Guaraná: diferenças entre revisões
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[[Imagem:Guaraná 06.jpg|thumb|253px|Fruto de guaraná (Zona Rural de Ariquemes - RO)]] |
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O '''guaraná''' {{NC|Paullinia cupana}}, comumente chamado '''guaranazeiro'''<ref name="FERREIRA, A. B. H. 1986. p.873">FERREIRA, A. B. H. ''Novo Dicionário da Língua Portuguesa''. Segunda edição. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986. p.873</ref> e '''uaraná''', é um [[Liana|cipó]] originário da [[Amazônia]]. É encontrado no [[Brasil]], [[Peru]], [[Colômbia]] e [[Venezuela]], sendo cultivado principalmente no município de [[Maués (Amazonas)|Maués]], estado do [[Amazonas]], e na [[Bahia]]. Pertence a família ''[[Sapindaceae]]''. |
O '''guaraná''' {{NC|Paullinia cupana}}, comumente chamado '''guaranazeiro'''<ref name="FERREIRA, A. B. H. 1986. p.873">FERREIRA, A. B. H. ''Novo Dicionário da Língua Portuguesa''. Segunda edição. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986. p.873</ref> e '''uaraná''', é um [[Liana|cipó]] originário da [[Amazônia]]. É encontrado no [[Brasil]], [[Peru]], [[Colômbia]], Guiana e [[Venezuela]], sendo cultivado principalmente no município de [[Maués (Amazonas)|Maués]], estado do [[Amazonas]], e na [[Bahia]]. Pertence a família ''[[Sapindaceae]]''. |
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O guaraná é também conhecido pelos nomes populares guaraná-da-amazônia, guaranaina, narana, cupana, guanáyuba, varaná, paulínia, narazazeiro, guaraná-uva, naranajeiro, naraná, guaranaúva ou uaraná. |
O guaraná é também conhecido no país pelos nomes populares guaraná-da-amazônia, guaranaina, narana, cupana, guanáyuba, varaná, paulínia, narazazeiro, guaraná-uva, naranajeiro, guaraná-cipó, naraná, guaranaúva ou uaraná. Fora do Brasil, a planta é conhecida por Brazilian cocoa ou Guarana Bread. |
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== Etimologia == |
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== Descrição == |
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O guaraná é uma planta nativa brasileira. É uma espécie vegetal arbustiva |
O guaraná é uma planta nativa brasileira. É uma espécie vegetal arbustiva trepadeira, podendo chegar a 3 metros de altura, sendo bem adaptada ao climas quente e úmido. |
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Suas folhas são numerosas, glabras, elíptico-ovais, trifoliadas, |
Suas folhas são numerosas, glabras, elíptico-ovais, trifoliadas, pinadas, alternas, com parte inferior verde e brilhante, medindo por volta de 40 centímetros de comprimento e largura. As flores são zigomórficas, pequenas e brancas, racemiformes, tirseas, axilares; seu cálice possui cinco sépalas verdes, e sua corola apresenta quatro pétalas oblongas, com apêndice em forma de capuz e com ápice carnudo e de coloração amarela.<ref name=":0">{{Citar periódico |url=https://tede.ufam.edu.br/handle/tede/2233 |título=Atividade antibacteriana das espécies Paullinia cupana kunth. e Ptychopetalum olacoides benth |data=2012-01-25 |acessodata=2022-12-04 |ultimo=Pinto |primeiro=Priscila Moreira}}</ref> As inflorescências podem chegar a mais de 30 centímetros. O seu [[fruto]] é em forma de cápsula elipsoidal ou esférica, com um a três folhetos, sendo piriforme e indeiscente; possui grande quantidade de [[cafeína]] (chamada de guaraína quando encontrada no guaraná) e, devido a suas propriedades estimulantes, é usado na fabricação de [[xarope]]s, barras, pós e [[refrigerante]]s. Tem casca vermelha e, quando maduro, deixa aparecer a polpa branca e suas [[semente]]s, assemelhando-se com [[olho]]s. Contém de uma a quatro sementes, as quais apresentam coloração castanho-escuro e têm arilo abundante antes da maturidade. Na região próxima ao município de [[Maués]], onde é cultivada, os [[índio]]s da nação [[saterê-mawé]] têm [[Lendas sobre a origem do guaraná|lendas]] sobre a origem da planta. |
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Em [[Portugal]], produzem-se refrigerantes de guaraná desde o final da [[década de 1990]], sendo inicialmente importados do [[Brasil]]. O refrigerante de guaraná mais vendido do mundo é o ''[[Guaraná Antarctica]]'', produzido desde abril de 1921 no Brasil. |
Em [[Portugal]], produzem-se refrigerantes de guaraná desde o final da [[década de 1990]], sendo inicialmente importados do [[Brasil]]. O refrigerante de guaraná mais vendido do mundo é o ''[[Guaraná Antarctica]]'', produzido desde abril de 1921 no Brasil. |
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No Brasil, apesar de ser utilizada predominantemente na indústria de refrigerantes e de outras bebidas não alcoólicas, a planta também é utilizada nas indústrias farmacêutica e cosmética.<ref name=":2">{{Citar periódico |url=https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0102695X18303533 |título=Paullinia cupana: a multipurpose plant – a review |data=2019-01-01 |acessodata=2022-12-04 |periódico=Revista Brasileira de Farmacognosia |número=1 |ultimo=Marques |primeiro=Leila Larisa Medeiros |ultimo2=Ferreira |primeiro2=Emilene Dias Fiuza |paginas=77–110 |lingua=en |doi=10.1016/j.bjp.2018.08.007 |issn=0102-695X |ultimo3=Paula |primeiro3=Mariana Nascimento de |ultimo4=Klein |primeiro4=Traudi |ultimo5=Mello |primeiro5=João Carlos Palazzo de}}</ref> |
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== Composição fitoquímica == |
== Composição fitoquímica == |
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O guaraná é uma das plantas mais ricas em cafeína, correspondendo a aproximadamente 3-6% do fruto.<ref name=":1">{{Citar periódico |url=https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/24592 |título=Guaraná (Paullinia cupana Kunth), marapuama (Ptychopetalum olacoides Benth.), genciana (Gentiana lutea L.), quassia (Quassia amara L.) e suas propriedades: uma breve revisão |data=2022-01-23 |acessodata=2022-12-04 |periódico=Research, Society and Development |número=2 |ultimo=Ferreira |primeiro=Fernando Augusto Morgado |ultimo2=Ferreira |primeiro2=Bárbara Bragança |paginas=e21711224592–e21711224592 |lingua=pt |doi=10.33448/rsd-v11i2.24592 |issn=2525-3409 |ultimo3=Bragança |primeiro3=Vitor Augusto Nascimento |ultimo4=Lima |primeiro4=Consuelo Lúcia Sousa de |ultimo5=Brasil |primeiro5=Davi do Socorro Barros}}</ref> |
O guaraná é uma das plantas mais ricas em cafeína, correspondendo a aproximadamente 3-6% do fruto.<ref name=":1">{{Citar periódico |url=https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/24592 |título=Guaraná (Paullinia cupana Kunth), marapuama (Ptychopetalum olacoides Benth.), genciana (Gentiana lutea L.), quassia (Quassia amara L.) e suas propriedades: uma breve revisão |data=2022-01-23 |acessodata=2022-12-04 |periódico=Research, Society and Development |número=2 |ultimo=Ferreira |primeiro=Fernando Augusto Morgado |ultimo2=Ferreira |primeiro2=Bárbara Bragança |paginas=e21711224592–e21711224592 |lingua=pt |doi=10.33448/rsd-v11i2.24592 |issn=2525-3409 |ultimo3=Bragança |primeiro3=Vitor Augusto Nascimento |ultimo4=Lima |primeiro4=Consuelo Lúcia Sousa de |ultimo5=Brasil |primeiro5=Davi do Socorro Barros}}</ref> |
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As sementes do guaraná contêm alta concentração de compostos fenólicos, de onde vem a sua ação antioxidante. Além disso, apresentam em sua composição metilxantinas – sendo a de maior concentração a cafeína – e, em menores quantidades, outros alcaloides purínicos, tais como a teofilina e a teobromina. Também possuem saponinas, taninos |
As sementes do guaraná contêm alta concentração de compostos fenólicos, de onde vem a sua ação antioxidante. Além disso, apresentam em sua composição metilxantinas – sendo a de maior concentração a cafeína – e, em menores quantidades, outros alcaloides purínicos, tais como a teofilina e a teobromina. Também possuem saponinas, taninos (que representam cerca de 16% da sua composição)<ref name=":2" />, polissacarídeos, proteínas, ácidos graxos e oligoelementos, tais como rubídio, manganês, níquel e estrôncio.<ref name=":0" /> As sementes secas do guaraná constituem a parte mais utilizada comercialmente, uma vez que contêm alto teor de cafeína. |
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O óleo essencial é composto por sesquiterpenos cíclicos, monoterpenos cíclicos e minerais como cálcio, ferro, fósforo, potássio, magnésio, vitaminas B2, B3 e B4, flavonoides e taninos condensados, como a catequina e a epicatequina.<ref name=":0" /> |
O óleo essencial é composto por sesquiterpenos cíclicos, monoterpenos cíclicos e minerais como cálcio, ferro, fósforo, potássio, magnésio, vitaminas B2, B3 e B4, flavonoides e taninos condensados, como a catequina e a epicatequina.<ref name=":0" /> |
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== Efeitos da ingestão == |
== Efeitos da ingestão == |
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O guaraná é um estimulante: aumenta a resistência nos esforços mentais e musculares e diminui a fadiga motora e psíquica. Por meio das [[xantina]]s que possui ([[cafeína]] e [[teobromina]]), o guaraná produz maior rapidez e clareza do pensamento.<ref name="blogers.com.br">http://www.blogers.com.br/efeitos-adversos-do-guarana/{{Ligação inativa|1={{subst:DATA}} }}</ref> Entretanto, se ingerido em excesso, provoca efeitos colaterais como [[insônia]], [[irritabilidade]], [[taquicardia]], [[azia]] e [[dependência física]].<ref name="blogers.com.br"/><ref>[http://www.sempretops.com/dicas/os-efeitos-do-guarana-em-po/]</ref> |
O guaraná é um estimulante: aumenta a resistência nos esforços mentais e musculares e diminui a fadiga motora e psíquica. Por meio das [[xantina]]s que possui ([[cafeína]] e [[teobromina]]), o guaraná produz maior rapidez e clareza do pensamento.<ref name="blogers.com.br">http://www.blogers.com.br/efeitos-adversos-do-guarana/{{Ligação inativa|1={{subst:DATA}} }}</ref> Entretanto, se ingerido em excesso, provoca efeitos colaterais como [[insônia]], [[irritabilidade]], [[taquicardia]], [[azia]], distúrbios do sistema nervoso central, mioglobinúria e [[dependência física]].<ref name="blogers.com.br"/><ref>[http://www.sempretops.com/dicas/os-efeitos-do-guarana-em-po/]</ref> Em longo prazo, seu consumo também pode provocar alterações significativas no sistema cardiovascular e até mesmo provocar convulsões. Em pacientes epiléticos, o guaraná pode piorar os quadros de epilepsia, seja diminuindo o limiar convulsivo ou aumentando a duração das crises. Considerando os efeitos da cafeína sobre a pressão arterial, seu consumo não é recomendado para pacientes hipertensos.<ref name=":2" /> A combinação de guaraná com suplementos contendo efedrina deve ser evitada, pois aumenta o risco de infarto do miocárdio e morte súbita. O extrato de guaraná, por ser rico em metilxantinas, pode bloquear os inibidores da adenosina e fosfodiesterase, aumentando as atividades da noraepinefrina. |
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A dose diária de cafeína reconhecida como segura para adultos é de 400 mg. |
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== A lenda do guaraná == |
== A lenda do guaraná == |
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== Usos populares e/ou tradicionais == |
== Usos populares e/ou tradicionais == |
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O guaraná tem sido amplamente utilizado como estimulante do sistema nervoso central e do sistema cardiovascular, tendo em vista a sua composição rica em cafeína. Também é relatado o uso popular como diurético, adstringente, antibacteriano e agente protetor do trato gastrointestinal.<ref name=":1" /> |
O guaraná tem sido amplamente utilizado como estimulante do sistema nervoso central e do sistema cardiovascular, tendo em vista a sua composição rica em cafeína. Também é relatado o uso popular como diurético, antineurálgico, adstringente, antibacteriano e agente protetor do trato gastrointestinal.<ref name=":1" /> O guaraná também ganhou popularidade por ser considerado um "alimento funcional". |
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Durante séculos, tribos amazônicas de etnia Saterê-Maué utilizam o guaraná para tratar diarreia crônica, hipertensão, nevralgia, disenteria e enxaqueca. Além disso, os indígenas também utilizam o material vegetal como antipirético, estimulante, analgésico, antídoto para venenos e para diversos outros fins terapêuticos.<ref name=":0" /> Suas sementes costumam ser mastigadas ou então adicionadas a alimentos e bebidas. |
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== Propriedades farmacológicas == |
== Propriedades farmacológicas == |
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Devido à sua ampla gama de propriedades medicinais, o guaraná está atualmente listado na Farmacopeia Brasileira oficial e, dentre as espécies amazônicas, é considerado um dos medicamentos mais promissores da flora brasileira.<ref name=":3">{{Citar periódico |url=http://academicjournals.org/journal/JMPR/article-abstract/C38A22A28982 |título=Paullinia cupana Kunth (Sapindaceae): A review of its ethnopharmacology, phytochemistry and pharmacology |data=2013-08-10 |acessodata=2022-12-04 |periódico=Journal of Medicinal Plants Research |número=30 |ultimo=Lidilhone |primeiro=Hamerski |ultimo2=Genise |primeiro2=Vieira Somner |paginas=2221–2229 |doi=10.5897/JMPR2013.5067 |issn=1996-0875 |ultimo3=Neusa |primeiro3=Tamaio}}</ref> |
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⚫ | O guaraná é rico em substâncias funcionais bioativas, dentre elas a cafeína, a teobromina, a catequina, a epicatequina, a teofilina, entre outras. Alguns efeitos atribuídos ao consumo de guaraná é de que ele é afrodisíaco, tem ação tônica, é adstringente, febrífugo, diurético e serve para o cansaço físico e mental, imunoestimulante, antioxidante, combate a obesidade e melhora a pressão sanguínea etc.<ref>[http://www.lideragronomia.com.br/2012/08/as-propriedades-do-guarana.html GUARANÁ: Estudos sobre propriedades medicinais e funcionais do Guaraná]</ref |
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⚫ | O guaraná é rico em substâncias funcionais bioativas, dentre elas a cafeína, a teobromina, a catequina, a epicatequina, a teofilina, entre outras. Alguns efeitos atribuídos ao consumo de guaraná é de que ele é afrodisíaco, tem ação tônica, é adstringente, febrífugo, diurético e serve para o cansaço físico e mental, imunoestimulante, antioxidante, combate a obesidade e melhora a pressão sanguínea etc.<ref>[http://www.lideragronomia.com.br/2012/08/as-propriedades-do-guarana.html GUARANÁ: Estudos sobre propriedades medicinais e funcionais do Guaraná]</ref> |
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'''Ação estimulante:''' aparentemente, o guaraná apresenta efeitos estimulantes mais duradouros do que o café, provavelmente devido à presença de saponinas e taninos na planta, que interagem com a cafeína.<ref name=":2" /> |
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A teofilina e a teobromina têm efeito broncoprotetor, ação imunomoduladora e anti-inflamatória, retardando o processo de envelhecimento e inibindo a deposição de colesterol nas artérias, permitindo melhor irrigação sanguínea em todo o organismo. (KUSKOSKI et al., 2005). |
'''Ação anti-inflamatória:''' um estudo mostrou que o guaraná é capaz de inibir o TNF-alfa, citocina inflamatória envolvida em doenças como artrite reumatoide, psoríase, doença de Crohn, colite ulcerativa, entre outras, tendo efeito potencial no tratamento dessas enfermidades.<ref>{{Citar periódico |url=https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0308814621005690 |título=TNF-α inhibition, antioxidant effects and chemical analysis of extracts and fraction from Brazilian guaraná seed powder |data=2021-09-01 |acessodata=2022-12-04 |periódico=Food Chemistry |ultimo=Machado |primeiro=Kamilla Nunes |ultimo2=Paula Barbosa |primeiro2=Antony de |paginas=129563 |lingua=en |doi=10.1016/j.foodchem.2021.129563 |issn=0308-8146 |ultimo3=de Freitas |primeiro3=Aline Alves |ultimo4=Alvarenga |primeiro4=Luana Farah |ultimo5=Pádua |primeiro5=Rodrigo Maia de |ultimo6=Gomes Faraco |primeiro6=André Augusto |ultimo7=Braga |primeiro7=Fernão Castro |ultimo8=Vianna-Soares |primeiro8=Cristina Duarte |ultimo9=Castilho |primeiro9=Rachel Oliveira}}</ref> A teofilina e a teobromina têm efeito broncoprotetor, ação imunomoduladora e anti-inflamatória, retardando o processo de envelhecimento e inibindo a deposição de colesterol nas artérias, permitindo melhor irrigação sanguínea em todo o organismo. (KUSKOSKI et al., 2005). |
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⚫ | '''Efeito antimicrobiano:''' extratos hidroalcóolicos de ''Paullinia cupana'' mostraram efeitos antimicrobianos ativos contra linhagens de bactérias gram-negativas, como ''Pseudomonas aeruginosa e Chromobacterium violaceum'', e gram-positivas, ''como Staphylococcus aureus'' MSSA e ''Bacillus cereus'', os quais se devem possivelmente à presença de polifenóis no vegetal, entre eles os taninos.<ref name=":0" /> O extrato alcoólico da semente de guaraná também se mostrou eficaz contra alguns fungos, incluindo ''Aspergillus niger'', ''Trichoderma viride'' and ''Penicillium cyclopium.''<ref name=":3" /> |
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O guaraná mostrou efeito protetor no DNA de hepatócitos de ratos, proteção contra lesões gástricas induzidas por etanol e indometacina, inibição da agregação plaquetária in vitro e in vivo, melhoria na atenção, no humor, na disposição e na cognição, efeito antigenotóxico in vivo e redução da fadiga mental.<ref name=":0" /><ref name=":1" /> |
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⚫ | '''Combate à obesidade e às doenças cardiovasculares:''' o consumo do guaraná aumenta o gasto calórico diário e diminui o apetite, por manter estáveis os níveis de glicose no sangue, combatendo assim, a obesidade. Ademais, o grande teor de metilxantina no guaraná está relacionado a alterações no metabolismo de lipídios. Estudos sugerem que o consumo do guaraná está envolvido com uma menor chance no desenvolvimento de doenças metabólicas e cardiovasculares, tendo efeito sobre a oxidação do LDL (lipoproteína de baixa densidade).<ref name=":1" /><ref>{{Citar periódico |url=http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/6/6138/tde-27082018-120729/ |título=Efeitos do guaraná (Paullinia cupana) na saúde cardiovascular: uma revisão sistemática |data=2018-10-16 |acessodata=2022-12-04 |ultimo=Campos |primeiro=Andressa Ferreira |local=São Paulo |lingua=pt |doi=10.11606/d.6.2018.tde-27082018-120729}}</ref> A planta também apresentou potencial antiadipogênico, pois tem capacidade de modular microRNAs e genes relacionados ao processo, assim como aumento do metabolismo energético e estimulação de biogênese mitocondrial, auxiliando no controle do ganho de peso, mesmo em dietas altamente gordurosas.<ref name=":2" /> |
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'''Ação anti-inflamatória:''' um estudo mostrou que o guaraná é capaz de inibir o TNF-alfa, citocina inflamatória envolvida em doenças como artrite reumatoide, psoríase, doença de Crohn, colite ulcerativa, entre outras, tendo efeito potencial no tratamento dessas enfermidades.<ref>{{Citar periódico |url=https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0308814621005690 |título=TNF-α inhibition, antioxidant effects and chemical analysis of extracts and fraction from Brazilian guaraná seed powder |data=2021-09-01 |acessodata=2022-12-04 |periódico=Food Chemistry |ultimo=Machado |primeiro=Kamilla Nunes |ultimo2=Paula Barbosa |primeiro2=Antony de |paginas=129563 |lingua=en |doi=10.1016/j.foodchem.2021.129563 |issn=0308-8146 |ultimo3=de Freitas |primeiro3=Aline Alves |ultimo4=Alvarenga |primeiro4=Luana Farah |ultimo5=Pádua |primeiro5=Rodrigo Maia de |ultimo6=Gomes Faraco |primeiro6=André Augusto |ultimo7=Braga |primeiro7=Fernão Castro |ultimo8=Vianna-Soares |primeiro8=Cristina Duarte |ultimo9=Castilho |primeiro9=Rachel Oliveira}}</ref> |
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⚫ | '''Ação antioxidante''': é rico em catequina, que é uma substância que combate os radicais livres, tendo efeito antioxidante e prevenindo o envelhecimento. Compostos extraídos de ''Paullinia cupana'' apresentaram capacidade de atravessar a barreira hematoencefálica e demonstraram atividade protetora contra a lipoperoxidação de membranas plasmáticas in vitro. Trata-se, portanto, de uma potencial forma de prevenção ou tratamento contra doenças neurodegenerativas, como a doença de Alzheimer e a demência vascular, ou relacionadas ao processo de envelhecimento.<ref>{{Citar web|ultimo=Mingori|primeiro=Moara Rodrigues|url=http://bdtd.ibict.br/vufind/Record/URGS_f12468f392f60395955f3cd40685f04b|titulo=Efeito da suplementação crônica do extrato de Paullinia cupana Mart. em ratos Wistar senescentes|data=2018|acessodata=2022-12-04|website=bdtd.ibict.br}}</ref> |
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⚫ | '''Efeito antimicrobiano:''' extratos hidroalcóolicos de ''Paullinia cupana'' mostraram efeitos antimicrobianos ativos contra linhagens de bactérias gram-negativas, como ''Pseudomonas aeruginosa e Chromobacterium violaceum'', e gram-positivas, ''como Staphylococcus aureus'' MSSA e ''Bacillus cereus'', os quais se devem possivelmente à presença de polifenóis no vegetal, entre eles os taninos.<ref name=":0" /> |
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=== '''Outros efeitos''' === |
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⚫ | '''Combate à obesidade e às doenças cardiovasculares:''' o consumo do guaraná aumenta o gasto calórico diário e diminui o apetite, por manter estáveis os níveis de glicose no sangue, combatendo assim, a obesidade. Ademais, o grande teor de metilxantina no guaraná está relacionado a alterações no metabolismo de lipídios. Estudos sugerem que o consumo do guaraná está envolvido com uma menor chance no desenvolvimento de doenças metabólicas e cardiovasculares, tendo efeito sobre a oxidação do LDL (lipoproteína de baixa densidade).<ref name=":1" /><ref>{{Citar periódico |url=http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/6/6138/tde-27082018-120729/ |título=Efeitos do guaraná (Paullinia cupana) na saúde cardiovascular: uma revisão sistemática |data=2018-10-16 |acessodata=2022-12-04 |ultimo=Campos |primeiro=Andressa Ferreira |local=São Paulo |lingua=pt |doi=10.11606/d.6.2018.tde-27082018-120729}}</ref> |
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O guaraná mostrou efeito protetor no DNA de hepatócitos de ratos, proteção contra lesões gástricas induzidas por etanol e indometacina, inibição da agregação plaquetária in vitro e in vivo, neuroproteção, inibição da acetilcolinesterase, melhoria na atenção, no humor, na disposição e na cognição, efeito antigenotóxico in vivo e redução da fadiga mental.<ref name=":0" /><ref name=":1" /> Também foram relatados, na literatura científica, propriedades do guaraná como efeito cardiotônico e cardioprotetor, adipogênese, controle de ondas de calor, efeito citoprotetor, controle da placa bacteriana nos dentes, atividade anti-neoplásica, melhora na fadiga em pacientes com câncer de mama, efeito antialérgico, ação quimioprofilática da carcinogênese, efeito panicolítico e analgesia. Ele é também citado como agente antidepressivo, ansiolítico, anticancerígeno, relaxante muscular e antimicrobiano.<ref name=":0" /><ref name=":1" /> O extrato seco de guaraná tem sido utilizado topicamente para prevenção e tratamento da lipodistrofia ginoide, devido ao aumento do número de vasos sanguíneos na derme. |
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=== '''Uso em cosméticos''' === |
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⚫ | '''Ação antioxidante''': é rico em catequina, que é uma substância que combate os radicais livres, tendo efeito antioxidante e prevenindo o envelhecimento. Trata-se, portanto, de uma potencial forma de prevenção ou tratamento contra doenças neurodegenerativas, como a doença de Alzheimer, ou relacionadas ao processo de envelhecimento.<ref>{{Citar web|ultimo=Mingori|primeiro=Moara Rodrigues|url=http://bdtd.ibict.br/vufind/Record/URGS_f12468f392f60395955f3cd40685f04b|titulo=Efeito da suplementação crônica do extrato de Paullinia cupana Mart. em ratos Wistar senescentes|data=2018|acessodata=2022-12-04|website=bdtd.ibict.br}}</ref> |
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Devido às suas propriedades antimicrobianas e antioxidades, o extrato das sementes do guaraná pode ser utilizado como aditivo natural em cosméticos, principalmente em produtos antienvelhecimento. Também é utilizado em produtos para o tratamento da celulite, tendo em vista sua grande quantidade de alcaloides, como a cafeína.<ref name=":3" /> |
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== Processo de industrialização da bebida == |
== Processo de industrialização da bebida == |
Revisão das 04h56min de 4 de dezembro de 2022
guaraná Paullinia cupana | |||||||||||||||
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Classificação científica | |||||||||||||||
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Nome binomial | |||||||||||||||
Paullinia cupana Kunth |
O guaraná (nome científico: Paullinia cupana), comumente chamado guaranazeiro[1] e uaraná, é um cipó originário da Amazônia. É encontrado no Brasil, Peru, Colômbia, Guiana e Venezuela, sendo cultivado principalmente no município de Maués, estado do Amazonas, e na Bahia. Pertence a família Sapindaceae.
O guaraná é também conhecido no país pelos nomes populares guaraná-da-amazônia, guaranaina, narana, cupana, guanáyuba, varaná, paulínia, narazazeiro, guaraná-uva, naranajeiro, guaraná-cipó, naraná, guaranaúva ou uaraná. Fora do Brasil, a planta é conhecida por Brazilian cocoa ou Guarana Bread.
Etimologia
O nome Paullinia foi atribuído por Lineu ao género a que pertence o guaraná em homenagem ao médico e botânico alemão Simon Pauli. "Guaraná" é oriundo do termo tupi wara'ná[1], que significa árvore que sobe apoiada em outra.
Descrição
O guaraná é uma planta nativa brasileira. É uma espécie vegetal arbustiva trepadeira, podendo chegar a 3 metros de altura, sendo bem adaptada ao climas quente e úmido.
Suas folhas são numerosas, glabras, elíptico-ovais, trifoliadas, pinadas, alternas, com parte inferior verde e brilhante, medindo por volta de 40 centímetros de comprimento e largura. As flores são zigomórficas, pequenas e brancas, racemiformes, tirseas, axilares; seu cálice possui cinco sépalas verdes, e sua corola apresenta quatro pétalas oblongas, com apêndice em forma de capuz e com ápice carnudo e de coloração amarela.[2] As inflorescências podem chegar a mais de 30 centímetros. O seu fruto é em forma de cápsula elipsoidal ou esférica, com um a três folhetos, sendo piriforme e indeiscente; possui grande quantidade de cafeína (chamada de guaraína quando encontrada no guaraná) e, devido a suas propriedades estimulantes, é usado na fabricação de xaropes, barras, pós e refrigerantes. Tem casca vermelha e, quando maduro, deixa aparecer a polpa branca e suas sementes, assemelhando-se com olhos. Contém de uma a quatro sementes, as quais apresentam coloração castanho-escuro e têm arilo abundante antes da maturidade. Na região próxima ao município de Maués, onde é cultivada, os índios da nação saterê-mawé têm lendas sobre a origem da planta.
Em Portugal, produzem-se refrigerantes de guaraná desde o final da década de 1990, sendo inicialmente importados do Brasil. O refrigerante de guaraná mais vendido do mundo é o Guaraná Antarctica, produzido desde abril de 1921 no Brasil.
No Brasil, apesar de ser utilizada predominantemente na indústria de refrigerantes e de outras bebidas não alcoólicas, a planta também é utilizada nas indústrias farmacêutica e cosmética.[3]
Composição fitoquímica
O guaraná é uma das plantas mais ricas em cafeína, correspondendo a aproximadamente 3-6% do fruto.[4]
As sementes do guaraná contêm alta concentração de compostos fenólicos, de onde vem a sua ação antioxidante. Além disso, apresentam em sua composição metilxantinas – sendo a de maior concentração a cafeína – e, em menores quantidades, outros alcaloides purínicos, tais como a teofilina e a teobromina. Também possuem saponinas, taninos (que representam cerca de 16% da sua composição)[3], polissacarídeos, proteínas, ácidos graxos e oligoelementos, tais como rubídio, manganês, níquel e estrôncio.[2] As sementes secas do guaraná constituem a parte mais utilizada comercialmente, uma vez que contêm alto teor de cafeína.
O óleo essencial é composto por sesquiterpenos cíclicos, monoterpenos cíclicos e minerais como cálcio, ferro, fósforo, potássio, magnésio, vitaminas B2, B3 e B4, flavonoides e taninos condensados, como a catequina e a epicatequina.[2]
Efeitos da ingestão
O guaraná é um estimulante: aumenta a resistência nos esforços mentais e musculares e diminui a fadiga motora e psíquica. Por meio das xantinas que possui (cafeína e teobromina), o guaraná produz maior rapidez e clareza do pensamento.[5] Entretanto, se ingerido em excesso, provoca efeitos colaterais como insônia, irritabilidade, taquicardia, azia, distúrbios do sistema nervoso central, mioglobinúria e dependência física.[5][6] Em longo prazo, seu consumo também pode provocar alterações significativas no sistema cardiovascular e até mesmo provocar convulsões. Em pacientes epiléticos, o guaraná pode piorar os quadros de epilepsia, seja diminuindo o limiar convulsivo ou aumentando a duração das crises. Considerando os efeitos da cafeína sobre a pressão arterial, seu consumo não é recomendado para pacientes hipertensos.[3] A combinação de guaraná com suplementos contendo efedrina deve ser evitada, pois aumenta o risco de infarto do miocárdio e morte súbita. O extrato de guaraná, por ser rico em metilxantinas, pode bloquear os inibidores da adenosina e fosfodiesterase, aumentando as atividades da noraepinefrina.
A dose diária de cafeína reconhecida como segura para adultos é de 400 mg.
A lenda do guaraná
As tribos de Munducurucânia eram as mais prósperas dos índios. Venciam todas as guerras, as pescas eram ótimas, os peixes, os melhores e a doença era rara. Tudo isso por causa de um curumim que, há alguns anos, nascera naquela tribo.
Ele era o mais protegido de todos. Nas pescas, era acompanhado por muitos - os pescadores desviavam dos rios as piranhas, jacarés ou qualquer outro perigo. Mas, certo dia, toda a segurança foi embora: o Gênio do Mal apareceu em forma de cascavel e feriu o garoto. A tribo entrou em lamentação e em desespero.
Tupã, o Deus dos índios, atendeu a todo aquele lamento e disse :
- Tirem os olhos do curumim e plantem-no na terra firme, reguem-no com lágrimas durante 4 luas e ali nascerá a "planta da vida", ela dará força aos jovens e revigorará os velhos.
Os pajés não duvidaram, arrancaram e plantaram os olhos do curumim e regaram com lágrimas durante quatro luas.
Nasceu ali uma nova planta, travessa como as crianças, com hastes escuras e sulcadas como os músculos dos guerreiros da tribo. E quando ela frutificou, seus frutos de negro azeviche, envoltos de um arilo branco com duas cápsulas de cor vermelho-vivo. Diziam os índios:
- É a multiplicação dos olhos do príncipe!
E o fruto trouxe progresso da tribo. Ajudou os velhos e deu mais força aos guerreiros.[7]
Usos populares e/ou tradicionais
O guaraná tem sido amplamente utilizado como estimulante do sistema nervoso central e do sistema cardiovascular, tendo em vista a sua composição rica em cafeína. Também é relatado o uso popular como diurético, antineurálgico, adstringente, antibacteriano e agente protetor do trato gastrointestinal.[4] O guaraná também ganhou popularidade por ser considerado um "alimento funcional".
Durante séculos, tribos amazônicas de etnia Saterê-Maué utilizam o guaraná para tratar diarreia crônica, hipertensão, nevralgia, disenteria e enxaqueca. Além disso, os indígenas também utilizam o material vegetal como antipirético, estimulante, analgésico, antídoto para venenos e para diversos outros fins terapêuticos.[2] Suas sementes costumam ser mastigadas ou então adicionadas a alimentos e bebidas.
Propriedades farmacológicas
Devido à sua ampla gama de propriedades medicinais, o guaraná está atualmente listado na Farmacopeia Brasileira oficial e, dentre as espécies amazônicas, é considerado um dos medicamentos mais promissores da flora brasileira.[8]
O guaraná é rico em substâncias funcionais bioativas, dentre elas a cafeína, a teobromina, a catequina, a epicatequina, a teofilina, entre outras. Alguns efeitos atribuídos ao consumo de guaraná é de que ele é afrodisíaco, tem ação tônica, é adstringente, febrífugo, diurético e serve para o cansaço físico e mental, imunoestimulante, antioxidante, combate a obesidade e melhora a pressão sanguínea etc.[9]
Ação estimulante: aparentemente, o guaraná apresenta efeitos estimulantes mais duradouros do que o café, provavelmente devido à presença de saponinas e taninos na planta, que interagem com a cafeína.[3]
Ação anti-inflamatória: um estudo mostrou que o guaraná é capaz de inibir o TNF-alfa, citocina inflamatória envolvida em doenças como artrite reumatoide, psoríase, doença de Crohn, colite ulcerativa, entre outras, tendo efeito potencial no tratamento dessas enfermidades.[10] A teofilina e a teobromina têm efeito broncoprotetor, ação imunomoduladora e anti-inflamatória, retardando o processo de envelhecimento e inibindo a deposição de colesterol nas artérias, permitindo melhor irrigação sanguínea em todo o organismo. (KUSKOSKI et al., 2005).
Efeito antimicrobiano: extratos hidroalcóolicos de Paullinia cupana mostraram efeitos antimicrobianos ativos contra linhagens de bactérias gram-negativas, como Pseudomonas aeruginosa e Chromobacterium violaceum, e gram-positivas, como Staphylococcus aureus MSSA e Bacillus cereus, os quais se devem possivelmente à presença de polifenóis no vegetal, entre eles os taninos.[2] O extrato alcoólico da semente de guaraná também se mostrou eficaz contra alguns fungos, incluindo Aspergillus niger, Trichoderma viride and Penicillium cyclopium.[8]
Combate à obesidade e às doenças cardiovasculares: o consumo do guaraná aumenta o gasto calórico diário e diminui o apetite, por manter estáveis os níveis de glicose no sangue, combatendo assim, a obesidade. Ademais, o grande teor de metilxantina no guaraná está relacionado a alterações no metabolismo de lipídios. Estudos sugerem que o consumo do guaraná está envolvido com uma menor chance no desenvolvimento de doenças metabólicas e cardiovasculares, tendo efeito sobre a oxidação do LDL (lipoproteína de baixa densidade).[4][11] A planta também apresentou potencial antiadipogênico, pois tem capacidade de modular microRNAs e genes relacionados ao processo, assim como aumento do metabolismo energético e estimulação de biogênese mitocondrial, auxiliando no controle do ganho de peso, mesmo em dietas altamente gordurosas.[3]
Ação antioxidante: é rico em catequina, que é uma substância que combate os radicais livres, tendo efeito antioxidante e prevenindo o envelhecimento. Compostos extraídos de Paullinia cupana apresentaram capacidade de atravessar a barreira hematoencefálica e demonstraram atividade protetora contra a lipoperoxidação de membranas plasmáticas in vitro. Trata-se, portanto, de uma potencial forma de prevenção ou tratamento contra doenças neurodegenerativas, como a doença de Alzheimer e a demência vascular, ou relacionadas ao processo de envelhecimento.[12]
Outros efeitos
O guaraná mostrou efeito protetor no DNA de hepatócitos de ratos, proteção contra lesões gástricas induzidas por etanol e indometacina, inibição da agregação plaquetária in vitro e in vivo, neuroproteção, inibição da acetilcolinesterase, melhoria na atenção, no humor, na disposição e na cognição, efeito antigenotóxico in vivo e redução da fadiga mental.[2][4] Também foram relatados, na literatura científica, propriedades do guaraná como efeito cardiotônico e cardioprotetor, adipogênese, controle de ondas de calor, efeito citoprotetor, controle da placa bacteriana nos dentes, atividade anti-neoplásica, melhora na fadiga em pacientes com câncer de mama, efeito antialérgico, ação quimioprofilática da carcinogênese, efeito panicolítico e analgesia. Ele é também citado como agente antidepressivo, ansiolítico, anticancerígeno, relaxante muscular e antimicrobiano.[2][4] O extrato seco de guaraná tem sido utilizado topicamente para prevenção e tratamento da lipodistrofia ginoide, devido ao aumento do número de vasos sanguíneos na derme.
Uso em cosméticos
Devido às suas propriedades antimicrobianas e antioxidades, o extrato das sementes do guaraná pode ser utilizado como aditivo natural em cosméticos, principalmente em produtos antienvelhecimento. Também é utilizado em produtos para o tratamento da celulite, tendo em vista sua grande quantidade de alcaloides, como a cafeína.[8]
Processo de industrialização da bebida
O processo de processamento do xarope da fruta iniciou-se no Brasil em 1905 por Luiz Pereira Barreto, um médico da cidade de Resende, no Rio de Janeiro.[13]
Em 1906 foi lançado pela F. Diefenthaller, uma fábrica de refrigerantes de Santa Maria no Rio Grande do Sul, o Guaraná Cyrilla. A bebida inicialmente era adstringente e acentuadamente amarga e por isso não se disseminou muito.
A Antarctica desenvolveu um processo de eliminar a adstringência e o amargor, ressaltando o bouquet característico da fruta e, em 1921, criou o Guaraná Champagne Antarctica, pela empresa homônima.
Na Sérvia e em outros países do Leste Europeu, fabrica-se uma bebida energética à base de guaraná, comercializada com este nome, mas que, em vez do gosto doce do refrigerante, tem sabor amargo e efeito cardioacelerador.[14]
Referências
- ↑ a b FERREIRA, A. B. H. Novo Dicionário da Língua Portuguesa. Segunda edição. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986. p.873
- ↑ a b c d e f g Pinto, Priscila Moreira (25 de janeiro de 2012). «Atividade antibacteriana das espécies Paullinia cupana kunth. e Ptychopetalum olacoides benth». Consultado em 4 de dezembro de 2022
- ↑ a b c d e Marques, Leila Larisa Medeiros; Ferreira, Emilene Dias Fiuza; Paula, Mariana Nascimento de; Klein, Traudi; Mello, João Carlos Palazzo de (1 de janeiro de 2019). «Paullinia cupana: a multipurpose plant – a review». Revista Brasileira de Farmacognosia (em inglês) (1): 77–110. ISSN 0102-695X. doi:10.1016/j.bjp.2018.08.007. Consultado em 4 de dezembro de 2022
- ↑ a b c d e Ferreira, Fernando Augusto Morgado; Ferreira, Bárbara Bragança; Bragança, Vitor Augusto Nascimento; Lima, Consuelo Lúcia Sousa de; Brasil, Davi do Socorro Barros (23 de janeiro de 2022). «Guaraná (Paullinia cupana Kunth), marapuama (Ptychopetalum olacoides Benth.), genciana (Gentiana lutea L.), quassia (Quassia amara L.) e suas propriedades: uma breve revisão». Research, Society and Development (2): e21711224592–e21711224592. ISSN 2525-3409. doi:10.33448/rsd-v11i2.24592. Consultado em 4 de dezembro de 2022
- ↑ a b http://www.blogers.com.br/efeitos-adversos-do-guarana/[ligação inativa]
- ↑ [1]
- ↑ [2]
- ↑ a b c Lidilhone, Hamerski; Genise, Vieira Somner; Neusa, Tamaio (10 de agosto de 2013). «Paullinia cupana Kunth (Sapindaceae): A review of its ethnopharmacology, phytochemistry and pharmacology». Journal of Medicinal Plants Research (30): 2221–2229. ISSN 1996-0875. doi:10.5897/JMPR2013.5067. Consultado em 4 de dezembro de 2022
- ↑ GUARANÁ: Estudos sobre propriedades medicinais e funcionais do Guaraná
- ↑ Machado, Kamilla Nunes; Paula Barbosa, Antony de; de Freitas, Aline Alves; Alvarenga, Luana Farah; Pádua, Rodrigo Maia de; Gomes Faraco, André Augusto; Braga, Fernão Castro; Vianna-Soares, Cristina Duarte; Castilho, Rachel Oliveira (1 de setembro de 2021). «TNF-α inhibition, antioxidant effects and chemical analysis of extracts and fraction from Brazilian guaraná seed powder». Food Chemistry (em inglês). 129563 páginas. ISSN 0308-8146. doi:10.1016/j.foodchem.2021.129563. Consultado em 4 de dezembro de 2022
- ↑ Campos, Andressa Ferreira (16 de outubro de 2018). «Efeitos do guaraná (Paullinia cupana) na saúde cardiovascular: uma revisão sistemática». São Paulo. doi:10.11606/d.6.2018.tde-27082018-120729. Consultado em 4 de dezembro de 2022
- ↑ Mingori, Moara Rodrigues (2018). «Efeito da suplementação crônica do extrato de Paullinia cupana Mart. em ratos Wistar senescentes». bdtd.ibict.br. Consultado em 4 de dezembro de 2022
- ↑ O JORNAL de Santos, em série de artigos, abril, 1905
- ↑ KUSKOSKI, E.M et al., "Propiedades químicas y farmacológicas del fruto Guaraná (Paullinia cupana)". Vitae, v. 12, p. 45-52, 2005.