Línguas indo-europeias: diferenças entre revisões
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Três estudos genéticos recentes, de 2014 e 2015, deram apoio à teoria de [[Gimbutas]] de que a difusão das línguas indo-europeias teria se dado a partir das estepes russas. De acordo com esses estudos, os haplogrupos paternos [[R1b]] e [[R1b]] - hoje os mais comuns na Europa e sendo o R1a frequente também no subcontinente indiano - teriam se difundido, a partir das estepes russas, junto com as línguas indo-europeias; tendo sido detectado, também, um componente autossômico presente nos europeus de hoje que não era presente nos europeus do [[Neolítico]], e que teria sido introduzido a partir das estepes, junto com as linhagens paternas (haplogrupo paterno) [[R1b]] e [[R1a]], assim como com as línguas indo-europeias.<ref>{{citar web |url= http://biorxiv.org/content/early/2015/02/10/013433 |título= Migração em massa da estepe é fonte das línguas indo-europeias na Europa|autor=Haak et al |data=2015 |formato=pdf publicado=2015|acessodata=6 de novembro de 2015 |páginas=172|língua=inglês|citação= }}</ref> <ref>{{citar web |url= http://www.nature.com/nature/journal/v522/n7555/full/nature14507.html |título= Genética de populações da Eurásia à época da Idade do Bronze|autor=Allentoft et al |data=2015 |formato=pdf publicado=2015|acessodata=6 de novembro de 2015 |páginas=167|língua=inglês|citação= }}</ref> <ref>{{citar web |url= http://biorxiv.org/content/early/2015/03/13/016477 |título= 8000 anos de seleção natural na Europa|autor=Mathieson et al |data=2015 |formato=pdf publicado=2015|acessodata=6 de novembro de 2015 |páginas=167|língua=inglês|citação= }}</ref> |
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Trabalhos de arqueologia contemporâneos associam a domesticação do cavalo a essa expansão.<ref>O cavalo, a roda e a linguagem Como cavaleiros das estepe euroasiáticas, da Idade do Bronze, contribuíram para a formação do mundo moderno, por David W. Anthony, Editora Universidade de Princeton, "The Horse, the Wheel and Language, How Bronze-Age Riders from the Eurasian Steppes shaped the Modern World, 2007</ref> |
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== Ver também == |
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Revisão das 20h51min de 6 de novembro de 2015
O indo-europeu é uma família (ou filo) composta por diversas centenas de línguas e dialetos,[1] que inclui as principais línguas da Europa, Irã e do norte da Índia, além dos idiomas predominantes historicamente na Anatólia e na Ásia Central. Atestado desde a Era do Bronze, na forma do grego micênico e das línguas anatólias, a família tem considerável significância no campo da linguística histórica, na medida em que possui a mais longa história registrada depois da família afro-asiática.
As línguas do grupo indo-europeu são faladas por aproximadamente três bilhões de falantes nativos, o maior número entre as famílias linguísticas reconhecidas. A família sino-tibetana tem o segundo maior número de falantes, enquanto diversas propostas controversas fundiram o indo-europeu com outras das principais famílias linguísticas.
História da linguística indo-europeia
Sugestões de semelhanças entre os idiomas indianos e europeus começaram a ser feitas por visitantes europeus à Índia no século XVI. Em 1583 o padre Thomas Stephens, um missionário jesuíta inglês em Goa, notou as semelhanças entre os idiomas indianos, mais especificamente o concani, e o grego e o latim. Estas observações foram incluídas numa carta sua para seu irmão, que só foi publicada no século XX.[2]
O primeiro relato a mencionar o sânscrito veio de Filippo Sassetti (nascido em 1540), um mercador florentino que viajou ao subcontinente indiano e esteve entre os primeiros observadores europeus a estudar a antiga língua indiana. Escrevendo em 1585, notou diversas semelhanças entre palavras do sânscrito e do italiano (como por exemplo devaḥ / dio, "Deus", sarpaḥ / serpe, "serpente", sapta / sette, "sete", aṣṭa / otto, "oito", nava / nove, "nove").[2] Nem as observações de Stephens, nem as de Sassetti, no entanto, levaram a maiores estudos acadêmicos.[2]
Em 1647, o linguista e acadêmico holandês Marcus Zuerius van Boxhorn notou a semelhança entre as línguas indo-europeias, e sugeriu a existência de um idioma primitivo comum, que ele chamou de "cita". Van Boxhorn incluiu em sua hipótese o holandês, o grego, o latim, o persa e o alemão, adicionando posteriormente as línguas eslavas, celtas e bálticas. Suas teorias, no entanto, não se tornaram difundidas e tampouco estimularam novos estudos.
Gaston Coeurdoux e outros estudiosos fizeram observações semelhantes. Coeurdoux chegou a fazer uma comparação minuciosa das conjugações do sânscrito, grego e latim, no fim da década de 1760, sugerindo uma possível relação entre eles. A hipótese ressurgiu em 1786, quando sir William Jones deu sua primeira palestra a respeito das semelhanças entre quatro das línguas mais antigas conhecidas na sua época: o latim, o grego, o sânscrito e o persa. Foi Thomas Young quem usou pela primeira vez o termo indo-europeu, em 1813,[3] que se tornou o termo científico padrão (exceto na Alemanha[4]) através da obra de Franz Bopp, cuja comparação sistemática destas e de outras línguas antigas deu suporte à teoria. A Gramática Comparativa de Bopp, que surgiu entre 1833 e 1852, é considerada como o ponto de partida para os estudos indo-europeus como uma disciplina acadêmica.
Classificação
Os diversos subgrupos da família linguística indo-europeia incluem dez subdivisões principais (listados por ordem histórica de sua primeira evidência escrita):
- Línguas anatólicas: primeiro ramo atestado. Termos isolados em fontes escritas em assírio antigo do século XIX a.C., textos hititas do século XVI a.C.; extintas na Antiguidade Tardia.
- Línguas helênicas: registros fragmentários no grego micênico do fim do século XV a.C. até o início do seguinte; as tradições homéricas (grego homérico) datam do século VIII a.C. (ver língua protogrega, história da língua grega).
- Línguas indo-iranianas: descendentes de um ancestral comum, o proto-indo-iraniano (que data do fim do terceiro milênio a.C.).
- Línguas indo-arianas, evidenciadas a partir do fim do século XV a.C. em textos dos mitanni que mostram traços do indo-ariano. Epigraficamente a partir do século III a.C., na forma do prácrito (Editos de Asoka). Presume-se que o Rigveda tenha preservado registros intactos da tradição oral (Patha) que datam de meados do segundo milênio a.C., na forma do sânscrito védico.
- Línguas iranianas, atentadas desde aproximadamente 1000 a.C. na forma do avestânico. Epigraficamente, desde 520 a.C., na forma do persa antigo (inscrição de Behistun).
- Línguas dárdicas
- Línguas nuristânicas
- Línguas itálicas: incluindo o latim e seus descendentes (línguas românicas ou latinas), atestadas desde o século VII a.C.
- Línguas celtas, descendentes do protocelta. Inscrições gaulesas chegam a remontar ao século VI a.C.; a tradição de manuscritos do irlandês antigo data do século VIII d.C.
- Línguas germânicas (do protogermânico: seus testemunhos mais antigos são inscrições rúnicas de por volta do século II d.C., e os primeiros textos, feitos no gótico, do século IV. A tradição de manuscritos do inglês antigo data do século VIII.
- Língua armênia: escritos no alfabeto armênio existem desde o início do século V.
- Línguas tocarianas: existem em dois dialetos, evidenciados desde o século VI ao IX; foram marginalizados pelo Império Uigur, onde se falava o turcomano antigo, e provavelmente se extinguiram no século X.
- Línguas balto-eslavas: tidas pela maior parte dos indo-europeístas[5] como formando uma unidade filogenética - enquanto uma minoria ainda credita estas semelhanças a um contato linguístico prolongado.
- Línguas eslavas (do proto-eslavo), evidenciado desde o século IX, primeiros textos no antigo eslavônico eclesiástico.
- Línguas bálticas, atestadas desde o século XIV; para idiomas cujas primeiras evidências são tão tardias, conservam características arcaicas atípicas, atribuídas ao proto-indo-europeu (PIE).
- albanês, evidenciado a partir do século XV; o proto-albanês provavelmente surgiu de antecessores "paleobalcânicos".[6][7]
Além dos dez ramos 'clássicos' listados acima, diversos idiomas já extintos e menos conhecidos pertencentes ao grupo existiram:
- Línguas ilírias — possivelmente relacionados ao messápio ou ao venético; um parentesco com o albanês também foi sugerido.
- Língua venética ou vêneta — aparentada às línguas itálicas.
- Língua libúrnia — aparentemente agrupada com o venético.
- Língua messápia — ainda não foi decifrada de maneira conclusiva.
- Língua frígia — língua da antiga Frígia, provavelmente aparentada ao grego, trácio ou armênio.
- Língua peônia — língua extinta, falada ao norte da Macedônia.
- Língua trácia — possivelmente incluía o dácio.
- Língua dácia — próxima do trácio ou do proto-albanês, ou de ambos.
- Língua macedônia antiga — parentescos propostos com o grego, ilírio, trácio ou frígio.
- Língua lígure — apesar de teorias que a vinculam ao ramo céltico, pode nem mesmo ser indo-europeia.
- Língua lusitana — possivelmente relacionada (ou até mesmo um subgrupo) do céltico, lígure ou itálico.
==Origem, migrações, genética=-
Três estudos genéticos recentes, de 2014 e 2015, deram apoio à teoria de Gimbutas de que a difusão das línguas indo-europeias teria se dado a partir das estepes russas. De acordo com esses estudos, os haplogrupos paternos R1b e R1b - hoje os mais comuns na Europa e sendo o R1a frequente também no subcontinente indiano - teriam se difundido, a partir das estepes russas, junto com as línguas indo-europeias; tendo sido detectado, também, um componente autossômico presente nos europeus de hoje que não era presente nos europeus do Neolítico, e que teria sido introduzido a partir das estepes, junto com as linhagens paternas (haplogrupo paterno) R1b e R1a, assim como com as línguas indo-europeias.[8] [9] [10]
Trabalhos de arqueologia contemporâneos associam a domesticação do cavalo a essa expansão.[11]
Ver também
Referências
- ↑ É composto por 444 línguas e dialectos, de acordo com a estimativa de 2015 do Ethnologue, dos quais cerca da metade (312) pertence ao ramo indo-iranianas.
- ↑ a b c Auroux, Sylvain (2000). History of the Language Sciences. Berlin, New York: Walter de Gruyter. 1156 páginas. ISBN 3110167352
- ↑ London Quarterly Review X/2 1813.; cf. Szemerényi 1999:12, nota 6
- ↑ em alemão o termo usado é indogermanisch ("indo-germânico"), que indica a extensão ocidental-oriental do idioma. Este termo foi registrado pela primeira vez em francês como indo-germanique, em 1810, por Conrad Malte-Brun, um geógrafo francês de origem dinamarquesa.
- ↑ Como Schleicher 1861, Szemerényi 1957, Collinge 1985 e Beekes 1995
- ↑ Leake, William Martin. Of the Albanian Language, Londres, 1814.
- ↑ «The Thracian language». The Linguist List. Consultado em 27 de janeiro de 2008.
An ancient language of Southern Balkans, belonging to the Satem group of Indo-European. This language is the most likely ancestor of modern Albanian (which is also a Satem language), though the evidence is scanty. 1st Millennium BC - 500 AD. ("Antiga língua dos Bálcãs meridionais, pertencente ao grupo satem do indo-europeu. Esta língua é o provável antepassado do albanês moderno (que também é uma língua satem), embora a evidência para isto seja mínima. Primeiro milênio a.C. - 500 d.C.").
- ↑ Haak; et al. (2015). «Migração em massa da estepe é fonte das línguas indo-europeias na Europa» (pdf publicado=2015) (em inglês). 172 páginas. Consultado em 6 de novembro de 2015
- ↑ Allentoft; et al. (2015). «Genética de populações da Eurásia à época da Idade do Bronze» (pdf publicado=2015) (em inglês). 167 páginas. Consultado em 6 de novembro de 2015
- ↑ Mathieson; et al. (2015). «8000 anos de seleção natural na Europa» (pdf publicado=2015) (em inglês). 167 páginas. Consultado em 6 de novembro de 2015
- ↑ O cavalo, a roda e a linguagem Como cavaleiros das estepe euroasiáticas, da Idade do Bronze, contribuíram para a formação do mundo moderno, por David W. Anthony, Editora Universidade de Princeton, "The Horse, the Wheel and Language, How Bronze-Age Riders from the Eurasian Steppes shaped the Modern World, 2007
Bibliografia
- Auroux, Sylvain, History of the Language Sciences, Walter de Gruyter, Berlim, 2000 ISBN 3-11-016735-2.
- Kortlandt, Frederik, 1990, The Spread of the Indo-Europeans, Journal of Indo-European Studies, 18.1-2: 131-140
- Lubotsky, A., The Old Phrygian Areyastis-inscription, Kadmos 27, 9-26, 1988
- Kortlandt, Frederik, The Thraco-Armenian consonant shift, Linguistique Balkanique 31, 71-74, 1988
- Lane, George S., Adams, Douglas Q., The Tocharian problem, Encyclopaedia Britannica, vol. 22, Helen Hemingway Benton Publisher, Chicago, (15ª ed.) 1981
- Renfrew, C., "The Anatolian origins of Proto-Indo-European and the autochthony of the Hittites". In R. Drews ed., Greater Anatolia and the Indo-Hittite language family, Institute for the Study of Man, Washington, DC, 2001
- Houwink ten Cate, H.J., Melchert, H. Craig e van den Hout, Theo P.J. "Indo-European languages, The parent language, Laryngeal theory", Encyclopaedia Britannica, vol.22, Helen Hemingway Benton Publisher, Chicago, (15th ed.) 1981
- Holm, Hans J., The Distribution of Data in Word Lists and its Impact on the Subgrouping of Languages, in Christine Preisach, Hans Burkhardt, Lars Schmidt-Thieme, Reinhold Decker (eds.), Data Analysis, Machine Learning, and Applications, Relatório da 31ª Conferência Anual da Sociedade Alemã de Classificação (GfKl), Universidade de Freiburgo, 7-9 de março de 2007, Springer-Verlag, Heidelberg-Berlim, 2008
- Szemerényi, Oswald; David Jones, Irene Jones (1999). Introduction to Indo-European Linguistics. [S.l.]: Oxford University Press. ISBN 9780198238706
Ligações externas
Bancos de dados
- «Banco de Dados do Indo-Europeu (Dicionário Etimológico Indo-Europeu, IEED)»
- «Panorama da família no Projeto MultiTree (LINGUIST List)»
- «Panorama da família (SIL/Ethnologue)»
- «Indo-europeu» no banco de dados LLOW
- «Centro de documentação do indo-europeu» na Universidade do Texas em Austin
- «TITUS» (em inglês)