Olavismo

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O olavismo é um movimento político associado à extrema-direita, que tem como figura central o astrólogo brasileiro Olavo de Carvalho.[1][2] Este movimento ganhou notoriedade particularmente após a ascensão do governo de Jair Bolsonaro em 2019 e está estreitamente relacionado com o bolsonarismo.[3][4] A importância do estudo do olavismo é tamanha que foi descrito como a "chave para compreender o futuro da extrema-direita".[5] Alguns membros proeminentes do governo brasileiro, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro e ministros de seu governo, demonstraram admiração pelas ideias de Olavo de Carvalho.[6][7] Embora Olavo de Carvalho não tenha sido um conselheiro direto do governo, sua influência foi observada em algumas decisões políticas e nomeações.[8][9]

Olavo de Carvalho foi considerado um ideólogo do bolsonarismo, suas teorias influenciaram a formação do pensamento dos seguidores do ex-presidente e orientaram as políticas adotadas pelo governo. A chamada "ala ideológica" do governo Bolsonaro é um destacado defensor de discursos contrários à China, movimentos sociais, imprensa e à esquerda, além de sustentar teorias conspiratórias, como a suposta farsa do aquecimento global e a suposta falsa pandemia do coronavírus.[10][11] O termo "ala ideológica do governo Bolsonaro" frequentemente se refere a um grupo de pessoas ligadas ao governo ou aos bastidores dele, que são influenciadas intelectualmente por Olavo de Carvalho. Além disso, inclui figuras como Ricardo Vélez Rodríguez, Carlos Bolsonaro, Abraham Weintraub, Filipe Martins e Ernesto Araújo, entre outros, bem como aqueles associados ao fundamentalismo neopentecostal, com a ministra Damares Alves como um exemplo proeminente.[12]

Olavo de Carvalho propôs uma estratégia de "guerra cultural" para combater o chamado "Marxismo cultural", que é uma teoria da conspiração que postula um movimento global da esquerda para destruir a cultura ocidental.[13][14] Essa ideia influenciou a atuação de produtores de cinema, como Josias Teófilo da Lavra Filmes, Mauro Ventura Alves, sócio da IVIN Films, e a produtora Brasil Paralelo.[15] Além disso, outros canais de mídia bolsonaristas desempenharam um papel importante na disseminação das ideias olavistas, como Terça Livre, Senso Incomum, Conexão Política, Reaçonaria e Renova Mídia.[15]

Na época que antecedeu a posse de Jair Bolsonaro como presidente, ele prometeu "combater o lixo marxista que se instalou nas instituições de ensino". Uma das mensagens mais frequentes dos membros de seu governo e de seus apoiadores foi que a vitória eleitoral de Bolsonaro representou a derrota do marxismo cultural, uma teoria que teria influenciado os governos anteriores, como os de FHC, Lula e Dilma. Segundo o então ministro das relações exteriores, Ernesto Araújo, em um artigo publicado logo após a posse, o "marxismo cultural governou por dentro de um sistema aparentemente liberal e democrático, construído por meio de corrupção, intimidação e controle de pensamento". Ricardo Vélez Rodríguez, em sua posse como ministro da educação, afirmou que o "marxismo cultural é uma coisa que faz mal para a saúde. A saúde da mente, do corpo e da alma". Segundo o ex-ministro, "somos pessoas individualizadas. O marxismo cultural passa a borracha em cima disso e nos considera massa. Nós não somos massa, somos indivíduos".[16]

Referências

  1. Povo, Lucas Berlanza, especial para a Gazeta do. «Quem foi Olavo de Carvalho: filósofo, cristão, anticomunista e referência da direita». Gazeta do Povo. Consultado em 18 de julho de 2023 
  2. Silva, Ivan Henrique de Mattos e (31 de maio de 2021). «"LIBERAL NA ECONOMIA E CONSERVADOR NOS COSTUMES" Uma totalidade dialética». Revista Brasileira de Ciências Sociais: e3610702. ISSN 0102-6909. doi:10.1590/3610702/2021. Consultado em 18 de julho de 2023 
  3. «O olavismo, a ascensão e a queda do bolsonarismo – Opinião». CartaCapital. 26 de março de 2019. Consultado em 18 de julho de 2023 
  4. «'Olavismo vai sobreviver à morte de Olavo de Carvalho', diz estudioso da nova direita». BBC News Brasil. Consultado em 18 de julho de 2023 
  5. «Olavismo será chave para compreender futuro da extrema-direita; leia análise». Estadão. Consultado em 18 de julho de 2023 
  6. «Bolsonaro defende Olavo e diz esperar fim de embates com militares». Folha de S.Paulo. 7 de maio de 2019. Consultado em 22 de julho de 2023 
  7. «Guru do governo Bolsonaro, Olavo de Carvalho era ícone dos conservadores». Folha de S.Paulo. 25 de janeiro de 2022. Consultado em 22 de julho de 2023 
  8. «A herança maldita de Olavo de Carvalho para o governo de Jair Bolsonaro». VEJA. Consultado em 22 de julho de 2023 
  9. Gortázar, Naiara Galarraga (13 de abril de 2019). «Olavo de Carvalho, o onipresente oráculo do bolsonarismo». El País Brasil. Consultado em 22 de julho de 2023 
  10. «Relembre frases controvertidas de Ernesto Araújo sobre 'globalismo', China, coronavírus e religião». O Globo. 29 de março de 2021. Consultado em 21 de abril de 2021 
  11. «Bolsonaro avalia afastar expoente da ala ideológica». ISTOÉ DINHEIRO. 26 de março de 2021. Consultado em 21 de abril de 2021 
  12. «Entendendo Bolsonaro - Governo Bolsonaro: ala "técnica" é, também, ideológica». entendendobolsonaro.blogosfera.uol.com.br. Consultado em 21 de abril de 2021 
  13. Berkowitz, Bill (2003), "Reframing the Enemy: 'Cultural Marxism', a Conspiracy Theory with an Anti-Semitic Twist, Is Being Pushed by Much of the American Right." Intelligence Report. Southern Poverty Law Center, Summer. [1]
  14. Lind, William S. "What is Cultural Marxism?"[ligação inativa]. Maryland Thursday Meeting.
  15. a b Rudnitzki, Ethel; Oliveira, Rafael (10 de agosto de 2019). «Produtoras de cinema embarcam em "guerra cultural" de Olavo e ganham apoio». Exame. Agência Pública. Consultado em 6 de maio de 2021 
  16. Silva, Michel Goulart da (18 de março de 2020). «REFLEXÕES SOBRE O "MARXISMO CULTURAL"». Boletim de Conjuntura (BOCA) (3): 77–82. ISSN 2675-1488. doi:10.5281/zenodo.3900667. Consultado em 29 de janeiro de 2022 
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