Linha Santos-Juquiá (Sorocabana)
Ferrovia Santos-Juquiá | |
---|---|
Informações principais | |
Área de operação | São Paulo |
Tempo de operação | 1915–2002 |
Operadora | Rumo Logística |
Interconexão Ferroviária | Linha Mairinque-Santos Extensão Juquiá-Cajati |
Portos Atendidos | Porto de Santos |
Especificações da ferrovia | |
Extensão | 161,5 km (100 mi) |
Bitola | bitola métrica 1 000 mm (3,28 ft) |
Diagrama e/ou Mapa da ferrovia | |
A Linha Santos-Juquiá, anteriormente conhecido como Ramal de Juquiá, é uma ferrovia paulista em bitola métrica, que liga o Porto de Santos, com a cidade de Juquiá, passando por Itanhaém e Peruíbe. Em 1986, foi construída pela Fepasa a Extensão Juquiá-Cajati, prolongando a linha em 70 km, passando por Registro e chegando a Cajati.
História
[editar | editar código-fonte]A Linha Santos-Juquiá foi construída pelos ingleses da Southern San Paulo Railway, entre 1913 e 1915. Em 17 de janeiro de 1914, a Southern San Paulo Railway Co. inaugurou a linha ferroviária de Santos a Conceição do Itanhaém, passando por São Vicente. Continuando sua expansão pelo litoral sul do estado de São Paulo, a Southern San Paulo Railway Co. concluiu o assentamento dos trilhos até Itanhaém, chegando a Peruíbe. Esse trecho foi de suma importância para a integração, transporte e desenvolvimento do litoral sul paulista, pois a região estava "separada" de Santos e da capital pelo Rio Itanhaém, e a ferrovia construiu uma ponte que melhorou dramaticamente a travessia do rio para os moradores, isolados. Após vencer um pequeno trecho de serra, por fim, a expansão chegou também a Juquiá.
O trem era o único meio de transporte para toda a região. Assim a produção de frutas (principalmente bananas) e madeiras era levada até o Porto de Santos, de onde poderia ser exportada ou seguir para Jundiaí, no planalto paulista, pelo trem da São Paulo Railway (SPR).
Em 1926, no Governo Washington Luis, a 'Southern San Paulo Railway' Co. foi comprada pelo Governo do Estado de São Paulo, estatizada e incorporada à Estrada de Ferro Sorocabana. Essa aquisição permitiu à Sorocabana a criação do ramal Samaritá a Mairinque que ligou, finalmente, em dezembro de 1937, o porto de Santos à cidade de São Paulo, quebrando o monopólio da São Paulo Railway no transporte de passageiros e cargas da capital e interior pra o Porto. O trecho entre Santos e o Jardim Samaritá, na área continental de São Vicente foi incorporado à Mairinque-Santos, que estava em início de construção no trecho da Serra do Mar, e o restante foi transformado no ramal de Juquiá. A partir daí, novas estações foram construídas.
A ferrovia chegou ao seu auge nas décadas de 1940 e 1950, quando circulava em suas linhas o Expresso Ouro Branco, um trem de passageiros moderno e luxuoso, ligando a Capital até Peruíbe. Porém, o descaso com que os governos estaduais e federais trataram as ferrovias nas décadas seguintes, em claro favorecimento ao transporte rodoviário, acabou fazer com que a linha se degradasse ano a ano. Em 1971 a Fepasa se tornou dona da linha, e em 15 de janeiro de 1977 interrompeu, pela primeira vez o Trem de passageiros para o Litoral Sul. Este porém, foi trazido de volta depois. Em 1981 prolongou-a até Cajati (Extensão Juquiá-Cajati), sua extensão máxima, para atender as fábricas de fertilizantes da região.
Na Década de 1990, o Governo estadual, através da CPTM, implantou o Trem Intra Metropolitano, ou TIM, um trem de subúrbio nos moldes do existente na Grande São Paulo, ligando a Estação Ana Costa, em Santos, até a estação Samaritá, na região continental de São Vicente. Mas, no fim da da década o governo estadual resolveu privatizar o transporte de cargas ferroviário, e a maior parte das linhas no estado, concedendo o uso da linha para a Ferroban em 1998[1]. O transporte de passageiros entre Santos e Juquiá foi suspenso em 1997, depois de 84 anos, pois não interessou à Concessionária[1]. A linha seguiu ativa para trens de carga que passavam quase diariamente, transportando enxofre do porto para Cajati, até o início de 2003, quando barreiras caíram sobre a linha na região do Vale do Ribeira. O transporte foi suspenso e a concessionária Ferroban desativou a linha, que o mato cobriu rapidamente. O TIM prosseguiu até 1999, quando também foi desativado apesar da demanda de passageiros continaur existindo[2].
O trecho entre o Porto de Santos e Samaritá, que cortava Santos e São Vicente por dentro da área central, foi utilizado ainda após a desativação do trecho entre Samaritá e Cajati, sendo enfim desativado devido aos transtornos causados ao trânsito local, quando da passagem dos longos trens cargueiros[3]. Ocorreu, por mais de uma vez, que vagões no fim da composição fossem, por vandalismo, desconectados do trem em movimento, durante a passagem por vias de tráfego intenso, como a Rodovia dos Imigrantes por exemplo, causando grande transtorno[3]. O tráfego cargueiro foi desviado para o ramal que liga Paratinga, no pé da Serra, até Perequê, já em Cubatão.
Atualmente a linha encontra-se sob concessão da América Latina Logística e está abandonada, mas há estudos para reativa-la.[4]. Em abril de 2010, a ANTT publicou a Resolução nº 3505, a qual determina que a Concessionária América Latina Logística recupere a infra e superestrutura da via permanente do ramal, colocando a malha em condições, no mínimo, similares à de quando foi transferida na concessão, para que o ramal volte a ser utilizado. Caso o Ramal não volte a ser utilizado pra transporte, conforme o Contrato de Concessão exige, o Governo pode entender como quebrado o contrato e retomar o trecho da Concessionária. Em 30 de maio de 2014, o Ministério Público Federal entrou com uma Ação Civil Pública na Justiça Federal em Santos[5], pedindo o cumprimento das cláusulas contratuais da Concessão do trecho, com a reforma de toda a sua extensão e a volta da circulação dos trens de carga[5], alegando demanda estimada em 1,5 milhão de toneladas de cargas a serem transportadas na linha por ano[5].
Em 30 de janeiro de 2015, a Justiça Federal em Santos decidiu pela reforma e reativação da Linha[1], dando prazo de 90 dias à Concessionária para o cumprimento da sentença[1]. No dia 30 de setembro de 2015, a Concessionária ALL declarou publicamente que precisaria de 10 meses pra concluir estudos de viabilidade de Transporte de Cargas e de Transporte de Passageiros na Linha[6]; e depois, precisaria de mais 24 meses pra conclusão das obras e entrega da Linha plenamente ativa em toda sua extensão[6].
Porém, em 3 de agosto de 2018, durante uma longa crise econômica que vinha assolando o País e diminuindo verbas para investimentos, a Rumo Logística declaraou publicamente que estudos técnicos demonstraram que a reativação da Linha seria deficitária e causaria prejuízo. Assim, o representante da Rumo declarou que o Contrato de Concessão da Ferrovia seria quebrado trecho seria devolvido ao Governo Federal do Brasil[7].
Paralelamente, em 2017, no encontro de prefeitos no Consórcio de Desenvolvimento Intermunicipal do Vale do Ribeira e Litoral Sul (Codivar) foi proposta a reativação de 66 km de ferrovia entre Mongaguá e Pedro de Toledo, para implantação de Trem Turístico movido por uma Locomotiva antiga Maria Fumaça[8][9][10]. Após a notícia da devolução do trecho ao Poder Público, as Prefeituras do Litoral Sul resolveram investir mais estruturadamente neste uso turístico para a Ferrovia[11].
Em 27 de maio de 2020, com a assinatura do contrato de prorrogação da concessão da Malha Paulista com a Rumo Logística até o ano 2058, o trecho entre Santos e Cajati foi retirado da concessão e devolvido inoperante ao Governo federal[12].
Tabela do Sistema (Incluindo todas linhas de passageiros que utilizavam o ramal)
[editar | editar código-fonte]Linhas de longo percurso
[editar | editar código-fonte]Linha | Terminais | Inauguração | Comprimento (km) | Estações | Duração das viagens | Funcionamento |
---|---|---|---|---|---|---|
Central | Ana Costa ↔ Juquiá | 1915 | 243 | 40 | 5h30m | Desativada em 1999. |
Linha | Terminais | Inauguração | Comprimento (km) | Estações | Duração das viagens (min) | Funcionamento |
---|---|---|---|---|---|---|
Turística | Peruibe ↔ Barra Funda | 1977 | 160,5 | 21 | --- | Desativada em 1999. |
Linha | Terminais | Inauguração | Comprimento (km) | Estações | Duração das viagens (min) | Funcionamento |
---|---|---|---|---|---|---|
Turística | Peruibe ↔ Campinas | 1977 | 290,5 | 48 | --- | Desativada em 2001. |
Linha | Terminais | Inauguração | Comprimento (km) | Estações | Duração das viagens (min) | Funcionamento |
---|---|---|---|---|---|---|
Central | Embu Guaçu ↔ Ana Costa | 1937 | 160,5 | 28 | --- | Desativada em 2000. |
Linha urbana de pequeno percurso
[editar | editar código-fonte]Linha | Terminais | Inauguração | Comprimento (km) | Estações | Duração das viagens (min) | Funcionamento |
---|---|---|---|---|---|---|
Linha 1 | Ana Costa ↔ Samaritá | 12 de Julho de 1990 | 16,136 | 7 | 35 min | Substituida pelo VLT da Baixada Santista a partir de 31 de janeiro de 2016. |
Linha do Litoral
[editar | editar código-fonte]Havia uma linha diária de trens de passageiros, saindo da Estação Ana Costa, em Santos e indo até Juquiá. Esta linha funcionou até 1997[13]. Na Década de 1960, o fluxo era grande o suficiente pra haver 7 viagens partindo de Santos para Juquiá todo dia[14]. Em Samaritá, havia quatro conexões diárias, com o trem que vinha da Estação Barra Funda na capital[14], quando vagões que vinham com a composição da Barra Funda eram transferidos para a composição que ia para Juquiá.
Trem do Pettená
[editar | editar código-fonte]Trem turístico de passageiros operado pela para a empresa de turismo do Coronel Pettená, a Petená Tur, usando o material rodante da Fepasa. Operou desde a Década de 1980 (data indefinida) em viagens de fins de semana e feriados anunciados com antecedência. Os trens partiam tanto de Campinas quanto da Barra Funda e o destino era sempre a estação de Peruíbe, utilizando a Mairinque-Santos. Esse Trem de Passageiros foi suprimido, assim como todos no Estado de São Paulo, após a privatização da Fepasa em 1997, e a Concessão da Linha para a Ferroban, a qual não se interessou por manter o Transporte de passageiros, tampouco quis continuar cedendo o material rodante para a Petená Tur.
Estações Sentido Cajati
[editar | editar código-fonte]Estuário (Pátio de Manobras)/Santos
Ana Costa/Santos
Itararé/São Vicente
São Vicente (Centro)/São Vicente
Vila Margarida/São Vicente
Rio Branco/São Vicente
Samaritá/São Vicente
Curva Do "S"/Praia Grande
Pedro Taques/Praia Grande
Vila Balneária/Praia Grande
Balneário Flórida/Praia Grande
Solemar/Praia Grande
Vila São Paulo/Mongaguá
Mongaguá(Centro)/Mongaguá
Vila Atlântica/Mongaguá
Campos Elísios/Mongaguá
Agenor de Campos/Mongaguá
Verde Mar/Itanhaém
Ipiranga/Itanhaém
Suarão/Itanhaém
Quininim/Itanhaém
Itanhaém(Centro)/Itanhaém
Belas Artes/Itanhaém
Cibratel/Itanhaém
Camboriú/Itanhaém
Jardim Regina/Itanhaém
Gaivotas/Itanhaém
Taninguá/Peruíbe
Bairro dos Prados/Peruíbe
Nova Peruíbe/Peruíbe
Peruíbe (Centro)/Peruíbe
Ana Dias/Itariri
Caixa D'água/Itariri
Raposo Tavares/Itariri
Itariri (Centro)/Itariri
Pedro de Toledo (Centro)/Pedro de Toledo
Padre Anchieta/Pedro de Toledo
Martin Afonso/Pedro de Toledo
Manoel da Nóbrega/Pedro de Toledo
Papudo/Miracatu
Musácea/Miracatu
Pedro de Barros/Miracatu
Jaraçatiá/Miracatu
Pacoval/Miracatu
Miracatu (Centro)/Miracatu
Tijuco Preto/Miracatu
Biguá/Miracatu
Oliveira Barros/Miracatu
Serrinha/Miracatu
Cedro/Juquiá
Juquiá (Centro)/Juquiá
Registro (Centro)/Registro
Jacupiranga (Centro)/Jacupiranga
Cajati (Centro)/Cajati
- Pátio de Manobras/Cajati
Anteriormento a ferrovia era chamada de Ramal de Juquiá da Estrada de Ferro Sorocabana.
Ver também
[editar | editar código-fonte]Referências
- ↑ a b c d http://www.ovaledoribeira.com.br/2015/02/justica-manda-all-reativar-ramal-ferroviario-santos-cajati.html
- ↑ http://www.estacoesferroviarias.com.br/a/anacosta.htm
- ↑ a b http://www.novomilenio.inf.br/santos/h0102z13.htm
- ↑ http://diariodeiguape.com/2009/02/21/ramal-ferroviario-santos-cajati-pode-ser-reativado/
- ↑ a b c http://exame.abril.com.br/economia/noticias/reativacao-do-ramal-de-cajati-tem-atraso-de-tres-anos
- ↑ a b http://www.ovaledoribeira.com.br/2015/10/deputado-samuel-moreira-participa-reuniao-reativacao-ferrovia-santos-cajati.html
- ↑ https://www.ovaledoribeira.com.br/2018/08/ramal-ferroviario-santos-cajati-devera-ser-devolvido-ao-governo-federal.html
- ↑ http://www2.itanhaem.sp.gov.br/2017/05/19/prefeito-participa-de-debate-sobre-projeto-trem-turistico/
- ↑ http://www.codivar.org.br/passeio-de-maria-fumaca-deve-impulsionar-turismo-na-regiao/
- ↑ http://www.maissantos.com.br/destaque/cidades-do-litoral-sul-se-unem-para-a-criacao-de-trem-de-passageiros-turistico/
- ↑ http://www.registrodiario.com/noticia/3524/projeto-para-ramal-ferroviario-de-santos-cajati-esta-em-andamentohtml
- ↑ https://www.diariodolitoral.com.br/cotidiano/rosana-valle-pede-a-ministro-recursos-para-reativar-ramal-ferroviario/136341/
- ↑ http://www.estacoesferroviarias.com.br/i/itanhaem.htm
- ↑ a b http://www.estacoesferroviarias.com.br/por_ramal/fotos/gl_ramjuquia9631.jpg