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* ''Compota de damasco e outros contos'' (2015; colectânea de contos) |
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Revisão das 14h43min de 20 de junho de 2017
Alexander Soljenítsin | |
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Nome completo | Alexander Issaiévich Soljenítsin |
Nascimento | 11 de dezembro de 1918 Kislovodsk |
Morte | 3 de agosto de 2008 (89 anos) Moscovo |
Nacionalidade | ![]() |
Ocupação | Romancista, dramaturgo e historiador |
Prêmios | ![]() |
Magnum opus | Um Dia na vida de Ivan Denisovich |
Alexander Issaiévich Soljenítsin (em russo: Александр Исаевич Солженицын; Kislovodsk, 11 de dezembro de 1918 — Moscovo, 3 de agosto de 2008) foi um romancista, dramaturgo e historiador russo cujas obras construíram e celebrizaram a imagem que o mundo tem a respeito aos gulags, sistema prisional baseado em trabalhos forçados existente na antiga União Soviética. Recebeu o Nobel de Literatura de 1970.[1] A sua postura crítica sobre o que considerava o esmagamento da liberdade individual pelo Estado omnipresente e totalitário implicou a expulsão do autor do país natal e a retirada da respectiva nacionalidade em 1974.[2]
Era na juventude um marxista-leninista convicto. Mas se mostrou nacionalista e monarquista, queria restaurar a Mãe Rússia em todo o seu esplendor mítico, considerava a democracia uma péssima forma de governo; admirava Franco e Pinochet e só em Putin julgou ter encontrado um chefe à altura para governar a Rússia.[3]
Biografia
Infância e juventude
Alexander Soljenítsin nasceu em Kislovodsk, pequena cidade do sul da Rússia, na região localizada entre o Mar Negro e o Mar Cáspio, filho póstumo de Isaac Soljenítsin, um oficial do exército czarista, e da sua jovem viúva, Taisia Soljenítsina. O seu avô materno havia superado as suas origens humildes e adquirido uma grande propriedade na região de Kuban, no sopé da grande cadeia de montanhas do Cáucaso. Durante a Primeira Guerra Mundial, Taisia fora estudar em Moscovo, onde conhecera o seu futuro marido. (Soljenítsin relataria vividamente a história de sua família em suas obras "Agosto de 1914" e "A Roda Vermelha".)
Em 1918 Taisia encontrou-se grávida, mas pouco depois receberia notícia da morte do seu marido num acidente de caça. Esse fato, o confisco da propriedade de seu avô pelas novas autoridades comunistas, e a Guerra Civil Russa disputada ao redor, levaram às circunstâncias bastante modestas da infância de Aleksander. Mais tarde ele diria que sua mãe lutava pela mera sobrevivência, e que os elos de seu pai com o antigo regime tinham que ser mantidos em segredo. O menino exibia conspícuas tendências literárias e científicas, que sua mãe incentivava como bem podia. Esta viria a falecer aos fins de 1939.
Soljenítsin estudou matemática na Universidade Estatal de Rostov, ao mesmo tempo cursando por correspondência o Instituto de Filosofia, Literatura e História de Moscovo. Durante a Segunda Guerra Mundial participou de acções importantes como comandante de uma companhia de artilharia do Exército Soviético, obtendo a patente de capitão e sendo condecorado em duas ocasiões.
Segunda Guerra Mundial
Durante a Segunda Guerra Mundial Solzhenitsyn serviu como comandante no Exército Vermelho,[4] estando envolvido em ação na Frente de batalha, e duas vezes condecorado. Uma série de textos publicados no final de sua vida, incluindo o inacabado romance Love the Revolution! narra sua experiência de guerra e suas dúvidas crescentes sobre os fundamentos morais do regime soviético.[5]
Prisão e início da carreira literária
Algumas semanas antes do fim do conflito, já havendo alcançado território alemão na Prússia Oriental, foi preso por agentes da NKVD[6] por fazer alusões críticas a Stalin em correspondência a um amigo.[7] Ele foi acusado de propaganda anti-soviética sob o artigo 58 parágrafo 10 do Código Penal soviético, e de fundar uma organização hostil sob o parágrafo 11.[8][9]
Foi condenado a oito anos num campo de trabalhos forçados, a serem seguidos por exílio interno em perpetuidade. Esta era a pena normal para a maioria dos crimes previstos no artigo 58 na época.[10]
A primeira parte da pena de Soljenítsin foi cumprida em vários campos de trabalhos forçados; a "fase intermediária", como ele viria a referir-se a esta época, passou-a em uma sharashka, um instituto de pesquisas onde os cientistas e outros colaboradores eram prisioneiros. Dessas experiências surgiria o livro "O Primeiro Círculo", publicado no exterior em 1968.[11] Em 1950 foi enviado a um "campo especial" para prisioneiros políticos em Ekibastuz, Cazaquistão onde trabalharia como pedreiro, mineiro e metalúrgico. Esta época inspiraria o livro Um Dia na Vida de Ivan Denisovich.[12] Neste campo retiraram-lhe um tumor, mas seu cancro não chegou a ser diagnosticado.
A partir de março de 1953 iniciou a pena de exílio perpétuo em Kol-Terek no sul do Cazaquistão. O seu cancro, ainda não detectado, continuou a espalhar-se, e no fim do ano Soljenítsin encontrava-se próximo à morte. Porém, em 1954 finalmente recebeu tratamento adequado em Tashkent, Uzbequistão, e curou-se. Estes eventos formaram a base de O Pavilhão dos Cancerosos. Foi durante esta década de prisão e exílio que Solzhenitsyn abandonou o marxismo e desenvolveu as posições filosóficas e religiosas de sua vida posterior, gradualmente se tornando um cristão, como resultado de sua experiência na prisão e nos campos. Este por sua vez é semelhante ao que aconteceu a Fyodor Dostoyevsky durante seus anos na Sibéria e sua busca por fé.[13][14][15]
Durante os seus anos de exílio, e após sua libertação e retorno à Rússia Europeia, Soljenítsin, enquanto leccionava em escolas secundárias durante o dia, passava as noites escrevendo em segredo. Mais tarde, na breve autobiografia que escreveria ao receber o Nobel de Literatura, relataria que "durante todos os anos até 1961, eu não estava apenas convencido que sequer uma linha por mim escrita jamais seria publicada durante a minha vida, mas também raramente ousava permitir que os meus íntimos lessem o que eu havia escrito por medo de que o facto se tornasse conhecido".
Publicou ainda nos EUA uma obra sobre um gigantesco tabu que é a proeminência dos judeus russos no Partido Comunista e na polícia secreta soviética, sendo tachado como antissemita e desmoralizado no seu exílio.[16]
Soljenítsin retornou à Rússia em 27 de maio de 1994, depois de vinte anos de exílio[17] e morreu em Moscovo em 3 de agosto de 2008, segundo o seu filho, em consequência de uma insuficiência cardíaca aguda[18][19].
Está sepultado no Donskoi Monastery Cemetery, Moscou, na Rússia.[20]
Contra o Ateísmo
Sobre o ateísmo, durante seu discurso de recepção do Prêmio Templeton para o Progresso da Religião [21], em maio de 1983, Soljenítsin declarou: "Mais de meio século atrás, quando eu ainda era uma criança, lembro-me de ouvir um número de pessoas mais velhas oferecerem a seguinte explicação para os grandes desastres que se abateram sobre a Rússia: 'Os homens se esqueceram de Deus; é por isso que tudo isso aconteceu'. Desde então, tenho passado quase 50 anos estudando a história de nossa revolução. Durante esse processo, li centenas de livros, colecionei centenas de testemunhos pessoais e contribuí com oito volumes de minha própria lavra no esforço de transpor o entulho deixado por aquele levante. Mas se hoje me pedissem para formular da maneira mais concisa possível a causa principal da perniciosa revolução que deu cabo de mais de 60 milhões de compatriotas, não poderia fazê-lo de modo mais preciso do que repetir: 'Os homens se esqueceram de Deus; é por isso que tudo isso aconteceu'".
Obras
- Two Hundred Years Together (2001, 2002)
- Um Dia na vida de Ivan Denisovich (1962; romance)
- O Primeiro Círculo (1968; romance)
- O Pavilhão dos Cancerosos (1968; romance)
- Brasil: Arquipélago Gulag / Portugal: Arquipélago de Gulag (1973–1978)
- Agosto, 1914 (1984; romance)
- Compota de damasco e outros contos (2015; colectânea de contos)
- O Erro do Ocidente
Referências
- ↑ «Nobel Prize in Literature 1970». Nobel Foundation. Consultado em 17 outubro 2008
- ↑ Kaufman, Michael T; Barnard, Anne (4 August 2008). "Solzhenitsyn, Literary Giant Who Defied Soviets, Dies at 89". The New York Times. p. 1-3 acessado em 2 de abril de 2014
- ↑ Alexandre Soljenitsin (1918 - 2008)
- ↑ Scammell, p. 119
- ↑ Solzhenitsyn, Aleksandr Isaevich (1999), Протеревши глаза: сборник (Proterevshi glaza: sbornik) [Proterevshi eyes: compilation] (em Russian), Moscow: Nash dom; L'Age d'Homme .
- ↑ Ericson (2008) p. 10
- ↑ Moody, p. 6
- ↑ Scammell, pp. 152–4
- ↑ Björkegren, Hans; Eneberg, Kaarina (1973), «Introduction», Aleksandr Solzhenitsyn: A Biography, ISBN 0-85628-005-4, Henley-on-Thames: Aiden Ellis.
- ↑ Moody, p. 7
- ↑ Solzhenitsyn, Aleksandr I (13 de outubro de 2009), In the First Circle, ISBN 978-0-06-147901-4, Harper Collins, consultado em 14 de fevereiro de 2010, cópia arquivada em 31 January 2010 Verifique data em:
|arquivodata=
(ajuda) - ↑ Organizatia anti-sovietica Sabia Dreptatii (em Romanian), Romanism .
- ↑ «Parte IV». The Gulag Archipelago. [S.l.: s.n.].
- ↑ Mahoney, Daniel J (1 de setembro de 2008). Hero of a Dark Century. National Review. [S.l.: s.n.] p. 47–50.
- ↑ "Beliefs" em Ericson (2008) p. 177–205
- ↑ SOLZHENITSYN: DEATH OF A TITAN
- ↑ «1994: Dissident writer Solzhenitsyn returns». BBC. Consultado em 26 de maio de 2013
- ↑ La mort d’Alexandre Soljenitsyne
- ↑ Soljenítsin, a consciência russa, morreu (em alemão)
- ↑ Alexander Soljenítsin (em inglês) no Find a Grave
- ↑ "A Falta de Deus: O Primeiro Passo Para o Gulag".
Bibliografia
- Ericson, Edward E, Jr; Mahoney, Daniel J, eds. (2009). The Solzhenitsyn Reader: New and Essential Writings, 1947–2005. [S.l.]: ISI Books
- Moody, Christopher (1973). Solzhenitsyn. Edinburgh: Oliver & Boyd. ISBN 0-05-002600-3
- Scammell, Michael (1986). Solzhenitsyn: A Biography. Londres: Paladin. ISBN 0-586-08538-6
Ver também
- Anticomunismo
- Arquipélago de Gulag
- Gulag
- Joseph Stalin
- Memorial das Vítimas do Comunismo
- O Livro Negro do Comunismo
- Richard Pipes
- Robert Conquest
- The Soviet Story
- Victor Kravchenko
- Yuri Bezmenov
Ligações externas
- «Perfil no sítio oficial do Nobel de Literatura 1970» (em inglês)
- Obituário Yahoo! Notícias, citando a AFP.
- A Casa de Matriona seguido de Incidente na Estação Kotchetovka (Planeta Livro)
- Um dia na vida de Ivan Deníssovitch (Planeta Livro)
Precedido por Samuel Beckett |
Nobel de Literatura 1970 |
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- Mortos em 2008
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- Prisioneiros do Gulag