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Mira (Portugal): diferenças entre revisões

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Revisão das 13h54min de 12 de setembro de 2023

Mira
Brasão de Mira Bandeira de Mira

Localização de Mira

Área 124,03 km²
População 12 465 hab. (2011)
Densidade populacional 100,5  hab./km²
N.º de freguesias 4
Presidente da
câmara municipal
Artur Fresco (PSD, 2023 -)
Fundação do município
(ou foral)
1442
Região (NUTS II) Centro (Região das Beiras)
Sub-região (NUTS III) Região de Coimbra
Distrito Coimbra
Província Beira Litoral
Orago São Tomé
Feriado municipal 25 de Julho (São Tomé)
Código postal 3070
Sítio oficial www.cm-mira.pt
Município de Portugal

Mira é uma vila portuguesa do distrito de Coimbra, que pertencia à antiga província da Beira Litoral e à região do Centro (Região das Beiras), estando atualmente inserida na sub-região Região de Coimbra (NUT III), com cerca de 7 300 habitantes.

É sede do Município de Mira com 124,03 km² de área[1] e 12 114 habitantes (2021),[2][3] subdividido em 4 freguesias.[4] O município é limitado a norte pelo município de Vagos, a leste e a sul por Cantanhede e a oeste tem litoral no Oceano Atlântico.

História

A região onde se situa Mira já é habitada há longos tempos. São conhecidos locais onde se encontram indícios de ocupação pré-histórica como lascas em sílex (vala da Fervença), bifaces e machados de pedra polida. Encontram-se ainda por todo o município indícios de ocupação romana, alguns materiais de construção, nomeadamente "tegulae" (telhas), cerâmica doméstica e escória. A sul, na Serra da Corujeira a presença destes materiais levam a crer que ali se encontrava um casal rústico (o equivalente a uma moderna quinta), no entanto o local exato desta possível edificação ainda não foi encontrado. Pouco é conhecido sobre a área nos tempos dos Visigodos, mas durante o período de domínio árabe, Mira era já uma povoação com praça. No período Muçulmano esta região terá sido palco de guerras entre cristãos e árabes quando estes dominaram esta zona do litoral. Como era prática então, os invasores substituíam parte da população como gentes de outras áreas da península, e foi durante este tempo que a vila adquiriu o nome de Mira. Leva-se a crer que já os cristãos ali existentes tinham devoção predileta ao Apóstolo São Tomé, e os devotos chamavam a este local Terras do Senhor São Tomé, que segundo lenda levara os mouros a aceitarem o termo que em árabe é Emir. Mira é corrupção da palavra árabe mir ou Emir, que quer dizer senhor, chefe ou príncipe. Porém, há alguns historiadores que aceitam a ideia de que os árabes, dando-lhe este nome, quiseram distingui-la pela sua beleza, situação e amenidade do clima, chamando-lhe Terra do Senhor. A influência árabe foi muito nítida na região, sendo o local foco de moçarabismo.

Com a Reconquista Cristã, sobretudo na última conquista de Coimbra aos árabes em 1064, a história das terras de Mira passa a ficar mais claramente documentada. O povoado mouro foi capturado ainda antes da independência do condado Portucalense, talvez por Dom Henrique, pai de Dom Afonso Henriques. A povoação já aparece mencionada na doação que o primeiro governador de Coimbra, o moçárabe Sisnando, fizera no ano de 1094 aos novos povoadores de Montemor-o-Velho. A estes concedeu a posse das terras de Mira e todos os seus termos com a condição de lavrar e cultivar todos os terrenos incultos, não podendo doá-los, vendê-los ou trocá-los sem o consentimento do governador. A posse fora confirmada em Fevereiro de 1095, por Dom Raimundo e Dona Urraca, então Senhores de Portucale, a Soleima Godinho, doando todas as terras de São Tomé de Mira e nomeando-o seu proprietário e senhorio, sub condição de as arroteadas, valorizar e levar à criação de novos povoados.

Em 1442, Dom Pedro, regente de Portugal e Duque de Coimbra, concedeu autonomia municipal a Mira e diversos privilégios para fixar população e desenvolver o local. Recebeu foral de Dom Manuel I em Lisboa que a eleva a vila a 27 de Agosto de 1514 e nomeia como administrador e senhor da vila Dom Gonçalo de Tavares. Mais tarde, Dom Manuel de Sousa Tavares foi senhor e alcaide-mor da vila. O Senhorio de Mira manteve-se nas mãos da família dos Tavares até ao século XVIII, quando passou a integrar a Casa das Rainhas. Aí se manteve até à extinção do regime senhorial em 1833.

Contudo, a freguesia antecede o concelho. A igreja de S. Tomé de Mira, sendo a primitiva originalmente construída noutro local, foi mandada edificar pelo filho do proprietário Saleima, Zalema Godinho, que foi também o seu primeiro pároco. Gazela Golfinho após poucos anos de cura de almas, trocou a sua paróquia pelo hábito de monge augustiniano, doando ao Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra a igreja de Mira. Passando a freguesia a ser apresentação de Santa Cruz de Coimbra, o geral dos cónegos fazia-se representar pelo vigário dando-lhe uma pensão de 401$250 réis.

Aqui viveu grande parte da sua vida Francélio Vouguense, pseudónimo de Francisco Joaquim Bingre, poeta arcádico e pré-romântico português. Embora sendo natural de Canelas, Estarreja, aqui exerceu as funções de escrivão do Juízo, câmara e tabelião. Morreu aos 93 anos no dia 26 de Março de 1865.

Após a grande recessão do século XIV, que também terá atingido terras de Mira, chegando mesmo a desaparecer alguns lugares até aí conhecidos, foi a realeza, na dinastia de Avis, que lhe trouxe novo e grande impulso de desenvolvimento. D. João I beneficiou seu filho, Pedro, tornando-o duque de Coimbra, senhor de Montemor, da vila de Aveiro e das terras de Mira. Terá sido D. Pedro, o senhor de Mira, quem mais se interessou pelo lugar, e, em 12 de Outubro de 1442 concede carta de privilégios aos moradores de Mira (carta esta que foi confirmada pelo seu sobrinho, rei Afonso V, a 22 de Julho de 1447).

Em 12 de Julho de 1448, D. Afonso V doa oficialmente, ao Infante D. Pedro, seus filhos e netos, as vilas de Mira e Aveiro e simultaneamente desanexa Mira do termo de Coimbra, elevando-a a concelho e concedendo-lhe autonomia administrativa.

Em 1497, a 3 de março, o rei D.Manuel I doa os direitos reais de Mira a Gonçalo Tavares, e em 27 de agosto de 1514 assina o foral concedido a estas terras, como instrumento de governação local, garantindo a representatividade do povoado e seus habitantes, relativamente a obrigações e encargos, limitando o poder dos senhores em favor dos povos.

O senhorio de Mira manteve-se na família dos Tavares até que, no reinado de D. João IV, por doação desse rei a sua esposa D. Luisa de Gusmão, passou a integrar o património da Casa das Rainhas. Foi D. Luisa de Gusmão, que em 2 de abril de 1644, ordenou ao corregedor, da Comarca de Coimbra, a tomada de posse da vila e seu termo, e aí se manteve até 1833 (aquando da extinção do regime senhorial, do reconhecimento da garantia plena da propriedade privada e no controlo exclusivo pela lei e pelos tribunais).

Todo o século XIX foi rico em reformas administrativas. Mira, tradicionalmente ligada à cidade do Mondego, pertenceu administrativamente ao distrito de Aveiro. A freguesia da Mamarosa esteve integrada no concelho de Mira, havendo um documento de 30 de junho de 1837 que referia que o concelho de Mira tinha duas freguesias, Mira e Mamarosa (esta freguesia pertenceu a Mira até 31 de dezembro de 1853, tal como a freguesia de Covão do Lobo pertenceu ao concelho de Mira de 1853 a 1855).

Em 1839, o concelho estava integrado na Comarca de Aveiro e em 1852 na de Anadia. No ano de 1853, o decreto de 31 de dezembro reintegrou o concelho de Mira no Distrito de Coimbra.

O concelho teve uma efémera extinção, resultado da lei de 26 de junho de 1867 que preconizava uma reforma administrativa, regulamentada por decreto de 10 de dezembro desse mesmo ano, que extinguia vários concelhos, entre os quais Mira e Vagos, tendo Mira ficado integrada no concelho de Cantanhede. Entretanto, o decreto de 14 de janeiro de 1868 anulou a lei e decreto anterior, pelo que o concelho de Mira esteve extinto um mês e quatro dias.

Novamente por decreto, de 7 de Setembro de 1895, após as reformas administrativas do início do liberalismo, Mira voltou a ser incorporada no município de Cantanhede. Mas após um período de dois anos e quatro meses, voltou a recuperar a sua autonomia, acabando o município por ser restaurado, por decreto de 13 de Janeiro de 1898.

Heráldica

“De negro com um ramo de espigas de milho folhadas e atadas em ponta, tudo de ouro. Bordadura cosida de verde carregada de oito conchas de ouro, realçadas de negro. Coroa mural de prata de quatro torres. Listel branco com letras de negro. Bandeira amarela. Cordões e borlas de ouro e de negro. Lança e haste douradas.”[5]

Evolução da População do Município

Número de habitantes [6]
1864 1878 1890 1900 1911 1920 1930 1940 1950 1960 1970 1981 1991 2001 2011 2021
6 012 6 554 7 400 8 075 8 726 9 158 9 671 11 571 13 099 13 384 13 149 13 299 13 257 12 872 12 465 12 113

(Obs.: Número de habitantes "residentes", ou seja, que tinham a residência oficial neste município à data em que os censos se realizaram.)

De acordo com os dados do INE o distrito de Coimbra registou em 2021 um decréscimo populacional na ordem dos 5.0% relativamente aos resultados do censo de 2011. No concelho da Lousã esse decréscimo rondou os 2.8%.

Número de habitantes por Grupo Etário [7]
1900 1911 1920 1930 1940 1950 1960 1970 1981 1991 2001 2011 2021
0-14 Anos 2 750 3 006 2 868 2 834 3 561 4 149 3 946 3 840 3 353 2 620 1 922 1 560 1 398
15-24 Anos 1 391 1 454 1 728 1 879 2 014 2 254 2 452 2 100 2 148 2 107 1 769 1 233 1 056
25-64 Anos 3 256 3 359 3 689 4 177 4 870 5 517 5 861 5 970 6 104 6 485 6 757 6 528 5 930
= ou > 65 Anos 572 676 623 735 925 1 032 1 125 1 265 1 694 2 045 2 424 3 144 3 729

(Obs: De 1900 a 1950 os dados referem-se à população "de facto", ou seja, que estava presente no município à data em que os censos se realizaram. Daí que se registem algumas diferenças relativamente à designada população residente)

Política

Eleições autárquicas [8]

Data % V % V % V % V % V % V % V % V Participação
PPD/PSD PS CDS-PP PPM FEPU/APU/CDU MPT IND CH
1976 48,47 3 37,93 2 5,43 - 2,78 - 1,34 -
55,20 / 100,00
1979 68,41 4 25,13 1 3,89 -
69,02 / 100,00
1982 40,15 2 31,71 2 22,40 1 2,00 -
65,42 / 100,00
1985 39,38 3 24,95 2 31,25 2 1,52 -
64,38 / 100,00
1989 38,08 3 25,62 2 32,41 2 0,54 -
65,17 / 100,00
1993 32,54 3 47,30 4 8,44 - 0,56 - 8,36 -
69,39 / 100,00
1997 44,51 3 51,67 4 1,13 -
70,36 / 100,00
2001 51,50 4 44,00 3 1,05 - 0,53 -
70,45 / 100,00
2005 41,34 3 46,60 4 1,75 - 0,92 - 5,65 -
68,83 / 100,00
2009 28,48 2 55,99 5 0,78 - 10,86 -
62,88 / 100,00
2013 40,93 3 39,79 3 0,89 - 1,15 - 11,49 1
57,14 / 100,00
2017 60,25 5 29,98 2 0,43 - 0,70 - 4,62 -
56,47 / 100,00
2021 59,06 5 30,99 2 1,85 - 3,53 -
58,14 / 100,00

Eleições legislativas

Data %
PSD PS CDS PCP UDP AD APU/

CDU

FRS PRD PSN BE PAN PàF L CH IL
1976 41,72 34,18 11,51 1,89 0,57
1979 AD 33,41 AD APU 0,65 54,97 3,91
1980 FRS 0,32 58,35 3,63 30,32
1983 38,90 41,38 11,64 0,52 2,94
1985 41,18 32,66 11,09 0,60 2,84 7,22
1987 59,46 27,73 4,86 CDU 0,26 2,07 1,61
1991 58,78 31,10 3,81 1,21 0,21 1,43
1995 41,14 47,33 7,07 0,46 1,36 0,16
1999 43,84 42,48 7,15 2,02 1,23
2002 50,20 35,52 8,27 1,30 1,64
2005 40,44 44,22 5,53 1,47 4,19
2009 36,42 38,93 9,45 1,75 7,92
2011 50,24 27,11 9,13 2,35 3,71 0,85
2015 PàF 29,89 PàF 2,51 7,46 0,70 50,56 0,32
2019 37,68 34,64 3,82 1,79 7,88 2,80 0,95 0,78 0,58

Freguesias

Freguesias do município de Mira.

O município de Mira está dividido em 4 freguesias:

Património

Figuras Ilustres

Ver também

Referências

  1. Instituto Geográfico Português (2013). «Áreas das freguesias, municípios e distritos/ilhas da CAOP 2013». Carta Administrativa Oficial de Portugal (CAOP), versão 2013. Direção-Geral do Território. Consultado em 28 de novembro de 2013. Arquivado do original (XLS-ZIP) em 9 de dezembro de 2013 
  2. INE (2012). Censos 2011 Resultados Definitivos – Região Centro. Lisboa: Instituto Nacional de Estatística. p. 98. ISBN 978-989-25-0184-0. ISSN 0872-6493. Consultado em 27 de julho de 2013 
  3. INE (2012). «Quadros de apuramento por freguesia» (XLSX-ZIP). Censos 2011 (resultados definitivos). Tabelas anexas à publicação oficial; informação no separador "Q101_CENTRO". Instituto Nacional de Estatística. Consultado em 27 de julho de 2013 
  4. Lei n.º 11-A/2013, de 28 de janeiro: Reorganização administrativa do território das freguesias. Anexo I. Diário da República, 1.ª Série, n.º 19, Suplemento, de 28/01/2013.
  5. «Pesquisa - DRE». dre.pt. Consultado em 23 de janeiro de 2017 
  6. Instituto Nacional de Estatística (Recenseamentos Gerais da População) - https://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_publicacoes
  7. INE - http://censos.ine.pt/xportal/xmain?xpid=CENSOS&xpgid=censos_quadros
  8. «Concelho de Mira : Autárquicas Resultados 2021 : Dossier : Grupo Marktest - Grupo Marktest - Estudos de Mercado, Audiências, Marketing Research, Media». www.marktest.com. Consultado em 15 de dezembro de 2021 
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