Dorival Caymmi
Dorival Caymmi | |
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Dorival Caymmi nos anos 90. | |
Informação geral | |
Nome completo | Dorival Caymmi |
Nascimento | 30 de abril de 1914 |
Local de nascimento | Salvador, BA Brasil |
Morte | 16 de agosto de 2008 (94 anos) |
Local de morte | Rio de Janeiro, RJ Brasil |
Nacionalidade | brasileiro |
Gênero(s) | |
Ocupação(ões) | |
Cônjuge | Stella Maris (1940-2008) |
Filho(a)(s) | Dori Caymmi Danilo Caymmi Nana Caymmi |
Instrumento(s) | |
Período em atividade | 1934–2008 |
Outras ocupações | |
Gravadora(s) |
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Afiliação(ões) |
Dorival Caymmi (Salvador, 30 de abril de 1914 – Rio de Janeiro, 16 de agosto de 2008) foi um cantor, compositor, instrumentista, poeta, pintor e ator brasileiro.
Compôs inspirado pelos hábitos, costumes e as tradições do povo baiano.[1] Tendo como forte influência a música negra, desenvolveu um estilo pessoal de compor e cantar, demonstrando espontaneidade nos versos, sensualidade e riqueza melódica.
Poeta popular, compôs obras como Saudade da Bahia, Samba da minha Terra, Doralice, Marina, Modinha para Gabriela, Maracangalha, Saudade de Itapuã, O Dengo que a Nega Tem, A Lenda do Abaeté e Rosa Morena.
Filho de Dorival Henrique Caymmi e Aurelina Soares Caymmi, era casado com Adelaide Tostes, com quem teve seus três filhos: Nana, Dori e Danilo, que também são cantores,[1] assim como suas netas Juliana e Alice.[2]
Faleceu em 16 de agosto de 2008, aos 94 anos, em casa, às seis horas da manhã, por conta de insuficiência renal e falência múltipla dos órgãos, em consequência de um câncer renal que possuía havia nove anos.[3] Permanecia em internação domiciliar desde dezembro de 2007.
Biografia
[editar | editar código-fonte]Ele era descendente de italianos pelo lado paterno, as gerações da Bahia começaram com o seu bisavô, que chegou ao Brasil para trabalhar no reparo do Elevador Lacerda.[4] Ainda criança, iniciou sua atividade como músico, ouvindo parentes ao piano. Seu pai era funcionário público e músico amador, tocava, além de piano, violão e bandolim. A mãe, dona de casa, mestiça de portugueses e africanos, cantava apenas no lar. Ouvindo o fonógrafo e depois a vitrola, cresceu sua vontade de compor. Cantava, ainda menino, em um coro de igreja, como baixo-cantante. Com treze anos, interrompe os estudos e começa a trabalhar em uma redação de jornal O Imparcial, como auxiliar. Com o fechamento do jornal, em 1929, torna-se vendedor de bebidas.[4] Em 1930 escreveu sua primeira música: "No Sertão", e aos vinte anos estreou como cantor e violonista em programas da Rádio Clube da Bahia. Já em 1935, passou a apresentar o musical Caymmi e Suas Canções Praieiras. Com 22 anos, venceu, como compositor, o concurso de músicas de carnaval com o samba A Bahia também dá.[4] Gilberto Martins, um diretor da Rádio Clube da Bahia, o incentiva a seguir uma carreira no sul do país. Em abril de 1938, aos 23 anos, Dorival, viaja de ita (navio que cruza o norte até o sul do Brasil) para cidade do Rio de Janeiro, para conseguir um emprego como jornalista e realizar o curso preparatório de Direito.[4] Com a ajuda de parentes e amigos, fez alguns pequenos trabalhos na imprensa, exercendo a profissão em O Jornal, do grupo Diários Associados, ainda assim, continuava a compor e a cantar. Conheceu, nessa época, Carlos Lacerda e Samuel Wainer.[4]
Foi apresentado ao diretor da Rádio Tupi, e, em 24 de junho de 1938, estreou na rádio cantando duas composições, embora ainda sem contrato. Saiu-se bem como calouro e iniciou a cantar dois dias por semana, além de participar do programa Dragão da Rua Larga. Neste programa, interpretou O que é que a Baiana Tem?, composta em 1938. Com a canção, fez com que Carmen Miranda tivesse uma carreira no exterior, a partir do filme Banana da Terra, de 1938. Sua obra invoca principalmente a tragédia de negros e pescadores da Bahia: O Mar, História de Pescadores É Doce Morrer no Mar, A Jangada Voltou Só, Canoeiro, Pescaria, entre outras.[1] Filho de santo de Mãe Menininha do Gantois, para quem escreveu em 1972 a canção em sua homenagem: "Oração de Mãe Menininha", gravado por grandes nomes como Gal Costa e Maria Bethânia.
Nos anos 1970 sua canção "Suíte do Pescador" ficou amplamente conhecida na União Soviética após compor a trilha sonora do filme "Capitães da Areia", baseado na obra de Jorge Amado, e que fez enorme sucesso no país.[5]
Em 1986, a Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira apresentou o enredo "Caymmi mostra ao Mundo o que a Bahia e a Mangueira tem". Nesse desfile, com um belo samba a Estação Primeira de Mangueira conquistou o principal título do Carnaval Carioca.[6] Em 2014 foi homenageado pela Escola de Samba Águia de Ouro, que apresentou o enredo: "A Velha Bahia apresenta o centenário do poeta cancioneiro Dorival Caymmi" homenageando o centenário de Dorival Caymmi. A escola finalizou na terceira posição, a mesma posição do ano anterior.
Obras
[editar | editar código-fonte]Nas composições de Caymmi (Maracangalha, 1956; Saudade de Bahia, 1957), a Bahia surge como um local exótico com um discurso típico que estabelecera-se nas primeiras décadas do século XX, com referências à cultura africana, à comida, às danças, à roupa, e, principalmente à religião.
Antecedentes
[editar | editar código-fonte]Com a Primeira Guerra Mundial, um lundu de autoria anônima, com o nome de "A Farofa",[7] trata não tão somente do conflito como também de dendê e vatapá, na canção "O Vatapá".[8] O compositor José Luís alcunhado Caninha, utilizou, ainda em 1921, o vocábulo balangandã, no samba "Quem vem atrás fecha a porta".[9] A culinária baiana foi consagrada no maxixe "Cristo nasceu na Bahia",[9] lançado em 1926. No final da década de 1920, associa à Bahia a mulher que ginga, rebola, requebra, remexe e mexe as cadeiras quando está sambando, o que surpreende na linguística, visto que o autor não era nativo do Brasil.
Sucesso
[editar | editar código-fonte]O primeiro grande sucesso "O que é que a baiana tem?" cantada por Carmen Miranda em 1939 não só marca o começo da carreira internacional da Pequena Notável vestida de baiana, mas influenciou também a música popular dentro do Brasil, tornou-se conhecida a ponto de ser imitada e parodiada, como no choro "O que é que a baiana tem?" de Pedro Caetano e Joel de Almeida ou na canção "A baiana diz que tem" de Felipe Colognezi. Apesar das produções anteriores, as composições de Caymmi são as mais lembradas sobre a cultura baiana.[10]
Morte
[editar | editar código-fonte]No dia 16 de agosto de 2008, apenas 10 dias após sua esposa, Stella Maris, entrar em coma devido a complicações cardíacas, Caymmi faleceu em seu apartamento, aos 94 anos. Ele residia na Avenida Nossa Senhora de Copacabana, localizada no bairro de Copacabana. Sua morte foi atribuída a insuficiência renal, uma complicação decorrente do câncer que enfrentava desde 1999. Dez dias após o falecimento de Caymmi, sua esposa Stella Maris também veio a falecer no hospital, após cerca de 20 dias em coma devido a problemas respiratórios agudos.[11][12][13]
Seu corpo foi velado na Câmara Municipal do Rio de Janeiro, no Centro carioca.[14] Caymmi foi enterrado no dia seguinte no Cemitério de São João Batista, no bairro de Botafogo, com a presença de seus filhos e personalidades como Othon Bastos, Gilberto Gil, Gilberto Braga, João Ubaldo Ribeiro, Daniela Mercury, Wagner Tiso, Glória Perez e o prefeito do Rio, Cesar Maia (DEM).[15]
Em sua homenagem, o Governador da Bahia, Jaques Wagner (PT) e o Governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral Filho (PMDB), decretaram luto oficial de três dias em seus estados.[16][17] O então Presidente da República, Lula (PT), escreveu uma nota de pesar em homenagem ao músico: "Dorival Caymmi é um dos fundadores da música popular brasileira, patriarca de uma linhagem de músicos de talento. Suas canções praieiras e seus sambas-canção são patrimônio da cultura nacional. Brilhou e inovou como compositor, músico e cantor. Sua música é uma completa tradução da Bahia. Foi com tristeza que recebi a notícia de sua morte. Meus sinceros pêsames a sua esposa Stella Maris e a seus filhos - Nana, Dori e Danilo. Sua obra permanecerá sempre viva na memória dos brasileiros, iluminando a todos com a graça e a alegria de suas músicas".[12][18]
Discografia
[editar | editar código-fonte]Ano | Título | Gravadora |
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1954 | Canções Praieiras | Odeon |
1955 | Sambas de Caymmi | |
1957 | Eu Vou p'ra Maracangalha | |
Caymmi e o Mar | ||
1958 | Ary Caymmi e Dorival Barroso | |
1959 | Caymmi e Seu Violão | |
1960 | Eu Não Tenho Onde Morar | |
1964 | Caymmi Visita Tom | Elenco |
1965 | Caymmi and The Girls From Bahia | Odeon |
1967 | Vinicius e Caymmi no Zum Zum | Elenco |
1972 | Caymmi | Odeon |
1973 | Caymmi Também É de Rancho |
Referências
- ↑ a b c «Biografia», Netsaber, BR
- ↑ «Biografia no Cravo Albin». dicionariompb.com.br. Consultado em 29 de novembro de 2012
- ↑ «Dorival Caymmi morre aos 94 anos no Rio», G1, Globo
- ↑ a b c d e «Exclusivo Online». revistaepoca.globo.com. Consultado em 28 de abril de 2021
- ↑ Darmaros, Marina (26 de novembro de 2020). «SUÍTE DOS PESCADORES:». Tradução em Revista (29). ISSN 1808-6195. doi:10.17771/PUCRio.RevTrad.50458. Consultado em 24 de março de 2021
- ↑ Lp dos Sambas de Enredo das Escolas de Samba do Grupo-1A - Rio de Janeiro 1986.
- ↑ Lisboa 1998, p. 27.
- ↑ Lisboa 1998, pp. 29-30.
- ↑ a b de Moraes 1998, pp. 36-37.
- ↑ Laferl, Christopher F, O clicê da terra, Áustria: Universidade de Viena, consultado em 16 de agosto de 2008, cópia arquivada em 24 de março de 2008
- ↑ «Morre a ex-cantora Stella Maris, mulher de Dorival Caymmi». Extra Online. 27 de agosto de 2008. Consultado em 19 de março de 2024
- ↑ a b Cássia, Cristiane (16 de agosto de 2008). «Dorival Caymmi morre em casa, aos 94 anos, de falência renal». O Globo. Consultado em 31 de agosto de 2021
- ↑ «G1 > Música - NOTÍCIAS - Dorival Caymmi morre aos 94 anos no Rio». G1. 16 de agosto de 2008. Consultado em 31 de agosto de 2021
- ↑ «Morre Dorival Caymmi, aos 94 anos». Fundação Cultural Palmares. 18 de agosto de 2008. Consultado em 31 de agosto de 2021
- ↑ «Corpo de Dorival Caymmi é enterrado sob aplausos». O Globo. 17 de agosto de 2008. Consultado em 31 de agosto de 2021
- ↑ Cássia, Cristiana (16 de agosto de 2018). «Bahia decreta luto oficial de três dias pela morte de Dorival Caymmi». Extra. Consultado em 31 de agosto de 2021
- ↑ Menezes, Maiá (16 de agosto de 2008). «Sergio Cabral decreta luto de três dias pela morte de Dorival Caymmi». Extra. Consultado em 31 de agosto de 2021
- ↑ Brasil, Jornal do (16 de agosto de 2008). «Lula: músicas de Caymmi são patrimônio da cultura nacional». Jornal do Brasil. Consultado em 31 de agosto de 2021
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Lisboa, Luiz Américo, Júnior (1998) [1990], A presença da Bahia na música popular brasileira, Musimed.
- Gildo De Stefano, Il popolo del samba. La vicenda e i protagonisti della storia della musica popolare brasiliana, con prefazione di Chico Buarque de Hollanda, RAI-ERI, 2005, ISBN 88-397-1348-4
- Gildo De Stefano, Saudade Bossa Nova: musiche, contaminazioni e ritmi del Brasile, Prefazione di Chico Buarque, Logisma Editore, Firenze 2017, ISBN 978-88-97530-88-6
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- Dorival Caymmi. no IMDb.
- Nascidos em 1914
- Mortos em 2008
- Naturais de Salvador
- Sambistas
- Músicos de música popular brasileira
- Compositores da Bahia
- Cantores da Bahia
- Violonistas da Bahia
- Pintores da Bahia
- Cantores afro-brasileiros
- Brasileiros de ascendência italiana
- Mortes por disfunção de múltiplos órgãos
- Mortes por insuficiência renal
- Mortes por câncer renal
- Barítonos do Brasil
- Dorival Caymmi
- Candomblecistas do Brasil
- Umbandistas do Brasil
- Agraciados com a Ordem do Mérito Cultural
- Brasileiros de ascendência portuguesa
- Brasileiros de ascendência africana
- Cantores brasileiros do século XX
- Cantores brasileiros do século XXI