Eurasianismo: diferenças entre revisões

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[[Imagem:Sovetskogo Soyuzsa or suggested unitary RSFSR plus non-Alaska territory (1866) and near abroad.png|thumb|280px|direita|Projeção [[Ortografia|ortográfica]] da Rússia "Maior" / Eurásia e circunvizinhanças.
O '''Eurasianismo''' (em [[idioma russo|russo]]: '''''Евразийство''''') é um movimento cultural e político da [[Rússia]], cultivado principalmente nas comunidades de emigrantes. Seus principais teóricos foram [[Nikolai Daniliévski]] e [[Konstantin Leontiev]].
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'''Eurasianismo''' (em [[Língua russa|russo]]: '''Евразийство''', '''Yevraziystvo''') é um [[movimento político]] na [[Rússia]], anteriormente dentro da comunidade de [[Emigração branca|emigrantes russos "brancos"]], que postula que a civilização russa não pertence às categorias "europeia" ou "asiática", mas sim ao conceito geopolítico da [[Eurásia]]. Originalmente desenvolvido na [[década de 1920]], o movimento apoiou a [[revolução bolchevique]], mas não seus objetivos declarados de instituir o [[comunismo]], vendo a [[União Soviética]] como um trampolim no caminho para a criação de uma nova identidade nacional que refletisse o caráter único da posição [[geopolítica]] da Rússia. O movimento viu um pequeno ressurgimento após a [[dissolução da União Soviética]] no final do [[século XX]], e é espelhado pelo [[Max_Müller#Turanismo|turanismo]] dos [[povos turcos]] e das [[etnia]]s de [[línguas urálicas]].


== História ==
== História ==

O eurasianismo nasceu dentro da comunidade de emigrantes que fugiram da [[Guerra Civil Russa|Guerra Civil Russa (1918-1921)]]. O movimento defendia a ideia de que a civilização russa não pertencia à categoria europeia e que a [[Revolução de Outubro]] foi uma reação indispensável à rápida modernização da sociedade russa. Os adeptos do movimento, entretanto, eram contrários ao [[ateísmo]] e ao [[socialismo]] que os [[bolchevique]]s defendiam, e imaginavam que seria possível substituir o governo soviético por uma ordem que desenvolvesse uma autoridade religiosa separada da autoridade da [[Europa]].
=== Século XIX ===

O [[Congresso de Viena]] (Maio de [[1814]] - Junho de [[1815]]) [[Restauração (Europa)|provocou a restauração]] do [[Antigo Regime]] na [[Europa]] após as mudanças promovidas pela [[Revolução Francesa]], pelas [[Guerras Napoleônicas]] e, pelo [[Primeiro Império Francês]]. Durante o congresso, [[Alexandre I da Rússia]] pretendeu transformar a [[Europa continental]] numa [[federação]] de [[estado]]s sob liderança russa e conseguir maior liberdade nos mares mas, enfrentou forte oposição da [[Inglaterra]], que via nisto uma ameaça para sua supremacia naval.<ref>Conhecer 2000, Vol. 3: ''Da Idade Média à Época Contemporânea.'' [[Editora Nova Cultural]], 1995, págs 29-30. Adicionado em 26/03/2018.</ref>

=== Século XX ===

==== Príncípio do século ====

[[Imagem:Russian Empire (orthographic projection).svg|thumb|250px|direita|Extensão máxima do Império Russo (verde escuro) e sua [[esfera de influência]] (verde claro).]]

O eurasianismo é um movimento político que tem suas origens na comunidade de [[Emigração branca|imigrantes russos]] na década de 1920. O movimento postulou que a civilização russa não pertence à categoria "europeia" (de certa forma tomando emprestado das ideias [[Eslavofilia|eslavófilas]] de [[Konstantin Leontiev]]), e que a [[Revolução de Outubro]] dos [[bolchevique]]s foi uma reação necessária à rápida modernização da sociedade russa. Os eurasianistas acreditavam que o regime soviético era capaz de evoluir para um novo governo [[cristão ortodoxo]] nacional, não europeu, lançando a máscara inicial do [[internacionalismo]] [[proletário]] e do [[Antiteísmo|ateísmo militante]] (ao qual os eurasianistas opunham-se fortemente).

Os eurasianistas criticaram as atividades [[anticomunista]]s de organizações como a [[União Militar Russa]], acreditando que as energias da comunidade emigrada estariam melhor focadas em se preparar para esse esperado processo de evolução. Por sua vez, seus oponentes entre os emigrados argumentaram que os eurasianistas estavam pedindo um compromisso e até apoio ao regime soviético, enquanto justificavam suas políticas implacáveis (como a [[Perseguição aos Cristãos na União Soviética|perseguição]] da [[Igreja Ortodoxa Russa]]) como meros "problemas transitórios" que eram resultados inevitáveis do processo revolucionário.

Os principais líderes dos eurasianistas eram o [[príncipe]] [[Nikolai Trubetzkoy]], P.N. Savitsky, P.P. Suvchinskiy, [[Dmitri Mirski|D.S. Mirsky]], [[Konstantin Chkheidze]], P. Arapov e S. Efron. O filósofo [[Georges Florovsky]] foi inicialmente um defensor, mas desistiu da organização afirmando que "levanta as questões certas", mas "apresenta as respostas erradas". Uma influência significativa da doutrina dos eurasianistas pode ser encontrada no [[ensaio (literatura)|ensaio]] de [[Nikolai Berdiaev]] "As fontes e o significado do comunismo russo".[http://www.imdlibrary.gr/index.php/en/2014-10-23-12-50-12/summariesbooks/389-berdyaev-nikolai-sources-and-meaning-of-russian-communism aaa]

Várias organizações semelhantes, em espírito, aos eurasianistas surgiram na comunidade de emigrantes no mesmo período, como o [[Smenovekhovtsy]] e o pró-[[monarquista]] [[Mladorossi]].

Vários membros dos eurasianistas foram afetados pela operação provocadora soviética ''Трест'' ([[Operação Trust]]), que montou uma falsa reunião na Rússia que contou com a presença do líder P.N. Savitsky em 1926 (uma série anterior de viagens também foi feita dois anos antes pelo membro P. Arapov). A descoberta do Трест como uma provocação soviética causou um sério golpe de moral do grupo e desacreditou sua imagem pública. Em 1929, os eurasianistas deixaram de publicar seus periódicos e desapareceram rapidamente da comunidade de emigrados russos.

==== Final do século ====

[[Imagem:Eurasia and eurasianism.png|thumb|250px|direita|Mundo eurasiano pelo movimento político eurasianista.]]

A ideologia do movimento foi parcialmente incorporada a um novo movimento com o mesmo nome após a [[dissolução da União Soviética]] em 1991, quando o [[Partido da Eurásia]] foi fundado por [[Aleksandr Dugin]].


== Neo-eurasianismo ==
== Neo-eurasianismo ==
O neo-eurasianismo é uma escola que popularizou-se nos anos seguintes à [[dissolução da União Soviética]]. Esse novo movimento considera a [[Rússia]] mais próxima culturalmente da [[Ásia]] do que da [[Europa]]. A escola inspirou-se no eurasianismo dos [[anos 1920]] para estabelecer a nova ideia.


Neo-eurasianismo (em russo: неоевразийство) é uma escola russa de pensamento, popularizada na Rússia durante os anos que antecederam e seguiram ao colapso da União Soviética, que considera a Rússia culturalmente mais próxima da [[Ásia]] do que da [[Europa Ocidental]].
A defesa russa contra a [[Geórgia]], na [[Guerra na Ossétia do Sul em 2008|Guerra da Ossétia]], em [[2008]], foi um exemplo da influência das ideias neo-eurasianistas, que valorizam o domínio russo sobre o [[Cáucaso]]. <ref>{{citar livro|título=Reviving Greater Russia?: The Future of Russia's Borders with Belarus, Georgia, Kazakhstan, Moldova and Ukraine |último =Pirchner |primeiro =Herman |ano=2005 |publicado=University Press of America |isbn=0-7618-3200-9 |acessodata=2008-06-22}}</ref>


A escola de pensamento se inspira nos eurasianistas da [[década de 1920]], notadamente o [[príncipe]] [[Nikolai Trubetzkoy]], enquanto P.N. Savitsky. [[Lev Gumilev]] é frequentemente citado como o fundador do movimento neo-eurasianista, e ele foi citado como tendo dito que "eu sou o último dos eurasianistas".<ref name="Histoire d'une usurpation intellectuelle : L. N. Gumilev, « le dernier des eurasistes » ?">[http://www.persee.fr/doc/slave_0080-2557_2001_num_73_2_6726 Persee] - ''Histoire d'une usurpation intellectuelle : L. N. Gumilev, « le dernier des eurasistes » ? Analyse des oppositions entre L. N. Gumilev et P. N. Savickij [article].'' Marlène Laruelle, Revue des Études Slaves, 2001, págs. 449-459, {{fr}} Acessado em 26/03/2018.</ref>
== Na Turquia ==

O neo-eurasianismo ganhou alguns seguidores do setor nacionalista na [[Turquia]]. Líderes partidários de esquerda adotaram algumas das ideias do eurasianismo russo para seus partidos. Alguns analistas afirmam que os ultranacionalistas e uma elite secular vem se aproximando cada vez mais do eurasianismo. <ref>[http://www.todayszaman.com/columnist-252286-turkish-military-a-source-of-anti-americanism-in-turkey.html] Emre Uslu: Turkish military: a source of anti-Americanism in Turkey. Today's Zaman, July 31, 2011.</ref>
[[Imagem:Map of Warsaw Pact countries.png|thumb|250px|esquerda|Países integrantes do antigo [[Pacto de Varsóvia]].]]

Ao mesmo tempo, grandes diferenças foram notadas entre o trabalho de Gumilev e os dos eurasianistas originais.<ref name="Histoire d'une usurpation intellectuelle : L. N. Gumilev, « le dernier des eurasistes » ?"/> O trabalho de Gumilev é controverso por sua metodologia científica (o uso de sua própria concepção de [[etnogênese]] e a noção de "passionariedade" das etnoses). De qualquer forma, o trabalho de Gumilev tem sido uma fonte de inspiração para os autores neo-eurasianistas, o mais prolífico dos quais é [[Aleksandr Dugin]].

A contribuição de Gumilev para o neo-eurasianismo está nas conclusões a partir da aplicação de sua teoria da etnogênese: que a ocupação mongol de 1240-1480 dC (conhecida como "[[Invasão mongol da Rússia|jugo mongol]]") protegeu as etnias russas emergentes do vizinho agressivo do [[Ocidente]], permitindo-lhe ganhar tempo para atingir a maturidade. A ideia do eurasianismo contrasta com o [[bizantinismo]] de [[Konstantin Leontiev]], que é semelhante em sua rejeição ao Ocidente, mas se identifica com o [[Império Bizantino]], e não com a cultura tribal da [[Ásia Central]].

A versão de eurasianismo de Dugin é uma combinação de quatro pontos do [[comunismo]], do [[nazismo]], do [[ecologismo]] e do [[tradicionalismo]]. Enquanto a oposição do comunismo à [[liberdade econômica]] foi adotada, o compromisso marxista com o progresso tecnológico foi abandonado para atrair os [[Ludismo|ludistas]] e outros ambientalistas anti-[[tecnologia]] que se opunham ao [[industrialismo]] e à [[modernidade]]. O tradicionalismo foi derivado para suprimir o [[pensamento livre]]. A maior parte vem do nazismo.<ref>[https://quadrant.org.au/magazine/2014/09/putins-rasputin/ Quadrant] - ''Putin’s Rasputin.'' Mervyn F. Bendle, 3 de Setembro de 2014, {{en}} Acessado em 26/03/2018.</ref> <ref>''Contra a idolatria do Estado: O papel do cristão na política.'' Autor: Franklin Ferreira. Sociedade Religiosa Edições Vida Nova, 2016 (especificar página), ISBN 9788527506649 Adicionado em 26/03/2018.</ref>

== Rússia "Maior" ==

[[Imagem:Growth of Russia 1613-1914.png|thumb|280px|direita|Expansão da Rússia de 1613 a 1914.]]

O conceito político-cultural adotado por alguns na [[Rússia]] é às vezes chamado de "Rússia Maior" (não confundir com [[Grande Rússia]]) e é descrito como uma aspiração política de [[nacionalista]]s pan-russos e [[Irredentismo russo|irredentistas]] para retomar alguns ou todos os territórios das [[ex-repúblicas soviéticas]] e território de o antigo [[Império Russo]] e as amalgamar em um único estado russo. [[Alexander Rutskoi]], vice-presidente da Rússia de [[1991]] a [[1993]], afirmou que [[Narva]] ([[Estônia]]), [[Crimeia]] ([[Ucrânia]]) e [[Öskemen]] ([[Cazaquistão]]), entre outros territórios, declaram-se [[Irredentismo|irredentistas]].<ref>[[JSTOR]] - [https://www.jstor.org/stable/27644478?seq=1#page_scan_tab_contents ''Partition as a Solution to Wars of Nationalism: The Importance of Institutions.''] Thomas Chapman & Philip G. Roeder.
The American Political Science Review, Vol. 101, Nº 4 (Nov., 2007), págs. 677-691, {{en}} Acesado em 26/03/2018.</ref>

Antes do início [[Guerra Russo-Georgiana|da guerra]] entre a Rússia e [[Geórgia]] em [[2008]], [[Aleksandr Dugin]] visitou a [[Ossétia do Sul]] e previu: "''Nossas tropas ocuparão a capital georgiana [[Tbilisi]], o país inteiro, e talvez até a Ucrânia e a Península da Crimeia, que historicamente faz parte da Rússia.''"<ref>[[Der Spiegel]] - [http://www.spiegel.de/international/world/road-to-war-in-georgia-the-chronicle-of-a-caucasian-tragedy-a-574812.html ''Road to War in Georgia. The Chronicle of a Caucasian Tragedy .''] 25 de Agosto de 2008, {{en}} Acessado em 26/03/2018.</ref> O presidente da Ossétia, [[Eduard Kokoity]], é eurasianista e argumenta que a Ossétia do Sul nunca deixou o Império Russo e deveria fazer parte da Rússia.<ref>[http://www.tabula.ge/ge/tablog/65187-neo-eurasianist-alexander-dugin-on-the-russia-georgia-conflict Tabula] - ''NEO-EURASIANIST ALEXANDER DUGIN ON THE RUSSIA-GEORGIA CONFLICT.'' 6 de Janeiro de 2011, {{en}} Acessado em 26/03/2018.</ref>

== Hungria ==

O partido e movimento de [[extrema-direita]] [[húngaro]], [[Jobbik]], defende uma forma de nacionalismo húngaro que promove o parentesco com outros povos "[[Max_Müller#Turanismo|turanianos]]", incluindo os [[povos turcos]] da [[Ásia]].<ref>[[Le Monde diplomatique]] - ''Hungary looks to the past for its future.'' Evelyne Pieiller, Novembro de 2016, {{en}} Acessado em 26/03/2018.</ref>

== Romênia ==

O [[ativista]] político [[Silviu Brucan]] esteve envolvido em moldar o eurasianismo como um conceito geopolítico, com [[artigo (publicações)|artigo]]s focados na política russa que foram publicados numa revista mensal chamada Sfera Politicii.<ref>[http://www.sferapoliticii.ro/sfera/pdf-1/Sfera_14.pdf Sfera Politicii] - ''Geopolitics and Strategy.'' {{en}} e {{ro}} Acessado em 26/03/2018.</ref>

== Turquia ==

[[Imagem:Carte peuples turcs.png|thumb|250px|direita|Distribuição dos [[povos turcos]] pela [[Eurásia]].]]

Desde o final da [[década de 1990]], o eurasianismo ganhou alguns seguidores na [[Turquia]] entre os círculos nacionalistas [[:tr:Ulusalcılık|Ulusalcılık]]. A figura mais proeminente associada a [[Aleksandr Dugin]] é [[Doğu Perinçek]], líder do [[Partido dos Trabalhadores (Turquia)|Partido dos Trabalhadores]].<ref>Mehmet Ulusoy: ''Rusya, Dugin ve‚ Türkiye’nin Avrasyacılık stratejisi.'' Aydınlık 5 de Dezembro de 2004, págs. 10-16, {{tr}} Acessado em 26/03/2018.</ref> Alguns analistas da moderna política turca sugeriram que as elites ultranacionalistas e seculares, as quais também são afiliados membros das forças armadas turcas, que foram escrutinadas com o caso do golpe Ergenekon, têm fortes laços ideológicos e políticos com os eurasianistas.<ref>[[Today's Zaman]] - [http://www.todayszaman.com/columnist-252286-turkish-military-a-source-of-anti-americanism-in-turkey.html ''Turkish military: a source of anti-Americanism in Turkey.''] Emre Uslu, 31 de Julho de 2011, {{en}} Acessado em 26/03/2018.</ref>{{clr}}

== Na literatura ==

No futuro representado no [[romance]] de [[George Orwell]], ''[[1984 (livro)|1984]]'', a [[União Soviética]] sofreu uma mutação para a Eurásia, um dos três superestados que dominam o mundo.

Da mesma forma, a história de [[Robert A. Heinlein]], ''[[Solution Unsatisfactory]]'', descreve um futuro em que a União Soviética seria transformada em "A União Eurasiana".


== Ver Também ==
== Ver Também ==


[[Imagem:Eurasian Economic Union.svg|thumb|480px|direita|Projeto da [[União Econômica Eurasiática]].]]
* [[Aleksandr Dugin]]


* [[Anexação da Crimeia à Federação Russa]]
== Referências ==
* [[Colonialismo russo]]
<references>
* [[Donetsk]]
* [[Doutrina do destino manifesto]]
* [[Império Soviético]]
* [[Irredentismo russo]]
* [[Nacional-bolchevismo]]
* [[Nova Rússia (projeto de confederação)]]
* [[Pan-eslavismo]]
* [[Partido Nacional-Bolchevique]]
* [[Russofilia]]


{{Referências|col=2}}

== Fontes ==

* ''Eurasianism and the European Far Right: Reshaping the Europe-Russia Relationship.'' Autora: Marlène Laruelle. Lexington Books, 2015, {{en}} ISBN 9781498510684 Adicionado em 26/03/2018.
* ''Die eurasische Bewegung: Wissenschaft und Politik in der russischen Emigration der Zwischenkriegszeit und im postsowjetischen Russland.'' Autor: Stefan Wiederkehr. Böhlau Verlag Köln Weimar, 2007, {{de}} ISBN 9783412339050 Adicionado em 26/03/2018
* ''Geografia política, geopolítica e gestão do território.'' Autore: Augusto César Pinheiro da Silva. Gramma, 2016, pág. 176, ISBN 9788559680775 Adicionado em 26/03/2018.

== Ligações externas ==

* [http://4pt.su/en/topics/eurasianism Eurasianism. The Fourth Political Theory] - Aleksandr Dugin, {{en}}. Acessado em 26/03/2018.
* [http://evrazia.org/modules.php?name=News&file=article&sid=1915 Evrazia] - INTERNATIONAL EURASIAN MOVEMENT. {{en}} e {{ru}}. Acessado em 26/03/2018.
* [http://www.geopolitika.ru/en Geopolitika.ru] - Introduction to NOOMAHIA. Lecture 4. Logos of Cybele. {{en}} Acessado em 26/03/2018.
* [https://eurasianist-archive.com Eurasianist Internet Archive] - {{en}} Acessado em 26/03/2018.

{{Portal3|Ásia|Europa|Geografia|Política|Rússia|Relações internacionais}}


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Revisão das 21h35min de 26 de março de 2018

Projeção ortográfica da Rússia "Maior" / Eurásia e circunvizinhanças.
  URSS em 1945
  Territórios soviéticos que nunca fizeram parte do Império Russo: República Socialista Soviética Autônoma de Tuva, Oblast de Kaliningrado e Transcarpátia, Lviv, Ivano-Frankivsk (Stanislav) e Ternopil regiões do oeste da Ucrânia)
  Territórios adicionais do Império Russo (Grão-Ducado da Finlândia e Polônia do Congresso)
  Máxima extensão fronteiriça soviética, 1955 (Pacto de Varsóvia, República Popular da Mongólia e Coreia do Norte)
.

Eurasianismo (em russo: Евразийство, Yevraziystvo) é um movimento político na Rússia, anteriormente dentro da comunidade de emigrantes russos "brancos", que postula que a civilização russa não pertence às categorias "europeia" ou "asiática", mas sim ao conceito geopolítico da Eurásia. Originalmente desenvolvido na década de 1920, o movimento apoiou a revolução bolchevique, mas não seus objetivos declarados de instituir o comunismo, vendo a União Soviética como um trampolim no caminho para a criação de uma nova identidade nacional que refletisse o caráter único da posição geopolítica da Rússia. O movimento viu um pequeno ressurgimento após a dissolução da União Soviética no final do século XX, e é espelhado pelo turanismo dos povos turcos e das etnias de línguas urálicas.

História

Século XIX

O Congresso de Viena (Maio de 1814 - Junho de 1815) provocou a restauração do Antigo Regime na Europa após as mudanças promovidas pela Revolução Francesa, pelas Guerras Napoleônicas e, pelo Primeiro Império Francês. Durante o congresso, Alexandre I da Rússia pretendeu transformar a Europa continental numa federação de estados sob liderança russa e conseguir maior liberdade nos mares mas, enfrentou forte oposição da Inglaterra, que via nisto uma ameaça para sua supremacia naval.[1]

Século XX

Príncípio do século

Extensão máxima do Império Russo (verde escuro) e sua esfera de influência (verde claro).

O eurasianismo é um movimento político que tem suas origens na comunidade de imigrantes russos na década de 1920. O movimento postulou que a civilização russa não pertence à categoria "europeia" (de certa forma tomando emprestado das ideias eslavófilas de Konstantin Leontiev), e que a Revolução de Outubro dos bolcheviques foi uma reação necessária à rápida modernização da sociedade russa. Os eurasianistas acreditavam que o regime soviético era capaz de evoluir para um novo governo cristão ortodoxo nacional, não europeu, lançando a máscara inicial do internacionalismo proletário e do ateísmo militante (ao qual os eurasianistas opunham-se fortemente).

Os eurasianistas criticaram as atividades anticomunistas de organizações como a União Militar Russa, acreditando que as energias da comunidade emigrada estariam melhor focadas em se preparar para esse esperado processo de evolução. Por sua vez, seus oponentes entre os emigrados argumentaram que os eurasianistas estavam pedindo um compromisso e até apoio ao regime soviético, enquanto justificavam suas políticas implacáveis (como a perseguição da Igreja Ortodoxa Russa) como meros "problemas transitórios" que eram resultados inevitáveis do processo revolucionário.

Os principais líderes dos eurasianistas eram o príncipe Nikolai Trubetzkoy, P.N. Savitsky, P.P. Suvchinskiy, D.S. Mirsky, Konstantin Chkheidze, P. Arapov e S. Efron. O filósofo Georges Florovsky foi inicialmente um defensor, mas desistiu da organização afirmando que "levanta as questões certas", mas "apresenta as respostas erradas". Uma influência significativa da doutrina dos eurasianistas pode ser encontrada no ensaio de Nikolai Berdiaev "As fontes e o significado do comunismo russo".aaa

Várias organizações semelhantes, em espírito, aos eurasianistas surgiram na comunidade de emigrantes no mesmo período, como o Smenovekhovtsy e o pró-monarquista Mladorossi.

Vários membros dos eurasianistas foram afetados pela operação provocadora soviética Трест (Operação Trust), que montou uma falsa reunião na Rússia que contou com a presença do líder P.N. Savitsky em 1926 (uma série anterior de viagens também foi feita dois anos antes pelo membro P. Arapov). A descoberta do Трест como uma provocação soviética causou um sério golpe de moral do grupo e desacreditou sua imagem pública. Em 1929, os eurasianistas deixaram de publicar seus periódicos e desapareceram rapidamente da comunidade de emigrados russos.

Final do século

Mundo eurasiano pelo movimento político eurasianista.

A ideologia do movimento foi parcialmente incorporada a um novo movimento com o mesmo nome após a dissolução da União Soviética em 1991, quando o Partido da Eurásia foi fundado por Aleksandr Dugin.

Neo-eurasianismo

Neo-eurasianismo (em russo: неоевразийство) é uma escola russa de pensamento, popularizada na Rússia durante os anos que antecederam e seguiram ao colapso da União Soviética, que considera a Rússia culturalmente mais próxima da Ásia do que da Europa Ocidental.

A escola de pensamento se inspira nos eurasianistas da década de 1920, notadamente o príncipe Nikolai Trubetzkoy, enquanto P.N. Savitsky. Lev Gumilev é frequentemente citado como o fundador do movimento neo-eurasianista, e ele foi citado como tendo dito que "eu sou o último dos eurasianistas".[2]

Países integrantes do antigo Pacto de Varsóvia.

Ao mesmo tempo, grandes diferenças foram notadas entre o trabalho de Gumilev e os dos eurasianistas originais.[2] O trabalho de Gumilev é controverso por sua metodologia científica (o uso de sua própria concepção de etnogênese e a noção de "passionariedade" das etnoses). De qualquer forma, o trabalho de Gumilev tem sido uma fonte de inspiração para os autores neo-eurasianistas, o mais prolífico dos quais é Aleksandr Dugin.

A contribuição de Gumilev para o neo-eurasianismo está nas conclusões a partir da aplicação de sua teoria da etnogênese: que a ocupação mongol de 1240-1480 dC (conhecida como "jugo mongol") protegeu as etnias russas emergentes do vizinho agressivo do Ocidente, permitindo-lhe ganhar tempo para atingir a maturidade. A ideia do eurasianismo contrasta com o bizantinismo de Konstantin Leontiev, que é semelhante em sua rejeição ao Ocidente, mas se identifica com o Império Bizantino, e não com a cultura tribal da Ásia Central.

A versão de eurasianismo de Dugin é uma combinação de quatro pontos do comunismo, do nazismo, do ecologismo e do tradicionalismo. Enquanto a oposição do comunismo à liberdade econômica foi adotada, o compromisso marxista com o progresso tecnológico foi abandonado para atrair os ludistas e outros ambientalistas anti-tecnologia que se opunham ao industrialismo e à modernidade. O tradicionalismo foi derivado para suprimir o pensamento livre. A maior parte vem do nazismo.[3] [4]

Rússia "Maior"

Expansão da Rússia de 1613 a 1914.

O conceito político-cultural adotado por alguns na Rússia é às vezes chamado de "Rússia Maior" (não confundir com Grande Rússia) e é descrito como uma aspiração política de nacionalistas pan-russos e irredentistas para retomar alguns ou todos os territórios das ex-repúblicas soviéticas e território de o antigo Império Russo e as amalgamar em um único estado russo. Alexander Rutskoi, vice-presidente da Rússia de 1991 a 1993, afirmou que Narva (Estônia), Crimeia (Ucrânia) e Öskemen (Cazaquistão), entre outros territórios, declaram-se irredentistas.[5]

Antes do início da guerra entre a Rússia e Geórgia em 2008, Aleksandr Dugin visitou a Ossétia do Sul e previu: "Nossas tropas ocuparão a capital georgiana Tbilisi, o país inteiro, e talvez até a Ucrânia e a Península da Crimeia, que historicamente faz parte da Rússia."[6] O presidente da Ossétia, Eduard Kokoity, é eurasianista e argumenta que a Ossétia do Sul nunca deixou o Império Russo e deveria fazer parte da Rússia.[7]

Hungria

O partido e movimento de extrema-direita húngaro, Jobbik, defende uma forma de nacionalismo húngaro que promove o parentesco com outros povos "turanianos", incluindo os povos turcos da Ásia.[8]

Romênia

O ativista político Silviu Brucan esteve envolvido em moldar o eurasianismo como um conceito geopolítico, com artigos focados na política russa que foram publicados numa revista mensal chamada Sfera Politicii.[9]

Turquia

Distribuição dos povos turcos pela Eurásia.

Desde o final da década de 1990, o eurasianismo ganhou alguns seguidores na Turquia entre os círculos nacionalistas Ulusalcılık. A figura mais proeminente associada a Aleksandr Dugin é Doğu Perinçek, líder do Partido dos Trabalhadores.[10] Alguns analistas da moderna política turca sugeriram que as elites ultranacionalistas e seculares, as quais também são afiliados membros das forças armadas turcas, que foram escrutinadas com o caso do golpe Ergenekon, têm fortes laços ideológicos e políticos com os eurasianistas.[11]

Na literatura

No futuro representado no romance de George Orwell, 1984, a União Soviética sofreu uma mutação para a Eurásia, um dos três superestados que dominam o mundo.

Da mesma forma, a história de Robert A. Heinlein, Solution Unsatisfactory, descreve um futuro em que a União Soviética seria transformada em "A União Eurasiana".

Ver Também

Projeto da União Econômica Eurasiática.

Referências

  1. Conhecer 2000, Vol. 3: Da Idade Média à Época Contemporânea. Editora Nova Cultural, 1995, págs 29-30. Adicionado em 26/03/2018.
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  9. Sfera Politicii - Geopolitics and Strategy. (em inglês) e (em romeno) Acessado em 26/03/2018.
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Fontes

  • Eurasianism and the European Far Right: Reshaping the Europe-Russia Relationship. Autora: Marlène Laruelle. Lexington Books, 2015, (em inglês) ISBN 9781498510684 Adicionado em 26/03/2018.
  • Die eurasische Bewegung: Wissenschaft und Politik in der russischen Emigration der Zwischenkriegszeit und im postsowjetischen Russland. Autor: Stefan Wiederkehr. Böhlau Verlag Köln Weimar, 2007, (em alemão) ISBN 9783412339050 Adicionado em 26/03/2018
  • Geografia política, geopolítica e gestão do território. Autore: Augusto César Pinheiro da Silva. Gramma, 2016, pág. 176, ISBN 9788559680775 Adicionado em 26/03/2018.

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