Sincretismo
Sincretismo é a reunião de doutrinas diferentes, com a manutenção de traços perceptíveis das doutrinas originais. Possui, por vezes, um certo sentido pejorativo na questão da artificialidade da reunião de doutrinas teoricamente incongruentes entre si.[1] Frequentemente, quando se fala em sincretismo, se pensa no sincretismo entre diferentes religiões, no chamado sincretismo religioso.
Etimologia
[editar | editar código-fonte]"Sincretismo" deriva do termo grego synkretismós, "reunião de vários Estados da ilha de Creta contra o adversário comum", através do termo francês syncrètisme.[1]
Exemplos de sincretismo religioso
[editar | editar código-fonte]Sincretismo religioso católico
[editar | editar código-fonte]Sincretismo é a absorção de um sistema de crenças por outro. Isto ocorreu, por exemplo, quando o cristianismo absorveu conceitos das religiões da Europa, moldando-os de acordo com os da Igreja Católica numa tentativa de facilitar a propagação da religião cristã no continente europeu. Um exemplo é a festa cristã do Natal, originalmente uma festa pagã que celebrava o solstício de inverno e o nascimento anual do Deus Sol e que os povos da antiguidade associaram a atual celebração do nascimento de Jesus Cristo.[carece de fontes]
O monoteísmo, tal como se desenvolveu ao longo da história, é um caleidoscópio de legados monoteístas, dualistas e politeístas que se misturam sob um único conceito divino. É a aceitação simultânea de ideias diferentes e até mesmo contraditórias e a combinação de rituais e práticas tirados de fontes diferentes.[2]
Sincretismo na América Latina
[editar | editar código-fonte][3]Nas religiões afro-latino-americanas, cada orixá corresponde a um santo católico, mas, de fato, não se trata de um amálgama. As figuras não se confundem. Muitos dos santos católicos são cultuados também no candomblé e em outras religiões afro-latino-americanas. Na época da escravidão na América Latina, os escravos africanos criaram uma maneira criativa e inteligente de enganar os seus senhores. Invocavam os seus deuses africanos sob a forma dos santos católicos: Oxóssi na forma de São Sebastião, Ogum como São Jorge, Oxalá como Jesus Cristo, Ibeji como Cosme e Damião, Iansã como Santa Bárbara, os fios de contas como Nossa Senhora do Rosário, entre outros.
Também adaptaram alguns rituais africanos à tradição cristã: por exemplo, a incorporação da Lavagem do Bonfim à cerimônia das Águas de Oxalá. Podiam, assim, manifestar publicamente, ainda que de forma dissimulada, sua religiosidade africana. O sincretismo religioso afro-brasileiro já foi retratado em várias obras da literatura, música, teatro e artes plásticas brasileiras. Letristas como Dorival Caymmi, Vinícius de Moraes e Jorge Ben Jor retrataram o tema em diversas canções, enquanto Dias Gomes levou-o ao teatro com a peça O Pagador de Promessas, que, mais tarde, foi levada ao cinema conquistando uma Palma de Ouro no Festival de Cannes e uma indicação ao prêmio Oscar de melhor filme estrangeiro.
Referências
- ↑ a b FERREIRA, A. B. H. Novo dicionário da língua portuguesa. 2ª edição. Rio de Janeiro. Nova Fronteira. 1986. p. 1 589.
- ↑ HARARI, Yuval Noah (2015). Sapiens - Uma breve história da humanidade 24ª ed. Porto Alegre: L&PM. p. 231
- ↑ Araújo, Alex Pereira de (15 de dezembro de 2021). «O Candomblé e a desconstrução da noção de sincretismo religioso:». Abatirá - Revista de Ciências Humanas e Linguagens (4): 357–388. ISSN 2675-6781. Consultado em 16 de dezembro de 2021