Grânulos de Fordyce: diferenças entre revisões
→Tratamento: Adicionando formatação e ligações. |
|||
Linha 8: | Linha 8: | ||
== Tratamento == |
== Tratamento == |
||
É uma entidade de fácil diagnóstico clínico e não são necessários exames complementares. O quadro deve ser diferenciado de outras lesões da cavidade oral: pequenas colônias de Candida albicans, diminutos lipomas, manchas de Koplik, verrugas virais, lesões papulosas mucosas da Síndrome de Cowden, líquen plano e leucoplasia. |
É uma entidade de fácil diagnóstico clínico e não são necessários exames complementares. O quadro deve ser diferenciado de outras lesões da cavidade oral: pequenas colônias de [[Candida albicans]], diminutos [[lipoma|lipomas]], manchas de Koplik, [[verruga|verrugas virais]], lesões papulosas mucosas da Síndrome de Cowden, [[líquen plano]] e [[leucoplasia]]. |
||
Apesar de seu caráter assintomático e de serem considerados variantes da normalidade, alguns pacientes procuram tratamento por razões estéticas. |
Apesar de seu caráter assintomático e de serem considerados variantes da normalidade, alguns pacientes procuram tratamento por razões estéticas. |
||
Existem relatos de casos onde foram utilizados o ácido |
Existem relatos de casos onde foram utilizados o [[ácido dicloroacético]],<ref name="Plotner">Plotner AN, Brodell RT. Treatment of Fordyce spots with bichloracetic acid. Dermatol Surg.2008; 34(3): 397-9.</ref> laser de CO<sub>2</sub>,<ref name="Ocampo">Ocampo-Candiani J, Villarreal-Rodriguez A, Quinones-Fernandez AG, Herz-Ruelas ME, Ruiz-Esparza J. Treatment of Fordyce spots with CO2 laser. Dermatol Surg. 2003; 29(8): 869-71.</ref> terapia fotodinâmica usando ácido 5-aminolevulínico,<ref name="Kim YJ">Kim YJ, Kang HY, Lee ES, Kim YC. Treatment of Fordyce spots with 5-aminolaevulinic acid-photodynamic therapy. Br J Dermatol. 2007; 156:399-400.</ref> [[isotretinoína]] oral<ref name="Monk">Monk BE. Fordyce spots responding to isotretinoin therapy. Br J Dermatol. 1993;129(3): 355.</ref> e curetagem com eletrocoagulação.<ref>Chern PL, Arpey CJ. Fordyce spots of the lip responding to electrodesiccation and curettage. Dermatol Surg. 2008; 34(7): 960-2.</ref> |
||
O grânulo de Fordyce |
O grânulo de Fordyce tem sido pouco estudado na literatura [[dermatologia|dermatológica]]. São considerados uma variação normal das glândulas sebáceas e de interesse pelo aspecto estético que aflige alguns pacientes. |
||
Algumas alternativas têm sido tentadas para sua resolução. |
Algumas alternativas têm sido tentadas para sua resolução. |
||
Um relato de tratamento com terapia fotodinâmica com 5-ALA mostrou pobres resultados com significativos efeitos colaterais como dor, eritema, edema, vesiculação e hiperpigmentação |
Um relato de tratamento com terapia fotodinâmica com 5-ALA mostrou pobres resultados com significativos efeitos colaterais como dor, [[eritema]], [[edema]], [[Vesícula (dermatologia)|vesiculação]] e hiperpigmentação pós-inflamatória.<ref name="Kim YJ" /> |
||
O uso da isotretinoína oral para o tratamento dos grânulos de fordyce nos lábios foi descrito em três relatos de caso. Monk tratou um paciente com |
O uso da [[isotretinoína]] oral para o tratamento dos grânulos de fordyce nos lábios foi descrito em três relatos de caso. Monk tratou um paciente com isotretinoína oral para [[acne]] cística, havendo regressão dos grânulos de Fordyce e recorrência após nove semanas.<ref name="Monk" /> Mutizwa e Berk descrevem os efeitos a longo prazo da terapia com isotretinoína em dois pacientes adolescentes de 17 anos que tinham um grau severo de acne e Grânulos de Fordyce concomitantemente. Em um dos casos, os grânulos voltaram pouco depois da interrupção do uso; no outro, os grânulos continuam ausentes ao longo de um ano inteiro, mas não se sabe se voltaram depois desse período.<ref>{{Citar periódico|ultimo=Mutizwa|primeiro=Misha M.|ultimo2=Berk|primeiro2=David R.|data=2014|titulo=Dichotomous Long-Term Response to Isotretinoin in Two Patients with Fordyce Spots|url=https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1111/j.1525-1470.2012.01749.x|jornal=Pediatric Dermatology|lingua=en|volume=31|numero=1|paginas=73–75|doi=10.1111/j.1525-1470.2012.01749.x|issn=1525-1470}}</ref> Há ainda um terceiro relato de caso descrevendo o uso da isotretinoína para os grânulos de Fordyce, publicado em 2015 por Handiani e Sadati em uma revista de dermatologia italiana, indicando que a isotretinoína promove a regressão dos grânulos em pacientes com acne.<ref>{{Citar periódico|ultimo=Handiani|primeiro=F.|ultimo2=Sadati|primeiro2=M. S.|data=Junho de 2015|titulo=Isotretinoin-induced regression of Fordyce spots in a patient with acne: the first report|url=https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25946679|jornal=Giornale Italiano Di Dermatologia E Venereologia: Organo Ufficiale, Societa Italiana Di Dermatologia E Sifilografia|volume=150|numero=3|paginas=343–344|issn=0392-0488|pmid=25946679|acessodata=}}</ref> |
||
Um outro relato cita o uso do ácido |
Um outro relato cita o uso do ácido dicloroacético no lábio superior de um paciente com grânulos de Fordyce que mostrou eficácia resolutiva por pelo menos três meses.<ref name="Plotner" /> |
||
O uso da eletrodissecação e curetagem foi opção terapêutica em outro caso.<ref name="Lane JE">Lane JE, Peterson CM, Ratz JL. Treatment of Pearly Penile Papules with CO2 Laser . Dermatol Surg. 2002; 28(7): 617-18.</ref> |
O uso da eletrodissecação e curetagem foi opção terapêutica em outro caso.<ref name="Lane JE">Lane JE, Peterson CM, Ratz JL. Treatment of Pearly Penile Papules with CO2 Laser . Dermatol Surg. 2002; 28(7): 617-18.</ref> |
||
O laser de |
O laser de CO<sub>2</sub> apresenta um comprimento de onda de 10.600 nm localizado na região distante do infravermelho. É utilizado há mais de trinta anos na [[dermatologia]] cirúrgica por sua eficiência em vaporizar, cortar tecidos e produzir hemostasia intra-operatória efetiva.<ref>Goldberg DJ. Lasers for Facial Rejuvenation. Am J Clin Dermatol. 2003; 4 (4): 225-234.</ref> |
||
Os sistemas ultrapulsados atuais permitem controle do aquecimento tissular e ablação precisa.<ref>Boyce S, Alster TS. CO2 Laser Treatment of Epidermal Nevi: Long-Term Success. Dermatol Surg. 2002; 28:611-14.</ref> Este laser é aplicado com boa resposta no tratamento de várias lesões cutâneas benignas<ref name="Lane JE" /><ref>Chuang YH, Hong HS, Kuo TT. Multiple Pigmented Follicular Cysts of the Vulva Successfully Treated with CO2 Laser: Case Report and Literature Review. Dermatol Surg. 2004;30:1261–1264</ref><ref>Kartama M, Reitamo S. Treatment of lichen sclerosus with carbon dioxide laser vaporization. Br J Dermatol. 1997; 156:356-9.</ref><ref>Smith KJ, Skelton H. Molluscum Contagiosum Recent Advances in Pathogenic Mechanisms, and New Therapies. Am J Clin Dermatol. 2002; 3 (8):535-45.</ref><ref>Raulin C, Greve B, Hammes S. The Combined Continuous-Wave/Pulsed Carbon Dioxide Laser for Treatment of Pyogenic Granuloma. Arch Dermatol. 2002;138:33-37</ref> e por isso é a opção terapêutica em clínicas especializadas.<ref>{{Citar web|url=http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/21122053|título=High-power diode laser use on Fordyce granule excision: a case report.|língua=en|acessodata=5 de Junho de 2012}}</ref> |
Os sistemas ultrapulsados atuais permitem controle do aquecimento tissular e ablação precisa.<ref>Boyce S, Alster TS. CO2 Laser Treatment of Epidermal Nevi: Long-Term Success. Dermatol Surg. 2002; 28:611-14.</ref> Este laser é aplicado com boa resposta no tratamento de várias lesões cutâneas benignas<ref name="Lane JE" /><ref>Chuang YH, Hong HS, Kuo TT. Multiple Pigmented Follicular Cysts of the Vulva Successfully Treated with CO2 Laser: Case Report and Literature Review. Dermatol Surg. 2004;30:1261–1264</ref><ref>Kartama M, Reitamo S. Treatment of lichen sclerosus with carbon dioxide laser vaporization. Br J Dermatol. 1997; 156:356-9.</ref><ref>Smith KJ, Skelton H. Molluscum Contagiosum Recent Advances in Pathogenic Mechanisms, and New Therapies. Am J Clin Dermatol. 2002; 3 (8):535-45.</ref><ref>Raulin C, Greve B, Hammes S. The Combined Continuous-Wave/Pulsed Carbon Dioxide Laser for Treatment of Pyogenic Granuloma. Arch Dermatol. 2002;138:33-37</ref> e por isso é a opção terapêutica em clínicas especializadas.<ref>{{Citar web|url=http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/21122053|título=High-power diode laser use on Fordyce granule excision: a case report.|língua=en|acessodata=5 de Junho de 2012}}</ref> |
||
O resultado do tratamento é considerado consistente, conforme aquele obtido por Ocampo-Candiani, que utilizou o laser de |
O resultado do tratamento é considerado consistente, conforme aquele obtido por Ocampo-Candiani, que utilizou o laser de CO<sub>2</sub> em dois pacientes.<ref name="Ocampo" /> Considerando a facilidade de seu uso e a precisão com que as lesões são retiradas, credita-se o laser de CO<sub>2</sub> como uma ótima alternativa para o tratamento dos grânulos de Fordyce. |
||
{{Referências}} |
{{Referências}} |
Revisão das 02h39min de 6 de maio de 2020
Grânulos de Fordyce[1] são glândulas sebáceas assintomáticas comumente encontradas na mucosa oral, no lábio superior e região retromolar. Caracterizam-se por múltiplas pápulas amareladas ou esbranquiçadas de 0,1 a 1 milímetro de diâmetro que ocasionalmente podem coalescer e formar placas.
Somente as glândulas sebáceas visíveis através do epitélio devem ser consideradas como grânulos de Fordyce. Em crianças, normalmente, não são notadas até a puberdade, embora estejam presentes histologicamente. Sua incidência aumenta com a idade, principalmente após o estímulo hormonal da puberdade. A prevalência em adultos é grande, com uma discreta predominância no sexo masculino.[2] Histopatologicamente, as lesões são indistinguíveis das glândulas sebáceas, porém não estão associadas ao folículo piloso e seu ducto se abre diretamente na superfície.
São nomeadas em homenagem ao dermatologista americano, John Addison Fordyce.[3]
Tratamento
É uma entidade de fácil diagnóstico clínico e não são necessários exames complementares. O quadro deve ser diferenciado de outras lesões da cavidade oral: pequenas colônias de Candida albicans, diminutos lipomas, manchas de Koplik, verrugas virais, lesões papulosas mucosas da Síndrome de Cowden, líquen plano e leucoplasia.
Apesar de seu caráter assintomático e de serem considerados variantes da normalidade, alguns pacientes procuram tratamento por razões estéticas.
Existem relatos de casos onde foram utilizados o ácido dicloroacético,[4] laser de CO2,[5] terapia fotodinâmica usando ácido 5-aminolevulínico,[6] isotretinoína oral[7] e curetagem com eletrocoagulação.[8]
O grânulo de Fordyce tem sido pouco estudado na literatura dermatológica. São considerados uma variação normal das glândulas sebáceas e de interesse pelo aspecto estético que aflige alguns pacientes.
Algumas alternativas têm sido tentadas para sua resolução.
Um relato de tratamento com terapia fotodinâmica com 5-ALA mostrou pobres resultados com significativos efeitos colaterais como dor, eritema, edema, vesiculação e hiperpigmentação pós-inflamatória.[6]
O uso da isotretinoína oral para o tratamento dos grânulos de fordyce nos lábios foi descrito em três relatos de caso. Monk tratou um paciente com isotretinoína oral para acne cística, havendo regressão dos grânulos de Fordyce e recorrência após nove semanas.[7] Mutizwa e Berk descrevem os efeitos a longo prazo da terapia com isotretinoína em dois pacientes adolescentes de 17 anos que tinham um grau severo de acne e Grânulos de Fordyce concomitantemente. Em um dos casos, os grânulos voltaram pouco depois da interrupção do uso; no outro, os grânulos continuam ausentes ao longo de um ano inteiro, mas não se sabe se voltaram depois desse período.[9] Há ainda um terceiro relato de caso descrevendo o uso da isotretinoína para os grânulos de Fordyce, publicado em 2015 por Handiani e Sadati em uma revista de dermatologia italiana, indicando que a isotretinoína promove a regressão dos grânulos em pacientes com acne.[10]
Um outro relato cita o uso do ácido dicloroacético no lábio superior de um paciente com grânulos de Fordyce que mostrou eficácia resolutiva por pelo menos três meses.[4]
O uso da eletrodissecação e curetagem foi opção terapêutica em outro caso.[11]
O laser de CO2 apresenta um comprimento de onda de 10.600 nm localizado na região distante do infravermelho. É utilizado há mais de trinta anos na dermatologia cirúrgica por sua eficiência em vaporizar, cortar tecidos e produzir hemostasia intra-operatória efetiva.[12]
Os sistemas ultrapulsados atuais permitem controle do aquecimento tissular e ablação precisa.[13] Este laser é aplicado com boa resposta no tratamento de várias lesões cutâneas benignas[11][14][15][16][17] e por isso é a opção terapêutica em clínicas especializadas.[18]
O resultado do tratamento é considerado consistente, conforme aquele obtido por Ocampo-Candiani, que utilizou o laser de CO2 em dois pacientes.[5] Considerando a facilidade de seu uso e a precisão com que as lesões são retiradas, credita-se o laser de CO2 como uma ótima alternativa para o tratamento dos grânulos de Fordyce.
Referências
- ↑ James, William; Berger, Timothy; Elston, Dirk (2005). Andrews' Diseases of the Skin: Clinical Dermatology. (10th ed.). Saunders. ISBN 0-7216-2921-0.
- ↑ «Fordyce granules on the prolabial and oral mucous membranes of a selected population.» (em inglês). Consultado em 5 de Junho de 2012
- ↑ http://www.whonamedit.com/synd.cfm/1510.html
- ↑ a b Plotner AN, Brodell RT. Treatment of Fordyce spots with bichloracetic acid. Dermatol Surg.2008; 34(3): 397-9.
- ↑ a b Ocampo-Candiani J, Villarreal-Rodriguez A, Quinones-Fernandez AG, Herz-Ruelas ME, Ruiz-Esparza J. Treatment of Fordyce spots with CO2 laser. Dermatol Surg. 2003; 29(8): 869-71.
- ↑ a b Kim YJ, Kang HY, Lee ES, Kim YC. Treatment of Fordyce spots with 5-aminolaevulinic acid-photodynamic therapy. Br J Dermatol. 2007; 156:399-400.
- ↑ a b Monk BE. Fordyce spots responding to isotretinoin therapy. Br J Dermatol. 1993;129(3): 355.
- ↑ Chern PL, Arpey CJ. Fordyce spots of the lip responding to electrodesiccation and curettage. Dermatol Surg. 2008; 34(7): 960-2.
- ↑ Mutizwa, Misha M.; Berk, David R. (2014). «Dichotomous Long-Term Response to Isotretinoin in Two Patients with Fordyce Spots». Pediatric Dermatology (em inglês). 31 (1): 73–75. ISSN 1525-1470. doi:10.1111/j.1525-1470.2012.01749.x
- ↑ Handiani, F.; Sadati, M. S. (Junho de 2015). «Isotretinoin-induced regression of Fordyce spots in a patient with acne: the first report». Giornale Italiano Di Dermatologia E Venereologia: Organo Ufficiale, Societa Italiana Di Dermatologia E Sifilografia. 150 (3): 343–344. ISSN 0392-0488. PMID 25946679
- ↑ a b Lane JE, Peterson CM, Ratz JL. Treatment of Pearly Penile Papules with CO2 Laser . Dermatol Surg. 2002; 28(7): 617-18.
- ↑ Goldberg DJ. Lasers for Facial Rejuvenation. Am J Clin Dermatol. 2003; 4 (4): 225-234.
- ↑ Boyce S, Alster TS. CO2 Laser Treatment of Epidermal Nevi: Long-Term Success. Dermatol Surg. 2002; 28:611-14.
- ↑ Chuang YH, Hong HS, Kuo TT. Multiple Pigmented Follicular Cysts of the Vulva Successfully Treated with CO2 Laser: Case Report and Literature Review. Dermatol Surg. 2004;30:1261–1264
- ↑ Kartama M, Reitamo S. Treatment of lichen sclerosus with carbon dioxide laser vaporization. Br J Dermatol. 1997; 156:356-9.
- ↑ Smith KJ, Skelton H. Molluscum Contagiosum Recent Advances in Pathogenic Mechanisms, and New Therapies. Am J Clin Dermatol. 2002; 3 (8):535-45.
- ↑ Raulin C, Greve B, Hammes S. The Combined Continuous-Wave/Pulsed Carbon Dioxide Laser for Treatment of Pyogenic Granuloma. Arch Dermatol. 2002;138:33-37
- ↑ «High-power diode laser use on Fordyce granule excision: a case report.» (em inglês). Consultado em 5 de Junho de 2012