Völuspá

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Völuspá
Völuspá
A vidente (völva) de Völuspá, imagem de Carl Larsson, 1893
A Profecia da Vidente
Parte de:
Edda poética
Portal da Mitologia nórdica

Völuspá (A Profecia da Vidente) é o primeiro e mais conhecido poema da Edda poética. Conta a história da criação do mundo e de seu iminente final, narrada por uma völva e dirigida a Odin. É uma das principais fontes primárias para o estudo da mitologia nórdica.[1] [2]

A profecia começa com uma invocação a Odin, após a qual a vidente começa a relatar a história da criação do mundo de forma resumida. A vidente explica como conseguiu tal conhecimento, conhecendo assim a fonte da onisciência de Odin, e outros segredos dos deuses de Asgard. Menciona os acontecimentos presentes e futuros, aludindo a muitos dos mitos nórdicos, como a morte de Balder e a prisão de Loki. Por último, a vidente fala do fim do mundo, Ragnarök, e de sua segunda vinda.

Preservação[editar | editar código-fonte]

O Völuspá é encontrado no manuscrito de Codex Regius (ca. 1270) e no Codex Hauksbók, de Haukr Erlendsson (ca. 1334), e muitas de suas estrofes são citadas ou parafraseadas na Snorri Sturluson da Edda em prosa (escrita ca. 1220, o mais antigo manuscrito existente data de ca. 1300). A ordem e o número de estrofes variam em suas fontes. Alguns editores e tradutores reorganizaram o material ainda mais. A versão do Codex Regius é geralmente usada como base das traduções.

Estrutura[editar | editar código-fonte]

O poema consiste em cerca de 60 estrofes fornyrðislag. Na edição de Sophus Bugge, a versão de Hauksbók tem 59 estrofes enquanto a versão do Codex Regius tem 62 estrofes. Alguns manuscritos contem estrofes que não estão nos outros. A versão normalizada de Bugge tem 66 estrofes. O poema faz um uso esporádico de refrões.

Sinopse[editar | editar código-fonte]

"Odin and the Völva" (1895) por Lorenz Frølich.

O poema começa com a völva pedindo silêncio para "os filhos de Heimdallr" (seres humanos) e perguntando a Odin se ele quer que ela recite o conhecimento antigo. Ela diz que ela se lembra dos gigantes nascidos na antiguidade que criaram ela.

Então ela começa a relatar o mito da criação; o mundo estava vazio até que os filhos de Borr levantaram a terra para fora do mar. Os Æsir, então, estabeleceram ordem nos cosmos, encontrando lugares para o Sol, a Lua e as Estrelas, e, assim, começando o ciclo do dia e da noite. A era dourada, que seguiu os Æsir, tinha ouro suficiente e eles, contentes, construíram templos e fizeram ferramentas. Mas, então, as três poderosas donzelas dos gigantes vieram de Jotunheim e a era de ouro acabou. Assim, os Æsir criaram os anões, dos quais Durinn e Motsongir são os mais poderosos.

Neste ponto, dez estrofes do poema acabaram e sucedem-se seis estrofes que contêm nomes de anões. Esta seção, às vezes chamada de Dvergatal (catálogo de anões), é geralmente considerada uma interpolação e às vezes omitida por editores e tradutores.

Depois do Dvergatal, a criação do primeiro homem e da primeira mulher são recontados e a Yggdrasil, a árvore do mundo, é descrita. A vidente recorda os eventos que levaram à primeira guerra, e o que ocorreu na luta entre os Æsir e os Vanir.

A vidente, então, revela a Odin que ela sabe alguns de seus segredos, sobre o que ele sacrificou na busca do conhecimento. Ela conta-lhe que sabe onde seu olho está escondido e como ele abriu mão dele em troca da sabedoria. Ela pergunta-lhe, em vários refrões, se ele entende, ou se quer ouvir mais.

A vidente começa a descrever o assassinato de Balder, o mais justo dos deuses e o inimigo de Loki, e dos outros. Então ela profecia a destruição dos deuses onde o fogo e o dilúvio oprimem o céu e a terra quando os deuses lutarem sua última batalha com seus inimigos. Este é o "destino final dos deuses" - Ragnarök. Ela descreve o chamado para a batalha, a morte de muitos dos deuses e como Odin é assassinado.

Finalmente, um mundo belo e renascido vai levantar-se das cinzas da morte e destruição, onde Balder vai viver novamente neste novo mundo, onde a terra é abundante sem clamar por sementes. Uma última estrofe descreve a repentina aparição do dragão Níðhöggr, trazendo corpos em suas asas, antes que a vidente acorde do transe.

Referências

  1. «VOLUSPO». Sacred texts. Consultado em 12 de Abril de 2016 
  2. Bæksted, Anders; Palle Bregnhøi (ilustrador), Peter Hallberg (1916-1995) e Helen Petersen (1986). «Gudamyter». Nordiska gudar och hjältar (em sueco). Estocolmo: Forum. p. 224-228. 344 páginas. ISBN 91-37-09184-0 

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Bugge, S. (1867): Norræn fornkvæði Malling, Christiania (Oslo).
  • Dronke, U. (1997): The Poetic Edda: Volume II: Mythological Poems. Clarendon Press, Oxford.
  • Björnsson, E. (ed.): Völuspá
  • Nordal, S. (1952): Völuspá. Helgafell, Reykjavik.
  • Thorpe, B. (tr.) (1866): Edda Sæmundar Hinns Froða: The Edda Of Sæmund The Learned (2 vol.) Trübner & Co., Londres.
  • García Pérez, R. (traducción, introducción y notas) (2014): Völuspá. La profecía de la vidente. Miraguano ediciones, Madrid.
  • Völuspá and the Feast of Easter", Alvíssmál 12 (2008): 3-28

Ligações Externas[editar | editar código-fonte]