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Quarta Internacional: diferenças entre revisões

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Com o tempo, a Internacional se torna ainda mais crítica sobre o papel da sua sessão brasileira no Governo Lula “ Os setores (da esquerda do PT) tentam mobilizar as suas bases para o próximo congresso do partido em Dezembro e planejam participar ativamente na campanha eleitoral de PT em 2006. Mas o preço a pagar para permanecer no PT nestas condições é pesado: apoiar o Governo, compartilhar o mesmo partido que dirigentes acusados de corrupção, ser solidário de uma das políticas neoliberais de maiores conseqüências para a América Latina (...) Reivindicar posições anticapitalistas e apoiar Lula... enquanto haverá uma candidata Heloisa Helena (integrante do PSOL, na época, parte da corrente da nova sessão da Quarta Internacional no Brasil) que defenderá uma série de posições radicais contra o Capitalismo Liberal? Como apoiar Lula contra Heloisa para centenas de militantes da DS?”. Desde 2005, todos as relações com a Internacional foram rompidas pela Democracia Socialista, que não é mais considerada a sessão Brasileira. Uma parte da Democracia Socialista, que se opôs à participação no Governo, romperam e participam do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) e constituiram uma corrente com outros agrupamentos, o [[ENLACE]] Socialista, na qual participam os militantes identificados com a Quarta Internacional.
Com o tempo, a Internacional se torna ainda mais crítica sobre o papel da sua sessão brasileira no Governo Lula “ Os setores (da esquerda do PT) tentam mobilizar as suas bases para o próximo congresso do partido em Dezembro e planejam participar ativamente na campanha eleitoral de PT em 2006. Mas o preço a pagar para permanecer no PT nestas condições é pesado: apoiar o Governo, compartilhar o mesmo partido que dirigentes acusados de corrupção, ser solidário de uma das políticas neoliberais de maiores conseqüências para a América Latina (...) Reivindicar posições anticapitalistas e apoiar Lula... enquanto haverá uma candidata Heloisa Helena (integrante do PSOL, na época, parte da corrente da nova sessão da Quarta Internacional no Brasil) que defenderá uma série de posições radicais contra o Capitalismo Liberal? Como apoiar Lula contra Heloisa para centenas de militantes da DS?”. Desde 2005, todos as relações com a Internacional foram rompidas pela Democracia Socialista, que não é mais considerada a sessão Brasileira. Uma parte da Democracia Socialista, que se opôs à participação no Governo, romperam e participam do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) e constituiram uma corrente com outros agrupamentos, o [[ENLACE]] Socialista, na qual participam os militantes identificados com a Quarta Internacional.

A Liga Estratégia Revolucionária — LER-QI é a sessão brasileira da [[Trotski|Fração Trotskista]] - IV Internacional. A LER-QI, luta pela construção de um [[partido]] revolucionário que seja parte da reconstrução da IV Internacional.


==Sessões da Quarta Internacional==
==Sessões da Quarta Internacional==

Revisão das 19h01min de 13 de novembro de 2008

A Quarta Internacional foi uma organização fundada em 1938, próximo a Paris, tendo como principal militante Leon Trótski, revolucionário russo, organizador do Exército Vermelho e um dos principais dirigentes da Revolução de Outubro. A Quarta Internacional é a herdeira do legado revolucionário de todas as organizações mundiais da classe trabalhadora (a AIT, ou Primeira Internacional, a Internacional Socialista e a Internacional Comunista). Ela é o fio de continuidade do combate de revolucionários como Karl Marx, Friedrich Engels, Rosa Luxemburgo, Gramsci, Kollontai, Vladimir Lênin e León Trótski.

As Internacionais

A fundação da Primeira Internacional foi a primeira tentativa dos setores mais avançados do movimento operário (com a ajuda de Marx e Engels) de dar uma expressão orgânica e ativa ao programa internacionalista da revolução proletária (socialista). A Segunda Internacional (1889), da qual Engels foi um dos fundadores, termina por apoiar os governos dos países imperialistas da Europa votando os créditos de guerra (Primeira Guerra Mundial), e conseqüentemente apoiando a matança dos trabalhadores de cada país por seus irmãos de classe. A Terceira Internacional (1919), formada pelo Partido Bolchevique após a Revolução Russa, posteriormente à vitória de Stalin e de sua política de socialismo em um só país, se transforma em instrumento de política externa da União Soviética termina por entregar o proletariado alemão ao fascismo, ao caracterizar a socialdemocracia como o principal inimigo a ser combatido (socialfascismo), deixando espaço livre para que o fascismo se fortalecesse no país.

Logotipo

Rompendo com a Terceira Internacional em 1938 por entender que os partidos comunistas haviam se tornado organizações burocráticas que trabalhavam unicamente para defender os interesses da casta privilegiada de Moscou e não mais os do proletariado mundial, e em face do que considerava grandes traições dos Partidos Comunistas na década de 1930 (principalmente na França e Espanha, além da Alemanha), Leon Trótski funda a Quarta Internacional, utilizando-se do manifesto apresentado no décimo aniversário da organização comunista norte-americana e congresso de fundação da Quarta Internacional.

Ao defender a formação da Quarta Internacional, Trótski entendia que deveria se manter o modelo organizativo da Terceira Internacional, ou seja, o de um partido mundial da revolução proletária, com seções nos diversos países que não seriam partidos "independentes", mas parte de um todo que teriam a tarefa de atuar sempre no sentido do desenvolvimento da revolução mundial.

Diversas organizações aderem a Quarta e passam a ter como eixos político-programáticos o internacionalismo, o Programa de Transição elaborado por Trótski e a Teoria da Revolução Permanente, de que a revolução proletária é mundial e somente assim poderá ser vitoriosa.

História

O primeiro desafio que a IV Internacional enfrentou foi sobreviver aos terríveis anos da Segunda Guerra Mundial. Sob risco de assassinato pelos stalinistas e fascistas, as pequenas sessões da IV internacional, sem possibilidade de se comunicarem, necessitavam formular táticas adequadas para uma complexa guerra imperialista, que entrelaçava 5 formas de guerra : 1 - guerra das novas e antigas nações imperialistas (Inglaterra, França, Alemanha, Itália, Estados Unidos); 2 - guerra de defesa de um estado saído da revolução (URSS); 3 – guerra de resistência (França e Iugoslávia); 4 – guerras antiimperialistas (China e India) e 5 – guerras civis (Grécia, Itália e Iugoslávia).

A vanguarda revolucionária da IV Internacional que sobrevive à guerra passa a debater de forma calorosa sobre o caráter da URSS, que sai fortalecida deste processo com a expansão de suas relações de produção para os países do Leste Europeu e Iugoslávia. Em 1948, Tony Cliff e o SWP Britânico abandonam a IV Internacional por considerarem a URSS como “Capitalismo de Estado”. Outros militantes abandonariam também a IV por não concordarem com a caracterização de “Estado Operário Burocratizado”, como Castoriadis, setores do SWP Americano e a própria Natália Sedova, viúva de Trótski.

Ao buscar uma tática apropriada para aquele período, a Quarta Internacional sofre uma crise ainda maior em 1953, No Congresso de 1951, a maioria dos delegados aprovou a proposta defendida por um de seus principais dirigentes, Michel Pablo, segundo a qual as sessões da IV Internacional deveriam realizar entrismo nos partidos Comunistas, Social-democratas e Nacionalistas-antiimperialistas. Essa tática, que ficou conhecida como Entrismo sui generis foi defendida como uma forma de aproximar as sessões da IV, ao movimento real de massas, além de um prognóstico de que os chamados Estados Operários burocratizados (URSS e Leste Europeu, etc) e o stalinismo, iriam "inevitávelmente" à uma guerra contra o imperialismo norte-americano, retomando assim o caráter revolucionário que haviam perdido à partir da política do "socialismo em um só país".

Em 1953, um número considerável de dirigentes (como James Patrick Cannon, Pierre Lambert e Moreno) abandonam a Internacional, apoiados pela maioria das sessões australianas, inglesas, chinesas, francesas (PCI), neo-zelandesas, suiças, americanas (SWP) e argentina (PST, que depois se tornaria o Movimiento al Socialismo - MAS). Formam então o Comitê Internacional da Quarta Internacional (CI).

A maioria da IV Internacional mantém o Secretariado Internacional (SI), enquanto instância de direção da Internacional.

A reunificação

Durante os dez anos seguintes, a maioria dos dois setores desenvolveram posições semelhantes para os principais problemas internacionais: oposição ao Stalinismo durante as crises de 1956 na Polônia e Hungria, o apoio à Guerra de Independência Argelina e a Revolução Cubana de 1959. Ao mesmo tempo, partes do Secretariado Internacional (SI) rejeitaram a orientação de Pablo sobre os Partidos Comunistas. Em 1960, sessões da CI-QI e SI-QI se reunificam no Chile, India e Japão. Em 1962, a convergência Política entre as maiorias dos dois setores era suficientemente forte para que o SI-QI e CI-QI estabelecessem um Comitê Paritário para preparar um Congresso Mundial conjunto. Esse congresso almejava a reunificação da Quarta Internacional.

No entanto, alguns grupos dos dois setores não apoiaram a movimentação em direção a reunificação. No processo do Congresso de 1961 os apoiadores do argentino Juan Posadas, a liderança do Secretariado Latino Americano, entraram em desacordo com os apoiadores de Michel Pablo sobre a ênfase da Revolução anticolonial: a maioria do SI-QI enfatizava o desenvolvimento das atividades na Europa. Além de Posadas e Pablo desenvolveram diferentes reações nas disputas no Stalinismo: Posadas tendeu para o lado de Mao, enquanto Pablo se aproximava de Khrushchev e Tito.

Um processo semelhante ocorreu no CI-QI. Em 1961 se dividiu politicamente, o Partido Comunista Internacionalista (PCI) na França e a Social Labour League (SLL) na Inglaterra argumentaram que um Estado Operário não havia sido criado em Cuba, o que os colocava em oposição ao SWP Americano e outras organizações no CI-QI. Em 1963, a divisão era também organizativa. Cada lado realizou um congresso que se reivindicou ser a maioria do CI-QI. Por um lado, as sessões Australianas, Chinesas e Neo Zelandezas (incluindo Nahuel Moreno) participaram do Congresso com o SWP e aprovaram a participação no Congresso de Reunificação. Por outro lado, O PCI de Pierre Lambert e o SLL de Gerry Healy convocaram uma “Conferencia Internacional dos Trotskistas” para continuarem o trabalho do CI-QI sob sua própria liderança.

Sétimo Congresso Mundial: a reunificação

Em junho de 1963, o Congresso de Reunificação (Sétimo) em Roma, congregou a ampla maioria das fileiras Trotskistas. Dentre os grupos do CI-QI e SI-QI, somente o PCI, SLL e os seguidores de Posadas se recusaram a participar. O Congresso elegeu uma nova liderança que incluiu Ernest Mandel, Pierre Frank, Livio Maitan e Joseph Hansen.

Este também adotou uma resolução estratégica elaborada por Mandel e Hansen, “Dinâmicas da Revolução Permanente Hoje”, que se tornou o documento de referência para o Secretariado Unificado durante as décadas seguintes. Este argumentava que “as três formas da Revolução Mundial”: a Revolução anticolonial, a Revolução política nos Estados Operários Burocratizados e a Revolução proletrária nos países capitalistas, formavam uma unidade dialética. Cada forma influencia as outras e recebe, por outro lado, poderosos incentivos ou freios ao seu próprio desenvolvimento. Refletindo sobre a Revolução Cubana, que se produziu sem um partido revolucionário, se concluiu que “a fraqueza do inimigo em países atrasados abriu a possibilidade de chegar ao poder com um exército autônomo às massas”. Esta visão foi reforçada no ano seguinte, na resolução do Secretariado Unificado “O Caráter do Governo Argelino” elaborada por Joseph Hansen.

O Congresso de Reunificação também adotou uma resolução sobre “O Conflito Chinês-Soviético e a situação na URSS e nos demais Estados Operários”. A resolução apontou o declínio da autoridade do Kremlim tanto no interior dos Partidos Comunistas como entre o movimento antiimperialista, como os de Cuba e Argélia. Este caracterizou a “desestalinização” como uma liberalização defensiva da Burocracia. A divisão Chinesa-Soviética era vista como reflexo “das diferentes necessidades das burocracias chefiadas por duas lideranças. (...). A busca de acordo, e acima de tudo um acordo global, com o Imperialismo entra em contradição com a busca dos dirigentes Chineses por mais ajuda e melhores defesas contra a forte pressão do imperialismo.” A Tendência de Pablo havia construido uma conclusão mais otimista dos impactos da “desestalinização”. Esta apresentou uma contra-resolução, mas recebeu apenas o apoio de uma pequena minoria. Esta rompe publicamente com a internacional um ano mais tarde, seguida por Pablo.

Após 1963

Uma nova saída se registrou em 1964, quando a única organização de massas na Internacional, o Lanka Sama Samaja Party do Ceilão, foi expulso após aderir a um governo de coalização naquele país. Em 1960, o SI-QI já havia criticado fortemente a tática parlamentarista do LSSP, que por sua vez não participou do Congresso de 1961, porém se fazendo representar no Congresso de 1963 por Edmund Samarakkody.

Oitavo Congresso Mundial: enfase antiimperialista

No Oitavo Congresso Mundial, realizado em Dezembro de 1965 na Montanha Taunus na Alemnhã, Samarakkody foi delegado novamente por uma nova sessão no Ceilão, o LSSP (R), formado por uma tendência “ortodoxa” no LSSP. Sessenta delegados compareceram ao Congresso, que apontou um crescimento na radicalização dos estudantes e da juventude. A principal resolução “A Situação Internacional e as Tarefas dos Marxistas Revolucionários” enfatizou a solidariedade de suas sessões com os embates antiimperialistas, como no do Vietnã, e a intervenção na radicalização da juventude e na crise no Comunismo internacional. Outras resoluções importantes foram adotadas sobre a “Africa”, “Europa Oriental” e aprofundou o debate sobre a “ruptura Soviético-Chinesa”. Este Congresso reconheceu dois grupos simpatizantes na Inglaterra. Um deles, a Revolutionary Socialist League, opôs-se ao que ele considerou uma forma acrítica de apoio da Internacional com os movimentos de libertação anticolonial. E considerou como antidemocrática a decisão da International dar reconhecimento oficial a um segundo grupo, considerado rival. Logo após deixou a Internacional, fazendo com que o “International Group” se tornasse a seção britânica.

Nono Congresso Mundial: solidariedade com Vietnã

A Internacional cresceu substancialmente nos anos 60, assim como a maioria dos grupos de esquerda. O Nono Congresso Mundial realizado em abril de 1969 na Itália reuniu cem delegados e observadores de 30 países, incluindo novas sessões na Irlanda, Luxemburgo e Suécia e outras reconstruídas na França, México, Espanha e Suiça. O Congresso adotou uma resolução principal sobre a profunda “radicalização da juventude”. Ao longo dos anos seguintes, suas sessões continuaram a crescer principalmente por meio da campanhaa de oposição à Guerra do Vietnã, assim como da radicalização dos estudantes e da juventude.

De 1969 a 1976, A Internacional é sacudida por um debate caloroso sobre a importância das “guerrilhas” na América Latina e demais continentes. Em 1969, o Congresso adotou uma posição favorável às táticas de guerrilhas em casos precisos, apesar da oposição de um dos dirigentes da Internacional, o Chinês Peng Shuzi e de seu texto “Retorno ao Trotskismo”.

Décimo Congresso Mundial: a guerrilha

Em fevereiro de 1974, os votos no Décimo Congresso Mundial foram muito divididos (45/55) sobre a questão da luta armada, com uma grande oposição minoritária à utilização generalizada das guerrilhas na América Latina. De fato a “Tendência leninista Trotskista” (sustentada principalmente pelo SWP Americano e várias outras sessões) teve êxito no convencimento de uma parte da Internacional de que a orientação do congresso anterior, favorável às táticas de guerrilha, foi um erro.

Este Congresso de 1974 registrou também um aumento considerável de seus participantes, com organizações vindas de 41 países. Segundo Pierre Frank, “aproximadamente 250 delegados de 41 países diferentes participaram (no Congresso), representando 48 sessões da Internacional e de organizações simpatizantes. Comparado ao Congresso anterior, a força numérica da Quarta Internacional foi déz vezes superior” No período do Décimo-primeiro Congresso, um novo nível de unidade parecia ter se desenvolvido na Internacional.

Décimo Primeiro Congresso Mundial: fim do sectarismo

Realiza-se em novembro de 1979 e reunie 200 delegados de 48 Países. O Décimo Primeiro Congresso Mundial reflete o ascenso revolucionário mundial em declive nos ultimos anos. Nenhuma nova sessão é reconhecida mas se registrou um nítido aumento dos efetivos na Espanha, México, Colômbia e França. Várias resoluções sobre a situação mundial são adotadas majoritariamente: “A América Latina”, “A situação das mulheres” e “Europa Oriental”. O Congresso Mundial orienta que suas sessões deveriam operar um “giro operário”, e inicia uma discussão sobre o lugar do pluralismo nas “Democracias Populares” da Europa Oriental que continuará até 1985. Convida-se o “Worker Socialiste League” da Inglaterra para contribuir no Congresso, uma relação que começa e se efetiva em 1987 com a entrada do “International Socialist Group” (sucessor do WSP) na Internacional.

O Debate mais controverso no Congresso tratou da revolução na Nicarágua. Dois pontos de vistas são construídos, mas no final A Internacional no seu conjunto declara apoio a “Frente Sandinista de Libertação Nacional” (FSLN) e a defesa da construção de uma sessão no interior do FSLN. Somente um pequeno grupo liderado por Nahuel Moreno (cujos desacordos já eram profundos há vários anos) deixará a Internacional para uma breve unificação com a Organização dirigida por Pierre Lambert.

Décimo Segundo Congresso Mundial: SWP rompe com o trotskismo

Em maio de 1982, a Quarta Internacional inicia um debate importante em vista do Décimo Segundo Congresso Mundial. De fato, o período anterior ao Congresso coincide com uma crise profunda no SWP Americano. Os dirigentes do SWP desenvolveram um desacordo profundo com a Internacional e se retiraram progressivamente de sua direção. Em 1982 o Bureau Político do SWP rejeita a teoria da “revolução permanente” um elemento central das teorias Trotskistas. O Partido tenderá a se aproximar cada vez mais do “castrismo” (apoio incondicional à Cuba e às táticas guerrilheiras). As mudanças no SWP Americano serão uma discussão central do Congresso. Eles sairão oficialmente da Internacional em 1990 seguido pelo SWP Australiano, cujas razões da saída eram identicas. Após a retirada do SWP Americano, a Internacional foi incentivada a publicar a Revista Marxista Internacional (RMI) em 1982 e o Imprecor em 1983 (RMI será fundida com o Imprecor em 1995). A Internacional deu suporte à criação do “Instituto Internacional de Pesquisa e Formação” (IRRF), ativo até os dias de hoje. Mais de 200 delegados e observadores participaram no Décimo Segundo Congresso Mundial em janeiro de 1985. As principais resoluções foram adotas por uma maioria expressiva dos delegados. Novas sessões foram reconhecidas no Brasil (Democracia Socialista), no Uruguai, no Equador, no Senegal e na Islândia, assim como um grande número de sessões simpatizantes, aumentando o numero de países integrantes da Internacional para 50. Uma resolução importante é adotada sobre “A Ditadura do Proletariado e a Democracia Socialista”, sistematizando uma discussão do Congresso Mundial de 1979.

Décimo Terceiro Congresso Mundial: a nova ordem mundial

O Décimo Terceiro Congresso mundial, em fevereiro de 1991, foi um dos mais ambiciosos, impulsionado pelos eventos recentes que mudaram a correlação de forças a nível mundial. Suas resoluções abordam a “Nova Ordem Mundial”, a integração do Bloco Oriental à economia capitalista, o feminismo e a crise da esquerda latino-americana. As resoluções apontam para um retrocesso na luta anticapitalista, levando em consideração as derrotas na América Central, a contra-revolução no Bloco Oriental e no enfraquecimento do movimento operário. O Congresso rejeita maciçamente uma contra-resolução proposta pela tendência sustentada por militantes do “International Socialist Group” (Inglaterra) e da Liga Comunista Revolucionária (França). Segundo esta Tendência, a crise do Imperialismo iria se acelerar nos anos seguintes.

Um debate se desenvolveu sobre uma resolução: “Ecologia e Revolução Socialista”, provisóriamente adotada para ser definitivamente ratificada no Décimo Quarto Congresso. Foi aprovado também linhas gerais de um manifesto programático, intitulado “Socialismo ou Barbárie no seio no limiar do Século XXI”, que será aprofundado em janeiro de 1992 quando do encontro do Comitê Executivo Internacional. Ao final, uma nova sessão foi reconhecida no Sri Lanka, o Nava Sama Samaja Pakshaya, aumentando assim notadamente os efetivos da Internacional.

Décimo Quarto Congresso Mundial: reagrupamento

De forma global, o período depois de 1991 foi muito desfavorável aos marxistas. O Décimo Quarto Congresso Mundial de junho de 1995, realizado em Rimini na Itália, tratou essencialmente da queda definitiva da URSS e do realinhamento dos partidos comunistas e do movimento internacional dos trabalhadores. O Congresso foi acompanhado por 150 participantes de 34 países: delegados de outros nove países não puderam comparecer. As resoluções mais importantes são apoiadas por 5/6 dos delegados presentes. As resoluções enfatizam a falência da social-democracia e as oportunidades de reagrupamentos políticos. Uma tendência minoritária se forma no congresso pelo “International Socialist Group” (Inglaterra) e Socialist Action (Estados Unidos), que defende a construção das sessões da Quarta Internacional para além destes reagrupamentos.

As resoluções do Congresso adotam uma política que incentiva um realinhamento e reorganização da esquerda, que incorporasse assim outros partidos que alegam estar inseridos na luta de classe, como o “Partido da Refundação Comunista” na Itália, “Esquerda Unida” na Bélgica, “Partido Africano pela Democracia e o Socialismo” no Senegal e o Partido dos Trabalhadores no Brasil, que enviaram todos representantes para o Congresso da Internacional. Este Congresso foi também o momento de uma reunificação, sobretudo simbólica, entre a pequena tendência de Michel Pablo e a Internacional que eles haviam deixado em 1964 (a tendência) e em 1965 (Pablo). Michel Pablo e Ernest Mandel, ambos morreram pouco tempo depois.

IV Internacional Lambertista de 1993

Em 1993, depois de 50 anos de afastamento da IV Internacional, o Grupo liderado por Daniel Gluckstein e Pierre Lambert decidem reploclamar a IV Internacional. Em 1987 este grupo havia passado por sua maior crise com a saída de importantes setores no Brasil (Sua segunda maior sessão). É neste período que Palloci e Gushikem abandonam o Trabalho (tendência Interna do PT) e Favre a organização internacional. No entanto, apenas uma pequena parcela dos agrupamentos trotskistas do mundo reconhecem essa "Quarta Internacional".

Décimo Quinto Congresso Mundial: transformação

Em fevereiro de 2003, quando o Décimo Quinto Congresso Mundial foi realizado na Bélgica, uma transformação substancial havia ocorrido numa parte da Internacional. Em muitos Países, sessões da Internacional tinham se reorganizado enquanto tendências de Partidos mais amplos, equanto a Internacional tinha estabelecido relações amigáveis com um conjunto de outras tendências internacionais. As resoluções do Congresso foram debatidas por mais de 200 participantes incluindo delegações das sessões, de grupos simpatizantes e observadores permanentes da Alemanha, Argentina, Áustria, Austrália, Bélgica, Brasil, Canadá (anglófono e francófono), Dinamarca, Equador, Espanha, França, Grécia, Países Baixos, Hong Kong, índia, Inglaterra, Itália, Irlanda, Filipinas, Japão, Libano, Luxemburgo, Martinica, Marrocos, México, Noruega, Pais Basco, Polônia, Portugal, Porto Rico, Sri Lanka, Suíça, Suécia, Uruguai e Estados Unidos.

O Décimo Quinto Congresso adotou novos estatutos que transferiram os poderes do Secretariado Unificado para duas novas instâncias da Quarta Internacional: um Comitê Internacional (CI), que se encontra duas vezes por anos e um Bureau Executivo como centro ativo de coordenação.

Décimo Sexto Congresso Mundial: preparação para 2010

A Internacional iniciou em março de 2008 a preparação do seu Décimo Sexto Congresso Mundial. O Congresso propriamente dito será realizado em 2010. Apesar de alguns pontos ja terem sido fixados, assuntos adicionais podem ser acrescidos na Agenda do Congresso nos debates do Comitê Internacional:

  • A situação política mundial. De acordo com a Internacional, o desenvolvimento de resistências contra o neoliberalismo, e portanto de uma das formas que o capitalismo se apresenta, sugerem novas tarefas para os revolucionários.
  • A construção de partidos anticapitalistas amplos. As sessões da Quarta Internacional têm diferentes experiências desta tática.
  • A mudança climática e o movimento ecológico. A campanha sobre as mudanças climáticas é uma das prioridades da Internacional e provoca ainda debates construtivos em seu seio. Notadamente sobre as novas formas de poluição, os interesses econômicos que estão em jogo, as soluções possíveis e a abordagem dos ecologistas não revolucionários.
  • e Estratégia revolucionária na América Latina. A situação no Brasil e na Venezuela mais particularmente.

A IV internacional nos dias atuais

Hoje, a Internacional é considerada pela maioria dos outros grupos trotskistas como o maior e mais desenvolvido dos grupos trotskistas internacionais, com sessões e grupos simpatizantes em mais de 60 países. Apesar de outros grupos internacionais de trotskistas existirem, nenhuma reivindica ser maior que a Quarta Internacional Reunificada. Desde o Congresso de 1995, a Internacional continua a se abrir a participação de outras correntes. Em 2004, por exemplo, Democratic Socialist Perspective da Australia, International Socialist Movemente da Escócia e International Socialist Organization dos Estados Unidos participaram das reuniões do Comitê Internacional. A Internacional organizou também um encontro Internacional dos Partidos Radicais no quarto Forum Social Mundial. O Congreso é a instância superior da Internacional. Mas os debates, comunicados e as decisões não se limitam aos Congressos Mundiais. Através de diferentes jornais, principalmente Inprecor (revista em francês da Quarta Internacional), International Viewpoint (versão inglesa da Inprecor) e La Gouche, e suas instâncias como o Comitê Internacional e o Bureau Executivo, a Internacional apresenta suas análises sobre a Conjuntura mundial e nacional, aconselha orientações políticas para suas sessões, dialoga com elas e as ajuda de diversas maneiras quando é necessário (materialmente, financeiramente, intercâmbio com militantes experiêntes), demonstrando assim sua capacidade de intervenção na realidade.

Além disso, há 20 anos é realizado anualmente o Encontro Internacional de Jovens que é o acampamento de verão da Juventude da Quarta Internacional. Ele reune centenas de jovens de dezenas de países (do continente europeu, mas também asiático, americano e africano) em um acampamento para uma semana de debates, troca de experiências, reencontros e decisões em um ambiente festivo. Ele se realiza habitualmente no sul da Europa e ocorre no fim de julho. Os jovens da Internacinal, em que dentre outros, os Jovens Comunistas Revolucionários (Organização de Juventude da Liga Comunista Revolucionária), ficam encarregados de organizar o Acampamento sob o princípio da Autogestão. Estes organizaram os campos de 2005 e 2007 que aconteceram perto de Agen, no Sul da França. O próximo deverá provavelmente desenrolar-se no norte do Estado espanhol.

A IV no Brasil

Na história recente do trotskismo no Brasil, em 1985, a IV Internacional reconheceu a Democracia Socialista (Corrente Interna do PT) como sua sessão Brasileira. Ao longo dos anos, a DS se tornou uma das principais sessões da Quarta Internacional, principalmente na política de participação em partidos mais amplos.

Em 2002, a Internacional tinha fortes dúvidas da participação de um dirigente brasileiro no Governo de Lula, explicada em seguida: “existia avaliações diversas, no interior da Internacional, assim como entre vocês. Mas uma vez que a Democracia Socialista tomou a decisão de participar, sem mascarar nossas dúvidas e reservas, respeitamos a sua escolha e procuramos contribuir ao invés de por empecílhos. Assim, esforçamo-nos em convencer aos camaradas de nossas próprias sessões que a questão de participar num governo, deveria estar subordinada à orientação geral de um governo. Infelizmente, não havia suspense nesta orientação. Durou até a nomeação de Meirelles e Palocci e as primeiras medidas anunciaram muito depressa a cor deste governo.”[1]

Com o tempo, a Internacional se torna ainda mais crítica sobre o papel da sua sessão brasileira no Governo Lula “ Os setores (da esquerda do PT) tentam mobilizar as suas bases para o próximo congresso do partido em Dezembro e planejam participar ativamente na campanha eleitoral de PT em 2006. Mas o preço a pagar para permanecer no PT nestas condições é pesado: apoiar o Governo, compartilhar o mesmo partido que dirigentes acusados de corrupção, ser solidário de uma das políticas neoliberais de maiores conseqüências para a América Latina (...) Reivindicar posições anticapitalistas e apoiar Lula... enquanto haverá uma candidata Heloisa Helena (integrante do PSOL, na época, parte da corrente da nova sessão da Quarta Internacional no Brasil) que defenderá uma série de posições radicais contra o Capitalismo Liberal? Como apoiar Lula contra Heloisa para centenas de militantes da DS?”. Desde 2005, todos as relações com a Internacional foram rompidas pela Democracia Socialista, que não é mais considerada a sessão Brasileira. Uma parte da Democracia Socialista, que se opôs à participação no Governo, romperam e participam do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) e constituiram uma corrente com outros agrupamentos, o ENLACE Socialista, na qual participam os militantes identificados com a Quarta Internacional.

Sessões da Quarta Internacional

  • Alemanha - Internationale Sozialistische Linke
  • Alemanha - Revolutionär Sozialistischer Bund
  • Antilhas - Groupe Révolution Socialiste
  • Austria - Sozialistische Alternative
  • Bélgica - Ligue communiste révolutionnaire / Socialistische Arbeiderspartij Partij
  • Brasil – Coletivo IV ENLACE Socialista
  • Canada - Fourth International Caucus of the NSG
  • Canada - Socialist Action
  • Chile - Tendencia Socialista Revolucionaria
  • Colombia - Presentes por el Socialismo
  • Dinamarca - Socialistisk Arbejderparti
  • Egito - Section of the Fourth International
  • Equador - Corriente Democracia Socialista
  • Equador - Democracia Socialista - Nuevo Proceso
  • Estado Espanhol - Espacio Alternativo
    • Espai Alternatiu - Valencia
    • Espacio Revolucionario Andaluz
    • Espacio Alternativo de Burgos
    • Ezker Alternatiboa - Euzkadi
    • Espacio Alternativo Madrid
    • Revolta Global - Catalogne
  • Estados Unidos - Socialist Action
  • Filipinas - Rebolusyonaryong Partido ng Manggagawa - Mindanao
  • França - Ligue Communiste Révolutionnaire
  • Grécia - Organosi Kommouniston Diethniston Elladas - Spartakos
  • Países Baixos - Socialistische Alternatieve Politiek
  • Reino Unido - International Socialist Group
  • India - Inquilabi Communist Sangathan
  • Irlanda - Socialist Democracy
  • Itália - Sinistra critica
  • Libano - Tajammu' al-Shuyu'i al-Thawri / Grupo Comunista Revolucionário
  • Luxemburgo - Revolutionär Sozialistesch Partei / Partido Socialista Revolucionário
  • Marrocos - Al-Mounadhil
  • Noroega - Forbundet Internasjonalen i Norge
  • Paraguai - Partido Convergencia Popular Socialista
  • Polônia - Nurt Lewicy Rewolucyjnej, NLR
  • Portugal - Bloco de Esquerda - Associação Política Socialista Revolucionária
  • Porto Rico - Taller de Formación Política
  • Québec - Gauche Socialiste
  • Siria - Antiglobalization Activists in Syria
  • Sri Lanka - Nava Sama Samaja Pakshaya
  • Senegal - And-Jëf/Parti africain pour la démocratie et le socialisme (AJ/PADS)
  • Suécia - Socialistiska Partiet
  • Tunisia - Organisation communiste révolutionnaire
  • Turquia - Yeni Yol

Outros grupos internacionais

Embora muitos dos grupos que tem sua origem relacionada a IV Internacional tenham desaparecido ou mesmo renegado o seu passado (como o SWP norte americano), ainda hoje existem diversas organizações vinculadas à diferentes correntes que reivindicam a IV Internacional ou têm como objetivo reconstruí-la enquanto partido mundial da revolução proletária.

A LIT-QI, ou Liga Internacional dos Trabalhadores - Quarta Internacional, que teve origem na antiga seção argentina da IV internacional dirigida por Nahuel Moreno (o PST posteriormente MAS hoje chamado FOS) e outros grupos de quase todos os continentes, em especial na América Latina e Europa. Ela é representada no Brasil pelo PSTU - Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado e em Portugal pela Frente de Esquerda Revolucionária - Ruptura/FER.

A FT, ou Fração Trotskista, conformada pela LER-QI (Liga Estratégia Revolucionária) do Brasil, também tem sua origem no antigo MAS argentino.

O grupo ligado aos dirigentes franceses Pierre Lambert e Daniel Gluckstein (agrupamento que seguiu a tragetória do Partido Comunista Internacionalista - PCI, atualmente Corrente Comunista Internacionalista - CCI do Partido dos Trabalhadores da França), em 1993, decide reproclamar a Quarta Internacional. Hoje este agrupamento tem seções em diveros países. No Brasil, a seção da Quarta Internacional Reproclamada atua no interior do PT e edita o jornal O Trabalho. Em Portugal é o POUS. Embora esta corrente se considere a "verdadeira Quarta", ela não é reconhecida com tal pelos outros agrupamentos que se reivindicam trotsquistas. Este grupo também participa do chamado Acordo Internacional dos Trabalhadores e dos Povos.

Além destes, existem inúmeros outros agrupamentos e correntes internacionais que se consideram parte da reconstrução da IV internacional (ou a própria), entre elas:

Ver também


Ligações externas