Pindorama (São Paulo)

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Pindorama
  Município do Brasil  
Vista do núcleo urbano a partir do limite com Ariranha
Vista do núcleo urbano a partir do limite com Ariranha
Vista do núcleo urbano a partir do limite com Ariranha
Símbolos
Bandeira de Pindorama
Bandeira
Hino
Lema Dei, non hominum, gratia
"Por graça de Deus, não dos homens"
Gentílico pindoramense
Localização
Localização de Pindorama em São Paulo
Localização de Pindorama em São Paulo
Localização de Pindorama em São Paulo
Pindorama está localizado em: Brasil
Pindorama
Localização de Pindorama no Brasil
Mapa
Mapa de Pindorama
Coordenadas 21° 11' 09" S 48° 54' 25" O
País Brasil
Unidade federativa São Paulo
Municípios limítrofes Catanduva, Palmares Paulista, Itajobi, Santa Adélia e Ariranha
Distância até a capital 370 km
História
Fundação 21 de março de 1926 (98 anos)
Administração
Prefeito(a) Maria Inês Bertino Miyada (Partido Liberal)
Características geográficas
Área total [1] 184,8 km²
População total (Censo IBGE/2016[1]) 17,216 hab.
Densidade 0,1 hab./km²
Clima tropical semi-úmido
Altitude 527 m
Fuso horário Hora de Brasília (UTC−3)
Indicadores
IDH (PNUD/2010[2]) 0,737 alto
PIB (IBGE/2009[3]) R$ 188 865 mil
PIB per capita (IBGE/2009[3]) R$ 12 282,30

Pindorama é um município brasileiro do estado de São Paulo. Localiza-se a uma latitude 21º11'09" Sul e a uma longitude 48º54'26" Oeste, estando a uma altitude de 527 metros. A cidade tem uma população de 15.039 habitantes (IBGE/2010).[1] Pertence à Microrregião de Catanduva e à Mesorregião de São José do Rio Preto. O município é formado pela sede e pelo distrito de Roberto[4][5].

Durante décadas, devido ao predomínio do transporte ferroviário na região bem como à sua beleza arquitetônica e ao seu clima ameno, Pindorama foi conhecida como "A Pérola da Araraquarense".

História[editar | editar código-fonte]

A história oficial de Pindorama teve início em 1908, quando o comendador Ferdinando Massimiliano Motta adquiriu do coronel Firmino de Araújo Aguiar, então residente em Casa Branca, uma gleba à margem direita do ribeirão São Domingos. Sabe-se que a escritura da gleba adquirida por Ferdinando Motta foi lavrada no livro de notas 90, fls. 75, do Segundo Tabelião de Jaboticabal, em 15 de fevereiro de 1908, e registrada sob o número 14389, no livro de transcrição 50, no Registro de Imóveis daquela cidade, em 17 de fevereiro de 1908.

Ao chegar naquela que seria Pindorama, onde tudo ainda era mata virgem, Ferdinando Motta encontrou residindo na então chamada "Fazenda Areia Branca" os irmãos Gonzaga (Francisco, Pedro e José), conhecidos como os “caboclos”, os quais bem podem ser considerados os primeiros habitantes daquela zona rural originária. Provavelmente os irmãos Gonzaga eram descendentes da tribo indígena caingangue, quase que completamente exterminada em 1864, quando tropas do Exército Imperial cruzaram a região com destino à recém-iniciada Guerra do Paraguai e, não se sabe bem o motivo, entraram em confronto com os indígenas locais. Segundo consta, a maioria dos poucos sobreviventes refugiou-se na região da antiga zona da mata paulista, território no qual hoje está situado o município de Tupã.

O loteamento e traçado de Pindorama (nome sugerido por diretores da estrada de ferro, dada a exuberância de palmeiras e macaúbas do lugar), foi feito por um engenheiro da ferrovia, Dr. Karl (Carlos) Lefer, cidadão alemão, vizinho e amigo de Ferdinando Motta em Araraquara, onde residiam. Este loteamento se limitava entre a atual Avenida Antônio Gonçalves e a Rua João Pessoa, e seguia da Rua Mem de Sá até a Rua 14 de Julho.

Foi Thomaz Lainetti, compadre e amigo de Ferdinando Motta, quem, a seu convite, aceitou a incumbência de administração e venda do loteamento planejado. Construindo sua residência (uma casa de pau-a-pique) na atual Avenida Barão do Rio Branco, esquina da Rua 15 de Novembro, Thomaz Lainetti tornou-se o primeiro morador urbano de Pindorama.

Outras famílias, como os Pozzetti e os Rodrigues da Costa, chegaram logo em seguida, na mesma década. Note-se que famílias sírio-libanesas (Attab, Nassar, Chauí, etc), alemãs (Froelich, Wendling, Kessel, etc), austríacas (Magnoler, Fornazari de Verce, Hoff, etc), portuguesas (Esteves de Jesus, Almeida, Martins, etc), italianas (Trida, Busnardo, Colombo, etc) e espanholas (Godas, Guardia, Rueda, etc) foram, no período subsequente (décadas de 20, 30, 40 e 50), responsáveis pelo vertiginoso crescimento populacional e, naturalmente, sócio-econômico da sociedade local.

A construção da estação ferroviária começou em 1909. Acerca disso, o jornal O Estado de S. Paulo (edição de 19 de agosto de 1909) publicou: “Foram aceitas pelo Governo as denominações de Pindorama e Catanduva para as estações dos quilômetros 65,880 e 76,700 do prolongamento de Taquaritinga a São José do Rio Preto”. Foi exatamente às 16 horas do dia primeiro de maio de 1910, um ano depois, que chegou à estação de Pindorama o primeiro comboio de passageiros, inaugurando oficialmente a ferrovia, construída no ínterim. Tal comboio era formado de um carro de primeira classe, dois de segunda classe e um de bagagem. A máquina era a de número 9, o maquinista se chamava Florindo Alves e o foguista Benedito Vieira, tendo como chefe-de-trem Carlos de Oliveira e, como ajudante, seu irmão Alonso de Oliveira.

A via férrea pertenceu à várias empresas. A primeira chamava-se Companhia Araraquara de Estrada de Ferro, depois transformada em Estrada de Ferro São Paulo-Norte, passando mais tarde à Estrada de Ferro Araraquarense, e, durante as décadas seguintes, à Ferrovia Paulista S/A (Fepasa), Ferrovia Bandeirantes S.A, Ferronorte, ALL - América Latina Logística e, atualmente, sua concessão pertence a Rumo Logística.

De povoado a Distrito de Paz[editar | editar código-fonte]

Foi a Lei Estadual 1594, de 29 de dezembro de 1917, que criou o Distrito de Paz de Pindorama, cuja sede foi elevada à categoria de vila, instalada que foi em 23 de março de 1918. O primeiro escrevente e tabelião foi o Dr. Joaquim Augusto Cotrim. O lado de Areia Branca, margem direita do ribeirão São Domingos, pertencia ao município de Ariranha, comarca de Jaboticabal, depois Monte Alto. O lado esquerdo do rio, Pindorama, pertencia ao município de Santa Adélia, comarca de Taquaritinga. Inicialmente, Areia Branca teve como sub-prefeito o capitão Moura e, como fiscal, Manoel Alves Ferreira. Já Pindorama, teve como sub-prefeito Jader Ribeiro do Val e, como fiscal, Miguel Martins, que também foi o primeiro administrador do matadouro municipal.

Criação e emancipação do Município[editar | editar código-fonte]

Indígenas da etnia caingangue.

Em 1920 organizou-se a primeira comissão popular pró-emancipação e criação do município de Pindorama, formada por Thomaz Lainetti, Benedito de Siqueira Cardoso, Manoel Ozório de Oliveira, Antônio Rodrigues Lopes, Jacinto Barroso, Prescivílio Coelho de Oliveira, Dr. Carlos Vieira Lima e José Otaviano da Silva. A comissão contratou como patrono da causa, pelo preço de cinco contos de réis (exorbitante para a época), o Dr. Antônio de Castro, decano dos advogados de Taquaritinga. Mas não obteve êxito.

Em 1925 criou-se outra comissão, liderada pelo coronel Francisco Cezário Maurício de Sousa (conhecido como Chico Mauricio, foi tio-avô do cartunista Mauricio de Sousa, no qual este se inspirou para criar sua personagem Chico Bento). Conseguiu-se então a tão almejada emancipação e criação do município de Pindorama, conforme se verifica pela Lei Estadual 2125, de 31 de dezembro de 1925. A instalação do município ocorreu no dia 21 de março de 1926, sediando-se a prefeitura na Rua 21 de março (atual Rua Augusto Jorge Estevam) número 394, onde atualmente está instalada a sede do Grupo Giménez (Instaluz).

O primeiro prefeito foi José Corrêa dos Santos, sendo seu vice o Dr. José Baptista de Carvalho. Como secretário e contador, inicialmente, José Augusto de Camargo; e como tesoureiro, Carlindo Wendling. A primeira Câmara Municipal, também eleita para 1927, assim se constituiu: presidente – Francisco Cezário Maurício de Sousa; vice-presidente – Euclides Pinto Soares.

Durante as décadas de 20, 30, 40 e 50, foi uma das mais ricas e produtivas zonas cafeicultoras do Brasil, destacando-se especialmente nesta lide as famílias Sá (cuja principal propriedade atualmente sedia o Polo Regional do Centro-Norte - APTA), Godas, Dumont (trata-se da família do Dr. Luiz Dumont, irmão do aviador Santos Dumont), Spinola Dias e Busnardo.

Em 30 de Novembro de 1944, o Distrito de Roberto (conhecido anteriormente como "Vila Robert" e "Robélia"), então pertencente ao Município de Itajobi, passou a integrar o território de Pindorama.

Origem do nome[editar | editar código-fonte]

Zona rural.

Etimologicamente, Pindorama é uma palavra de origem tupi que significa "Terras das Palmeiras" ou "Terra boa para se plantar". Ressalte-se que era o nome dado ao Brasil pelos índios tupis.

Geografia[editar | editar código-fonte]

Possui uma área de 184,8 km².

Demografia[editar | editar código-fonte]

Dados do Censo - 2020[6]

População total: 17.216

Densidade demográfica (hab./km²): 81,37

Dados do Censo - 2020

Mortalidade infantil até 1 ano (por mil): 8,65

Expectativa de vida (anos): 75,64

Taxa de fecundidade (filhos por mulher): 2,11

Taxa de alfabetização: 97,7%

Índice de Desenvolvimento Humano (IDH-M): 0,867

(Fonte: IPEADATA)

Um dos muitos lagos do município.

Hidrografia[editar | editar código-fonte]

  • Ribeirão São Domingos
  • Rio das Onças
  • Rio do Cabral
  • Córrego de São Tomé
  • Córrego de Lorena
  • Córrego do Macaco

Rodovias[editar | editar código-fonte]

Infraestrutura[editar | editar código-fonte]

Comunicações[editar | editar código-fonte]

Telefonia[editar | editar código-fonte]

A cidade era atendida pela Cia. Telefônica Rio Preto, empresa administrada pela Companhia Telefônica Brasileira (CTB), até que em 1973 passou a ser atendida pela Telecomunicações de São Paulo (TELESP), que inaugurou a central telefônica utilizada até os dias atuais. Em 1998 esta empresa foi vendida para a Telefônica, que em 2012 adotou a marca Vivo para suas operações[7][8][9].

Jornais[editar | editar código-fonte]

  • O Democrático

Emissoras de rádio[editar | editar código-fonte]

  • Tropical FM - 104.9 MHZ

Cultura[editar | editar código-fonte]

Literatura[editar | editar código-fonte]

Pindorama é a terra natal de muitos e importantes intelectuais brasileiros, entre os quais destacam-se o escritor Raduan Nassar (ganhador do Prêmio Camões) e a filósofa Marilena Chaui, nacional e internacionalmente reconhecidos em suas áreas de atuação.

O escritor Raduan Nassar, laureado com o Prêmio Camões.

Entre os escritores locais contam-se, ainda, Enio Mainardi, Alexandre Penteado Villar Félix, Iracema Aparecida de Siqueira Canhamero, Bianca Brighenti, Dayher Giménez, Douglas Ribeiro Simões, Eugênio Benito Junior, José Italo Scatena, Luiz Borsatto, Maria da Graça de Almeida, Maria Ivoneti Busnardo Ramadan, Newman Ribeiro Simões, Rosalie Gallo y Sanches, Rosamaria Scatena Siqueira Ferreira e Sylvia Jorge de Almeida Martins[10].

Biblioteca Municipal "Jorge Miguel Attab"[editar | editar código-fonte]

A biblioteca possui um acervo de mais de 50.000 mil livros, incluindo exemplares raros e primeiras edições custodiadas na sala "Yvonne Borsatto". Localiza-se na Avenida Barão do Rio Branco, 223, Centro. Fundada na década de 40, seu nome é uma homenagem ao então prefeito Jorge Miguel Attab, um importante político e mecenas local.

Religião[editar | editar código-fonte]

Igreja Matriz de Santo Antônio, atualmente.

Catolicismo[editar | editar código-fonte]

A matriz católica de Pindorama, erigida em honra de Santo Antônio, é considerada um dos mais belos exemplares do neogótico alemão erigidos em solo brasileiro. Seu altar primitivo oitocentista era, todavia, de feições clássicas e barrocas, doado pela família Ribeiro de Andrada (a mesma do Patriarca da Independência, José Bonifácio de Andrada e Silva) e mandado por esta buscar em Minas Gerais, numa capela sua. Como curiosidade, vale ressaltar que as capelas laterais foram pintadas pelo célebre pintor udinense Francesco Valzacchi e que os antigos carrilhões de bronze foram em parte doados pela então florescente comunidade espanhola local e em parte pelo conde Francisco Matarazzo. Tem hoje como pároco o Padre Monsenhor Edson Morettin.

Outros templos católicos são a Igreja de São Pedro Apóstolo, a Igreja de São João Batista (no Distrito de Roberto) e as capelas de Santa Rita de Cássia e de Santa Edwiges.

Inauguração do templo da igreja Presbiteriana, em 1952.

Protestantismo[editar | editar código-fonte]

A primeira igreja protestante foi a Igreja Presbiteriana do Brasil, fundada em 1928 por ferroviários oriundos das cidades de Campinas e Americana, profundamente marcadas pelo Protestantismo. Seu atual templo, situado na Rua 7 de Setembro, foi construído em 1952. É a única igreja de tradição reformada na cidade.

As demais igrejas estabelecidas, mais de duas décadas após a chegada dos presbiterianos, foram as evangélicas Congregação Cristã no Brasil e Assembleia de Deus. Durante as décadas de 70, 80 e 90 surgiram outras comunidades pentecostais e neopentecostais, como a Igreja do Evangelho Quadrangular e a Igreja Deus é Amor.

Referências

  1. a b c «Censo Populacional 2010 - IBGE» (PDF). IBGE.gov.br. Consultado em 31 de agosto de 2011 
  2. «Ranking decrescente do IDH-M dos municípios do Brasil». Atlas do Desenvolvimento Humano. Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). 2010. Consultado em 17 de agosto de 2021 
  3. a b «Produto Interno Bruto dos Municípios 2005-2009» (PDF). Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Consultado em 29 dez. 2011. Arquivado do original (PDF) em 5 de agosto de 2012 
  4. «Municípios e Distritos do Estado de São Paulo» (PDF). IGC - Instituto Geográfico e Cartográfico 
  5. «Divisão Territorial do Brasil». IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 
  6. cidades.ibge.gov.br https://cidades.ibge.gov.br/brasil/sp/pindorama/panorama. Consultado em 11 de agosto de 2021  Em falta ou vazio |título= (ajuda)
  7. «Relação do patrimônio da Cia. Telefônica Rio Preto incorporado pela Telesp» (PDF). Diário Oficial do Estado de São Paulo 
  8. «Telesp assume controle da Cia. Telefônica Rio Preto e da Empresa Telefônica Paulista». Acervo O Estado de São Paulo 
  9. «Área de atuação da Telesp em São Paulo». Página Oficial da Telesp (arquivada) 
  10. «Lançamento do livro Pindoraminhas». BibliASPA. Consultado em 24 de abril de 2016 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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