Arnon Grunberg

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Arnon Grunberg
Arnon Grunberg
Nascimento 22 de fevereiro de 1971 (53 anos)
Amsterdã, Países Baixos
Nacionalidade Países Baixos
Cidadania Reino dos Países Baixos
Alma mater
  • Vossius Gymnasium
Ocupação Escritor
Prémios Prêmio de Literatura AKO,

Prêmio Libris e Prêmio Constantijn Huygens

Obras destacadas De asielzoeker
Página oficial
www.arnongrunberg.com.
Assinatura

Arnon Yasha Yves Grunberg (22 de fevereiro de 1971) é um escritor holandês de romances, ensaios e colunas, além de jornalista. Grunberg assinou alguns de seus trabalhos com o heterônimo Marek van der Jagt. Atualmente ele mora em Nova Iorque.

Suas obras foram traduzidas para dezenas de idiomas. Em 2022, ele recebeu o prêmio PC Hooftprijs, na Holanda, pelo conjunto de sua obra. Seus romances mais aclamados são Blauwe maandagen (1994) e Tirza (2004). O The New York Times analisou Tirza como "severamente cômico e inabalável (...) embora nem sempre agradável, nunca é menos do que cativante".[1] O Frankfurter Allgemeine Zeitung descreveu Grunberg como "o Philip Roth holandês".[2]

Biografia[editar | editar código-fonte]

Grunberg nasceu em uma família judaica, de origem alemã, e vítima da Alemanha nazista na Segunda Guerra Mundial.[3] Sua mãe, Hannelore Grünberg-Klein (1927-2015), sobreviveu ao campo de concentração Auschwitz,[4] e seu pai passou por diversos esconderijos durante a ocupação da Holanda. Grunberg tem uma irmã mais velha, Maniou-Louise (1963). Em 1982, sua irmã emigrou para Israel, onde segue um estilo de vida ortodoxo com sua família em um assentamento perto de Ramallah.

Grunberg frequentou a Amsterdam Vossius Gymnasium, mas foi expulso da escola em 1988. Ele trabalhou como balconista em uma farmácia e como lavador de pratos.[5]

Quando jovem, Grunberg queria se tornar ator. Em 1989, ele desempenhou o papel principal em um filme do cineasta holandês Cyrus Frisch, The cunt of Mary. Durante as filmagen ele se decepcionou com o ofício, pelos horários apertados e as pessoas que o cercavam.

Entre 1990 a 1993, Grunberg dirigiu sua própria editora, Kasimir, que não obteve sucesso financeiro.[6][7]

Romances[editar | editar código-fonte]

Aos 23 anos, Grunberg publicou seu primeiro romance, Blauwe Maandagem, pela editora Nijgh & Van Ditmar. O romance autobiográfico inclui as experiências de seus pais na guerra. O livro foi condecorado com o Prêmio Anton Wachter de melhor romance de estreia.[8] A obra foi aclamada pela crítica como uma "comédia grotesca, uma raridade na literatura holandesa."[9] Em 2000, foi o primeiro escritor a ganhar pela segunda vez um prêmio de estreia, mas sob o heterónimo Marek van der Jagt, pelo romance De geschiedenis van mijn kaalheid.[10]

O romance Tirza (2004), que narra o amor obsessivo de um pai por sua filha, foi o primeiro livro de Grunberg a ser adaptado em filme, em 2010.[11] A obra foi laureada duas vezes em 2007, com Prêmio Libris, na Holanda, e o Golden Owl, na Bélgica. Tirza foi traduzido para quatorze idiomas e recebeu aclamações críticas no New York Times, LA Times e Le Figaro, entre outros. Uma pesquisa entre críticos literários, acadêmicos e escritores, realizada em 2010 pela revista De Groene Amsterdammer, o elegeu como o "romance mais importante do século XXI", tendo concorrido com The Kindly Ones, de Jonathan Littell, e Saturday, de Ian McEwan. Em 2009, Grunberg ganhou o Prêmio Constantijn Huygens pelo conjunto de suas obras,[12] e em 2011 recebeu o prêmio Frans Kellendonk-prijs.[13]

Grunberg publicou vários romances, incluindo Huid en Haar, em 2010, De Man Zonder Ziekte, em 2012, e Moedervlekken, em 2016, que foram traduzidos para francês e alemão, entre outras línguas. Esses livros também receberam críticas positivas. O Le Monde se referiu a Moedervlekken com "uma porta de entrada maravilhosa para a obra de Arnon Grunberg, [que é] um dos escritores mais fascinantes de sua geração". Suas obras também foram publicadas em Portugal, Hungria, Israel, Turquia e Brasil.

Jornalismo e Ensaios[editar | editar código-fonte]

Além de romances, Grunberg também escreveu colunas em jornais e revistas, além de ensaios, poesias, argumentos e peças de teatro. Através de seus ensaios, artigos de opinião e palestras, ele contribuiu para o debate público em questões como política de migração, discriminação, racismo e tráfico humano. Seus ensaios foram publicados no The New York Times,[14] Le Monde, Libération, The Times, Neue Zürcher Zeitung, Courrier International, Revista Contexto e Süddeutsche Zeitung. Grunberg também é conhecido por seu jornalismo literário e períodos de imersão completa em diversos aspectos da sociedade.[15]

Buscando experiências para transformar em escrita, Grunberg foi incorporado às tropas holandesas no Afeganistão e no Iraque,[16] e visitou a Baía de Guantánamo. Nestes momentos ele escreveu sobre massagistas em um resort romeno, pacientes em uma ala psiquiátrica belga, garçons de um vagão-restaurante em um trem suíço e uma família holandesa comum em férias. Em 2009, seus relatórios nestas viagens foram publicados em dois livros: Kamermeisjes en Soldaten e Slachters en Psychiaters (2021). Este último contém seus relatórios de 2009 até 2020. O jornal holandês De Volkskrant elogiou o livro: "Grunberg pode não apenas esboçar um mundo desconhecido com alguns traços afiados da caneta, mas também trazê-lo à vida vívida."[17]

Grunberg afirmou que escreve porque quer saber "como as pessoas fazem para viver suas vidas": "Tudo é pesquisa de campo: amizade, sexo, amor e trabalho. É apenas escrevendo sobre isso que você pode escapar disso."

Acadêmia e Pesquisa Científica[editar | editar código-fonte]

Arnon Grunberg em 2015

Em 2008, Grunberg tornou-se escritor residente e palestrante convidado na Universidade de Leiden e na Universidade e Centro de Pesquisa de Wageningen. Em outubro de 2014, tornou-se membro honorário da Faculdade de Artes da Universidade de Amsterdã.

Suas palestras, na Universidade de Amsterdã, trataram de questões relacionadas à privacidade e vigilância e, junto com seus alunos, desenvolveu um videogame.[18] A série de palestras coincidiu com uma exposição sobre a vida e obra do autor, cujos materiais foram provenientes de seus próprios arquivos literários, que foram emprestados ao departamento de Coleções Especiais da biblioteca da universidade.[19]

Em um experimento para entender o processo criativo, Grunberg escreveu o romance Het Bestand (2015), enquanto os cientistas mediam sua atividade cerebral, emoções e sentimentos subjetivos. Usando medições fisiológicas, como EEG, GSR e ECG, e questionários subjetivos para o autor, os cientistas correlacionaram a escrita de passagens carregadas emocionalmente com a atividade fisiológica. Estava prevista, para outubro e novembro de 2015, uma segunda fase do experimento, no GrunbergLab da Universidade de Amsterdã, onde a atividade cerebral de voluntários será medida enquanto eles estiverem lendo o romance sob circunstâncias controladas.[20][21][22]

Prêmios[editar | editar código-fonte]

  • 1994 - Rabobank Lenteprijs voor Literatuur por Tina
  • 1994 - Anton Wachterprijs por Blauwe maandagen
  • 1996 - Gouden Ezelsoor por Blauwe maandagen
  • 1998 - Charlotte Köhler Stipendium por De troost van de slapstick
  • 2000 - AKO-Literatuurprijs por Fantoompijn
  • 2000 - Anton Wachterprijs por De geschiedenis van mijn kaalheid (como Marek van der Jagt)
  • 2002 - Gouden Uil por De Mensheid zij geprezen, Lof der zotheid 2001
  • 2004 - AKO Literatuurprijs por De asielzoeker
  • 2004 - F. Bordewijkprijs por De asielzoeker
  • 2007 - Gouden Uil por Tirza
  • 2007 - Libris literatuurprijs por Tirza
  • 2009 - Constantijn Huygensprijs pelo conjunto de suas obras
  • 2011 - KANTL-prijs voor proza por Tirza
  • 2017 - Gouden Ganzenveer pelo conjunto de suas obras
  • 2022 - P.C. Hooft-prijs 2022 pela contribuição à literatura holandesa

Bibliografia Selecionada[editar | editar código-fonte]

Romances[editar | editar código-fonte]

  • (1994) Blauwe Maandagem
  • (1997) Figuranten
  • (1998) De heilige Antonio
  • (2000) Fantoompijn
  • (2000) De geschiedenis van mijn kaalheid (como Marek van der Jagt)
  • (2001) De Mensheid zij geprezen, Lof der Zotheid 2001
  • (2002) Gstaad 95-98 (como Marek van der Jagt)
  • (2003) De azielzoeker
  • (2004) De joodse messias
  • (2006) Tirza
  • (2008) Onze oom
  • (2010) Huid en Haar
  • (2012) De man zonder ziekte
  • (2015) Het bestand
  • (2016) Moedervlekken

Narrativas[editar | editar código-fonte]

  • (2001) Amuse-Gueule
  • (2004) Grunberg rond de wereld
  • (2009) Kamermeisjes & Soldaten: Arnon Grunberg onder de mensen
  • (2013) Apocalyps

Ensaios[editar | editar código-fonte]

  • (1998) Comfort of the slapstick (O conforto do pastelão)
  • (2001) Monogaam (como Marek van der Jagt)
  • (2001) Otto Weininger Of bestaat de jood? (como Marek van der Jagt)
  • (2013) Buster Keaton lacht nooit
  • (2013) Why the Dutch Love Black Pete

Roteiro de filme[editar | editar código-fonte]

  • (1998) Het 14e kippetje

Peças[editar | editar código-fonte]

  • (1998) You are also very attractive when you are dead
  • (2005) De Asielzoeker (adaptado por Koen Tachelet)
  • (2015) Hoppla, wir sterben

Referências

  1. Hutchins, Scott (10 de maio de 2013). «The Graduate». The New York Times (em inglês). ISSN 0362-4331. Consultado em 15 de abril de 2023 
  2. «F.A.Z.-Archiv». fazarchiv.faz.net. Consultado em 15 de abril de 2023 
  3. DBNL. «Grunberg, Arnon, Schrijvers en dichters (dbnl biografieënproject I), G.J. van Bork». DBNL (em neerlandês). Consultado em 15 de abril de 2023 
  4. zie Volkskrant 3 december 2011: Voetnoot A.Grunberg
  5. «AG-info-biografie». web.archive.org. 22 de janeiro de 2010. Consultado em 15 de abril de 2023 
  6. «Marek Hłasko - Ik zal jullie over Esther vertellen - Kasimir - Arnon Grunberg». www.arnongrunberg.com. Consultado em 15 de abril de 2023 
  7. verslaggeefster, Van onze (13 de julho de 2005). «Grunberg wil uitgeverij oprichten». de Volkskrant (em neerlandês). Consultado em 15 de abril de 2023 
  8. «Blauwe maandagen | Koninklijke Bibliotheek». web.archive.org. 19 de abril de 2014. Consultado em 15 de abril de 2023 
  9. «Opium TV : Arnon Grunberg». NRC (em neerlandês). Consultado em 15 de abril de 2023 
  10. «Nieuwsselectie: Kunst». retro.nrc.nl. Consultado em 15 de abril de 2023 
  11. Hutchins, Scott (10 de maio de 2013). «The Graduate». The New York Times (em inglês). ISSN 0362-4331. Consultado em 15 de abril de 2023 
  12. «NRC Boeken - Recensies, de achtergrondartikelen en interviews». NRC (em neerlandês). Consultado em 15 de abril de 2023 
  13. «Lezing & Prijs». Frans Kellendonk Website (em neerlandês). 13 de dezembro de 2008. Consultado em 15 de abril de 2023 
  14. Grunberg, Arnon (4 de dezembro de 2013). «Opinion | Why the Dutch Love Black Pete». The New York Times (em inglês). ISSN 0362-4331. Consultado em 15 de abril de 2023 
  15. Nederl, Literair; Lohmeijer, was erbij met Carolien (24 de maio de 2022). «'Qua eer en inzet de mooiste die je als auteur kunt winnen'». Literair Nederland (em neerlandês). Consultado em 15 de abril de 2023 
  16. «Grunberg 'embedded' naar Irak». Trouw (em neerlandês). 3 de fevereiro de 2008. Consultado em 15 de abril de 2023 
  17. Hovius, Ranne (19 de fevereiro de 2021). «Met een paar rake pennestreken maakt Grunberg een onbekende wereld invoelbaar ★★★★☆». de Volkskrant (em neerlandês). Consultado em 15 de abril de 2023 
  18. «Folia». www.folia.nl (em neerlandês). Consultado em 15 de abril de 2023 
  19. «Folia.nl | Nieuws / Archief Arnon Grunberg naar Bijzondere Collecties». web.archive.org. 19 de março de 2011. Consultado em 15 de abril de 2023 
  20. What is creativity?, Noldus.
  21. «Archived copy». Consultado em 27 de fevereiro de 2015. Arquivado do original em 11 de março de 2015 
  22. Jennifer Schuessler, "Wired: Putting a Writer and Readers to a Test", The New York Times, 2013.

Ligações externas[editar | editar código-fonte]


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