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Chico Xavier

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Chico Xavier
Chico-03.jpg
Chico Xavier na década de 70
Nome completo Francisco de Paula Cândido[1] (nascimento)
Nascimento 2 de abril de 1910
Pedro Leopoldo, MG
 Brasil
Morte 30 de junho de 2002 (92 anos)
Uberaba, MG
 Brasil
Nacionalidade Brasil Brasileiro
Ocupação Médium, um dos expoentes do espiritismo no Brasil

Francisco Cândido Xavier (Pedro Leopoldo, 2 de abril de 1910Uberaba, 30 de junho de 2002), nascido como Francisco de Paula Cândido Xavier[1] e mais conhecido popularmente por Chico Xavier, notabilizou-se como médium [2][3] e célebre divulgador do Espiritismo no Brasil.[4]

Vida

Nascido de uma família pobre em Pedro Leopoldo, região metropolitana de Belo Horizonte, era filho de Maria João de Deus e João Cândido Xavier. Educado na fé católica, Chico teve seu primeiro contato com a Doutrina Espírita em 1927,[4] após fenômeno obsessivo verificado com uma de suas irmãs. Passa então a estudar e a desenvolver sua mediunidade que, como relata em nota no livro Parnaso de Além-Túmulo, somente ganhou maior clareza em finais de 1931. O seu nome de batismo Francisco de Paula Cândido[1] foi dado em homenagem ao santo do dia de seu nascimento, substituído pelo nome paterno de Francisco Cândido Xavier logo que rompeu com o catolicismo e escreveu seus primeiros livros e mudado oficialmente em abril de 1966,[5] quando da segunda viagem de Chico aos Estados Unidos. O mais conhecido dos espíritas brasileiros contribuiu para expandir o movimento espírita brasileiro e encorajar os espíritas a revelarem sua adesão à doutrina sistematizada por Allan Kardec. Sua credibilidade serviu de incentivo para que médiuns espíritas e não-espíritas realizassem trabalhos espirituais abertos ao público. Chico é lembrado principalmente por suas obras assistenciais em Uberaba, cidade onde faleceu. Nos anos 1970 passou a ajudar pessoas pobres com o dinheiro da vendagem de seus livros, tendo para tanto criado uma fundação.

Infância

Ficheiro:Timbre Chico Xavier.jpg
Selo comemorativo do centenário de Chico Xavier, lançado pelos correios.

Segundo biógrafos, a mediunidade de Chico teria se manifestado pela primeira vez aos quatro anos de idade,[6] quando ele respondeu ao pai sobre ciências, durante conversa com uma senhora sobre gravidez. Ele dizia ver e ouvir os espíritos e conversava com eles. Aos 5 anos conversava com a mãe, já desencarnada.[6] Na casa de sua madrinha, foi muito maltratado, chegando a levar garfadas na barriga. Aos sete anos de idade, saiu da casa da mesma para voltar a morar com o pai, já casado outra vez. Ele, para ajudar nas despesas da casa trabalhava e estudava em escola pública. Por conseqüência, dormia apenas sete horas por dia.

Juventude

No ano de 1924, termina o curso primário e não voltou a estudar, começando a trabalhar como auxiliar de cozinha em um restaurante no ano de 1925. No mês de maio de 1927, participou de uma sessão espírita onde vê o espírito de sua mãe, que lhe aconselha ler as obras de Allan Kardec, em junho ajudou a fundar o Centro Espírita Luiz Gonzaga, e em julho inicia os trabalhos de psicografia escrevendo 17 páginas. Em 1928, aos 18 anos, começou a publicar suas primeiras mensagens psicografadas nos jornais O Jornal, do Rio de Janeiro, e Almanaque de Notícias, de Portugal [7].

Divulgação no exterior

Ficheiro:Chico Xavier 1968.jpg
Chico Xavier em 1968.

Em 22 de maio de 1965[8] Chico Xavier e Waldo Vieira viajaram para Washington, Estados Unidos, a fim de divulgar o espiritismo no exterior. Com a ajuda de Salim Salomão Haddad, presidente do centro Christian Spirit Center, e sua mulher Phillis estudaram inglês e lançaram o livro Ideal Espírita, com o nome de The World of The Spirits.

Falecimento

“Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim.”

— Chico Xavier

Chico Xavier faleceu aos 92 anos de idade em decorrência de parada cardíaca.[9] Conforme relatos de amigos e parentes próximos, Chico teria pedido a Deus para morrer em um dia em que os brasileiros estariam muito felizes, e que o país estaria em festa, por isso ninguém ficaria triste com seu passamento. O país festejava a conquista da Copa do Mundo de futebol de 2002 no dia de seu falecimento. Chico foi eleito o mineiro do século XX, seguido por Santos Dumont e Juscelino Kubitschek. Recentemente, iniciou-se a construção de um centro em sua homenagem.[10] Antes de sua morte, ele havia deixado uma espécie de código com pessoas de sua confiança para que pudessem ratificar sua presença quando houvesse um contato. Já nos aproximamos do décimo ano de sua morte e nenhum contato foi confirmado até o momento.

Psicografias

Alegoria que representa, segundo a ótica espírita, o médium Chico Xavier psicografando uma mensagem do Espírito de Emmanuel, (por André Koehnne).

Chico Xavier psicografou 451 livros, sendo 39 publicados após a morte.[11] Nunca admitiu ser o autor de nenhuma dessas obras. Reproduzia apenas o que os espíritos lhe ditavam.[4] Por esse motivo, não aceitava o dinheiro arrecadado com a venda de seus livros.[12] Vendeu mais de 50 milhões de exemplares em português, com traduções em inglês, espanhol, japonês, esperanto, italiano, russo, romeno, mandarim, sueco e braile. Psicografou cerca de 10 mil cartas de mortos para suas famílias.[13] Cedeu os direitos autorais para organizações espíritas e instituições de caridade, desde o primeiro livro.[6][14]

Suas obras são publicadas pelo Centro Espírita União, Casa Editora O Clarim, Edicel, Federação Espírita Brasileira, Federação Espírita do Estado de São Paulo, Federação Espírita do Rio Grande do Sul, Fundação Marieta Gaio, Grupo Espírita Emmanuel s/c Editora, Comunhão Espírita Cristã, Instituto de Difusão Espírita, Instituto de Divulgação Espírita André Luiz, Livraria Allan Kardec Editora, Editora Pensamento e União Espírita Mineira.

Mesmo não tendo ensino completo ele escrevia em torno de 6 livros por ano entre eles livros de romances, contos, filosofia, ensaios, apólogos, crônicas, poesias... É o escritor mais lido da América Latina. (nota: ano de 2010).

Seu primeiro livro, Parnaso de Além-Túmulo, com 256 poemas atribuídos a poetas mortos, entre eles os portugueses João de Deus, Antero de Quental e Guerra Junqueiro, e os brasileiros Olavo Bilac, Cruz e Sousa e Augusto dos Anjos, foi publicado pela primeira vez em 1932.[4] O livro gerou muita polêmica nos círculos literários da época. O de maior tiragem foi Nosso Lar, publicada no ano de 1944, atualmente com mais de 2 milhões cópias vendidas [15], atribuído ao espírito André Luiz, sendo o primeiro volume da coleção de 17 obras, todas psicografadas por Chico Xavier, algumas delas em parceria com o médico mineiro Waldo Vieira.

Os céticos diziam que ele seria desmascarado e que iria cair. Chico, no entanto, dizia que não iria cair, pois nunca havia se levantado.

Uma de suas psicografias mais famosas, e que teve repercussão mundial, foi a do caso de Goiânia em que José Divino Nunes, acusado de matar o melhor amigo, Maurício Henriques, foi inocentado pelo juiz que aceitou como prova válida (entre outras que também foram apresentadas pela defesa) um depoimento da própria vítima, já falecida, através de texto psicografado por Chico Xavier. O caso aconteceu em outubro de 1979, na cidade de Goiânia, Goiás. Assim, o presumido espírito de "Maurício" teria inocentado o amigo dizendo que tudo não teria passado de um acidente.[16]

Filme Biográfico

Em 2 de abril de 2010, data em que Chico Xavier completaria 100 anos, estreou Chico Xavier - O Filme[17], baseado na biografia "As Vidas de Chico Xavier", do jornalista Marcel Souto Maior. Dirigido e produzido pelo cineasta Daniel Filho, Chico Xavier é retratado pelos atores Matheus Costa, Ângelo Antônio e Nelson Xavier, respectivamente, em três fases de sua vida: de 1918 a 1922, 1931 a 1959 e 1969 a 1975.

Principais obras psicografadas

Ano Obra Autor espiritual Editora Notas
1932 Parnaso de Além-Túmulo Vários autores
FEB
[18]
1937 Crônicas de Além-Túmulo Humberto de Campos
FEB
[19]
1938 Emmanuel Emmanuel
FEB
[20]
1938 Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho Humberto de Campos
FEB
1938 A Caminho da Luz Emmanuel
FEB
1939 Há Dois Mil Anos Emmanuel
FEB
1940 Cinquenta Anos Depois Emmanuel
FEB
1941 O Consolador Emmanuel
FEB
[21]
1942 Paulo e Estevão Emmanuel
FEB
1942 Renúncia Emmanuel
FEB
1944 Nosso Lar André Luiz
FEB
1944 Os Mensageiros André Luiz
FEB
1945 Missionários da Luz André Luiz
FEB
1945 Lázaro Redivivo Irmão X
FEB
[22]
1946 Obreiros da Vida Eterna André Luiz
FEB
1947 Volta Bocage Bocage
FEB
1948 No Mundo Maior André Luiz
FEB
1948 Agenda Cristã André Luiz
FEB
1949 Voltei Irmão Jacob
FEB
1949 Caminho, Verdade e Vida Emmanuel
FEB
1949 Libertação André Luiz
FEB
1950 Jesus no Lar Neio Lúcio
FEB
1950 Pão Nosso Emmanuel
FEB
1952 Vinha de Luz Emmanuel
FEB
1952 Roteiro Emmanuel
FEB
1953 Ave, Cristo! Emmanuel
FEB
1954 Entre a Terra e o Céu André Luiz
FEB
1955 Nos Domínios da Mediunidade André Luiz
FEB
1956 Fonte Viva Emmanuel
FEB
1957 Ação e Reação André Luiz
FEB
1958 Pensamento e Vida Emmanuel
FEB
1959 Evolução em Dois Mundos André Luiz
FEB
1960 Mecanismos da Mediunidade André Luiz
FEB
[23]
1960 Religião dos Espíritos Emmanuel
FEB
1961 O Espírito da Verdade diversos espíritos
FEB
1963 Sexo e Destino André Luiz
FEB
1968 E a Vida Continua… André Luiz
FEB
1970 Vida e Sexo Emmanuel
FEB
1971 Sinal Verde André Luiz
Comunhão Espírita
Cristã (CEC)
1977 Companheiro Emmanuel
Instituto de Difusão
Espírita
(IDE)
1985 Retratos da Vida Cornélio Pires
IDE/CEC
1986 Mediunidade e Sintonia Emmanuel
CEU
1991 Queda e Ascensão da Casa dos Benefícios Bezerra de Menezes
GER
1999 Escada de Luz diversos espíritos
CEU
[24]

Notas e referências

  1. a b c Biografia As Vidas de Chico Xavier (pg.144, paragrafo último), Marcel Souto Maior , editora Planeta ISBN 978-85-7479-574-4
  2. Alexandre Caroli Rocha. A poesia transcendente de Parnaso de alem-tumulo. Acessado em 10/02/2008.
  3. Hernani Guimarães Andrade. Prefácio Livro: A psicografia à Luz da grafoscopia
  4. a b c d Veja a biografia de Chico Xavier . Folha Online - Acesso a 13 de Julho de 2007
  5. As Vidas de Chico Xavier (pgs. 176 e 179)
  6. a b c Federação Espírita Brasileira (FEB). Texto "Francisco Cândido Xavier - Traços Biográficos". Páginas 01 e 05 em PDF
  7. Martha Mendonça, Chico Xavier e a alma do Brasil, Revista Época, 01.03.2010, p.86.
  8. As Vidas de Chico Xavier pag.176
  9. Chico Xavier morre em Uberaba aos 92 anos, Folha Online, Acesso a 13 de Julho de 2007
  10. [1]"Um café da manhã reuniu, ontem, os parceiros do Instituto Chico Xavier" JORNAL DE UBERABA 01/07/2008
  11. Martha Mendonça, Chico Xavier e a Alma do Brasil, Revista Época, 01.03.2010, p.92.
  12. Jornal "O Ideal", janeiro de 2000
  13. Martha Mendonça, Chico Xavier e a Alma do Brasil, Revista Época, 01.03.2010, p.92.
  14. Revista Época. Artigo "Chico Xavier Superstar". Visto em 14 de julho de 2007
  15. Martha Mendonça, Chico Xavier e a Alma do Brasil, Revista Época, 01.03.2010, p.88
  16. Revista ISTOÉ, em artigo sobre os brasileiros do século na categoria religião. Visto em 14 de julho de 2007.
  17. Site oficial de Chico Xavier - O Filme
  18. primeira obra publicada
  19. primeira obra pelo espírito Humberto de Campos
  20. primeiro obra pelo espírito Emmanuel
  21. Tiragem de 218.000 exemplares
  22. primeira obra pelo espírito Irmão X, pseudônimo do espírito Humberto de Campos, utilizado após o processo movido pela família do escritor falecido, reivindicando parte dos direitos autorais das obras psicografadas com nome dele.
  23. Primeira obra em parceria com o médium Waldo Vieira
  24. última obra publicada
  • Marcel Souto Maior (2003). As Vidas de Chico Xavier 2ª ed. [S.l.]: Editora Planeta  Parâmetro desconhecido |Autor= ignorado (|autor=) sugerido (ajuda); Parâmetro desconhecido |Páginas= ignorado (|páginas=) sugerido (ajuda)

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