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Língua xucurú

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Xukurú (Brobó)

Xukurú

Falado(a) em: Pernambuco
Total de falantes:
Família: Família Tarairiú
Códigos de língua
ISO 639-1: --
ISO 639-2: ---
ISO 639-3: xoo

É a língua do povo Xukurú, habitantes do município de Pesqueira em Pernambuco e pertencentes à Nação Tarairiú-Otshicayaynoe, bem como à família linguística Tarairiú.

No século XVIII habitaram a região do Brejo Paraibano onde foram aldeados no município de Bananeiras, no Aldeamento Boa Vista juntamente aos Kanindé, da mesma Nação Tarairiú (também conhecida no século XVII como Nação Janduí, pai de Kanindé, louvado - este último até os dias atuais nos ritos Catimbó-Jurema nordestinos). Anteriormente teriam advindo do Seridó Potiguar, coração e Aldeia-Mãe do território da Nação Tarairiú.

Anualmente realizam a Assembléia Xukurú, evento de fortalecimento cultural, espiritual, étnico e espaço de confluência entre vários povos nordestinos.

Consoantes:[1]

p t k
b d g
f s x h
v z
m n
l
r j

Vogais (com nasalização):[1]

i u
é [e] ó [o]
ê [ɛ] ô [ɔ]
a

Meader (1978)

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Vocabulário xukuru coletado por Paul Wagner:[2]

Informante
  • Nome: Antônio Caetano do Nascimento
  • Sexo: Masculino
  • Posição: Chefe
  • Residência: Brazinho (Serra Urubu), PE
Português Xukuru
água křikišε
arco fřεša
azul ɨniyε
bebo taiyε̃
fazer beber uřɨnka/o
boca opigomə̃
branco piřaːša
carne de boi iːša de mařiñu
carne de porco iːša de pʰužu
casa šεkI / šεkʰ
está chovendo křišišε
cobra katə̃go / šabatə̃na / sązařa
comer (fazer) křɨŋgɔ
corda (de índio) kəšta
correr (fazer) mutəgo
dia 'aːdamε
dormir muřiša
flecha bεštə
fogo kiya
fumo mažε
fumando (fazendo) ε/ɨštə̃ŋgu
joelho žəže
lua kɨlaRmɔ
machado takɔ de supapʰo
mãe tšiɔkɔ
mandioca iːəmu
farinha de mandioca ĩəmu
matar kopago/u
menino ambεkO / křipʰu/i
milho šɨgu / šiːgřu / siːgu
morto (defunto) kupʰu
mulher / moça ɔkřɨpi / tšɔkɔ
nariz šikřĩ
noite batukĩ
noite clara kilařižmąũ / kɨlařižmąũ
noite sem luar batřokĩ / batokĩ
nuvem nõmbřu
olho aloži / lə̃že/ε
pai taiɔpʰu
panela de barro mɔiː
pau křə̃ži
poiya
pés-de-bode poia de mε̃mε̃ŋgo
pedra kařašiši / kašiši / kebřə
pequeno křeɔ
perna fina žatiři
pessoa ruim taːnañago
piolho kuša
preta takažu křεga
preto takažu pu
sangue bõdąso
sol aːdɔmε
terra lɨmulagu
velho iakɔ / taiəpu / přɔ
vem cá iąkɔ / iə̃nkɔ
verde piřaša / takaɨnyε
abóbora porou
até logo ambeřa
banana pakɔvɔ
beiju šɔšɔgu
bicho-de-pé bušu / bušudu
bode mε̃mε̃ŋgo
boi mařĩ
bolsa aiyɔ
bom-dia břεmε̃/æ̃
brasa toe
brigar (mentir?) (fazer) ařago
cabaça kuřekɔ/a
caboclo taispu/U
caboclo velho přɔ / sanumpI/i
cachaça uřiːka žɔgu
cachimbo šaduřε
café fõfõ
cágado šabutε
cansado nanəgu
carneiro labudu
cavalo pitšɨŋgə
chapéu křeakřugu
chefe přə
chorando šualya
cintura hododoːgu
dar na cabeça kupago
dinheiro εntaiu
doce kažuřə
duas horas da tarde ŋgutimæ
escuro bətukĩ / batyukĩ
espingarda kašuvemini / nazařinə
espírito (homem) kopʰu ařaga
fava kuřikə
feijão saka
fica quieto naiyεtigořε / naiyε biago
fome (está com) šuřakI/i
fósforo křiya
galinha tapuka
gato žetona
gato do mato / leão tə̃tə̃ŋgu / tątągu
homem mal feito křugu/i
ladrão šikřεgugu
lagartinha kuřišiba
lenha křə̃ži
língua dos Xukurus břɔbɔ
maça kuřikɔ
madeira křə̃ž
mentira uːegwe
mulata křεšuagu
nome da tribo šukuřuiz
Nossa Senhora təməĩ
Nosso Senhor tupə̃
onça / rato pipʰiu
padre pažε
panela / jarro mə̃yĩ
patim iːə̃kə̃
pato tapukə
peba šabutε / šababutε
peru papɨsaka / isaka
ponto de boi kakřiə̃kʰɔ
porco pužu
prato de barro šεtkibũgu
preá bεŋo / bεŋgo
prender (fez) abřeřa
com raiva mařau
rapadura kařuža
rede tipʰoia
roubar (fazer) ařagu / šɨkřugu / šikřεgu
roupa (genérico) takʰɔ
roupa rasgada takə ařagu
saia tinəŋgɔ
sapato šaba
sapo sařapə
sede sεři
soldado ařεdæři / kəmakwĩ
titica ižari / šapřuiz
titica grande žaři
trovão təkəmařu / takəmařau
urinar žɨgu
urubu gřaːsia
vai dar de corpo šɨkumə
viagem (fazer) ũbřeːřa / muntəgu

Lapenda (1962)

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Palavras xucurus coletadas por Raimundo Dantas Carneiro e Cícero Cavalcanti (em Geraldo Lapenda 1962):[1]

água téw, kaité
água, rio xakr
animal, boi amank
arapuá suska
arma de fogo tuman-igú (tu-man-i-gú)
banana akôbra
barriga mayópó, tuyá
bébado tan-yen
boa tarde! lakutmen
bode, cabra menmengo (men-men-go)
boi gahanxo (ga-han-xo), marinha (ma-rin-ha)
bom konengo, pirara
bom dia! komenmen
brasa, fogo xetkubú
cabeça kréká
cabelo avenko, exék, unj
cacete konkré, ximbó
cachimbo makringó, xanduré
cachimbo do ritual xanduré
cachorro jabrêgo
cacique nekrètá
cadáver kapxégo
café zinbaw
carne inxa
carneiro zangzag
carnívoro zmaragúgo
casa xako
chapéu (coberta da cabeça) kré agúgo
chover krikxé
comer, comida kringó
copular uyuingo
correr montógo, onbrêra
de manhã in bemen
de noite in tataramen
de tarde in kutmen
defecar xikúgo
Deus Putú, Paité
dinheiro itay
dizer nennen (nen-nen)
doce tuxá
doente, doença tayrgêgo
dormir gon-yá (gon-yá)
espancar, matar kupágo
espirito jetó
faca sakwaren, tilôa
farinha de mandioca amun (a-mún)
feijão saká
feio katongo, waga
feiticeiro jubêgo
filho akó
fogo itôka
fome, faminto, ter fome xurak
frio xiá
fumaça (chaminé) ximinéw
fumar stongo
fumar durante o rito jiton
gado xafangú, amank
gato jetonm (je-ton-m)
gato-do-mato tantango
guloso, gula inbrugúgo
homem branco karé
índio xennunpr (xen-nun-pr)
intestino, ventre mayópó
invocar os espíritos jetó jéti
ladrão xuhégo
lua klarihmon
marido aríderí
matar arágo
mau awixo, irú, inbrugúgo
mau, feio waga
melancia befêw
menino jéút, mayópípo
mentiroso, mentira, mentir jupegúgo, xupegúgo
milho jigo, xigo
mocó (animal) koriko pexerumen
não biá
não falar non-yen biá
nariz axéko, xikrin
negro mankwé, jupú, taka, gon-yé
Nossa Senhora Taminn (ta-min-n)
Nossa Senhora das Montanhas Taman-ín-a (ta-man-in-a)
Nosso Senhor Papá Duá
ôlho axó, pigamnan
onça wanmanx (wan-man-x), lanprêgo
ovelha burudo, zangzag
poyá
pedra kwêbra, krekré
pequeno akrugó, bibí, gingin, krinin, kuit
peru teadusaka
pinto kréun-inxo (kré-ún-in-xo)
preá bengo, koriko mandumen
prender ajigo
rapazola awiko
reunião ritual inkant
rito prayá
sal lungin (lun-gin), ínkin
sol murasi
tatu-bola manntú (man-n-tú)
terra lemolahgo, kraxixi
tícaca fekiá
timbu, gambá totiko, utxaká
tripa madgoz
urinar xabrêgo
velha wakó
velho pró, tayópo
venha cá iankwan
vento forte xuá
vinho de jurema jusa

Frases e orações coletadas por Geraldo Lapenda (1962):[1]

Número Xucuru Português
1 xenunpr man-yógo karé O caboclo está com raiva do branco.
2 jubêgo jog kupágo krèká tió-pípo O feiticeiro embriagado deu uma pancada na cabeça da moça.
3 xennunpr kringó xoxógo kuit O indio comeu um pequeno pedaço de beiju.
4 inxa xangzag konengo A carne do carneiro é boa.
5 urika karé konengo A bebida do branco é boa.
6 xennunpr tayegêgo xurak O indio está doente de fome.
7 tapípo montógo arágo tumanigú xakrok, tapipo teregonmen xurak A menina foi matar com arma de fogo o tatu, ela chegou com fome.
8 xurak, xugín konengo kringó Eu tenho fome, o feijão está bom de se comer.
9 kringó tuxá, pirara kaité xiá, xáko onbriá pró Comi doce, com boa água fria, em casa de meu velho camarada.
10 tapuka tigá konengo kringó A galinha assada está boa de se comer.
11 tapuka kringó kuit jigo A galinha comeu muito pouco milho.
12 befêw konengo kringó A melancia está boa de se comer.
13 wanmanx kringó menmengo A onça comeu o bode.
14 amank arágo gon-yé xako O boi matou o negro em casa.
15 xako irú biá A casa não é ruim.
16 pininga montógo xako Paulo O cavalo foi-se embora para a casa de Paulo.
17 pininga pirara montógo O cavalo é muito bom de se viajar.
18 Pedro intataramen kebogó konkré xikrin, xukégo jibongo kuit Pedro de noite matou uma pessoa de cacetada no nariz, para roubar uma quantia insignificante.
19 Pedro xukégo pitinga jabrêgo akrugó onbriá Pedro roubou o cavalo é o cachorrinho de seu camarada.
20 karé xukégo gurinxáún akó xennunpr inkutmen O branco roubou a fava do filho do caboclo à tarde.
21 arederi ajigo xennunpr O soldado prendeu o índio.
22 jigo konengo inxa tapuka O milho é bom com carne de galinha.
23 inxa inkín konengo A carne salgada é boa.
24 amun konengo A farinha de mandioca é boa.
25 sanzara arágo tepô A cobra matou a raposa.
26 akó jadirimen irú O filho do soldado é ruim.
27 xenn awiko pirara, pirax A flor do rapazola é muito boa e bonita.
28 mayópípo kréxa katongo O menino do mulato é feio.
29 tapipo karé tóé A menina do branco é modesta.
30 jéút xukégo kréagúgo onbriá O menino roubou o chapéu de seu camarada.
31 téw xiá konengo tuxá A água fria é boa com doce.
32 pepuko João konengo biá A rede de João não é boa.
33 tapipo xennunpr pirax, tapipo potá pirara A índia é muito bonita, ela dança muito bem.
34 xennunpr poyá tayegêgo O índio está com o pé doente.
35 Manú zmaragugo bengo Manuel é comedor de carne de preá.
36 tazip pró waga O sapato do velho é feio.
37 krenj irú A lenha é ruim.
38 gon-yê poyá katongo O pé do negro é feio.
39 batukrin xiá konengo O dia frio é bom.
40 tayópo nen-yen biá xukurú Meu avó não fala o xucuru.
41 karé Pesqueira nen-yen, xennunpr xukurú munkunj, karé xupegúgo O povo de Pesqueira diz que o índio xucuru é preguiçoso, isto não é verdade.
42 karé xukégo kraxixi xukurú Urubá, xennunpr nan-yógo Os brancos tomaram as terras dos índios da Serra Urubá, e êles ficaram com raiva.
43 kanbay zipotay Valha-me Deus!

Referências

  1. a b c d Lapenda, Geraldo Calábria. 1962. O dialecto Xucuru. Doxa (Revista Oficial do Departamento de Cultura do Diretório Acadêmico da Faculdade de Filosofia de Pernambuco da Universidade do Recife), ano X, n. 10, p. 11-23.
  2. Meader, Robert E. (1978). Indios do Nordeste: Levantamento sobre os remanescentes tribais do nordeste brasileiro. Brasilia: SIL International 

Ligações externas

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