Mário César Flores

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Mário César Flores
Dados pessoais
Nome completo Mário César Flores
Nascimento 27 de fevereiro de 1931
Itajaí, Santa Catarina
Morte 01 de agosto de 2019 (88 anos)
Rio de Janeiro, Rio de Janeiro
Nacionalidade brasileiro
Ocupação Militar
Serviço militar
Lealdade Brasil
Serviço/ramo Marinha do Brasil
Graduação Almirante de esquadra

Mário César Flores (Itajaí, 27 de fevereiro de 1931 - Rio de Janeiro, 1 de agosto de 2019) foi um

almirante-de-esquadra brasileiro.[1][2]

Foi ministro da Marinha no governo de Fernando Collor de Mello, de 15 de março de 1990 a 8 de outubro de 1992.

Destaque para o papel que ele exerceu durante o processo de Impeachment do ex-presidente Fernando Collor. O falecido almirante desempenhou papel fundamental para assegurar a transição do presidente que acabou renunciando para o que assumiu, Itamar Franco, eleito vice-presidente.

Mário Flores foi um dos protagonistas no sentido de pavimentar a posse de Itamar dentro dos parâmetros constitucionais, sobretudo junto aos militares. Certamente, pela delicadeza daquele momento, foi a maior contribuição do itajaiense à democracia brasileira.[1]

Aspirante à Marinha de Guerra ingressou na Escola Naval em março de 1947. Guarda-marinha em abril de 1952, foi promovido a segundo tenente em maio do ano seguinte, e a primeiro tenente em novembro de 1954. Capitão tenente desde abril de 1957, exerceu o comando do navio-tanque Garcia d’Avila, da Flotilha do Amazonas, de abril de 1959 até outubro de 1960. Capitão de corveta em maio de 1962 e capitão de fragata em setembro de 1966 comandou o navio oficina Belmonte de abril de 1971 a abril de 1972. Nesse período, ainda em outubro de 1971, foi promovido a capitão-de-mar-e-guerra.

Vida e carreira[editar | editar código-fonte]

Em janeiro de 1973 assumiu o comando da Base Naval de Aratu, em Salvador, função que acumulou a partir de agosto de 1974 com o comando do Grupamento Naval do Leste, cargos que manteve até fevereiro de 1975. Nomeado adido naval em Buenos Aires e Montevidéo, permaneceu na capital uruguaia até novembro de 1977, e na capital argentina até setembro de 1978. Em novembro deste ano foi promovido a contra-almirante.

De agosto de 1982 a janeiro de 1984 comandou a Força de Apoio da Marinha. Em janeiro de 1984 foi designado diretor da Escola de Guerra Naval (EGN). Em março tornou-se vice-almirante. Designado diretor do Ensino da Marinha, acumulou os dois cargos de fevereiro a dezembro de 1986.

Em março de 1987 assumiu o comando da Esquadra e em novembro foi promovido a almirante-de-esquadra. Designado diretor-geral do Material da Marinha em dezembro, acumulou as funções durante 18 dias, só se desligando da esquadra em janeiro de 1988. De março de 1989 a março de 1990, sob a presidência de José Sarney (1985-1990) e sendo ministro da Marinha Henrique Sabóia, exerceu a chefia do Estado-Maior da Armada, em substituição ao almirante Hugo Stoffel. Com a posse do presidente Fernando Collor de Melo (1989-1992) ascendeu ao Ministério da Marinha.

Considerado um liberal por seus companheiros e tido como um dos maiores estrategistas da força naval, Mário Cesar Flores preocupou-se com o reequipamento da frota e foi um dos responsáveis pela instalação do Centro de Pesquisas da Marinha, em Iperó, no interior do estado de São Paulo, onde se desenvolveram estudos sobre a utilização da energia nuclear em submarinos. Entusiasta dessa tecnologia - que considerava ser um dos passaportes para o Primeiro Mundo - em março de 1991 envolveu-se numa polêmica com o ministro das Relações Exteriores, Francisco Rezek, que questionou publicamente os projetos em andamento na Marinha. Três meses depois, em depoimento à comissão parlamentar de inquérito que avaliava as causas do atraso científico e tecnológico do país, Flores prestou contas do montante de investimentos realizados pelo Ministério da Marinha ao longo de 12 anos na área nuclear, ressaltando a necessidade de ‘uma política de investimentos contínuos com recursos estáveis’.

Graças ao bom trânsito que tinha no Congresso, durante o segundo semestre de 1992, no curso dos trabalhos da CPI responsável pelas investigações da rede de corrupção montada a nível federal, comprometendo diretamente o presidente da República e resultando na abertura de um processo de impeachment contra Fernando Collor de Melo, o almirante Flores manteve entendimentos com o grupo de parlamentares que negociou reservadamente a transferência temporária do poder para o vice Itamar Franco.

Após a renúncia de Collor, em outubro de 1992, Mário Cesar Flores deixou a pasta da Marinha por conta da completa reforma ministerial que se seguiu à posse de Itamar Franco (1992-1994), em 2 de outubro. Substituiu-o o almirante Ivan Serpa.

Único integrante da equipe do primeiro escalão do presidente afastado convidado a permanecer no novo governo, Flores foi nomeado para a Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE), órgão de inteligência do governo, herdeiro do antigo Serviço Nacional de Informações - extinto em 1990 - e à frente da qual estivera até então Eliezer Batista.

Na SAE, suas atribuições incluiriam além da eliminação do maior número possível de ‘arapongas’ - apelido dos quase dois mil agentes do antigo SNI, espalhados por todo o país, incumbidos manter sob vigilância grupos subversivos atuantes durante o regime militar - o estudo de áreas sensíveis, como energia nuclear, projetos de desenvolvimento estratégico e ligados à segurança nacional. Em declarações á imprensa, em 18 de outubro de 1992, Flores garantiu que não havia qualquer semelhança entre as atividades da SAE - que considerava úteis e saudáveis - e as práticas dos órgãos de inteligência e informação existentes no regime militar (1964-1985).

Por ser da competência da secretaria, o almirante empenhou-se na criação de um esquema de ocupação e defesa da Amazônia, inclusive a sua vigilância aérea, mesmo desconsiderando a possibilidade de invasão estrangeira. Principal articulador do Projeto SIVAM (Sistema de Vigilância da Amazônia), Flores defendeu ‘a revisão do atual método de proteção das comunidades indígenas, que não deveriam inibir a ação do Estado’.

Em outubro de 1993, numa palestra sobre revisão constitucional na qual defendeu o monopólio estatal no setor de exploração de petróleo e a abertura do mercado na área de telecomunicações, Flores tornou-se pivô de um ligeiro constrangimento ao admitir que diante da crise que o país atravessava ‘a sociedade pode(ria) exigir soluções heterodoxas’. O mal entendido foi desfeito no dia seguinte à publicação de suas declarações pelos jornais, através de uma carta enviada ao presidente, na qual o almirante se dizia vítima de ‘deturpação do discurso’ e refutava qualquer possibilidade de ocorrência de um golpe militar.

Em dezembro de 1994, ao final do governo Itamar Franco, foi desligado da chefia da SAE. Mesmo fora do governo continuou a ser uma espécie de porta-voz do projeto SIVAM, que a partir de 1995 tornou-se fonte de suspeitas de superfaturamento e de favorecimento da empresa norte-americana Raytheon, em detrimento de concorrente francesa, Thomson. Em declarações prestadas perante a comissão especial do Senado que investigou tais denúncias, Flores confirmou que ‘o governo Itamar sofrera pressões dos Estados Unidos e da França, mas garantiu desconhecer uma suposta carta enviada a Itamar pelo presidente norte-americano Bill Clinton, pedindo ‘atenção especial’ à proposta da Raytheon.

Publicou diversos trabalhos em jornais e revistas editadas pela própria Marinha e por universidades sobre temas relacionados a estratégias militares de combate e relações internacionais.

Casado com Doris Xavier Flores, teve três filhos.[3]

Referências

Ligações externas[editar | editar código-fonte]


Precedido por
Henrique Saboia

108º Ministro da Marinha do Brasil

1990 — 1992
Sucedido por
Ivan da Silveira Serpa
Precedido por
Eliezer Batista
Secretário de Assuntos Estratégicos
1992 – 1995
Sucedido por
Ronaldo Sardenberg


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