Tupolev Tu-160

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Tu-160
(OTAN: Blackjack)
Bombardeiro
Tupolev Tu-160
Descrição
Tipo / Missão Bombardeiro estratégico, com motores turbofan de pós-combustão, quadrimotor monoplano de geometria variável
País de origem  União Soviética
Fabricante Tupolev
Período de produção 1984-1992; 2000-2008
Quantidade produzida 35
Custo unitário US$ 270 milhões[1]
Primeiro voo em 19 de dezembro de 1981 (42 anos)
Introduzido em 30 de dezembro de 2005 (capacidade operacional em 1987)
Notas
Dados: Consultar a secção Especificações

O Tu-160 (designação NATO,[nota 1] Blackjack) é um bombardeiro estratégico, supersónico desenvolvido na ex União Soviética.

Construído em pequenas quantidades, ainda no tempo da ex URSS estima-se que cerca de 32 unidades foram produzidas incluindo protótipos,[2] em finais de 2010 apenas 16 apresentavam capacidade operacional.[3] Embora várias aeronaves de transporte civis e militares tenham dimensões maiores, o Tu-160 é a maior aeronave de combate, a maior aeronave supersônica e a maior aeronave com asas de geometria variável.[4][5]

Desenvolvimento e produção[editar | editar código-fonte]

Um Tu-160 russo em 2007.

A génese do Tu-160 remonta ao ano de 1965, quando três importantes acontecimentos coincidem no tempo:

A 28 de Novembro de 1967 é iniciada uma competição para a construção de um bombardeiro estratégico, com especificidades técnicas elevadas, como:

  • Alcance bélico entre 11 000 e 13 000Km
  • Velocidade máxima entre 3 200 e 3 500Km/h
  • Alcance em velocidade subsónica e alta altitude entre 16 000 e 18 000m
  • Armamento constituído por mísseis de cruzeiro nucleares Kh-45 e Kh-2000.[6]

Sukhoi apresentou um projecto com asa de geometria variável o qual designou T-4M, mas que rapidamente evoluiu, porque a disposição dos motores não permitia o transporte de armamento em casulos internos. Foi assim apresentada uma nova versão designada T-4MS que nada tinha de comum com a anterior, mas capaz de transportar dois mísseis Kh-45 internamente e outros dois externamente.
O gabinete de Myasishchev trabalhou em quatro modelos diferentes sob a designação M-20, no período entre 1967-1968.[7]
Tupolev juntou-se na demanda de um bombardeiro estratégico, optando por desenhar um projecto que não visava as especificações pretendidas pelo governo, argumentando que o esforço tecnológico e financeiro para obter um bombardeiro de mach 3.0 não compensava, em comparação com um capaz de mach 2.3. Todos os seus projectos designados 160M foram baseados na asa delta do avião supersónico de transporte comercial Tupolev Tu-144.[6]

Tupolev Tu-160 Blackjack ("Vasily Sen'ko") acompanhado por um Sukhoi Su-27

Em 1972 a Força Aérea o escolheu o gabinete de Sukhoi como vencedor, que no entanto se mostrou incapaz de atingir as especificações exigidas, obrigando à abertura de uma segunda fase da competição, na qual foi diminuída a velocidade máxima para mach 2.3, possibilitando assim o regresso de Tupolev com o seu projecto 160M. Sukhoi retirou-se do projecto decidindo concentra-se no desenvolvimento de caças.[6] Nesta segunda fase o projecto M-18, uma derivação dos esboços elaborados por Myasishchev e designados M-20, foi declarado vencedor, pela Força Aérea com o apoio do TsAGI[nota 2] e do Conselho Científico-Tecnológica do Ministério da Indústria que apostaram na utilização de uma asa de geometria variável. Devido à equipe de desenvolvimento do gabinete de Myasishchev ter sido considerada demasiado pequena, para assegurar a grandeza do projecto, foi o departamento Tupolev encarregue do desenvolvimento, também mas não só devido à experiência acumulada desde 1930 no fabrico e desenvolvimento de bombardeiros.[6] Com o auxílio dos respectivos departamentos governamentais e institutos de investigação científica foram escolhidos os sistemas da aeronave, bem como os motores que numa fase inicial seriam os Kuznetsov NK-25 que equipavam o Tu-22M3 Backfire, mas que devido à alta taxa de consumo de combustível foram preteridos a favor de um novo modelo (NK-32) desenvolvido especificamente para o Tu-160.[nota 3][8]
Em 1977 o projecto preliminar e uma maqueta à escala real, foram apresentados para apreciação da comissão estadual de aceitação, nesta fase Tu-160 seria equipado com dois mísseis nucleares Kh-45, no entanto o desenvolvimento do míssil de cruzeiro Americano AGM-86 ALCM, desencadeou na parte Russa uma contra resposta materializada no míssil de cruzeiro nuclear de longo raio de acção Kh-55SM ou Kh-55 com carga explosiva convencional os quais passaram a ser a arma primária do Tu-160.[9] Posteriormente os Kh-55 foram adaptados para ogivas nucleares.[10] Os mísseis de cruzeiro convencionais usados são os Kh-555 e Kh-101.

Na construção da célula foram usadas de modo extensivo, materiais nada usuais na construção aeronáutica Soviética à época, (exceptuando casos pontuais), como ligas de titânio e de alumínio, ligas de aço de alta qualidade e materiais compósitos os quais constituem 28%, 48%, 15% e 3% respectivamente, do peso vazio do avião.[9]

Pormenor da parte frontal do Tu-160

O primeiro de dois protótipos ficou pronto em 1981 e foi fotografado pela primeira vez[nota 4] a 25 de Novembro do mesmo ano, por um satélite de reconhecimento Norte-Americano. junto a um Tupolev Tu-144. Voou pela primeira vez a 18 de Dezembro de 1981, iniciando uma série de testes que de um modo geral tiveram sucesso, exceptuando a necessidade de uma nova geometria da cauda e pormenores de pouca importância relatados pela imprensa Soviética. Em 1985 foi tomada a decisão para a construção de cem exemplares, o que veio a ser contrariado pela evolução política e consequente desmembramento da União Soviética.[11]

Modernização[editar | editar código-fonte]

Desde 2008 o governo russo fala sobre modernizações nos bombardeiros Tu-160. Apenas 4 unidades foram modernizadas.

Em Abril de 2015 o Ministro da Defesa da Rússia Sergei Shoigu disse que os Tu-160 voltarão a ser produzidos e modernizados.

Segundo Shoigu a nova versão do Tu-160 terá capacidades "Stealth" O bombardeiro pesado Tupolev Tu-160 será equipado com um sistema rádio-eletrônico de combate avançado, altamente eficaz contra mísseis antiaéreos. Conhecido como "KRET".

Em 2018 dois Tu 160 estiveram presentes em manobras militares na Venezuela e no mar do Caribe, em conjunto com um Antonov An-124 e um Ilyushin Il-62[10][12]

Variantes[editar | editar código-fonte]

  • Tu-160
Bombardeiro estratégico.[2]
  • TU-160M
Proposta de uma versão aumentada para transporte de dois mísseis de cruzeiro, hipersônicos e longo alcance (5 000 Km) Kh-90. 4 Unidades estão em serviço na Força Aérea Russa.
  • TU-160 "KRET"

Versão "Steath" do Bombardeiro que contará com um sistema rádio-eletrônico de combate avançado.

O KRET está desenvolvendo um novo sistema de navegação, um complexo de mira, um sistema de controle de armas e outros equipamentos eletrônicos. Um total de 800 firmas e organizações estão envolvidas na modernização da aeronave.

  • TU-160 NK-74

Versão com "Raio Operacional" estendido com Turbinas NK-74

  • TU-160P
Proposta para uma variante de caça de escolta de muito longo raio de ação.[2]
  • TU-160PP
Proposta de uma variante de avião de escolta para interferência electrônica.[2]
  • TU-160R
Proposta para uma plataforma de reconhecimento estratégico.[2]
  • Tu-160SK
Versão comercial destinada ao lançamento de satélites, apresentada no Singapura Air Show de 1994 pelos parceiros Russos MKB Raduga, OKB MEI, Tupolev e a empresa Alemã OHB-System. No Paris air show de 1995, foi apresentado em exposição estática o Tu-160 0401, equipado com um foguete de dois andares para o lançamento de satélites. Em 1998 os Alemães retiraram-se do projecto.[2]

Utilizadores[editar | editar código-fonte]

 Rússia

Em Dezembro de 2010 estavam operacionais 26 Tu-160.[13] Contudo no relatório dos acordos START apenas estão referenciados 16 aeronaves com capacidade operacional. Os 26 Tu-160 pertencem 121.º Regimento de Guardas de Bombardeiros Pesados a operar na Base aérea de Engels e estão referenciados do seguinte modo:
  • 02 - Vasili Reshetnikov
  • 03 - Pavel Taran
  • 04 - Ivan Yarygin
  • 05 - Aleksandr Golovanov
  • 06 - Il'ya Muromets
  • 07 - Aleksandr Molodchiy
  • 08 - Vitali Kopylov
  • 10 - Nikolai Kuznetsov
  • 11 - Vasili Sen'ko
  • 12 - Aleksandr Novikov
  • 14
  • 15 - Vladimir Sudets
  • 16 - Aleksei Plokhov
  • 17 - Valeri Chkalov
  • 18
  • 19 - Valentin Bliznyuk,
Além destas unidades, existem mais três baseadas em Zhukovskiy considerados aviões de teste, dos quais apenas um possui capacidade de voo. Uma quarta unidade de teste deu entrada na fábrica de Kazan para ser submetido a um programa de actualização.[14]

 Ucrânia

Após o desmembramento da União Soviética a Ucrânia por decisão do seu parlamento tomou posse de todo o equipamento militar estacionado no seu território, no qual estavam englobados 19 Tu-160. Doze Unidades foram devolvidas a Rússia, com as outras foram desmanteladas. Em 2001 o ultimo Tu-160 ucraniano foi desmantelado. As unidades foram desmanteladas pelo alto custo de mantimento, falta de combustível e falta de peças.

Especificações[editar | editar código-fonte]

  • Tripulação: 4
  • Comprimento, : 54,1m
  • Altura: 13,1m
  • Envergadura: 55,7m
  • Àrea alar: 371,6m²
  • Peso vazio: 110 000 kg
  • Peso normal : 267 600 kg
  • Peso máx. descolagem: 275 000 kg
  • Combustível máximo: 171 000 kg
  • Tecto de serviço: 15 000m
  • Velocidade de descolagem: 270 km/h
  • Velocidade de aproximação: 270 km/h
  • Pista p/ descolar c/ peso máximo: 2,200m
  • Pista p/ aterrar c/ peso máximo: 1,600m
  • Veloc. máx. ao nível do mar: mach 1,0
  • Veloc. máx em altitude: mach 2,05
  • Carga G limite: +2,0
  • Taxa de subida ao nível do mar: 70 m/s
  • Alcance só combustível interno: 12 300 km
  • Armamento: até 40 000 kg em compartimento (2) interno
  • Motores: 4x Kuznetsov NK-32
  • Potência: 4x 245.17Kn com pós-combustão

(Fonte[15])

Comparativo[editar | editar código-fonte]

8x Pratt & Whitney
TF33-PW-3

Especificações comparativas entre o TU-160 e outros bombardeiros estratégicos[16]
Northrop B-2A Rockwell B-1 B Boeing B-52H Tu-160 Tu-95MS
Tripulação 2 4 6 4 7
Propulsão 4xGeneral Electric
F118-GE-100
4xGeneral Electric
F101-GE-102
8x Pratt & Whitney
TF33-PW-3
4xKuznetsov
NK-32
4xKuznetsov
NK-12MP (turbo Prop.)
Potência máxima 4x 84,34Kn 4x 104,05Kn 8x 75.51Kn 4x 245.17Kn 4x 15,000 Cv
Comprimento 21.0m 45.78m 47.8m 54.95m 49.13m
Altura no solo 5.45m 10.24m 12.41m 13.00m 13.30m
Envergadura 52.4m 41.67/23,84m 56.39 m 57.7/35,6m 50.04m
Área das asas 465.m² 181.2m² 371,6m² 293,15m² 289.9m²
Peso máx. à descolagem 181,500Kg 216,400Kg 221,400Kg 275,000Kg 185,000Kg
Carga militar 22,600Kg 34,000Kg 23,000Kg 40,000Kg 20,800Kg
Carga de combustível 73,000Kg 88,450Kg 181,800Kg 171,000Kg 87,000Kg
Velocidade de cruzeiro 850Km/h 855Km/h 837Km/h 1,000Km/h 750Km/h
Velocidade máxima 1,000Km/h 1,270Km/h 1,014Km/h 2,000Km/h 830Km/h
Tecto máximo 12,500m 15,240m 16,700m 15,000m 10,500m
Autonomia máxima
(carregado, combust. interno)
11,100Km 5,540Km 15,470Km 12,300Km 10,500Km
Autonomia máxima
(carregado, 1 reabastecimento)
18,500Km n.d. n.d. n.d. 14,100Km
Tupolev TU-160

Ver também[editar | editar código-fonte]

Notas[editar | editar código-fonte]

  1. Também referenciado como código NATO. São nomes dados ao equipamento militar da Ex URSS e actual Rússia, afim de identificar com clareza e evitar confusões na identificação de determinado modelo. Principalmente durante a "guerra fria" onde era usual serem atribuídas várias designações pela parte Soviética, fazendo crer que existiam mais unidades do que aquelas que efectivamente tinham existência física. Por outro lado nunca houve uma política Russa de denominação dos seus aviões, como acontece com as aeronaves Ocidentais, no entanto o código NATO é adoptado oficialmente se o nome for do agrado das lideranças militares, como no caso do MIG-29 Fulcrum.
  2. Salvas as devidas proporções, tratava-se de um instituto de pesquisa técnica, tipo MIT mas de índole estatal, na era Soviética.
  3. Este veio a ser o mais potente motor jamais construído, para propulsionar um avião. Foi testado pela primeira vez num TU-142 em 1980 e a sua produção inciada em 1983.
  4. Não foi contudo esta a primeira vez que o Ocidente teve conhecimento do Tu-160. Nas negociações preliminares dos acordos de limitação de armas estratégicas nucleares (START) já tinha sido referido a existência do Tu-160 como bombardeiro estratégico, vector de lançamento de mísseis nucleares.

Referências

  1. Current Affairs https://currentaffairs.adda247.com/india-to-buy-six-tu-160-long-range-bombers-from-russia/#:~:text=The%20Tu-160M%2C%20which%20has,cost%20%24270%20million%20per%20unit. Consultado em 12 de outubro de 2022  Em falta ou vazio |título= (ajuda)
  2. a b c d e f P. Jackson, Jane's. ALL THE WORLD'S AIRCRAFT. 2004-2005, Jane's Information Group Limited, CD2, ISBN 0710626142
  3. FLIGHT INTERNATIONAL, Flightglobal Insight - World Air Forces 2010(em formato pdf Arquivado em 26 de abril de 2011, no Wayback Machine.)
  4. «Top 7 Bombers | Military-Today.com». www.military-today.com. Consultado em 2 de dezembro de 2015 
  5. «Tu-160 Blackjack: Putin deploys world's largest combat warplane against Isis». International Business Times, India Edition. plus.google.com/+IbtimesCoInInternationalBusinessTimesIndia/posts. Consultado em 2 de dezembro de 2015 
  6. a b c d Yefim Gordon, Tupolev TU-160 Blackjack, Midland Publishing, 2003, pag. 25 e 26, ISBN 1857801474
  7. Bill Gunston (1966). Tupolev Aircraft Since 1922. [S.l.]: Naval Institute Press. p. 219. ISBN 1557508828 
  8. Yefim Gordon & Vladimir Rigmant, OKB Tupolev A History of the Design Bureau and its Aircraft, Midland, 2005, pag.197 ISBN 1857802144
  9. a b Yefim Gordon & Vladimir Rigmant, OKB Tupolev A History of the Design Bureau and its Aircraft, Midland, 2005, pag.199, ISBN 1857802144
  10. a b https://www.aereo.jor.br/2018/12/10/bombardeiros-estrategicos-russos-tu-160-pousam-na-venezuela/
  11. Bill Gunston & Peter Gilchrist, Jet Bombers: From the Messerschmitt Me 262 to the Stealth B-2, Osprey Aerospace, 1993, pag. 288, ISBN 1855322587
  12. https://br.sputniknews.com/defesa/2018121312900208-ministerio-defesa-tu160-voo-mar-caribe-video/
  13. FLIGHT INTERNATIONAL, Flightglobal Insight - World Air Forces 2010 (em formato pdf Arquivado em 26 de abril de 2011, no Wayback Machine.)
  14. RussianForces.org. «Movements of bombers in 2009». 2009. Consultado em 1 de Março de 2011 
  15. Gerard Frawley and Jim Thorn, The International Directory of Military Aircraft, 1996/97, Aerospace Publications Ltd, ISBN 1 87567120X
  16. Yefim Gordon (2003). Tupolev TU-160 Blackjack. [S.l.]: Midland Publishing. p. 117. ISBN 1857801474 

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Bill Gunston, Tupolev Aircraft Since 1922, Naval Institute Press, 1966, ISBN 1557508828
  • Bill Gunston & Peter Gilchrist, Jet Bombers: From the Messerschmitt Me 262 to the Stealth B-2, Osprey Aerospace, 1993, ISBN 1855322587
  • John C. Fredriksen, International Warbirds: An Illustrated Guide to World Military Aircraft, 1914-2000, ABC-Clio, 2001, ISBN 1576073645
  • Gerard Frawley and Jim Thorn, The International Directory of Military Aircraft, 1996/97, Aerospace Publications Ltd, ISBN 1 87567120X
  • Yefim Gordon, Tupolev TU-160 Blackjack, Midland Publishing, 2003, ISBN 1857801474
  • Yefim Gordon & Vladimir Rigmant, OKB Tupolev A History of the Design Bureau and its Aircraft, Midland, 2005, ISBN 1857802144
  • P. Jackson, Jane's. ALL THE WORLD'S AIRCRAFT. 2004-2005, Jane's Information Group Limited, ISBN 0710626142

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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