Hipertensão portal

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Hipertensão portal
Hipertensão portal
Veia porta e ramificações
Especialidade gastrenterologia, digestive system surgery
Causas Várias, cirrose mais comum[1]
Classificação e recursos externos
CID-10 K76.6
CID-9 572.3
CID-11 1506184775
DiseasesDB 10388
eMedicine 182098
MeSH D006975
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Hipertensão portal é uma condição médica caracterizada por pressão arterial acima do normal nas ramificações da veia porta.[1][2] A veia porta é uma grande veia que transporta sangue do intestino para o fígado.[1] Embora a condição em si não cause sintomas, as complicações podem resultar em aumento de volume do abdómen, desconforto abdominal, confusão, sonolência e hemorragias no sistema digestivo.[1]

A hipertensão portal pode ter várias causas.[1] A causa mais comum em países ocidentais é cirrose do fígado.[1] O diagnóstico tem por base os sintomas e um exame físico, podendo ser confirmado com ecografia, TAC, ressonância magnética ou biópsia hepática.[2]

O tratamento consiste em tratar as causas subjacentes e medicamentos para diminuir a pressão arterial na veia porta.[1] Nos casos com complicações graves e hemorragias internas pode ser necessário tratamento de emergência.[1] Em alguns casos pode ser necessário realizar um transplante de fígado ou uma derivação portossistémica.[2]

Anatomia do Sistema Venoso Portal[editar | editar código-fonte]

O sistema venoso portal é constituído por veias que drenam o sangue da porção intra-abdominal do trato alimentar, baço, pâncreas e vesícula biliar. A veia porta propriamente dita tem 6 a 8 cm de comprimento e é formada pela junção das veias esplênica e mesentérica superior. No hilo hepático, a veia porta divide-se em dois ramos, o direito, que supre de sangue o lobo direito do fígado, e o esquerdo, que leva sangue para os lobos esquerdo, caudado e quadrado. As veias esplênicas originam-se no hilo esplênico, unem-se com as veias gástricas curtas para formar a veia esplênica principal que recebe sangue da veia gastroepiplóica esquerda e de várias tributárias que drenam o pâncreas. A veia mesentérica inferior drena o sangue do cólon esquerdo e do reto e, geralmente, penetra no terço médio da veia esplênica. A veia gástrica esquerda, geralmente, une-se à veia porta, na sua origem, mas pode drenar para a veia esplênica. A veia mesentérica superior é formada por tributárias que drenam o lado direito do cólon, intestino delgado e cabeça do pâncreas. O sangue portal é levado pelos ramos terminais da veia porta até os sinusóides e, desses, para as veias centrolobulares que drenam para as veias hepáticas e estas para a veia cava inferior.[3]

Aspectos Fisiopatológicos da Hipertensão Portal[editar | editar código-fonte]

A pressão (∆P) no sistema portal como em qualquer outro sistema vascular, é o resultado da interação entre o fluxo sanguíneo (Q) e a resistência vascular (R) que se opõe a esse fluxo; é representada matematicamente de acordo com a lei de Ohm como ∆P= Q x R. Assim, a pressão portal pode aumentar, se houver aumento do fluxo sanguíneo portal ou aumento da resistência vascular ou de ambos.[3]

Causas[editar | editar código-fonte]

A hipertensão portal pode ter várias causas.[1] A causa mais comum em países ocidentais é cirrose do fígado.[1]

De acordo com local acometido, a hipertensão portal pode ser classificada como:[4]

a) Pré-hepática: Trombose da veia esplênica; Trombose da veia porta; Esplenomegalia maciça (síndrome de Banti); Cavernomatose da veia porta.

b) Intra-hepática:

I.Pré sinusoidal: Esquistossomose; Fibrose hepática congênita;

II.Sinusoidal: Cirrose hepática; Hepatite crônica.

III.Pós sinusoidal: Obstrução sinusoidal hepática (síndrome veno-oclusiva)

c) Pós-hepática: Síndrome de Budd-Chiari; Malformações congênitas na veia cava inferior; Causas cardíacas (miocardiopatia restritiva, pericardite constritiva, insuficiência cardíaca congestiva grave).

Manifestações Clinicas[editar | editar código-fonte]

A hipertensão portal é usualmente assintomática, sendo seus sinais e sintomas decorrentes das complicações da afecção. As três complicações primárias consistem em varizes gastroesofágicas que correspondem às colaterais portossistêmicas, ascite e hiperesplenismo.[4]

Além disso, uma veia porta alargada (dilatada) conforme observada em uma tomografia computadorizada ou ressonância magnética pode levantar a suspeita sobre hipertensão portal. Um valor de corte de 13 mm é amplamente utilizado a esse respeito, mas o diâmetro costuma ser maior do que em indivíduos normais também.[5]

Diagnóstico[editar | editar código-fonte]

As manifestações clínicas e exame físico têm papel especial na composição do diagnóstico. [4] O diagnóstico tem por base os sintomas e um exame físico, podendo ser confirmado com ecografia, TAC, ressonância magnética ou biópsia hepática.[2] A ultrassonografia (US) é a técnica de imagem de primeira linha para o diagnóstico e acompanhamento da hipertensão portal, pois é não invasiva, de baixo custo e pode ser realizada no local.[6]

Tratamento[editar | editar código-fonte]

O tratamento consiste em tratar as causas subjacentes e medicamentos para diminuir a pressão arterial na veia porta.[1] Nos casos com complicações graves e hemorragias internas pode ser necessário tratamento de emergência.[1] Em alguns casos pode ser necessário realizar um transplante de fígado ou uma derivação portossistémica.[2]

Prevenção do sangramento[editar | editar código-fonte]

Tanto o tratamento farmacológico (β-bloqueadores não específicos, mononitrato de nitrato isossorbida, vasopressina como a terlipressina) quanto o endoscópico (ligadura com bandagem) apresentam resultados semelhantes. TIPS (desvio portossistêmico intra-hepático transjugular) é eficaz na redução da taxa de ressangramento. O manejo do sangramento varicoso ativo inclui a administração de drogas vasoativas (somatostatina, octreotida), ligadura endoscópica, tamponamento com balão e TIPS. [7]

Tratamento Endovascular (tips)[editar | editar código-fonte]

As técnicas por transjugular intrahepatic portosystemic shunt (TIPS) tem como objetivo principal o controle do sangramento através da introdução de prótese vascular por meio da veia jugular até o interior do fígado. Esta prótese funcionará como uma ponte de ligação entre o ramo intra hepático da veia porta com veias hepáticas que drenam o fluxo sanguíneo para a veia cava inferior. As principais desvantagens desta técnica são: alto custo, curto período de eficácia e troca do dispositivo.[4]

Tratamento Cirúrgico[editar | editar código-fonte]

O tratamento cirúrgico da hipertensão portal foi muito utilizado até o surgimento dos tratamentos endoscópicos. O paciente que apresenta hipertensão portal geralmente possui um distúrbio hemodinâmico e para que ele seja submetido à cirurgia de derivação de fluxo, é necessário que esteja compensado hemodinamicamente. A técnica de anastomose portocava terminolateral é a mais utilizada, pois propicia controle do sangramento e previne possíveis recidivas em quase totalidade dos pacientes. Como todas as técnicas descritas aqui, esta também pode trazer complicações ao paciente, sendo encefalopatia hepática a mais comum.[4]

Referências

  1. a b c d e f g h i j k l «Portal hypertension». National Institutes of Health. Consultado em 12 de abril de 2020 
  2. a b c d e «Hipertensão portal». Manual Merck. Consultado em 12 de abril de 2020 
  3. a b Martinelli, Ana L. Candolo (30 de dezembro de 2004). «Hipertensão portal». Medicina (Ribeirão Preto) (3/4): 253–261. ISSN 2176-7262. doi:10.11606/issn.2176-7262.v37i3/4p253-261. Consultado em 20 de maio de 2021 
  4. a b c d e VECCHI, IGOR CARDOSO (14 de maio de 2014). «HIPERTENSÃO PORTAL UMA REVISÃO DE LITERATURA» (PDF). Brazilian Journal of Surgery and Clinical Research - BJSCR. Consultado em 15 de maio de 2021  line feed character character in |titulo= at position 34 (ajuda)
  5. Stamm, Elizabeth R.; Meier, Jeffrey M.; Pokharel, Sajal S.; Clark, Toshimasa; Glueck, Deborah H.; Lind, Kimberly E.; Roberts, Katherine M. (1 de outubro de 2016). «Normal main portal vein diameter measured on CT is larger than the widely referenced upper limit of 13 mm». Abdominal Radiology (em inglês) (10): 1931–1936. ISSN 2366-0058. doi:10.1007/s00261-016-0785-9. Consultado em 16 de maio de 2021 
  6. login.medscape.com https://login.medscape.com/login/sso/getlogin?urlCache=aHR0cHM6Ly93d3cubWVkc2NhcGUub3JnL3ZpZXdhcnRpY2xlLzc3Nzk3OV8xMA==&ac=401. Consultado em 16 de maio de 2021  Em falta ou vazio |título= (ajuda)
  7. Bari, Khurram; Garcia-Tsao, Guadalupe (21 de março de 2012). «Treatment of portal hypertension». World Journal of Gastroenterology : WJG (11): 1166–1175. ISSN 1007-9327. PMC 3309905Acessível livremente. PMID 22468079. doi:10.3748/wjg.v18.i11.1166. Consultado em 16 de maio de 2021 
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