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Florestan Fernandes: diferenças entre revisões

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== Biografia ==
== Biografia ==
Segundo seus relatos, Florestan Fernandes teve, ainda criança, o interesse pelos estudos despertado, principalmente pela diversidade dos lugares onde passou sua infância. Afilhado de Hermínia Bresser de Lima, filha de [[Carlos Augusto Bresser]], Florestan aprendeu com ela a dedicação aos estudos: "O fato é que embora eu não estudasse organizadamente, pelo fato de ter nascido na casa de dona Hermínia Bresser de Lima aprendi o que era livro, a importância de estudar e com pouco mais de seis anos adquiri uma disciplina." <ref>GARCIA, Sylvia G. 2002. Destino Ímpar: Sobre a Formação de Florestan Fernandes. São Paulo. pp. 30 a 32</ref> Filho de mãe solteira, não conheceu o pai. O avô materno trabalhou como colono numa fazenda no interior de São Paulo, morreu de tuberculose e a mãe, após se mudar para a capital paulista, trabalhou como empregada doméstica <ref>GARCIA, Sylvia G. 2002. Destino Ímpar: Sobre a Formação de Florestan Fernandes. São Paulo: Ed. 34. 191 pp.</ref>. Ganhou o nome do motorista de sua madrinha (que era alemão), amigo de sua mãe. Começou a trabalhar, como auxiliar numa barbearia, aos seis anos de idade. Também foi [[engraxate]]. Viveu entre a 'grande casa' de sua madrinha, na esquina entre as ruas Bresser e Celso Garcia e cortiços, em diversos pontos da cidade<ref>GARCIA, Sylvia G. 2002. Destino Ímpar: Sobre a Formação de Florestan Fernandes. São Paulo: Ed. 34. p. 29</ref>. Estudou até o terceiro ano do primeiro grau. Só mais tarde, voltaria a estudar, fazendo curso de madureza, estimulado por frequentadores do bar Bidu, no centro de São Paulo, onde trabalhava como garçom<ref name="Brasil Escola">{{citar web |url=http://www.brasilescola.com/biografia/florestan-fernandes.htm|título=Florestan Fernandes |acessodata=22 de julho de 2012 |autor= |coautores= |data= |ano= |mes= |formato= |obra=UFCG.org |publicado=Brasil Escola |páginas= |língua= |língua2=pt |língua3= |lang= |citação= }}</ref>.

Em 1941, Florestan ingressou na [[Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo]], formando-se em [[ciências sociais]]. Iniciou sua carreira docente em 1945, como assistente do [[professor]] [[Fernando de Azevedo]], na cadeira de Sociologia II. Na Escola Livre de Sociologia e Política, obteve o título de mestre com a dissertação "A organização social dos [[Tupinambá]]". Em 1951 defendeu, na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, a tese de doutoramento "A função social da guerra na sociedade tupinambá", posteriormente consagrado como clássico da etnologia brasileira, que explora o método funcionalista.

Uma linha de trabalho característica de Florestan nos anos 50 foi o estudo das perspectivas teórico-metodológicas da sociologia. Seus ensaios mais importantes acerca da fundamentação da sociologia como ciência foram, posteriormente, reunidos no livro "Fundamentos empíricos da explicação sociológica"<ref name="InfoEscola">{{citar web |url=http://www.infoescola.com/sociologia/florestan-fernandes/|título=Florestan Fernandes |acessodata=22 de julho de 2012 |autor=Caroline Borges |coautores= |data=14 de novembro de 2007 |ano= |mes= |formato= |obra= |publicado=InfoEscola |páginas= |língua= |língua2=pt |língua3= |lang= |citação= }}</ref>. Seu comprometimento intelectual com o desenvolvimento da ciência no Brasil, entendido como requisito básico para a inserção do país na civilização moderna, científica e tecnológica, situa sua atuação na Campanha de Defesa da Escola Pública, em prol do ensino público, laico e gratuito enquanto direito fundamental do cidadão do mundo moderno<ref name="Meu Artigo"/>.


=== Carreira ===
=== Carreira ===
Durante o período, foi assistente catedrático, livre docente e professor titular na cadeira de Sociologia, substituindo o sociólogo e professor francês Roger Bastide em caráter interino até 1964, ano em que se efetivou na [[cátedra]], com a tese "A integração do negro na sociedade de classes". Como o título da obra permite entrever, o período caracteriza-se pelo estudo da inserção da sociedade nacional na civilização moderna, em um programa de pesquisa voltado para o desenvolvimento de uma sociologia brasileira<ref name="Meu Artigo"/>.
Durante o período, foi assistente catedrático, livre docente e professor titular na cadeira de Sociologia, substituindo o sociólogo e professor francês Roger Bastide em caráter interino até 1964, ano em que se efetivou na [[cátedra]], com a tese "A integração do negro na sociedade de classes". Como o título da obra permite entrever, o período caracteriza-se pelo estudo da inserção da sociedade nacional na civilização moderna, em um programa de pesquisa voltado para o desenvolvimento de uma sociologia brasileira<ref name="Meu Artigo"/>.


Nesse âmbito, orientou dezenas de dissertações e teses acerca dos processos de industrialização e mudança social no país e teorizou os dilemas do subdesenvolvimento capitalista<ref name="InfoEscola"/>. Inicialmente no bojo dos debates em torno das reformas de base e, posteriormente, após o golpe de Estado, nos termos da reforma universitária coordenada pelos militares, produziu diagnósticos substanciais sobre a situação educacional e a questão da universidade pública, identificando os obstáculos históricos e sociais ao desenvolvimento da ciência e da cultura na sociedade brasileira inserida na periferia do capitalismo monopolista<ref name="Meu Artigo"/>.
Nesse âmbito, orientou dezenas de dissertações e teses acerca dos processos de industrialização e mudança social no país e teorizou os dilemas do subdesenvolvimento capitalista<ref name="InfoEscola">{{citar web |url=http://www.infoescola.com/sociologia/florestan-fernandes/|título=Florestan Fernandes |acessodata=22 de julho de 2012 |autor=Caroline Borges |coautores= |data=14 de novembro de 2007 |ano= |mes= |formato= |obra= |publicado=InfoEscola |páginas= |língua= |língua2=pt |língua3= |lang= |citação= }}</ref>. Inicialmente no bojo dos debates em torno das reformas de base e, posteriormente, após o golpe de Estado, nos termos da reforma universitária coordenada pelos militares, produziu diagnósticos substanciais sobre a situação educacional e a questão da universidade pública, identificando os obstáculos históricos e sociais ao desenvolvimento da ciência e da cultura na sociedade brasileira inserida na periferia do capitalismo monopolista<ref name="Meu Artigo"/>.


Aposentado compulsoriamente pela ditadura militar em 1969, foi ''Visiting Scholar'' na [[Universidade de Columbia]], professor titular na [[Universidade de Toronto]] e ''Visiting Professor'' na [[Universidade de Yale]] e, a partir de 1978, professor na [[Pontifícia Universidade Católica de São Paulo]]. Em 1975, veio a público a obra "A revolução burguesa no Brasil"<ref name="InfoEscola"/>, que renova radicalmente concepções tradicionais e contemporâneas da burguesia e do desenvolvimento do [[capitalismo]] no país, em uma análise tecida com diferentes perspectivas teóricas da sociologia, que faz dialogar problemas formulados em tom [[weberiano|Max Weber]] com interpretações alinhadas à [[dialética marxista]]<ref name="Brasil Escola"/>. No inicio de 1979, retornou a Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, agora reformada, para um curso de férias sobre a experiência socialista em [[Cuba]], a convite dos estudantes do Centro Acadêmico de Ciências Sociais. Em suas análises sobre o [[socialismo]], apropriou-se de variadas perspectivas do marxismo clássico e moderno, forjando uma concepção teórico-prática que se diferencia a um só tempo do dogmatismo teórico e da prática de concessões da esquerda. Em 1986 foi eleito deputado constituinte pelo [[Partido dos Trabalhadores]], tendo atuação destacada em discussões nos debates sobre a educação pública e gratuita<ref name="Brasil Escola"/>. Em 1990, foi reeleito para a Câmara. Tendo colaborado com a Folha de S. Paulo desde a década de 1940, passou, em junho de 1989, a ter uma coluna semanal nesse jornal.
Aposentado compulsoriamente pela ditadura militar em 1969, foi ''Visiting Scholar'' na [[Universidade de Columbia]], professor titular na [[Universidade de Toronto]] e ''Visiting Professor'' na [[Universidade de Yale]] e, a partir de 1978, professor na [[Pontifícia Universidade Católica de São Paulo]]. Em 1975, veio a público a obra "A revolução burguesa no Brasil"<ref name="InfoEscola"/>, que renova radicalmente concepções tradicionais e contemporâneas da burguesia e do desenvolvimento do [[capitalismo]] no país, em uma análise tecida com diferentes perspectivas teóricas da sociologia, que faz dialogar problemas formulados em tom [[weberiano|Max Weber]] com interpretações alinhadas à [[dialética marxista]]<ref name="Brasil Escola">{{citar web |url=http://www.brasilescola.com/biografia/florestan-fernandes.htm|título=Florestan Fernandes |acessodata=22 de julho de 2012 |autor= |coautores= |data= |ano= |mes= |formato= |obra=UFCG.org |publicado=Brasil Escola |páginas= |língua= |língua2=pt |língua3= |lang= |citação= }}</ref>. No inicio de 1979, retornou a Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, agora reformada, para um curso de férias sobre a experiência socialista em [[Cuba]], a convite dos estudantes do Centro Acadêmico de Ciências Sociais. Em suas análises sobre o [[socialismo]], apropriou-se de variadas perspectivas do marxismo clássico e moderno, forjando uma concepção teórico-prática que se diferencia a um só tempo do dogmatismo teórico e da prática de concessões da esquerda. Em 1986 foi eleito deputado constituinte pelo [[Partido dos Trabalhadores]], tendo atuação destacada em discussões nos debates sobre a educação pública e gratuita<ref name="Brasil Escola"/>. Em 1990, foi reeleito para a Câmara. Tendo colaborado com a Folha de S. Paulo desde a década de 1940, passou, em junho de 1989, a ter uma coluna semanal nesse jornal.


O nome de Florestan Fernandes está obrigatoriamente associado à pesquisa sociológica no Brasil e na América Latina. Sociólogo e professor universitário, com mais de cinquenta obras publicadas, ele transformou o pensamento social no país e estabeleceu um novo estilo de investigação sociológica, marcado pelo rigor analítico e crítico, e um novo padrão de atuação intelectual.<ref>{{Citar web |url=http://www.sbd.fflch.usp.br/florestan/bio.htm |título=FLORESTAN FERNANDES (1920-1995) |língua= |autor= Profa. Sylvia Gemignani Garcia |obra= |data= |acessodata=}}</ref>
O nome de Florestan Fernandes está obrigatoriamente associado à pesquisa sociológica no Brasil e na América Latina. Sociólogo e professor universitário, com mais de cinquenta obras publicadas, ele transformou o pensamento social no país e estabeleceu um novo estilo de investigação sociológica, marcado pelo rigor analítico e crítico, e um novo padrão de atuação intelectual.<ref>{{Citar web |url=http://www.sbd.fflch.usp.br/florestan/bio.htm |título=FLORESTAN FERNANDES (1920-1995) |língua= |autor= Profa. Sylvia Gemignani Garcia |obra= |data= |acessodata=}}</ref>

Revisão das 21h26min de 14 de abril de 2014

Florestan Fernandes
Florestan Fernandes
Florestan Fernandes
Deputado federal de  São Paulo
Período 1986 a 1995
Dados pessoais
Nascimento 22 de julho de 1920
Cidade de São Paulo, São Paulo
Morte 10 de agosto de 1995 (75 anos)
Cidade de São Paulo,  São Paulo
Partido PT
Profissão sociólogo

Florestan Fernandes (São Paulo, 22 de julho de 1920 — São Paulo, 10 de agosto de 1995) foi um sociólogo e político brasileiro. Foi deputado federal pelo Partido dos Trabalhadores [1].

Biografia

Carreira

Durante o período, foi assistente catedrático, livre docente e professor titular na cadeira de Sociologia, substituindo o sociólogo e professor francês Roger Bastide em caráter interino até 1964, ano em que se efetivou na cátedra, com a tese "A integração do negro na sociedade de classes". Como o título da obra permite entrever, o período caracteriza-se pelo estudo da inserção da sociedade nacional na civilização moderna, em um programa de pesquisa voltado para o desenvolvimento de uma sociologia brasileira[1].

Nesse âmbito, orientou dezenas de dissertações e teses acerca dos processos de industrialização e mudança social no país e teorizou os dilemas do subdesenvolvimento capitalista[2]. Inicialmente no bojo dos debates em torno das reformas de base e, posteriormente, após o golpe de Estado, nos termos da reforma universitária coordenada pelos militares, produziu diagnósticos substanciais sobre a situação educacional e a questão da universidade pública, identificando os obstáculos históricos e sociais ao desenvolvimento da ciência e da cultura na sociedade brasileira inserida na periferia do capitalismo monopolista[1].

Aposentado compulsoriamente pela ditadura militar em 1969, foi Visiting Scholar na Universidade de Columbia, professor titular na Universidade de Toronto e Visiting Professor na Universidade de Yale e, a partir de 1978, professor na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Em 1975, veio a público a obra "A revolução burguesa no Brasil"[2], que renova radicalmente concepções tradicionais e contemporâneas da burguesia e do desenvolvimento do capitalismo no país, em uma análise tecida com diferentes perspectivas teóricas da sociologia, que faz dialogar problemas formulados em tom Max Weber com interpretações alinhadas à dialética marxista[3]. No inicio de 1979, retornou a Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, agora reformada, para um curso de férias sobre a experiência socialista em Cuba, a convite dos estudantes do Centro Acadêmico de Ciências Sociais. Em suas análises sobre o socialismo, apropriou-se de variadas perspectivas do marxismo clássico e moderno, forjando uma concepção teórico-prática que se diferencia a um só tempo do dogmatismo teórico e da prática de concessões da esquerda. Em 1986 foi eleito deputado constituinte pelo Partido dos Trabalhadores, tendo atuação destacada em discussões nos debates sobre a educação pública e gratuita[3]. Em 1990, foi reeleito para a Câmara. Tendo colaborado com a Folha de S. Paulo desde a década de 1940, passou, em junho de 1989, a ter uma coluna semanal nesse jornal.

O nome de Florestan Fernandes está obrigatoriamente associado à pesquisa sociológica no Brasil e na América Latina. Sociólogo e professor universitário, com mais de cinquenta obras publicadas, ele transformou o pensamento social no país e estabeleceu um novo estilo de investigação sociológica, marcado pelo rigor analítico e crítico, e um novo padrão de atuação intelectual.[4]

O ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso, que foi orientado em seus trabalhos acadêmicos por Florestan, estabeleceu com ele forte relação afetiva, mantida até a morte do sociólogo[2].

Florestan, com graves problemas no fígado, em 1995, submeteu-se a um transplante de fígado mal sucedido no Hospital das Clínicas de São Paulo, realizado pelo professor Silvano Raia. Porém morreu de problemas em uma diálise devido à falha humana.

Principais obras

Florestan começou a escrever no final dos anos 40, e ao longo de sua vida, publicou mais de 50 livros e centenas de artigos. Suas principais obras foram:

  • Organização social dos Tupinambá (1949);
  • A função social da guerra na sociedade Tupinambá (1952);
  • A etnologia e a sociologia no Brasil (1958) (resenhas e questionamentos sobre a produção das Ciências Sociais no Brasil, até os anos 50);
  • Fundamentos empíricos da explicação sociológica (1959);
  • Mudanças sociais no Brasil (1960) (nesta obra Florestan faz um panorama de seu trabalho e retrata o Brasil);
  • Folclore e mudança social na cidade de São Paulo (1961) (esta obra reúne trabalhos e pesquisas realizadas nos anos em que Florestan foi aluno de Roger Bastide na USP, dedicados a várias manifestações de cultura popular entre crianças da cidade de São Paulo).
  • A integração do negro na sociedade de classes (1964) (estudo das relações raciais no Brasil);
  • Sociedade de classes e subdesenvolvimento (1968);
  • A investigação etnológica no Brasil e outros ensaios (1975) (reedição em volume de artigos anteriormente publicados em revisas científicas e dedicados à produção recente da antropologia brasileira);
  • A revolução burguesa no Brasil: Ensaio de Interpretação Sociológica (1975).

Ver também

Referências

  1. a b c Bianca Wild. «Florestan Fernandes». Meu Artigo. Consultado em 22 de julho de 2012 
  2. a b c Caroline Borges (14 de novembro de 2007). «Florestan Fernandes». InfoEscola. Consultado em 22 de julho de 2012 
  3. a b «Florestan Fernandes». UFCG.org. Brasil Escola. Consultado em 22 de julho de 2012 
  4. Profa. Sylvia Gemignani Garcia. «FLORESTAN FERNANDES (1920-1995)» 

Ligações externas

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