Ciência da religião

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Alguns símbolos religiosos

Ciência da religião é a área de investigação sistemática que tem, como base, uma estrutura multidisciplinar formada a partir do enfoque ao fenômeno religioso por várias ciências, como a sociologia, a filosofia, a antropologia, a história, a psicologia e a teologia.

Definição

Ciência da religião é a disciplina empírica que investiga sistematicamente religião em todas as suas manifestações. Um elemento chave é o compromisso de seus representantes com o ideal da neutralidade frente aos objetos de estudo. Não se questiona a "verdade" ou a "qualidade" de uma religião. Do ponto de vista metodológico, religiões são "sistemas de sentido formalmente idênticos". É especificamente este princípio metateórico que distingue a ciência da religião da teologia.

Objetivo

O objetivo da ciência da religião é fazer um inventário, o mais abrangente possível, de fatos reais do mundo religioso, bem como um entendimento histórico do surgimento e desenvolvimento de religiões particulares, uma identificação de seus contatos mútuos e a investigação de suas inter-relações com outras áreas da vida. A partir de um estudo de fenômenos religiosos concretos, o material é exposto a uma análise comparada. Isso leva a um entendimento das semelhanças e diferenças de religiões singulares a respeito de suas formas, conteúdos e práticas. O reconhecimento de traços comuns entre as diferentes religiões, por parte do cientista da religião, permite a definição de elementos que caracterizam universalmente o fenômeno religioso, ou seja, como um fenômeno antropológico universal.

Precursores

O interesse pelo estudo das religiões remonta a Hecateu de Mileto (546-480 a.C.) e Heródoto (485-420 a.C.). O orador romano Cícero (106-43 a.C.) analisou, por sua vez, o fenômeno religioso em sua obra "Sobre a natureza dos deuses" (De Natura Deorum), adotando uma perspectiva mais filosófica que científica ao criticar o epicurismo.

Antes de a ciência da religião se tornar um campo de estudo (como observado nos Estados Unidos, principalmente na década de 1960), muitos intelectuais haviam explorado a religião sob várias perspectivas. Um deles foi o famoso psicólogo e filósofo pragmático William James. Dentre suas publicações, destaca-se "Variedades da Experiência Religiosa" (1902), na qual examina a religião sob o ponto de vista psicológico e filosófico e cuja influência perdura até os dias de hoje. Em seu ensaio The will believe and other essays in popular philosophy (1897), William James defende a racionalidade da fé.

O sociólogo e economista Max Weber estudou a religião sob a perspectiva socioeconômica em seu famoso ensaio "A ética protestante e o espírito do capitalismo" (1904-1906), considerada por muitos como a obra mais importante do século XX[1].

Émile Durkheim, considerado o pai da sociologia moderna, publicou, em 1912, uma das mais importantes análises da religião como fenômeno social em sua obra "As formas elementares da vida religiosa".

Estrutura Curricular

A ciência da religião é tradicionalmente subdividida entre Religiões Comparadas ou Ciência da Religião Sistemática, e História das Religiões ou Ciência da Religião Empírica, desde a proposta de Joachim Wach em 1924[2]. Mais recentemente, nas últimas três décadas, surgiu o que pode ser considerado uma terceira subdisciplina: a Ciência da Religião Aplicada ou Ciência Prática da Religião, que busca pensar contribuições mais pragmáticas e diretas à toda sociedade, como em política cultura e internacional, ou na educação (ensino religioso laico)[3]. Em termos de pesquisa, apresenta uma estrutura multidisciplinar, em que metodologias e teorias de outros ramos da Ciências Humanas e Sociais são emprestadas para instrumentalizar o estudo. A história das religiões, a sociologia da religião e a psicologia da religião são as mais referidas. Mas há outras, como, por exemplo, as neurociências [4], a economia da religião e a geografia da religião, uma matéria que atualmente ganha força na Universidade de Tübingen, na Alemanha.

Ciências da religião no Brasil

No Brasil, na área da ciência da religião, são, frequentemente, citados as teorias e os resultados da etnologia e da antropologia. A maioria dos programas acadêmicos na área são oferecidos por universidades com afiliação religiosa. Na estrutura educacional brasileira da educação básica, não é ensinada a disciplina ciências da religião, porém a educação religiosa é um componente do ensino fundamental que contempla elementos das ciências da religião.[5]

Ligações externas

  • Hierofania e Ecologia [1]
  • Experiência do Sagrado e Fenomenologia da Religião [2]

Referências Bibliográficas

  • DURKHEIM, Émile. As formas elementares de vida religiosa. Tradução de Joaquim Pereira Neto. São Paulo: Paulus, 1989.
  • Usarski, Frank: Constituintes da Ciência da Religião. Cinco ensaios em prol de uma disciplina autônoma, São Paulo: Paulinas, 2006
  • Usarski, Frank (org.): O espectro disciplinar da Ciência da Religião, São Paulo: Paulinas, 2007.
  • WEBER, Max. A ética protestante e o espírito do capitalismo. Tradução de Pietro Nassetti, São Paulo: Editora Martin Claret, 2003.

Referências

  1. http://bigbangnet.vilabol.uol.com.br/textosimportantes.htm.
  2. HOCK, Klaus (2010). Introdução à Ciência da Religião. [S.l.: s.n.] 
  3. PASSOS, USARSKI, João Décio, Frank (2013). Compêndio de Ciência da Religião. [S.l.: s.n.] 
  4. http://www.pucsp.br/rever/rv3_2001/p_valle.pdf
  5. Revista de Estudos da Religião março / 2007 / pp. 192-214
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