Turmalina (Minas Gerais)

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Turmalina
  Município do Brasil  
Símbolos
Bandeira de Turmalina
Bandeira
Brasão de armas de Turmalina
Brasão de armas
Hino
Gentílico turmalinense [1]
Localização
Localização de Turmalina em Minas Gerais
Localização de Turmalina em Minas Gerais
Localização de Turmalina em Minas Gerais
Turmalina está localizado em: Brasil
Turmalina
Localização de Turmalina no Brasil
Mapa
Mapa de Turmalina
Coordenadas 17° 17' 09" S 42° 43' 48" O
País Brasil
Unidade federativa Minas Gerais
Municípios limítrofes Bocaiúva, Botumirim, Capelinha, Carbonita, Leme do Prado, Minas Novas e Veredinha
Distância até a capital 480 [2] km
História
Fundação 1 de janeiro de 1949
Administração
Prefeito(a) Zailson João Macedo Godinho
Características geográficas
Área total [3] 1 153,086 km²
População total (Censo IBGE/2010[4]) 18 046 hab.
Densidade 15,7 hab./km²
Clima tropical [1]
Altitude 718 m
Fuso horário Hora de Brasília (UTC−3)
Indicadores
IDH (PNUD/2000[5]) 0,705 alto
PIB (IBGE/2008[6]) R$ 99 311,387 mil
PIB per capita (IBGE/2008[6]) R$ 5 536,06

Turmalina é um município brasileiro do estado de Minas Gerais.

História

Histórico de Turmalina

A região onde hoje está a cidade de Turmalina já havia sido visitada pelos mais antigos bandeirantes e entradistas baianos do segundo quartel do século XVI, quando o arraial da Piedade foi fundado entre os anos de 1730 e 1733. A primeira expedição de que se tem notícia a passar pelo território da Comarca de Minas Novas, foi a que Pero do Campo Tourinho ordenou ao castelhano Francisco Bruzzo de Zpinozza, em 1553. Sobre tal expedição, deixou o padre João de Aspicuelta Navarro, jesuíta contemporâneo do padre José de Anchieta, notável registro em forma de carta, datada de 29 de junho de 1554. Já no governo de Mem de Sá, houve nova entrada aos sertões, talvez por volta de 1563, sob o comando de Antônio Dias Adorno, que partiu comandando portugueses, índios e negros, mas não teve nenhum resultado de sua expedição, a não ser o reconhecimento do chamado sertão “inculto e bravio”. De seu roteiro, ficou consignado que passou pelo rio das Caravelas, adentrou o sertão chegando até a lendária lagoa do “Vapabuçú”, depois retornou à Bahia, dando contas ao governador de sua empresa. A bandeira comandada por Antônio Rodrigues foi dizimada, por volta de 1565, por índios. Poucos se salvaram do massacre. Seguiram as de Vasco Rodrigues Caldas e Antônio Ribeiro, talvez no ano de 1565, mas também de poucos resultados práticos. Em 1569, segundo alguns, ou em 1570, segundo outros, teve lugar à expedição do entradista Martim Carvalho. Também essa entrada pouco ou quase nada se sabe acerca de seus resultados. Apenas que pervagou o caminho das outras entradas anteriores, com ligeira modificação dos roteiros. Em 1573 foi a vez do sertanista Sebastião Fernandes Tourinho empreender notável expedição pelos sertões norte-mineiros. Segundo um roteiro que ficou, ele entrou pelo rio Doce, seguiu por um de seus afluentes quatro léguas e a noroeste andou 11 dias, chegando a uma serra onde foram descobertas pedras verdes, por isso a batizando de Serra das Esmeraldas. Depois embrenhou pelas selvas do vale do Mucuri e São Mateus, atravessando-a até chegar ao vale do Jequitinhonha, cujo rio desceu e chegou a Bahia. Ali apresentou as primeiras pintas de ouro de que se notícia no vale do rio Doce e Jequitinhonha. No Governo de Luiz de Brito e Almeida, o sertanista Antônio Dias Adorno fez nova entrada ao sertão, no ano de 1576. Essa entrada contou com um efetivo de 550 homens, sendo 400 índios. Teve por objetivo primário visitar a Serra das Esmeraldas, notificadas anteriormente por Fernandes Tourinho três anos antes. Essa expedição, seguindo o roteiro anterior, conseguiu bons frutos, trazendo de volta à Bahia várias pedras semipreciosas, colhidas na Serra das Esmeraldas. No regresso, por medida de economia, dividiu Adorno sua bandeira em duas: uma desceu pelo rio Jequitinhonha e a outra seguiu por terra até chegar. O principal objetivo era tornar o território mais conhecido. Seguiram outras entradas não menos importantes: João Coelho de Souza, irmão do escritor Gabriel Soares de Souza, em 1584; Marcos de Azeredo Coutinho [o velho], em 1612 ou 1614; e Marcos de Azeredo [o novo], em 1664. Porém a mais importante, pela quantidade de arraiais que plantou pelo território de Minas, foi a de Fernão Dias Paes, no longo período de 1674-1681. Do embrião de seus arraiais é que nasceram as atuais cidades de Itamarandiba, Itacambira, Serro, Pedro Leopoldo, etc.

Turmalina tem a sua história ligada ao “Ciclo do Ouro”, no século XVIII, porque a sua povoação primitiva foi influenciada pela Bandeira de Sebastião Leme do Prado, que havia fundado a cidade de Minas Novas em 29.06.1727.

Em 1730 já estavam residindo na Fazenda Piedade da Água Suja o Alferes Antônio Godinho da Silva Manso Júnior, o Sargento-mor Domingos Alves de Macedo e o cabo de tropa João Soares de Araújo. São esses os primitivos fundadores da povoação que veio a se tornar o Arraial de Nossa Senhora da Piedade de São Pedro dos Fanados das Minas Novas do Bomsucesso do Araçuaí. Em 1734, os primitivos moradores, chefiados pelo Alferes Antônio Godinho, solicitaram ao Arcebispo baiano a autorização para a construção do primeiro orago da povoação, em honra da Virgem da Piedade, padroeira da fazenda. A capela foi construída entre 1735 e 1736, e benzida em 1º de janeiro de 1737 pelo padre Pedro Rodrigues Machado, pároco de São Pedro do Fanado. Eis o documento: "Dizem o Sargento mor Antônio Godinho da Silva Manso e tenente Domingos Alves de Macedo que residem a mais de três léguas da Matriz de São Pedro dos Fanados que está na vila de Nossa Senhora do Bom Sucesso, e como bons cristãos e fiéis cumpridores das leis da Santa Igreja de Roma vem rogar a vossa excelência reverendíssima que Deus guarde e proteja, para o bom mister da santa religião Católica romana, seja concedido levantar na povoação em que habitam e tem o nome de Piedade da Água Suja, por dito sargento mor possuir em seu sítio de morada pequena ermida com a imagem de Nossa Senhora da Piedade, uma capela para o culto a mãe de Deus que se ornará as custas dos ditos suplicantes. Fazenda da Piedade da Água Suja, 31 de janeiro de 1734". Tão logo a autorização foi dada, os moradores começaram as obras. A começar pela medição dos terrenos. Veja o documento: "Certifico que, em fé do cargo que ocupo, e por despacho, fui medir no arrayal de Nossa Senhora da Piedade os terrenos concedidos pelo sargento mor Antonio Godinho da Silva para a construção da capela de Nossa Senhora da Piedade Mãe de Deos, os quais medi 38 braças para cada lado, que vem a ser 76 braças de largura; aonde chegarão as ditas braças lhe puz 2 marcos de pedra, em cada hum lhe puzerão 5 pedras mais pequenas para que sirvam de testemunhas da dita arruação e por ser pedida passo a presente certidão. Vila de Nossa Senhora do Bom Sucesso, 12 de setembro de 1735. Joaquim Pereira dos Santos (arruador e medidor do Conselho desta vila do Bom Sucesso)". [Todos esses se acham em maços avulsos no Arquivo Municipal de Minas Novas – MG].

Por volta de 1770, chegaram ao Arraial da Piedade os fazendeiros Francisco Pinheiro Torres, Canuto da Costa e Quadros, Luiz Machado Pereira [o velho] e Patrício Rodrigues Pego, oriundos da região do Gorutuba e Jaiba, no norte mineiro. João Cordeiro de Oliveira, que alguns reputam fundador do arraial, só veio a residir em Piedade, na Fazenda Estaquinha (hoje a comunidade do Fanha), em 1812.

Como acontece em quase a totalidade dos municípios mineiros, Turmalina precedeu as suas elevações eclesiásticas em muito das elevações administrativas governamentais. Em 1774, a Aplicação da Piedade, foi elevada à condição de Curato, sendo nomeado para o cargo de Cura residente o padre Luiz Pereira dos Santos. Em 1814, foi ordenado na Bahia por dom Damaso de Abreu Vieira (arcebispo), o piedense João Gonçalves Mendes (*1783—†1864), que a partir de 1815 passou a residir no curato. Em 1828, de acordo com a nova lei que disciplinava a organização municipal, o Arraial da Piedade passou a ter o seu juiz de Paz, sendo eleito o próprio Vigário João Gonçalves Mendes, o primeiro juiz (1828-1837). Depois, na noite de 31 de dezembro de 1831, justamente por ser o Juiz de Paz, foi ele o presidente da mesa que qualificou os cidadãos para comporem o efetivo da Guarda Nacional aqui estacionada .

Em 1839, uma comissão de moradores proeminentes do Arraial da Piedade levou até à Câmara da Cidade de Minas Novas, uma solicitação abaixo-assinada pedindo a elevação do curato e arraial à condição de distrito e freguesia. Acolhendo o pedido, a Câmara enviou a solicitação ao deputado Carlos Pereira Freyre de Moura (*1785—†28.12.1840), que apresentou o Projeto à Assembléia Provincial de Minas Gerais, em 10.05.1839, sendo votado e aprovado em primeira votação em 11 de março de 1840. No dia três de abril de 1840, convertida em lei provincial de número 184, foi sancionado o texto pelo doutor Bernardo Jacinto da Veiga, então presidente da Província. A lei, como então permitia a legislação, em razão do padroado real à religião católica e a união da Igreja/Estado, criou tanto o distrito quanto à freguesia . Criada a freguesia foi nomeado vigário colado o padre Brás Vieira da Silva (*1808—†31.05.1867), que tomou posse da freguesia no dia 22 de julho de 1842. Foi esse vigário quem fundou a Irmandade do Santíssimo Sacramento do Altar na Matriz de Nossa Senhora da Piedade, no dia 31 de maio de 1845. Líder político e orador, o vigário Brás Vieira da Silva foi eleito vereador a Câmara de Minas Novas e deputado à Assembléia Legislativa Provincial de Minas (na 10a legislatura de 1860—1861).

O distrito e a freguesia de Piedade de Minas Novas compreendia o território das Aplicações de São Miguel da Caiçara (hoje Caçaratiba), Bom Jesus do Peixe Cru (que hoje foi transferido da margem do rio Jequitinhonha em razão da construção da Barragem Hidrelétrica de Irapé), Nossa Senhora do Patrocínio (hoje Veredinha) e a paróquia de Sagrado Coração de Barreiras (hoje Carbonita). Carbonita foi criada paróquia e distrito independente pela lei provincial número 1658, de 4 de setembro de 1870. Veredinha foi elevada a distrito e paróquia pela lei provincial n. 2.145, de 29 de outubro de 1875 (Retificada pela lei n. 2.419, de 05.11.1877).

Que a freguesia de Barreiras, hoje Carbonita, esteve subordinada a freguesia da Piedade, basta a transcrição dessa ata para eleição de juizes de paz e vereadores em 1864: “Ata de eleição paroquial em 10 de setembro de 1864. Aos dez dias do mês de setembro de 1864, quadragésimo terceiro da Independência do império do Brasil, na freguesia de Nossa Senhora da Piedade, termo de Minas Novas, comarca do Jequitinhonha, em o corpo da igreja matriz, constituída a mesa paroquial presidida pelo 2º Juiz de Paz Capitão Francisco Pinheiro Torres, sendo mesários Tristão Aarão Ferreira dos Santos, Jacinto Augusto de Oliveira Rolim, Francisco Lino de Macedo e Paulo Cândido de Souza, tendo-se procedido à apuração dos votos para Vereadores a Câmara Municipal, e a dos Juizes de Paz daquela freguesia, segui-se a de juizes de Paz do distrito de Barreiras, e resultou saírem votados os cidadãos seguintes: Camilo de Lélis Prates, 74 votos; Mathias d”Oliveira Moraes, 74 votos; João José Pereira Barcelos, 73 votos; Capitão Joaquim da Silva Lima, 73 votos. Seguem-se os menos votados. Isto consta do livro de atas da eleição de vereadores da Câmara Municipal, e Juizes de Paz do Distrito de Barreiras, procedida na freguesia da Piedade, que tem de servir no próximo futuro quatriênio de 1865 a 1869. Vai conferido por mim secretário e pelo tabelião abaixo assinado nesta cidade de Minas Novas aos 29 de novembro de 1864. Eu, Antônio Joaquim César Filho, secretário da Câmara o escrevi e assino. O secretário Antônio Joaquim César Filho. Confere. 1º tabelião Tenente José Antônio Costa”.

O Cartório de Paz foi instalado em 1841, sendo nomeado primeiro notário público o Capitão Joaquim Pinheiro Torres, e para o cargo de escrivão Sargento Sérvolo Gomes Lima. A República foi proclamada no dia 15 de novembro de 1889. Por esse motivo a lei número 2, de 14 de setembro de 1891, confirmou o distrito de Piedade de Minas Novas, como unidade administrativa pertencente ao município de Minas Novas.

Em 1894, dois fatos enriqueceram as efemérides históricas de Turmalina. Nesse ano, o vigário da freguesia de Piedade, filho da terra e de família tradicional norte-mineira, Monsenhor Sérgio Pinheiro Torres, foi eleito bispo da Diocese de Belém do Pará, sucedendo ao grandioso D. Antônio de Macedo Costa, falecido em 1891. No mesmo ano, nas eleições do dia sete de março, Monsenhor Sérgio Pinheiro foi eleito Senador Estadual, para servir a legislatura compreendida entre 1894-1897. Vindo a falecer repentinamente sem tomar posse de ambos os cargos, foi eleito para preencher sua vaga no Senado Estadual, seu cunhado Coronel José Bento Nogueira (Zé Bentinho, de Minas Novas).

Entre o meado do século XIX e XX, o distrito contou com as seguintes associações ou confrarias religiosas. Essas entidades congregavam as classes sociais da antiga Piedade, nas suas mais diversas manifestações de fé, trabalho e cultura. Entre elas se destacam:

• Irmandade do Santíssimo Sacramento, fundada em 1845 e que funcionou até mais ou menos 1982. Confraria que reunia a elite comercial e intelectual do distrito; • Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos da Piedade, fundada pelo Padre João Gonçalves Mendes em 1815. Existiu até 1919. Como o próprio patronímico já diz era uma confraria de negros; • Irmandade do Cruzeiro e Almas (fundada em 1885 e extinta em 1928). Era essa confraria que tinha sobre si a responsabilidade da manutenção do Cemitério e da Capela ali existente; • Conferencia de São Vicente de Paulo, que reunia os benemerentes da terra. Fundada em 04.10.1925, pelo Major João Soares Maciel, Coronel Teotônio Pinheiro de Quadros, Cap. Antonio Lopes de Macedo, Romário de Souza Lima Maim, Homero Bonifácio Maciel, Manoel Gomes da Costa, Horacio Rodrigues Viana e outros. Está em pleno funcionamento; • Filhas de Maria, criada no ano de 1932 pelo Cônego Carlos Ferreira de Oliveira Santos. • Guarda de Honra do Sagrado Coração de Jesus. Existiu entre os anos de 1881 a 1964. Devoção iniciada pelo Monsenhor Sérgio Pinheiro Torres que a trouxe de Diamantina, onde existe a Arquiconfraria do Sagrado Coração de Jesus desde 1865. • Liga Católica Jesus, Maria e José (1943 – 1968). Fundada pelo padre Guilherme de Westerlaken. Teve grande atuação na década de 1960, década em que também encerrou suas reuniões.

Aos 7 de setembro de 1923, o distrito de Piedade de Minas Novas teve seu patronímico mudado para Turmalina de Minas Novas, por força do Decreto-Lei número 843, na reforma toponímica efetuada pelo Presidente (do estado) Raul Soares de Moura. Trata-se de interessante homenagem que o presidente fez a produção mineral que o estado possui e que lhe dá o nome: “Minas Gerais”.

Perdido nos sertões do nordeste mineiro, o pequeno burgo não sentiu as revoltas de l918, 1922 e 1924. Foram acontecimentos que se perderam no tempo ante o marasmo da pachorrenta vida local, letra morta de jornal da capital. Já da grande epidemia da “febre amarela”, como diziam da “gripe espanhola” – ou “influenza” – o distrito guardou memória. Morreram varias pessoas no arraial, conforme evidencia o livro de óbitos do Cartório de Notas [Livro 1, folhas 23 a 45] e o livro de óbitos da paróquia de N. S. da Piedade [Livro 1892-1924, folhas 65 a 85]. Faleceram crianças recém-nascidas até rapazes e moças de 18 anos de idade. Confundem-se as memórias tristes dos anos da “influenza espanhola” com os tenebrosos acontecimentos da Primeira Grande Guerra, a qual o Brasil foi obrigado a aderir a favor dos aliados, no governo Venceslau Brás, em 1917. Pode-se dizer que mais horror deve ter causado a vida calma do distrito às noticias da marcha de Luiz Carlos Prestes, chamada de “revoltosa”, que passara pelos lados do rio São Francisco em 1925, subira para o Pernambuco, voltara de novo e ameaçava deixar o sudoeste baiano e entrar pelo nordeste mineiro, para os lados de Grão Mogól e Rio Pardo de Minas [ou até Cristália, como dizem alguns]. O distrito se alvoroçou, mas não passava de boatos, pois Prestes e Miguel Costa tomaram outro rumo para sua marcha revolucionaria.

A década de 1920/30 é marcada em Piedade pelo acesso do distrito à política fanadina desde a década que a precedeu [1910/1920]. Se monsenhor Sérgio Pinheiro Torres já havia sido eleito senador em 1894, vigário Brás Vieira da Silva deputado provincial em 1860 e Vicente Justiniano Bezerra Cavalcante deputado em 1890 – foi a partir de 1907 que os piedenses [hoje turmalinenses] de fato vão ser eleitos para cargos maiores na Câmara de Minas Novas, como presidente, vice-presidente e secretários. De 1907 a 1910 exerce a chefia executiva [prefeitura], o piedense Demóstenes Ferreira César [*1874 – 1936], advogado provisionado, professor e ex-deputado estadual [1915-1918], seu ápice na carreira política. Já o bacharel João Pinheiro de Miranda França [1882 – 1962], amigo e discípulo de Ruy Barbosa, já fora deputado estadual [1907 – 1911], candidatara a deputado federal [1910] e havia sido o coordenador da campanha de Ruy Barbosa a presidência da República. O coronel Firmo de Paula Freire [1848 – 1931], antigo vereador em Minas Novas e agente dos Correios e Telégrafos em Piedade, é eleito em 1927, depurado pela Comissão Verificadora de Poderes e volta ao ostracismo [A revolução liberal de 1930 o sepulta definitivamente].

A par do processo político ocorre o econômico que se intensifica nas grandes tropas que impulsionam o comércio local. Comércio baseado unicamente na agricultura familiar e de subsistência, cujo excedente de produção era vendido nos mercados de Itamarandiba, Diamantina, Capelinha, Teófilo Otoni, Minas Novas, Chapada do Norte e às vezes, Montes Claros. Parece que para o norte mineiro o comércio foi mais freqüente com o distrito de Juramento [vizinhança de Montes Claros]. Talvez porque ali residia o capitão Camilo Candido de Lélis [1840 – 1915], filho do distrito da Piedade, hoje Turmalina.

Encerra esse período a eclosão da Revolução de 1930, deflagrada pelo governo do Rio Grande do Sul [Vargas] e amparada pelo governo de Minas Gerais [Olegário Maciel]. A partir daí o distrito perderá sua força política, face a inexistência de eleições no país, mas ganhará força econômica em contraposição aos outros distritos do imenso município de Minas Novas.

As revoltas e revoluções ocorridas entre 1931, 1932, 1935 contra o governo Getúlio Vargas pouco ou nada influíram na história local, cuja população via com descrédito as ações do governo federal, muito distante para alcançá-los. Já o golpe de l937 foi sobejamente divulgado e comemorado no distrito. A construção da estrada de rodagem ligando o distrito de Turmalina a cidade de Capelinha, em 1939, parece ter cristalizado no coração popular a gratidão à Getúlio Vargas. Obra trabalhosa, construída com enxadão e picareta, com traçado de Manuel Gomes da Costa [1886 – 1955] e chefia de Américo Antunes de Oliveira [1893 – 1973]. Interessante que a ascensão econômica do distrito, colocando-o em primeiro lugar no quesito de contribuições a sede Minas Novas, é que será decisiva na hora crucial da emancipação político-administrativa, em 1948. Entra em declínio político, e passa ascender no plano econômico.

Nessa época chefiava politicamente o distrito o Coronel Teotônio Pinheiro de Quadros [1958 – 1930], a partir do ano de 1917 até de 1930. Quando o coronel Teotônio faleceu, assumiu a chefia o Coronel João de Castro. Por esse tempo dividiram-se as facções entre “chibanistas” e “mudancistas”. Os chibanos eram chefiados pelo Coronel João Ferreira de Castro (*1884—†1958), poderoso fazendeiro; e os mudancistas pelo jovem farmacêutico Lauro Machado (*1904—†1960).

O manifesto dos Mineiros de 1943, obra de intelectuais e profissionais liberais que abominavam o governo ditatorial de Getúlio Vargas, calou fundo na mocidade turmalinense. A queda de Getúlio Vargas e de seu “Estado Novo” marcou tanto o distrito que a população denominou uma de suas vielas com a data de “29 de outubro”, depois oficializada pela lei n. 2, de 1949, sancionada pelo prefeito Luiz Lopes, após a emancipação. Tanto que vindo a reabertura política de 1945, e a fundação dos partidos para as eleições de 1945 [ UDN e PSD], o distrito cerrou fileiras nos arraiais udenistas, dando grande votação ao brigadeiro Eduardo Gomes. A eleição de 1945, em que disputaram o brigadeiro Eduardo Gomes e o marechal Eurico Dutra, marcou o início do declínio da chefia política do coronel João de Castro. Em seu lugar sobe o farmacêutico Lauro Machado, que empolga a mocidade.

Em 1947, com as eleições municipais, novamente o dissídio entre a sede do município de Minas Novas e o distrito de Turmalina toma corpo e as feridas se abrem. Da eleição de 1947 se parte para a luta emancipacionista liderada por Lauro Machado.

O município foi criado pela lei 336, de 27 de dezembro de 1948, sancionada pelo preclaro Governador Milton Campos.

Foi instalado no dia 1o de janeiro de 1949 pelo Juiz de Paz Miguel Soares de Carvalho. Em face da ausência do Juiz de Direito da Comarca, Dr. João de Freitas, o Juiz de Paz Miguel Soares de Carvalho, substituto legal, instalou solenemente o novo município, conforme prescrevia a norma legal (Constituição Federal de 18.09.1946 e Estadual de 14.07.1947). A Intendência Municipal começou a funcionar no 3 de janeiro de 1949, a pleno vapor. Tomou posse do cargo de intendente municipal o Dr. Anízio de Azeredo Coutinho, iniciando desde já a vida administrativa da nova cidade.

Nas primeiras eleições municipais formou-se o PSD pelas hostes fiéis ao Coronel João de Castro, com a composição de Odair Bonifácio Maciel, presidente; José Pinheiro Torres, vice; Felipe Rocha de Macedo, tesoureiro; Romário de Souza Lima Main, vogal; e João Batista de Souza Lima, secretario. O PR, fundado sob os auspícios e a liderança de Sebastião Alves de Macedo, ficou com o diretório sob sua presidência. Porém não lançou candidatos na eleição de 1949. Ficou sendo o fiel da balança. A UDN, presidida por Lauro Machado; sendo Luiz Lopes vice-presidente; Dr. Hugo Lopes de Macedo, secretário, Américo Antunes, tesoureiro.

O PR cerrou fileiras com a UDN, embora no plano estadual a legenda estivesse mais propensa a apoiar o PSD. A coligação UDN/PR lançou os nomes de Luiz Lopes de Macedo e Américo Antunes, como candidatos a prefeito e vice, respectivamente. O PSD lançou os nomes de Romário de Souza Lima Main, para prefeito, e de Odair Bonifácio Maciel, para Vice-Prefeito. No decorrer do processo eleitoral, sem motivo aparente, Romário de Souza Lima renunciou a sua candidatura, continuando apenas Odair Bonifácio Maciel com a candidatura independente ao cargo de Vice-Prefeito . Ferido o pleito municipal em 21 de fevereiro de 1949, verificou-se a eleição de Luiz Lopes de Macedo para prefeito municipal e de Américo Antunes de Oliveira para Vice-Prefeito. A câmara ficou composta, única e exclusivamente, por membros da legenda udenista: Izidro Rodrigues Viana, Major Francisco Pinheiro de Miranda França, Agostinho Alves de Mendonça, Vicente Ariel Machado, Sebastião Alves Sobrinho, Pedro Fernandes de Oliveira, Felipe Rocha de Macedo, Joaquim Ferreira Santiago, Vicente Alves Guimarães e João Ambrósio de Souza. Em reunião preparatória, realizada em março daquele ano, foi eleita a mesa diretora para a 1ª legislatura municipal a iniciar no dia 15 de março, ficando a diretoria assim composta: Izidro Rodrigues Viana, presidente; Major Francisco Pinheiro de Miranda França, vice-presidente; e Agostinho Mendonça, secretario.

O primeiro prefeito e vice tomaram posse em março de 1949 perante a Câmara Municipal, mas foram anuladas as eleições de fevereiro concernente à chapa Majoritária (Prefeito e vice). São realizadas novas eleições em março, confirmatórias da primeira de fevereiro. Tomam posse os eleitos definitivamente aos 27 de julho, em presença do Dr. Alfredo Barbosa, Juiz de Direito da Comarca de Itamarandiba, em função da reiterada ausência do Dr. João de Freitas, Juiz de Minas Novas.

Evolução: Tropeiros

Os tropeiros e caixeiros viajantes do século XVIII tiveram primordial importância no desenvolvimento do Arraial e Distrito de Piedade, hoje Turmalina. Há registros na Câmara de Minas Novas (aquele ainda Vila), de oito engenhos de cana no distrito (distrito no sentido de território) que funcionavam entre 1759 e 1792. Os agricultores que viviam na Aplicação da Piedade não se ocupavam de lavras auríferas ou diamantíferas, como faziam os moradores de Minas Novas, Berilo, Chapada do Norte ou Virgem da Lapa. Com terrenos ubérrimos, Piedade produzia grande quantidade de feijão, milho, cana-de-açúcar, arroz, bananas, frutas e cereais que eram vendidos no Mercado de Minas Novas e seu entorno. Ainda no século XVIII (+ ou – 1788/1790), Piedade passou a produzir grande quantidade de algodão, assim como Minas Novas e Berilo, que eram carreados por tropas para a Capital da Colônia do Brasil, Rio de Janeiro. Isso se deu com a chegada dos irmãos Adrião Pinheiro Torres (depois Capitão da Guarda Nacional, em 1831), Manuel Pinheiro Torres (Alferes da Cavalaria em Grão Mogol, transferido para Minas Novas e estacionado em Piedade) e o Capitão Francisco Pinheiro Torres. Foram eles os primeiros a plantar enormes quantidades de algodão pardo e branco para o consumo de suas fazendas e a exportação. Ainda em 1817, quando August Saintt-Hilaire passou por todo o termo das Minas Novas do Fanado, os habitantes de Piedade eram agricultores que ficavam durante a semana em seus sítios e chegavam no sábado e domingo para a missa matinal e dominical. Sobrevindo as Guerras da Cisplatina (1828) e do Paraguai (1865—1870), os interesses comerciais do Arraial da Piedade modificaram-se completamente. Começou ai o impulso para a vinicultura e o comércio de muares e cavalares comprados em Pernambuco ou na Bahia, e vendidos em Sorocaba-SP. Esse comércio foi exercido por muitos e muitos anos pelo famoso Capitão João Pinheiro Torres (*29.06.1799—†21.05.1896) e seu filho Teófilo Pinheiro Torres (*11.11.1845—†31.10.1929), ricos fazendeiros locais. Falecendo João Pinheiro (e seu filho Teófilo indo para o interior paulista), o comércio teve à sua frente seu outro filho, Coronel Teotônio Pinheiro de Quadros. Entretanto a indústria teve seu período áureo entre 1900 e 1929, quando Turmalina exportava grande quantidade de queijos, vinhos, requeijão, manteiga, rapadura, cachaça, doces (os doces da Vovó Sinh’Ana, famosos no Espírito Santo e na Bahia) e toucinho curado. Passou por ligeiro declínio entre 1930 e 1965, passando a economia girar em torno mais do comércio do que da indústria. Em 1970, quando foi implantada em Turmalina a Acesita, seguida depois pela Pilar do Sul, Companhia Suzano de Papel e Celulose, Plantar Reflorestamentos, Carvalho Projetos de Reflorestamentos — houve um aquecimento econômico acentuado para o setor silvícola. Esse “boom” durou até a metade dos anos 1990. No inicio da década 1990/2000, Turmalina viu surgir a industria cerâmica e a indústria moveleira. Hoje o município possui quatro cerâmicas (3 na sede, 1 em Caçaratiba) e um Pólo Moveleiro em pleno funcionamento, sendo que boa da massa humana empregada do município estão lotadas nesse setor. Possui ainda o município pequenos laticínios para o abastecimento do mercado interno, fabrica de iogurte natural, produtos do leite bovino e derivados.


Evolução da Educação

O primeiro professor de que se tem notícia no Arraial da Piedade é do Capitão Serafim Pereira Freire de Moura, de 1798 a 1843. Depois vieram os seguintes: Joaquim Romualdo de Miranda Cardoso, falecido em 1856; D. Maria Plácida de Lima, de 1812 a 1837; José Godinho da Silva, em 1845; D. Isabel Gonçalves Pires, entre 1834 e 1866; D. Guilhermina Cândida Alves Pereira, falecida em 1899; professor José de Cerqueira, “mestre Zuza”, entre 1875 e 1890; Francisco Ricardo de Paula e Souza, entre 1870 e 1887; Josina Avelina César; entre 1868 e 1889; Benedito Godinho da Silva, entre 1875 e 1889; Leopoldo de Miranda, natural de Diamantina, em 1889; D. Flora Brasileira Pires César, em 1892; D. Gabriela Alfonsina Pires, mãe de dona Flora, entre 1891 e 1904; Artur Delorg Pires Camargos, filho de dona Gabriela Alfonsina, falecido em 1902; José Pereira da Silva, em 1911; Joaquim Henrique da Costa Sobrinho, entre 1881 e 1914; Neiva França, e outros.

Hoje a cidade conta com 8 escolas municipais na sede e mais escolas nas comunidades, atendendo um total de 3700 alunos. Dispõe de escolas também em cada distrito.

Hidrografia

  • Rio Araçuai
  • Rio Jequitinhonha
  • Rio Itamarandiba
  • Ribeirão Santo Antônio

Serviços e comunicações

O serviço de abastecimento de água, assim como em toda a região, é feito pela Copasa (Companhia de Saneamento de Minas Gerais), mesma responsável pela coleta de esgoto. No município, assim como em quase todo o estado de Minas Gerais, o serviço de abastecimento de energia elétrica é feito pela Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig).

Ainda há serviços de internet discada e banda larga (ADSL) sendo oferecidos por diversos provedores de acesso. O serviço telefônico móvel, por telefone celular, também é feito por várias operadoras. O código de área (DDD) de Turmalina é o 038. O Código de Endereçamento Postal (CEP) é o 39660-000.[7]

O município conta ainda com um jornal em circulação quinzenal O Correio do Vale. Existem duas emissoras de rádio na, de acordo com a Associação Mineira de Rádio e TV e a Telecomunicações de Minas Gerais S.A.[8] Sendo elas a Cidade FM e a Rádio Liberdade FM 97,1, na cidade existe ainda a WebRádio Rádio Turmalina Ponto COM - Música e Notícia. A cidade ainda é coberta pelas emissoras de Radio Bom Sucesso, Aranãs FM e Vale FM.

Transportes

O município possui fácil acesso à BR-367, que liga Turmalina a regial central e norte do estado e Belo Horizonte e se estende a BR-116ligação ao estado da Bahia e a região norte do pais. ; à MG-308, que liga Turmalina a regiçao do Vale do Mucuri e cidades como Teófilo Otoni e Itabira. Em Turmalina está situado uma pista de pouso já homologada pela ANAC, de 45 metros de largura e 1750 metros de extensão, que já esta incluída no PROAÉRO do goverdo de Minas para pavimentação e balizamento noturno para pousos e decolagens diurnos e noturnos.

Rodovias


Administração

Prefeito: Zailson Godinho 2009/2012) Vice-prefeito: Nem Lopes Presidente da Câmara: Zilmar (2009/2012)

Turismo e Cultura

Dentre alguns pontos turisticos podemos destacar:

  • Mirante do Cruzeiro
  • Artesanate em Argila
  • Lapa do Veado
  • Lago da UHE Irapé (A mais alta hidroelétrica do Brasil)
  • Existem também varios rios e riachos na região que são belos.

Principais eventos locais:

  • Galope Show no mês de Maio
  • Festa do Divino no mês de Julho
  • FESTUR Festival da Canção em Turmalina no mês de Setembro
  • Festa do Rosário no mês de Outubro

Turmalina é uma cidade rica em culturas, e se tratando de música ela conta com a Corporação Musical Euterpe Homero Maciel com certa de 50 membros em 2009 e que futuramente irá aumentar, sendo eles maioria da faixa etária de 14 a 17 anos. Uma banda muito eclética que toca vários tipos músicas, sendo elas músicas religiosas, mambos, hinos e até músicas regionais como o Hino a Turmalina.

Se tratando de culturas, também contamos com vários grupos folclóricos, como os marujeiros e também os grupos de dança de Fitas.

Por: Duarth Fernandes

Referências

  1. a b «IBGE Cidades@». O Brasil Município por Municipio. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Consultado em 19 de agosto de 2009  Erro de citação: Código <ref> inválido; o nome "IBGE" é definido mais de uma vez com conteúdos diferentes
  2. «distancias-bhmunicipios». Distâncias BH/Municípios. Departamento de Estradas de Rodagem de Minas Gerais (DER/MG). Consultado em 19 de agosto de 2009 
  3. IBGE (10 out. 2002). «Área territorial oficial». Resolução da Presidência do IBGE de n° 5 (R.PR-5/02). Consultado em 5 dez. 2010 
  4. «Censo Populacional 2010». Censo Populacional 2010. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 29 de novembro de 2010. Consultado em 11 de dezembro de 2010 
  5. «Ranking decrescente do IDH-M dos municípios do Brasil». Atlas do Desenvolvimento Humano. Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). 2000. Consultado em 11 de outubro de 2008 
  6. a b «Produto Interno Bruto dos Municípios 2004-2008». Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Consultado em 11 dez. 2010 
  7. Correios. «CEP de cidades brasileiras». Consultado em 18 de maio de 2011 
  8. Erro de citação: Etiqueta <ref> inválida; não foi fornecido texto para as refs de nome cidadesnet.com


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