Realismo ingénuo
Realismo ingênuo, também conhecido por "Realismo directo" ou "realismo de senso comum", um realismo distinto do realismo científico, acredita que o que percebemos directamente corresponde ao que as coisas são realmente. Os nossos sentidos dão-nos directamente o mundo.
Todos os objectos são compostos de matéria que ocupa espaço. E são suas propriedades o volume, a forma, a cor, e por aí fora. Ao arrepio da ciência, garante que os objectos possuem as cores que nós percebemos através dos nossos sentidos.
O debate filosófico e científico
[editar | editar código-fonte]Um realista ingénuo comporta-se como se ignorasse o debate filosófico sobre a natureza da experiência consciente. Na sequência do pensamento de René Descartes, John Locke, George Berkeley, David Hume e Immanuel Kant, o mundo que vemos não é o mundo real, mas apenas a percepção da representação interna desse mundo gerado pelo cérebro.[1]
Para os filósofos da mente contemporâneos e cientistas cognitivos, o realismo de Kant é tão ingénuo como o realismo de senso comum.[2] A realidade é um compósito formado pela realidade última e pelas construções dos sentidos e do cérebro. A realidade não está só de um lado, do lado do mundo ou do lado da cabeça das pessoas.[3]
Ainda assim, o último ponto de vista está longe de ser consensual. A teoria dos dados dos sentidos e o argumento da ilusão defendem que, o que percepcionamos, não são as próprias coisas em si mas os dados dos sentidos. Os dados, por vezes, podem ser apenas ilusões. Estas teorias dizem-nos que nunca saberemos como será a realidade última das coisas. O arco-íris é um exemplo de ilusão perceptiva. Faz parte da natureza da percepção não haver uma posição a partir da qual podemos saber se os dados dos sentidos correspondem ao mundo ou não.[4]
O realista ingénuo não nega que haja ilusões de percepção, mas reivindica que os objectos, que percepcionamos de uma forma imediata e directamente, estão mesmo lá fora e não na mente. A mente produz as alucinações, as ilusões, e as imagens dos sonhos.
Realismo direto e indireto
[editar | editar código-fonte]A questão do realismo direto ou "ingênuo", em oposição ao indireto ou realismo "representacional", surge na filosofia da percepção e da mente para fora do debate sobre a natureza da experiência consciente. A questão epistemológica de que se o mundo que vemos ao nosso redor é o mundo real em si ou simplesmente uma percepção da cópia interna desse mundo gerado por processos neurais no cérebro.[5]
Referências
- ↑ Daniel Kolak e Raymond Martin – Sabedoria sem respostas: Realidade. Temas e Debates, 2004
- ↑ B. Stroud, The Significance of Philosophical Skepticism (1984) [[1]]
- ↑ John R. Searle – A Redescoberta da mente: haverá algum problema com a psicologia popular? Instituto Piaget, 1992
- ↑ M.R.Bennett e P.M.S. Hacker – Fundamentos filosóficos da Neurociência. Instituto Piaget, 2005
- ↑ Lehar, Steve. (2000). Naïve Realism in Contemporary Philosophy Arquivado em 11 de agosto de 2012, no Wayback Machine., The Function of Conscious Experience.
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- Naïve Realism and the Argument from Illusion (em inglês)
- Epistemological Problems of Perception – Stanford Encyclpedia of Philosophy (em inglês)
- Rafael Claudio Guisolfi – A crítica de Hegel ao realismo ingénuo
- Robert Sekuler e Randolph Blake – Percepção. A Arte de Pensar
- Sense-data – Stanford Encyclpedia of Philosophy (em inglês)
- Scientific Realism - Stanford Encyclpedia of Philosophy (em inglês)
- Gomatam, Ravi.(2004).Physics and Commonsense - Relearning the Connections in the Light of Quantum Theory