]]. O solo contém geralmente uma média de 6 [[parte por milhão|ppm]] de tório. O tório ocorre em diversos [[mineral|minerais]], sendo o mais comum o mineral de [[terra rara]] de tório-[[fosfato]] (como as de [[Catalão (Goiás)|Catalão]]-[[Ouvidor]] em [[Goiás]]), [[monazita]], que contém até 12% de óxido de tório. Há depósitos substanciais em vários países, sendo que as maiores fontes mundiais de tório são encontrados nos Estados Unidos, Madagascar, Índia, Sri Lanka e Austrália.


O tório é encontrado em quantidades pequenas na maioria das [[rocha]]s e [[solo]]s, onde é aproximadamente três vezes mais abundante do que o [[urânio]], e é aproximadamente tão comum quanto o [[chumbo]]. O solo contém geralmente uma média de 6 [[parte por milhão|ppm]] de tório. O tório ocorre em diversos [[mineral|minerais]], sendo o mais comum o mineral de [[terra rara]] de tório-[[fosfato]] (como as de [[Catalão (Goiás)|Catalão]]-[[Ouvidor]] em [[Goiás]]), [[monazita]], que contém até 12% de óxido de tório, ou a [[torianita]] (70% de tório).<ref>{{citar web|URL=http://flexquest.ufrpe.br/projeto/364/caso/365/minicaso/367|título=Radioatividade comprovada|autor=|data=|publicado=FlexQuest/[[Universidade Federal Rural de Pernambuco]]|acessodata=4 de outubro de 2020}}</ref> Há depósitos substanciais em vários países, sendo que as maiores fontes mundiais de tório são encontrados nos [[Estados Unidos]], [[Madagascar]], [[Índia]], [[Sri Lanka]] e [[Austrália]]. A [[Sonda espacial|sonda]] ''[[Lunar Prospector]]'' detectou a presença de tório na [[Lua]].<ref>{{citar web|URL=https://www.americaspace.com/2018/01/07/rediscovering-the-moon-20-years-since-lunar-prospector/|título=Rediscovering the Moon: 20 Years Since Lunar Prospector|autor=Evans, Ben|data=7 de janeiro de 2018|publicado=AmericaSpace {{en}}|acessodata=4 de outubro de 2020}}</ref><ref>{{citar web|URL=https://www.nature.com/articles/news040726-9|título=Odyssey of a Moon rock|autor=Peplow, Mark|data=29 de julho de 2004|publicado=[[Nature]] {{en}}|acessodata=4 de outubro de 2020}}</ref>
O tório-232 [[modo de decaimento|decai]] muito lentamente ( a [[meia-vida]] deste [[isótopo]] é aproximadamente três vezes a idade da Terra ), Outros isótopos de tório ocorrem na [[série de decaimento]] do tório e urânio. A maioria destes são de curta duração, portanto, muito mais radioativos que o th-232, embora em quantidades insignificantes.

O tório-232 [[modo de decaimento|decai]] muito lentamente (a [[meia-vida]] deste [[isótopo]] é aproximadamente três vezes a idade da Terra), Outros isótopos de tório ocorrem na [[série de decaimento]] do tório e urânio. A maioria destes são de curta duração, portanto, muito mais radioativos que o th-232, embora em quantidades insignificantes.


== Isótopos ==
== Isótopos ==

O tório natural é composto de 1 [[isótopo]]: <sup>232</sup>Th. 25 [[radioisótopo]]s foram identificados, sendo o mais abundante e/ou estável o <sup>232</sup>Th com [[meia-vida]] de 14,05 bilhões de anos, <sup>230</sup>Th com meia-vida de 75 380 anos, <sup>229</sup>Th com meia-vida de 7 340 anos, e <sup>228</sup>Th com meia-vida de 1,92 anos. Todos os demais isótopos [[radioatividade|radioativos]] tem meias-vidas abaixo de 30 dias, e a maioria destes com meias-vidas inferiores a 10 minutos. Este elemento apresenta 1 [[meta estado]].
O tório natural é composto de 1 [[isótopo]]: <sup>232</sup>Th. 25 [[radioisótopo]]s foram identificados, sendo o mais abundante e/ou estável o <sup>232</sup>Th com [[meia-vida]] de 14,05 bilhões de anos, <sup>230</sup>Th com meia-vida de 75 380 anos, <sup>229</sup>Th com meia-vida de 7 340 anos, e <sup>228</sup>Th com meia-vida de 1,92 anos. Todos os demais isótopos [[radioatividade|radioativos]] tem meias-vidas abaixo de 30 dias, e a maioria destes com meias-vidas inferiores a 10 minutos. Este elemento apresenta 1 [[meta estado]].


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== Precauções ==
== Precauções ==

O metal pulverizado de tório é frequentemente [[Piroforicidade|pirofórico]] e deve ser manuseado com cuidado. O tório se desintegra com a produção eventual de "thoron", um isótopo do [[radônio]] (220-Rn). O gás de radônio apresenta [[radiação]] perigosa. Consequentemente, uma ventilação boa das áreas onde o tório é armazenado ou manuseado é essencial,.
O metal pulverizado de tório é frequentemente [[Piroforicidade|pirofórico]] e deve ser manuseado com cuidado. O tório se desintegra com a produção eventual de "thoron", um isótopo do [[radônio]] (220-Rn). O gás de radônio apresenta [[radiação]] perigosa. Consequentemente, uma ventilação boa das áreas onde o tório é armazenado ou manuseado é essencial.


A exposição ao tório contido no ar pode conduzir a um aumento do risco de contrair [[Cancro (tumor)|câncer]] dos [[pulmão|pulmões]], [[pâncreas]] e [[sangue]]. Este elemento não tem nenhum papel biológico conhecido.
A exposição ao tório contido no ar pode conduzir a um aumento do risco de contrair [[Cancro (tumor)|câncer]] dos [[pulmão|pulmões]], [[pâncreas]] e [[sangue]]. Este elemento não tem nenhum papel biológico conhecido.
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*[[Iodeto]]: [[Iodeto de tório(IV)]]
*[[Iodeto]]: [[Iodeto de tório(IV)]]


Os halogenetos são conhecidos nos estados de oxidação de +4.
Os [[halogeneto]]s são conhecidos nos estados de oxidação de +4.
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Revisão das 00h33min de 4 de outubro de 2020

Tório
ActínioTórioProtactínio
Ce
 
 
90
Th
 
               
               
                                   
                                   
                                                               
                                                               
Th
Tabela completaTabela estendida
Aparência
branco prateado


Amostra de tório, de pureza 99,9%, em uma ampola de vidro, ca. 0,1 g.
Informações gerais
Nome, símbolo, número Tório, Th, 90
Série química Actinídeo
Grupo, período, bloco n/a, 7, f
Densidade, dureza 11724 kg/m3, 3,0
Número CAS 7440-29-1
Número EINECS
Propriedade atómicas
Massa atómica 232,0381 u
Raio atómico (calculado) 179 pm
Raio covalente 206±6 pm
Raio de Van der Waals pm
Configuração electrónica [Rn] 6d2 7s2
Elétrons (por nível de energia) 2, 8, 18, 32, 18, 10, 2 (ver imagem)
Estado(s) de oxidação 4, 3, 2
Óxido fracamente básico
Estrutura cristalina cúbica de faces centradas
Propriedades físicas
Estado da matéria sólido
Ponto de fusão 2115 K
Ponto de ebulição 5061 K
Entalpia de fusão 13,81 kJ/mol
Entalpia de vaporização 514 kJ/mol
Temperatura crítica  K
Pressão crítica  Pa
Volume molar m3/mol
Pressão de vapor 1 Pa a 2633 K
Velocidade do som 2490 m/s a 20 °C
Classe magnética
Susceptibilidade magnética
Permeabilidade magnética
Temperatura de Curie  K
Diversos
Eletronegatividade (Pauling) 1,3
Calor específico 120 J/(kg·K)
Condutividade elétrica 6,53·106 S/m
Condutividade térmica 54 W/(m·K)
1.º Potencial de ionização 587 kJ/mol
2.º Potencial de ionização 1110 kJ/mol
3.º Potencial de ionização 1930 kJ/mol
4.º Potencial de ionização 2780 kJ/mol
5.º Potencial de ionização kJ/mol
6.º Potencial de ionização kJ/mol
7.º Potencial de ionização kJ/mol
8.º Potencial de ionização kJ/mol
9.º Potencial de ionização kJ/mol
10.º Potencial de ionização kJ/mol
Isótopos mais estáveis
iso AN Meia-vida MD Ed PD
MeV
227Thtraços18,72 dα6,146223Ra
228Thtraços1,9131 aα5,520224Ra
229Thsintético7880 aα5,168225Ra
230Thtraços75,380 aα4,770226Ra
231Thtraços25,52 hβ
α
0,389
4,213
231Pa
227Ra
232Th100%1,405·1010 aα4,083228Ra
233Thsintético22,3 minβ1,245233Pa
234Thtraços24,10 dβ0,273234Pa
Unidades do SI & CNTP, salvo indicação contrária.

Tório é um elemento químico de símbolo Th e de número atômico igual a 90 (90 prótons e 90 elétrons), com massa atómica aproximada de 232,0 u. À temperatura ambiente, encontra-se no estado sólido. Foi descoberto em 1828 por Jöns Jacob Berzelius. Recebeu este nome homenagem a Thor, deus escandinavo do trovão da antiga religião nórdica.

Características principais

O tório é um metal natural, ligeiramente radioativo. Quando puro, o tório é um metal branco prateado que mantém o seu brilho por diversos meses. Entretanto, em presença do ar, escurece lentamente tornando-se cinza ou, eventualmente, preto. O óxido de tório (ThO2), também chamado de "tória", apresenta um dos pontos de ebulição mais elevados (3300 °C) de todos os óxidos. Quando aquecido no ar, o metal de tório inflama-se e queima produzindo uma luz branca brilhante. O tório extraído da Torita.

Aplicações

  • O tório é uma potencial revolução energética em escala global.[1] Reatores nucleares à base de tório, como o indiano KAMINI, além de extremamente mais eficientes que os baseados em urânio, produzem consideravelmente menos subprodutos. O rejeito destes reatores também representa menos riscos que o plutônio (rejeito do urânio) por não ser tão útil na fabricação de armas e por sua radiação decair mais rapidamente.[2]
  • Em mantas (camisas) de lampiões a gás. Estas mantas brilham intensamente quando aquecidas numa chama resultante da queima de um gás.
  • Como elemento de liga para aumentar a resistência mecânica e a resistência a elevadas temperaturas do magnésio.
  • O tório é usado para revestir fios de tungstênio usados em equipamentos eletrônicos.
  • O tório foi usado em eletrodos para soldas cerâmicas de alta resistência ao calor.
  • O óxido de tório é usado para controlar o tamanho das partículas de tungstênio usados em lâmpadas elétricas.
  • O óxido de tório é usado em equipamentos de laboratório que são submetidos a elevadas temperaturas (cadinhos).
  • O óxido de tório adicionado a vidro produz cristais com alto índice de refração e baixa dispersão. Portanto, encontram uso em lentes de alta qualidade em câmeras e instrumentos científicos.
  • O óxido de tório tem sido usado como um catalisador :
  • Com a datação do método de decaimento Urânio – Tório em zircões é possível obter idades de rochas de mais de 500 milhões de anos. Foi com o desenvolvimento deste método na década de 1950 que foi datada a idade da Terra em 4,56 bilhões de anos.
  • Como material para produzir combustível nuclear. O tório-232 bombardeado com nêutrons produz o fissionável isótopo U-233.
  • O dióxido de tório (ThO2) é um componente ativo do Thorotrast, que foi usado no diagnóstico em radiografia. Este uso foi abandonado devido a natureza carcinógena do Thorotrast.

História

O tório foi descoberto em 1828 pelo químico sueco Jöns Jacob Berzelius num óxido que denominou de "tória", nomeado desta forma em honra ao deus escandinavo do trovão Thor. O metal, denominado de tório, contido na tória, foi isolado por Berzelius, em 1829, aquecendo num tubo de vidro potássio com fluoreto de tório.

O metal não tinha nenhuma aplicação até a invenção da lâmpada de manta, um dispositivo de iluminação, em 1885, por Auer von Welsbach. O nome Ionio foi usado para um isótopo do tório no início do estudo da radioatividade. Com o advento da eletricidade, e devido ao caráter de radioativo do tório, esta aplicação diminuiu bastante. Com a descoberta da radioatividade, o tório passou a ter uma aplicação relevante nesta área devido a invenção dos reatores de tório na década de 50, que seriam mais seguros, mais limpos e mais produtivos do que as termonucleares atuais.[3] Apesar disso, o governo americano interrompeu as pesquisas em 1973, porque essas usinas não produziam plutônio para armas nucleares.[4] Posteriormente os ingleses[5] e chineses retomariam os estudos sobre esta fonte de energia em 2011.[6][7]

Ocorrência

Monazita, uma terra-rara-e-fosfato-de-Tório é a principal fonte mundial de Tório.

O tório é encontrado em quantidades pequenas na maioria das rochas e solos, onde é aproximadamente três vezes mais abundante do que o urânio, e é aproximadamente tão comum quanto o chumbo. O solo contém geralmente uma média de 6 ppm de tório. O tório ocorre em diversos minerais, sendo o mais comum o mineral de terra rara de tório-fosfato (como as de Catalão-Ouvidor em Goiás), monazita, que contém até 12% de óxido de tório, ou a torianita (70% de tório).[8] Há depósitos substanciais em vários países, sendo que as maiores fontes mundiais de tório são encontrados nos Estados Unidos, Madagascar, Índia, Sri Lanka e Austrália. A sonda Lunar Prospector detectou a presença de tório na Lua.[9][10]

O tório-232 decai muito lentamente (a meia-vida deste isótopo é aproximadamente três vezes a idade da Terra), Outros isótopos de tório ocorrem na série de decaimento do tório e urânio. A maioria destes são de curta duração, portanto, muito mais radioativos que o th-232, embora em quantidades insignificantes.

Isótopos

O tório natural é composto de 1 isótopo: 232Th. 25 radioisótopos foram identificados, sendo o mais abundante e/ou estável o 232Th com meia-vida de 14,05 bilhões de anos, 230Th com meia-vida de 75 380 anos, 229Th com meia-vida de 7 340 anos, e 228Th com meia-vida de 1,92 anos. Todos os demais isótopos radioativos tem meias-vidas abaixo de 30 dias, e a maioria destes com meias-vidas inferiores a 10 minutos. Este elemento apresenta 1 meta estado.

As massas atômicas do tório variam de 212 u ( 212Th ) até 236 u ( 236Th ).

Precauções

O metal pulverizado de tório é frequentemente pirofórico e deve ser manuseado com cuidado. O tório se desintegra com a produção eventual de "thoron", um isótopo do radônio (220-Rn). O gás de radônio apresenta radiação perigosa. Consequentemente, uma ventilação boa das áreas onde o tório é armazenado ou manuseado é essencial.

A exposição ao tório contido no ar pode conduzir a um aumento do risco de contrair câncer dos pulmões, pâncreas e sangue. Este elemento não tem nenhum papel biológico conhecido.

Todas as reservas de tório da Terra têm mais energia que todo o urânio, petróleo, carvão e todos os tipos de combustíveis juntos (excetuando a madeira).[carece de fontes?]

Compostos

Os halogenetos são conhecidos nos estados de oxidação de +4.

Número de oxidação F Cl Br I
+4 Fluoreto de tório(IV)
ThF4
branco
Cloreto de tório(IV)
ThCl4
branco
Brometo de tório(IV)
ThBr4
branco
Iodeto de tório(IV)
ThI4
amarelo

Referências

  1. «Energy from Thorium». Consultado em 7 de agosto de 2018 
  2. Kurzgesagt – In a Nutshell (1 de abril de 2015), 3 Reasons Why Nuclear Energy Is Awesome! 3/3 
  3. Ambrose Evans-Pritchard (20). «Safe nuclear does exist, and China is leading the way with thorium» (HTML). The Daily Telegraph (em inglês). The Daily Telegraph. Consultado em 14 de julho de 2014  Verifique data em: |data=, |ano= / |data= mismatch (ajuda)
  4. Ambrose Evans-Pritchard (20). «Safe nuclear does exist, and China is leading the way with thorium» (HTML). The Daily Telegraph (em inglês). The Daily Telegraph. Consultado em 14 de julho de 2014  Verifique data em: |data=, |ano= / |data= mismatch (ajuda)
  5. Rebecca Boyle (20). «Pocket Particle Accelerators Like This One Could Bring Safer Nuclear Power to Neighborhoods» (HTML). Popular Science (em inglês). Popular Science. Consultado em 14 de julho de 2014  Verifique data em: |data=, |ano= / |data= mismatch (ajuda)
  6. Ambrose Evans-Pritchard (20). «Safe nuclear does exist, and China is leading the way with thorium» (HTML). The Daily Telegraph (em inglês). The Daily Telegraph. Consultado em 14 de julho de 2014  Verifique data em: |data=, |ano= / |data= mismatch (ajuda)
  7. RICHARD MARTIN (2). «China Takes Lead in Race for Clean Nuclear Power» (HTML). Wired (em inglês). Wired. Consultado em 14 de julho de 2014  Verifique data em: |data=, |ano= / |data= mismatch (ajuda)
  8. «Radioatividade comprovada». FlexQuest/Universidade Federal Rural de Pernambuco. Consultado em 4 de outubro de 2020 
  9. Evans, Ben (7 de janeiro de 2018). «Rediscovering the Moon: 20 Years Since Lunar Prospector». AmericaSpace (em inglês). Consultado em 4 de outubro de 2020 
  10. Peplow, Mark (29 de julho de 2004). «Odyssey of a Moon rock». Nature (em inglês). Consultado em 4 de outubro de 2020 

Ligações externas

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