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Revolução neolítica: diferenças entre revisões

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Logo, as frequentes e perigosas buscas à procura de [[alimento]]s eram evitadas. Com o tempo, foram selecionados entre os grãos selvagens aqueles que possuíam as características que mais interessavam aos primeiros [[agricultor]]es, tais como tamanho, produtividade, sabor etc.
Logo, as frequentes e perigosas buscas à procura de [[alimento]]s eram evitadas. Com o tempo, foram selecionados entre os grãos selvagens aqueles que possuíam as características que mais interessavam aos primeiros [[agricultor]]es, tais como tamanho, produtividade, sabor etc.


'''O que foi a revolução agrícola?'''
No Oriente Médio, agricultores que haviam sido pioneiros na vida sedentária e no cultivo de cereais estão agora criando ampla variedade de animais domésticos, ovelhas,bois,cabras e gado. Eles têm viajado rumo aos Bálcãs, através da Anatólia, em busca de terras férteis e boas pastagens.

=== As Primeiras Cidades ===
[[Ficheiro:DuraEuropos-PalmyraGate.jpg|thumb|left|Situada na região onde atualmente está a [[Síria]], a cidade de [[Doura Europos]] foi de grande importância para o [[comércio]] fluvial dos primeiros agricultores [[Mesopotâmia|mesopotâmicos]].]]

Por volta de 6.000 a.C., alguns grupos humanos descobriram a técnica de produção de [[cerâmica]] pelo aquecimento da [[argila]]. Na mesma época aprenderam a converter fibras naturais em fios e estes em [[tecido]]s. Aos poucos começaram a trabalhar com metais para produzir instrumentos. Os indivíduos que trabalhavam com cerâmica, metais e tecelagem tornaram-se artesãos. Eram os primeiros sinais de mais uma divisão social do trabalho (antes apenas entre homens e mulheres). A diversidade na produção, a especialização do trabalho e as novas funções na sociedade contribuíram para que algumas comunidades de agricultores se transformassem em [[vila]]s e [[cidade]]s, constituindo o que alguns historiadores chamaram de ''Revolução Urbana''.

A [[sedentarização]], causada pela [[agricultura]], provocou verdadeira revolução no modo de vida da [[humanidade]]. Um dos acontecimentos mais importantes relacionados a isso foi o desenvolvimento das [[vila]]s e [[cidade]]s.

Em geral, as vilas desenvolveram-se em regiões onde os solos eram férteis e propícios à [[agricultura]]. Elas tinham inúmeras funções. Na [[América]], por exemplo, estavam associadas a cultos [[Religião|religiosos]], mas podiam também servir de abrigo para artesãos e de espaço de troca de produtos. Dessa forma, o surgimento das vilas e cidades facilitou a prática do comércio e o desenvolvimento de novas técnicas, como a [[olaria]] (fabricação de peças de barro) e da [[metalúrgica]] (fabricação de peças de metais).

Assim, percebe-se que o processo de consolidação das [[vila]]s está associado ao aumento da organização social. Em outras palavras, está relacionado com a prática da religião e do comércio, com o aumento da população e com a diversificação das atividades produtivas.

==== Çatalhüyük ====
{{Artigo principal|[[Çatalhüyük]]}}

[[Ficheiro:CatalHoyukSouthArea.JPG|Área Sul de Çatalhüyük|thumb|[[Escavação|Escavações]] na área sul de [[Çatalhüyük]], uma das primeiras cidades do mundo.]]

Uma das mais antigas cidades do mundo é [[Çatal Huyuk]]. Ela foi descoberta em escavações no centro sul da [[Turquia]], no [[Oriente Médio]]. As casas dessa cidade eram feitas de tijolos e construídas uma ao lado da outra, sem espaço de circulação entre elas. O acesso às casas era feito por aberturas nos telhados, e os habitantes circulavam de um lugar a outro caminhando sobre as casas.

As escavações realizadas em [[Çatal Huyuk]] podem mostrar muito da vida dos grupos humanos que habitaram essa região entre 12 mil e 7 mil anos atrás. A economia da [[cidade]], cuja [[população]] era cerca de 5 mil habitantes, baseava-se na [[agricultura]], além de ter importante comércio de pedra vítrea de vulcão ([[obsidiana]]).

A descoberta da cerâmica também foi um grande marco neste momento e o domínio do fogo.

== Domesticação dos animais ==
Para além da agricultura, a criação de animais foi outro passo muito importante para a alteração do modo de vida do Homem, pois deu a ele não só a possibilidade de não ter de se deslocar para obter a carne e as peles necessárias à sua alimentação e conforto, mas também o leite e, com a domesticação do boi, uma força para tração. A domesticação deve ter surgido espontaneamente em vários locais, resultado da evolução natural de aproximação e observação dos animais no decurso das caçadas. O primeiro animal domesticado foi o [[cão]], seguindo-se animais para a alimentação, como a [[cabra]], o [[carneiro]], o [[boi]] e o [[cavalo]].

== Comércio ==
O aumento da produção criou excedentes e permitiu as trocas de produtos, que dão origem ao [[comércio]]. Privativamente a atividade do comércio se faz de comunidade para comunidade em meio de seus chefes. Pouco a pouco, porém, forma-se um grupo de indivíduos especializados em vender e comprar mercadorias. O comércio, por sua vez, aproxima vendedores e compradores, favorecendo o desenvolvimento das cidades.

=== Rios e Vales ===
[[Ficheiro:ArRaqqahEuphrates.jpg|thumb|left|[[Rio Eufrates]], berço de uma das maiores das civilizações da Antiguidade: a [[Mesopotâmia]].]]

Desde o inicio da Pré História, o homem tem procurado os rios para se orientar no espaço e obter água. Foi ao longo dos rios que floresceram, no começo da História, as civilizações agrícolas, as primeiras a submeterem o espaço terrestre e a natureza a seus desígnios. E foi junto aos grandes rios da Antiguidade que se desenvolveram as civilizações que deram um novo rumo à História da humanidade, por vezes chamadas de Civilizações Fluviais, por que foram os rios o fator decisivo para o desenvolvimento agrícola.

As grandes civilizações fluviais, que eram economicamente dependentes das culturas irrigadas e contavam com uma população numerosa e em grande parte urbanizada, floresceram nas [[Planície aluvial|planícies aluviais]] formadas pelas enchentes de um dos dois grandes rios. Assim, os berços das civilizações chinesa, indiana, sumério-babilônica e egípcia foram, respectivamente, os rios Amarelo e Azul Indo e Ganges, Tigre e Eufrates e Nilo

A primeiras plantações agrícolas se deram, portanto, nos vales, as regiões férteis que margeiam os rios. Cidades como [[Çatal Huyuk]], [[Dura Europos]], [[Ur]], [[Urak]] e muitas outras das primeiras sociedades sedentárias se formaram ao longo de rios, devido à necessidade da [[fertilidade]] do solo para as [[Agricultura|práticas agrícolas]].

=== Relações Sociais ===
Com o surgimento da [[agricultura]], surgiram mudanças não só nos instrumentos de trabalhos e na formação de [[cidade]]s, mas também nas relações sociais entre os homens. No inicio, a produção agrícola era um empreendimento [[família|familiar]]: pai, mãe, filhos e filhas de diversas idades, cada qual passou a trabalhar a terra com determinados deveres fixados por tradição.

O investimento de muito trabalho no cultivo da [[terra]], porém, levou ao desejo de posse da terra e à criação do direito de herança. O primogênito herdava a terra e os mais jovens, sem possuírem terras próprias, passavam a servi-lo; ou, então, a servir a outros donos de terras.

As sociedades dos [[agricultor]]es e criadores de gado organizaram-se em [[tribo]]s. A [[tribo]] era um grupo maior que a [[horda]]. Era constituída por um conjunto de famílias que viviam na mesma região e que provinham de um tronco comum. As famílias eram chamadas de [[clã]]s.

O uso de instrumentos de [[metal]] provocou um grande salto na [[Agricultura|produção agrícola]]. Os novos instrumentos permitiram produzir mais e melhor em menos tempo. Com isso as comunidades primitivas começaram a produzir mais do que necessitavam. Essa produção a mais chama-se excedente.

Com o aumento da produção apareceu também a [[propriedade privada]] de [[terra]], de [[ferramenta]]s, animais, etc. Instalava-se com isso a desigualdade entre os homens e entre as tribos. Os proprietários passaram a explorar o trabalho dos outros. Surgiu a [[escravidão]]. Pela primeira vez, a sociedade dividiu-se em partes opostas: os donos de escravos e [[escravos]]. O mundo passou a ter um novo modo de produção – o [[escravismo]] – e novas relações sócias baseadas na [[desigualdade]].

=== Crescente Fértil ===
{{Artigo principal|[[Crescente fértil]]}}

[[Ficheiro:Fertile Crescent map.png|thumb|250px|Mapa mostrando a área do Crescente Fértil.]]

Çatal Huyuk foi construída numa região habitualmente chamada de [[Crescente Fértil]]. Essa região englobava a [[Mesopotâmia]], uma faixa de terra junto ao [[mar Mediterrâneo]] e [[Egito|nordeste da áfrica]]. A região recebeu este nome pelo fato de seu traçado ser semelhante à [[Lua]] na fase quarto crescente, e também pela presença de grandes [[rio]]s, cujos vales apresentavam solos férteis propícios para a prática da [[agricultura]].

As condições locais favoreceram o aparecimento de inúmeras sociedades. As terras férteis propiciaram a fixação de povos nômades e impulsionaram a agricultura baseada na irrigação, principalmente na região do [[Egito]] e da [[Mesopotâmia]].

Dentre as cidades mais antigas do mundo, frutos do [[Revolução Agrícola|desenvolvimento agrícola]], destacam-se as localizadas na [[Mesopotâmia]], construídas pela etnia dos caldeus cerca de 5 a 6 mil anos atrás. As cidades mais famosas foram Ur e Urak. Entre 1920 e 1940, escavações arqueológicas demonstraram a enorme riqueza das sociedades que ali viveram. Por volta de 2500 a.C., estima-se que Ur tivesse 40 mil habitantes, uma verdadeira [[megalópole]] para a época. Em suas escavações, os arqueólogos descobriram tesouros dos governantes de Ur e as evidências da pujança do comércio a longa distancia e do sistema de registro comercial baseado na escrita cuneiforme.


== Referências ==
== Referências ==
* CHILDE, Vere Gordon. A Evolução Cultural do Homem. Rio de Janeiro: Zahar, 1978.
* FIGUEIRA, Divalte Garcia. História. 2.ed. [[São Paulo]]: [[Editora Ática]], [[2005]]. 432, 96 p.


== {{Ver também}} ==
== {{Ver também}} ==
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* [[Pré-História]]
* [[Pré-História]]
* [[Neolítico]]
* [[Neolítico]]
* [[Revolução urbana]]
* [[Evolução Humana]]
* [[Evolução Humana]]



Revisão das 00h01min de 22 de agosto de 2011

Artefatos do Neolítico.

Revolução Neolítica (ou Revolução Agrícola) é a expressão criada pelo arqueólogo Australiano Gordon Childe para designar o movimento dado na Pré-História, que marcou o fim dos povos nômades e o inicio da sedentarização do homo sapiens, com o aparecimento das primeiras vilas e cidades. No Período Paleolítico, os grupos nômades não possuíam moradias fixas. Já no Neolítico, as sociedades humanas desenvolveram técnicas de cultivo agrícola e passaram a ter condições de armazenar alimentos. Isso levou a grupos humanos a se fixarem por mais tempo em uma região e a se deslocarem com menor frequência.

Essa foi a fase da evolução cultural em que se deu a passagem do ser humano "de parasita a sócio ativo da natureza". Foi uma transformação que levou o homo sapiens a se fixar definitivamente em um local e o adaptar às suas necessidades, tendo por base uma economia produtora. O processo de transformação da relação do Homem com os animais e plantas proporcionou um maior controle das fontes de alimentação.

Antecedentes

Sociedades Nômades

Durante milhares de anos os grupos humanos viveram deslocando-se de um lugar ao outro, procurando alimento necessário para sua sobrevivência. Em outras palavras, eram nômades. Até o final do período Paleolítico, os humanos dependiam da caça de animais e da coleta de frutos e vegetais.

O nomadismo é a prática dos povos nômades, ou seja, que não têm uma habitação fixa, que vivem permanentemente mudando de lugar. Usualmente são os povos do tipo caçadores-coletores, mudando-se a fim de buscar novas pastagens para o gado quando se esgota aquela em que estavam. Os nômades não se dedicam à agricultura e frequentemente ignoram fronteiras nacionais na sua busca por melhores pastagens.

O nomadismo na economia recoletora era motivado pela deslocação das populações que, na procura constante de alimentos, acompanhavam as movimentações dos próprios animais que pretendiam caçar, procuravam os locais onde existiam frutos ou plantas a recolher ou necessitavam de se defender das condições climáticas ou dos predadores. Este tipo de nomadismo manteve-se entre as comunidades que persistiram no modo de produção recoletor.

Instrumento com desenhos rupestres.

Os instrumentos fabricados por esses grupos eram, na maioria, de pedra e osso. Alguns eram lascados para formar bordas cortantes e facilitar a obtenção de alimentos e defesa. A alimentação era composta basicamente de frutos, raízes, ervas, peixes e pequenos animais capturados com a ajuda de armadilhas rudimentares.

No Período Paleolítico, as pessoas abrigavam-se em cavernas ou em espécies de choupanas feitas de galhos e cobertas de folhas. Também usavam tendas de animais na entrada das cavernas.

A sociedade é comunal, já possuem uma certa organização social e a família já tem importância. Descobrem e dominam o fogo, possuem uma linguagem rudimentar, indícios de rituais funerários e desenvolvem as primeiras práticas de magia (devido à descoberta do fogo).

No Paleolitico Médio, o humano fez uma descoberta muito importante: o fogo. É nesse periodo que surgem os primeiros Sambaquis (encontrados principalmente nas regiões litorâneas da América do Sul), devido ao fato do homem ser nômade, e se alojar num determinado local até que se esgotassem os alimentos; amontoavam conchas, fogueiras, restos de animais. Eram também nesses locais que enterravam seus mortos junto a seus pertences (colares, vestes, ferramentas e cerâmicas).

A sociedade era formada por pequenos clãs, que dividiam as tarefas entre os sexos e idades. Havia apenas um líder, que servia como conselheiro. Este poderia ser o mais forte ou o mais velho. Como o nomadismo resultava em doenças frequentes, cansaços e obrigação de descaso aos necessitados, os indices demográficos eram baixos e estáveis.

Revolução agrícola

A primeira atividade agrícola ocorreu entre 9000 e 7000 a.C. em certos lugares privilegiados da Sírio-Palestina, do sul da Anatólia e do norte da Mesopotâmia. Aconteceu também na Índia (há 8 mil anos), na China (7 mil), na Europa (6.500), na África Tropical (5 mil) e nas Américas (México e Peru) (4.500). Em 3000 a.C., a revolução neolítica já tinha atingido a Península Ibérica e grande parte da Europa.

Os produtos cultivados variavam de região para região, mas geralmente consistiam em cereais (trigo e cevada), o milho, raízes (batata-doce e mandioca) e o arroz, principalmente. O Homem foi aprendendo então a selecionar as melhores plantas para a semeadura e a promover o enxerto de variedades.

Além dos conhecimentos práticos referentes a tipos de solo, plantas adequadas e épocas de cultivo, foram desenvolvidas invenções importantíssimas e práticas como a cerâmica, a foice, o arado, a roda, o barco a vela, a tecelagem e a cerveja.

Descoberta da Agricultura

Homem trabalhando no cultivo de arroz em Bangladesh.

A condição de nômade começou a ser abandonada com o desenvolvimento da agricultura: plantar alimentos foi um passo decisivo para o domínio da natureza e para o processo de fixação (sedentarização) dos grupos humanos.

Há cerca de 10 mil anos atrás, durante a Pré-história, no período do neolítico ou período da pedra polida, alguns indivíduos de povos caçadores-coletores notaram que alguns grãos que eram coletados da natureza para a sua alimentação poderiam ser enterrados, isto é, "semeados" a fim de produzir novas plantas iguais às que os originaram.

As pesquisas têm revelado que as primeiras atividades agrícolas ocorreram na região de Jericó, num grande oásis junto ao mar Morto, há cerca de 12 mil anos. Por meio de difusão ou movimentos independentes, supõe-se que o fenômeno tenha se desenvolvido também na Índia (há 8 mil anos), na China (7 mil), na Europa, (6.500_, na áfrica tropical (5 mil) e nas Américas (4.500).

Os produtos cultivados variavam de região para região com a natural predominância de espécies nativas, como o trigo, cevada, arroz, milho, batata doce e mandioca. Uma vez iniciada a atividade, o humano foi aprendendo a selecionar as melhores plantas para a semeadura e a promover o enxerto de variedades, de modo a produzir alimentos mais nutritivos do que os selvagens.

Essa prática permitiu o aumento da oferta de alimento dessas pessoas, as plantas começaram a ser cultivadas muito próximas uma das outras. Isso porque elas podiam produzir frutos, que eram facilmente colhidos quando maturassem, o que permitia uma maior produtividade das plantas cultivadas em relação ao seu habitat natural.

Logo, as frequentes e perigosas buscas à procura de alimentos eram evitadas. Com o tempo, foram selecionados entre os grãos selvagens aqueles que possuíam as características que mais interessavam aos primeiros agricultores, tais como tamanho, produtividade, sabor etc.


Referências

  • CHILDE, Vere Gordon. A Evolução Cultural do Homem. Rio de Janeiro: Zahar, 1978.

Ver também