Escravidão nos Estados Unidos: diferenças entre revisões
Desfeita a edição 54011873 de 177.84.127.5 Etiqueta: Desfazer |
não existe racismo reverso |
||
Linha 1: | Linha 1: | ||
[[Imagem:US Slave Free 1789-1861.gif|thumb|400px|Animação dos territórios e estados dos [[Estados Unidos]] que proibiam e permitiam a escravidão, 1789–1861.]] |
[[Imagem:US Slave Free 1789-1861.gif|thumb|400px|Animação dos territórios e estados dos [[Estados Unidos]] que proibiam e permitiam a escravidão, 1789–1861.]] |
||
A '''história da escravidão''' (ou '''escravatura''') '''nos [[Estados Unidos]]''' inicia-se no [[século XVII]], quando práticas escravistas similares às utilizadas pelos [[Espanha|espanhóis]] e [[Portugal|portugueses]] em colônias na [[América Latina]], e termina em [[1863]], com a ''Proclamação de Emancipação'' de [[Abraham Lincoln]], realizada durante a [[Guerra de Secessão|Guerra Civil Americana]].<ref>[http://www.gutenberg.org/files/21093/21093-h/21093-h.htm The Journal of Negro History Vol. IV—January, 1919—No. 1]</ref> Foi a escravidão norte-americana que inventou o racismo estatal, pois para mante-la em uma sociedade de iguais se deveria criar o pretexto da diferença.<ref>[http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-512X2017000200291&lang=pt A OPACIDADE DO ILUMINISMO: O RACISMO NA FILOSOFIA MODERNA]</ref> |
A '''história da escravidão''' (ou '''escravatura''') '''nos [[Estados Unidos]]''' inicia-se no [[século XVII]], quando práticas escravistas similares às utilizadas pelos [[Espanha|espanhóis]] e [[Portugal|portugueses]] em colônias na [[América Latina]], e termina em [[1863]], com a ''Proclamação de Emancipação'' de [[Abraham Lincoln]], realizada durante a [[Guerra de Secessão|Guerra Civil Americana]].<ref>[http://www.gutenberg.org/files/21093/21093-h/21093-h.htm The Journal of Negro History Vol. IV—January, 1919—No. 1]</ref> Foi a escravidão norte-americana que inventou o racismo estatal, pois para mante-la em uma sociedade de iguais se deveria criar o pretexto da diferença.<ref>[http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-512X2017000200291&lang=pt A OPACIDADE DO ILUMINISMO: O RACISMO NA FILOSOFIA MODERNA]</ref> A escravidão nos Estados Unidos foi [[Nazismo nos Estados Unidos|mais intensa]] do que na [[Alemanha Nazi]], pois a maior parte dos presidentes norte-americanos eram donos de escravos nos séculos XVIII-XIX enquanto Hitler não possuia escravos.<ref>[http://www.iela.ufsc.br/noticia/como-nasceu-e-como-morreu-o-marxismo-ocidental Como nasceu e como morreu o "marxismo ocidental"]</ref> |
||
==Guerra Civil Americana == |
==Guerra Civil Americana == |
Revisão das 04h01min de 10 de abril de 2019
![](http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/8/85/US_Slave_Free_1789-1861.gif/400px-US_Slave_Free_1789-1861.gif)
A história da escravidão (ou escravatura) nos Estados Unidos inicia-se no século XVII, quando práticas escravistas similares às utilizadas pelos espanhóis e portugueses em colônias na América Latina, e termina em 1863, com a Proclamação de Emancipação de Abraham Lincoln, realizada durante a Guerra Civil Americana.[1] Foi a escravidão norte-americana que inventou o racismo estatal, pois para mante-la em uma sociedade de iguais se deveria criar o pretexto da diferença.[2] A escravidão nos Estados Unidos foi mais intensa do que na Alemanha Nazi, pois a maior parte dos presidentes norte-americanos eram donos de escravos nos séculos XVIII-XIX enquanto Hitler não possuia escravos.[3]
Guerra Civil Americana
![](http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/3/3a/Magnifying_glass_01.svg/17px-Magnifying_glass_01.svg.png)
![](http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/6/6a/Slavepatrols.jpg/222px-Slavepatrols.jpg)
![](http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/5/50/Cicatrices_de_flagellation_sur_un_esclave.jpg/222px-Cicatrices_de_flagellation_sur_un_esclave.jpg)
A questão da escravidão na Guerra Civil Americana é um ponto controverso na historiografia, uma vez que não há análise alguma medida "definitiva" sobre a relação entre a Guerra Civil Americana e a escravidão nos Estados Unidos. Assim, qualquer posição tomada para a resolução desta questão pode, em maior ou menor grau, encontrar apoio em alguma bibliografia, documentos importantes. Quanto a questão da escravidão antes da Guerra da Secessão, houve uma tentativa dos britânicos cederem alforria para todos os escravos que combatesse os esforços de separação dos Estados Unidos com relação a coroa britânica.[4]
Na origem da guerra tem-se, grosseiro modo, a escravidão e dois modelos econômicos opostos. O norte em expansão econômica graças à industrialização, à proteção ao mercado interno e à mão de obra livre e assalariada, e o sul numa economia baseada na plantação e no escravismo. As diferenças entre os estados do norte e do sul, ao contrário da dicotomização feita por alguns estudiosos, não são tão acentuadas, como diz Lewis C. Gray:
"Gray considera o sistema de plantation indissoluvelmente ligado ao desenvolvimento internacional do capitalismo. Ressalta a necessidade para a plantation de largo emprego de capital, sua forte tendência à especialização numa única cultura e sua comercialização, e afirma que estes fatores foram parecidos com a revolução industrial".[5]
O caráter capitalista da plantation escravista do sul, análogo aos estados do norte, era em certa medida uma contradição interna ao sistema. Uma economia escravista tende a inibir o desenvolvimento econômico de uma sociedade capitalista, tal como apontado por Max Weber em seu livro The Theory of Social and Economic Organization. Além disso, o retorno dos lucros de volta à produção, presente no norte industrializado, não ocorria da mesma forma nos estados do sul, que tinha uma acentuada tendência a um consumo intenso. Assim, norte e sul diferem-se na medida em que o primeiro possui um progresso econômico qualitativo (retorno dos lucros à produção), e o sul, por sua vez, ao dirigir seus lucros em escravos e terras, possui um progresso econômico quantitativo, levando em consideração a baixa produtividade da mão de obra escrava. Esse fato se deve à mentalidade escravista do proprietário sulista, que investia em escravos pois "dava prestígio e segurança econômica e social numa sociedade dominada pelos plantadores".[6] Os consequentes saltos qualitativos na produção nortista levou os proprietários sulistas a uma aguda disputa com os proprietários do norte. Se for aceita a condição capitalista para os estados do sul, assim como para os estados do norte, tem-se então uma sociedade capitalista que impediu o desenvolvimento do próprio capitalismo, fato que historicamente tende a revoltas, guerras e revoluções, ainda mais considerando que o sul apresentava problemas de produção de produtos para o consumo interno. Talvez possa ser possível aqui inferir que escravidão engendrou uma estagnação econômica nos estados do sul, que por sua vez entraram em conflito com o norte cada vez mais produtivo, gerando assim a guerra civil estadunidense. A relação entre brancos proprietários de escravos e brancos não proprietários também foi um fator que provavelmente gerou disputas pela hegemonia num país possuidor de uma nítida linha divisória entre o norte industrializado e abolicionista, e os estados do sul dos Estados Unidos – latifundiários, aristocratas e escravagistas, pois o uso de mão de obra escrava impedia o emprego de brancos e desestimulava a imigração de europeus para o sul aristocrático.
Relatos do escravo Frederick Douglass mostram que algumas plantações não forçavam seus escravos a trabalharem no Natal. O motivo não era altruísta, essa folga era concedida para liberar tensão entre os trabalhadores, para que eles continuassem sendo explorados por mais um ano. Não era uma prática comum a todos os donos de escravos, mas pelos relatos, não era algo tão raro também.[7]
Apesar de o tráfico de escravos ser proibido em 1815, o contrabando continuou até o ano de 1860, enquanto que no norte crescia a campanha pela abolição. O Compromisso do Missouri, de 1820, autoriza a escravidão apenas abaixo do paralelo 36º. O apoio que ainda poderia existir no Norte a favor da escravidão esvaiu-se com o livro A Cabana do Pai Tomás (em português, do original em, inglês "Uncle Tom's Cabin"), de Harriet Elizabeth Stowe, uma ardente abolicionista que o publicou em 1852. No final de 1860, o estado da Carolina do Sul já havia se declarado fora da União, fato este que culminou na formação dos Estados Confederados da América. Poucos meses após a eleição de Abraham Lincoln (1809-1865), um republicano contrário à escravidão, a confederação, de cunho separatista, já aglomerava 11 estados (Virgínia, Carolina do Norte, Carolina do Sul, Geórgia, Flórida, Alabama, Mississippi, Louisiana, Arkansas, Texas e Tennessee).
Assim, a guerra civil se deflagra e deixa um saldo de centenas de milhares de mortos e uma legião de negros marginalizados. Nenhum programa governamental é previsto para sua integração profissional e econômica. O Sul permanece militarmente, mas isso acontece até 1877, favorecendo o surgimento de outras novas religiões como uma que se chama Os cavaleiros da Camélia Branca, essa perseguia os negros violentamente e defendia a segregação racial.
Todas essas diferenças elencadas, não só nos aspectos produtivos, mas também em diferenças de mentalidades, tal como observadas por Tocqueville, estão diretamente ligadas à questão da escravidão. O orgulho pela plantation sulista, a posse de escravos, os problemas produtivos — tudo remete à escravidão, fator que pretendeu-se colocar como força matriz da Guerra Civil.
Ver também
Bibliografia
- Edward Baptist. The Half Has Never Been Told: Slavery and the Rise of American Capitalism (New York: Basic Books, 2014)
- BERLIN, Ira. From Creole to African: Atlantic Creoles and the origins of African-American society in Mainland North America. The William and Mary Quarterly, Williamsburg (USA): Omohundro Institute of Early American History and Culture, v. 53, n. 2, p. 251-288, Apr. 1996.
- ______. Time, Space, and the Evolution of Afro-American Society on British Mainland North America. The American Historical Review, Washington: American Historical Association, v. 85, n. 1, p. 44-78, fev. 1980.
- MINTZ, Sidney; PRICE, Richard. O nascimento da cultura afro-americana: uma perspectiva antropológica. Rio de Janeiro: Pallas/Universidade Cândido Mendes, 2003.
- MORGAN, Philip D. The cultural implications of the Atlantic slave trade: African regional origins, American destinations and new world developments. Slavery & Abolition, London: Routledge, v. 18, n. 1, p. 122-45, Apr. 1997
- POUTIGNAT, Philippe; STREIF-FENART, Jocelyne. Teorias da etnicidade: seguido de grupos étnicos e suas fronteiras de Fredrik Barth. 2ª ed. São Paulo: Editora UNESP, 2011.
- RAMOS, Arthur. As culturas negras no Novo Mundo. 4ª ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1979.
- STEWART, Charles (Ed.). Creolization: History, ethnography, theory. Walnut Creek, EUA: Left Coast Press, 2007.
- STOCKING JR., George W. Race, culture, and evolution: Essays In the history of Anthropology. Chicago/London: The University of Chicago Press, 1982.
- THOMPSON, Robert Farris. Flash of the spirit: arte e filosofia africana e afro-americana. São Paulo: Museu Afro Brasil, 2011.
- THORNTON, John K. A África e os africanos na formação do mundo Atlântico: 1400-1800. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004.
- TROUILLOT, Michel-Rolph. Culture on the edges: creolization in the plantation context. Plantation Society in the Americas, v. V, n. 1, p. 8-28, 1998.
- GENOVESE, Eugene D. A terra prometida: o mundo que os escravos criaram. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1988. nv. (Oficinas da história ; v.13).
- CARDOSO, Ciro Flamarion S. A Afro-America: a escravidão no novo mundo. São Paulo: Brasiliense, 1982 120p. (Tudo é história44)
- FOGEL, Robert William; ENGERMAN, Stanley L. Time on the cross: the economics of american negro slavery. Boston; Toronto: Little, Brown, c1974. 286p. ISBN 0316287008 : (Broch.).
Referências
- ↑ The Journal of Negro History Vol. IV—January, 1919—No. 1
- ↑ A OPACIDADE DO ILUMINISMO: O RACISMO NA FILOSOFIA MODERNA
- ↑ Como nasceu e como morreu o "marxismo ocidental"
- ↑ Why I'm not allowed my book title
- ↑ GENOVESE, Eugene. A Economia Política da Escravidão. RJ: Pallas, 1976. pp. 20-21.
- ↑ GENOVESE, Eugene. A Economia Política da Escravidão. RJ: Pallas, 1976. p. 25.
- ↑ http://www.gutenberg.org/files/23/23-h/23-h.htm
Ligações externas
Predefinição:História dos Estados Unidos - rodapé
'-'