Nikolai Vavilov: diferenças entre revisões

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|premio =*Membro da [[Royal Society]]<ref name="frs">{{Citar periódico|sobrenome= Harland |nome= S. C. | doi = 10.1098/rsbm.1954.0017 | título= Nicolai Ivanovitch Vavilov. 1885-1942 | periódico= [[Obituary Notices of Fellows of the Royal Society]] | volume = 9 | número= 1 | páginas= 259–264| ano= 1954 | jstor = 769210 }}</ref>
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'''Nikolai Ivanovich Vavilov''', em [[língua russa|russo]] Николай Иванович Вавилов ([[Moscou]], [[25 de novembro]]<sup>([[calendário juliano]])</sup>/[[13 de novembro]]<sup>([[mudança para o calendário gregoriano]])</sup> de [[1887]] — [[Saratov]], [[URSS]], [[26 de janeiro]] de [[1943]]), foi um [[botânico]] e [[genética|geneticista]] [[rússia|russo]].
'''Nikolai Ivanovich Vavilov''', em [[língua russa|russo]] Николай Иванович Вавилов ([[Moscou]], [[25 de novembro]]<sup>([[calendário juliano]])</sup>/[[13 de novembro]]<sup>([[mudança para o calendário gregoriano]])</sup> de [[1887]] — [[Saratov]], [[26 de janeiro]] de [[1943]]), foi um proeminente [[botânico]], [[agrônomo]] e [[genética|geneticista]] [[Rússia|russo]]. É conhecido por ter identificado os [[Centros Vavilov|centros de diversidade]] de plantas cultivadas.<ref>{{Citar periódico| last1 = Crow | first1 = J. F. | título= Plant breeding giants. Burbank, the artist; Vavilov, the scientist | periódico= Genetics | volume = 158 | número= 4 | páginas= 1391–1395 | ano= 2001 | pmid = 11514434 | pmc = 1461760}}</ref>


Dedicou sua vida ao estudo e melhoramentodo trigo, milho e outros grãos essenciais para a alimentação da população.<ref>{{Citar periódico| sobrenome= Shumnyĭ | nome= V. K. | título= Two brilliant generalizations of Nikolai Ivanovich Vavilov (for the 120th anniversary) | periódico= Genetika | volume = 43 | número= 11 | páginas= 1447–1453 | ano= 2007 | pmid = 18186182}}</ref> Seu trabalho foi bastante criticado por [[Trofim Lysenko]], cujas ideias anti-mendelianas sobre a biologia das plantas ganharam a simpatia de [[Joseph Stalin]]. Como resultado, Vavilov acabou preso e sentenciado à morte em julho de 1941. Sua sentença foi revertida para uma pena de 20 anos, mas ele acabou morrendo de fome na prisão em 1943.<ref>{{Citar periódico| last1 = Zakharov | first1 = I. A. | título= Nikolai I Vavilov (1887–1943) | doi = 10.1007/BF02703666 | periódico= Journal of Biosciences | volume = 30 | número= 3 | páginas= 299–301 | ano= 2005 | pmid = 16052067}}</ref><ref>{{Citar periódico| last1 = Crow | first1 = J. F. | título= N. I. Vavilov, martyr to genetic truth | periódico= Genetics | volume = 134 | número= 1 | páginas= 1–4 | ano= 1993 | pmid = 8514123 | pmc = 1205417}}</ref><ref>{{Citar periódico| last1 = Cohen | first1 = B. M. | doi = 10.1007/BF02860048 | título= Nikolai Ivanovich Vavilov: The explorer and plant collector a | periódico= Economic Botany | volume = 45 | páginas= 38–46 | ano= 1991 }}</ref>
== Biografia ==
=== Carreira científica ===
Nikolai nasceu em Moscovo e em sua vida, realizou numerosos aportes teóricos e práticos sobre o conhecimento da distribuição geográfica, a origem e dispersão das [[planta]]s. Na primeira metade do [[século XX]], Vavilov viajou durante mais de vinte anos pelos cinco continentes colhendo [[semente]]s de plantas agrícolas, tais como [[milho]] [[silvestre]] e cultivado, [[batata]], grãos, [[forragem]], [[fruta]]s e todo tipo de vegetais. Ao mesmo tempo, recompilava dados sobre os lugares que visitava e sobre os [[idioma]]s e [[cultura]]s de seus habitantes. Sua coleção de sementes chegou a ser a maior do mundo, com aproximadamente 200 mil [[espécie]]s que foram armazenadas e semeadas em mais de 100 estações experimentais na então [[União Soviética]].


==Biografia==
=== Expedições e descobertas ===
Vavilov nasceu em Moscou em [[25 de novembro]] de 1887 pelo [[calendário juliano]] (13 de novembro pelo [[calendário gregoriano]]). Era filho de Aleksandra Mikhailovna e Ivan Ilich Vavilov. Sua família era de comerciantes, vinda de uma vila faminta e muito pobre, que vivia racionando os alimentos aos seus habitantes. Vendo a situação dos camponeses, Vavilov ficou obcecado em buscar um meio de acabar com a fome generalizada não apenas na Rússia como no mundo. Seu irmão era o físico [[Sergey Ivanovich Vavilov]].<ref name="siebert">{{citar periódico |sobrenome=Siebert |nome=Charles |título=Food Ark |periódico=National Geographic |volume =220 |número =1| data= julho de 2011|páginas=122–126}}</ref>
Sua primeira expedição, em [[1919]], levou-o à [[Pérsia]] e depois às montanhas da [[Ásia Central]], onde voltaria anos depois em três oportunidades. Em [[1921]] visitou os [[Estados Unidos]]. [[Afeganistão]], [[Nuristão]], o [[litoral]] do [[mar Mediterrâneo]], [[Oriente Médio]] - incluindo [[Síria (região)|Síria]] e [[Palestina (região)|Palestina]] - e o nordeste de [[África]] foram outros dos lugares visitados pelo [[cientista]]. Depois foi a vez da [[China]], [[Japão]] e [[Coreia]]. Entre [[1930]] e [[1931]] voltou aos Estados Unidos, onde recolheu espécies nos estados da [[Flórida]] e [[Texas]] e em algumas [[Reserva indígena|reservas indígenas]]. Nessa mesma viagem atravessou para o [[México]] e daí para a [[Guatemala]]. Sua última expedição a realizou entre [[1932]] e [[1933]], visitando [[El Salvador]], [[Costa Rica]], [[Honduras]], [[Panamá]], [[Peru]], [[Bolívia]], [[Chile]], [[Argentina]], [[Uruguai]], [[Brasil]], [[Trinidad]] e [[Cuba]].


Formou-se no Instituto Agrícola de Moscou em 1910 e nos dois anos seguintes trabalhou para o departamento de botânica aplicada e no departamento de micologia e fitopatologia. Entre 1913 e 1914, viajou pela [[Europa]] estudando a imunidade das plantas em colaboração com o biólogo britânico [[William Bateson]], com quem estabeleceu a ciência da genética.<ref name=brit>{{Citar web |url=https://www.britannica.com/biography/Nikolay-Ivanovich-Vavilov |título=Nikolay Ivanovich Vavilov |publicado=Encyclopaedia Britannica |acessadoem=9 de agosto de 2020}}</ref> Foi professor na faculdade de agronomia da Universidade de Saratov. Casou-se com Yekaterina Sakharova com quem teve um filho, Oleg, nascido em 1918.<ref name="pringle">{{Citar livro |nome=Peter |sobrenome=Pringle |título=The Murder of Nikolai Vavilov: The Story of Stalin's Persecution of One of the Great Scientists of the Twentieth Century |local=Nova York|editora=Simon and Schuster |ano=2008|página=137|isbn=978-0-7432-6498-3}}</ref>
Nas suas viagens, Vavilov registrou que a [[biodiversidade]] agrícola estava repartida de maneira desigual: enquanto em alguns lugares sobravam plantas, outros pouco ou nada tinham para oferecer. Também registrou que os lugares com mais biodiversidade agrícola contam com diferentes [[topografia]]s, tipos de [[solo]] e [[clima]] e que tendem a estar rodeados de [[ Cadeia montanhosa|cadeias de montanhas]], que evitam as invasões de espécies exóticas. Também determinou que a biodiversidade agrícola vem na sua maioria de oito núcleos perfeitamente identificáveis: [[China]] (onde se origina a [[soja]]), [[Índia]], Oriente Próximo- Ásia Central, [[sudeste da Ásia]], regiões montanhosas de [[Etiópia]], [[México]] e [[América Central]] (berço do milho), os [[Andes]] centrais (de onde vem a batata) e o Mediterrâneo. Ainda hoje, essas áreas geográficas se conhecem como [[centros Vavilov]], verdadeiros refúgios de biodiversidade, essenciais para a [[alimentação]] humana. Por exemplo, independentemente de onde se cultive batata ou milho, para ser viáveis necessitam das variadas [[cepa]]s que se encontram somente no seu centro de origem.
[[Ficheiro:Vavilov family2.jpg|thumb|left|Família Vavilov em 1916: Nikolai, sua mãe Aleksandra Mikhailovna e seu irmão, o [[físico]] [[Sergey Vavilov]]. ]]
De 1924 a 1935 foi diretor da Academia Lenin de Ciências Agrícolas, em [[Leningrado]]. Impressionado com o trabalho da fitopatologista canadense [[Margaret Newton]] com a doença do trigo, em 1930 ele tentou contratá-la para trabalhar o instituto, com um bom salário e benefícios para realizar expedições. Margaret recusou, mas passou três meses no instituto treinando 50 alunos em sua área de pesquisa.<ref name="MNewton">{{citar livro |título=Saskatchewan Agriculture: Lives Past and Present |sobrenome1=Dale-Burnett|nome1=Lisa Lynne |sobrenome2=Mlazagar |nome2=Brian |volume=17 |editora=Canadian Plains Research Center |ano=2006|isbn=978-0889771697}}</ref>


Seu primeiro casamento terminou em divórcio em 1926 e ele então se casou com a geneticista [[Elena Ivanovna Barulina]], especialista em lentilhas e assistente na coleção de sementes do instituto. Seu filho Yuri nasceu em 1928.<ref name="pringle"/> Enquanto desenvolvia sua teoria sobre os centros de origem de plantas cultivadas, Vavilov organizou várias expedições botânicas, onde coletou centenas de sementes de vários lugares do mundo. Em [[Leningrado]], criou a maior coleção do mundo de sementes. Ele também reformulou as leis das séries homólogas em variação.<ref name="frs"/><ref name="pringle"/>
=== Reconhecimento ===


A pesquisa de Vavilov em imunidade das plantas o levou a teorizar que as plantas e os patógenos evoluíram através da diferenciação e da seleção natural através de pressões ambientais. Esse trabalhou acabou levando a teorias sobre a diversidade genética das lavouras e como tal diversidade contribuía para a imunidade a doenças. Em 1935, ele publicou sua teoria sobre a imunidade de plantas atacadas por doenças, onde defendeu que seria possível usar a imunidade a patógenos como forma de inferir o local de origem de determinado vegetal.<ref name=embryo/>
O governo da recém formada [[União Soviética]], depois da [[Revolução de Outubro]], reconheceu a importância das investigações de Vavilov, que, a partir de [[1925]], dirigiu o Instituto de Botânica Aplicada e Novos Cultivos de São Petersburgo. Também o governo dos Estados Unidos reconheceu este cientista, ao ponto de que, na sua segunda viagem a esse país se cria a primeira instância de cooperação científica entre [[Washington]] e [[Moscou]].


Foi membro do Comitê Executivo da União Soviética, presidente da [[Sociedade Geográfica Russa]] e recebeu do governo o [[Prêmio Lenin]].<ref name="pringle"/><ref name=embryo>{{Citar web |url=https://embryo.asu.edu/pages/nikolai-ivanovic-vavilov-1887-1943 |título=Nikolai Ivanovic Vavilov (1887-1943) |publicado=The Embryo Project Encyclopedia |acessadoem=9 de agosto de 2020}}</ref>
Tão valorizada era a coleção de sementes de Vavilov, que alguns de seus colegas preferiram morrer de fome durante o [[cerco de Leningrado]] pelas [[tropa]]s da [[Alemanha nazista]], antes de comerem as sementes armazenadas na estação experimental situada nos [[subúrbio]]s da cidade. Mas Vavilov não pôde ajudar a proteger a sua coleção, pois nessa época estava preso na [[Sibéria]]. Que tinha acontecido?


=== Perseguição, prisão e morte ===
==Perseguição==
Em 1932, durante o VI Congresso Internacional de Genética, Vavilov propôs a realização do VII na [[União Soviética]]. Após alguma resistência inicial do comitê organizador, em 1935 eles concordaram em levar o evento para Moscou em 1937. A comissão da Academia Soviétia de Ciências decidiu apoiar a ideia e pediu ao Partido Comunista por aprovação, que foi dada em [[31 de julho]] de [[1935]]. Vavilov foi eleito presidente do congresso.<ref name="pringle"/><ref name=embryo/>
O [[Pseudociência|pseudocientista]] [[Trofim Lysenko|Trofim Denissovich Lysenko]] ([[1898]]-[[1976]]) argumentava que o estudo da [[genética]] era uma [[pseudociência burguesa]] que procurava dar justificativa biológica às diferenças de classe, e que aplicando o [[materialismo dialético]], era possível chegar ao triunfo da ciência proletária sobre a ciência burguesa. A influência de Lysenko sobre a política agrária soviética se estendeu desde [[1929]] a [[1948]]. Enquanto Vavilov procedia de uma família abastada, Lysenko era filho de um camponês ucraniano, o qual, para os dirigentes [[bolchevista]]s, o colocava num sítio privilegiado.
[[File:Vavilov in prison.jpg|thumb|right|Foto de Vavilov do arquivo da investigação, 1942]]
Porém, em 14 de novembro de 1936, o [[Politburo]] decidiu cancelar o congresso. O evento foi adiado até 1939 e acabou acontecendo em [[Edimburgo]]. O Politburo também decidiu proibir as viagens de Vavilov, inclusive para o congresso, onde apenas uma homenagem simbólica foi feita devido à sua ausência involuntária.<ref>{{Citar web |url=http://europepmc.org/backend/ptpmcrender.fcgi?accid=PMC1462743&blobtype=pdf |título=Tragic History of the VII International Congress of Genetics |publicado=Europe PMC |editor=Valery N. Soyfer |acessadoem=9 de agosto de 2020}}</ref>


Vavilov conheceu o trabalho do jovem [[Trofim Lysenko]] e o apoiou. Na época Lysenko não era o melhor cientista da área, mas Vavilov o apoiou mesmo assim. Lysenko não tinha qualquer formação científica e não conhecia os conceitos modernos de genética. Além disso, não fazia experimentos controlados e ainda por cima manipulava dados. Ele propôs que as sementes fossem expostas ao frio e à umidade de maneira a mudar o tempo de seu plantio e propôs tal técnica com uma forma de adaptar qualquer lavoura para o clima severo da União Soviética. Ele defendia que tal medida aumentaria o tamanho das lavouras e recebeu o apoio de Stalin por isso.<ref name="pringle"/><ref name=embryo/>
O ano de [[1936]] marca o início de uma campanha oficial de [[propaganda]] a favor do "[[lysenkoismo]]". Bujarin deixa de ser diretor do Instituto da Ciência e a Tecnologia, e depois é expulso da [[Academia de Ciências da Rússia]], condenado e executado. Vários [[biólogo]]s [[comunista]]s são presos e o Congresso Internacional de Genética, que devia reunir-se em Moscovo em [[1937]], foi cancelado e os geneticistas denunciados como "sabotadores [[trotskista]]s". Em [[1938]], Lysenko é nomeado presidente da Academia de Ciências Agrícolas. Em [[1940]] Vavilov é [[pena de morte|condenado à morte]], depois se lhe comutou a pena por [[prisão perpétua]] e foi [[Deportação|deportado]] para Saratov. Morreu por inanição em 1943.
{{Botânico|Vavilov}}


Lysenko também tinha problemas ideológicos com a genética moderna, o que levou a acreditar nas ideias de [[Jean-Baptiste Lamarck]]. Staling era outro grande apoiador das teorias de Lamarck, o que aumentou ainda mais a influência de Lysenko. Vavilov não questionou Lysenko abertamente de início e chegou a compartecer em eventos de genética ao seu lado. Ele experava que, com algum treino e prática, Lysenko acabasse se transformando em um bom cientista. Mas Lysenko não tinha interesse em aprender com Vavilov.<ref name="pringle"/><ref name=embryo/>
<center>

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As ideias de Lysenko permaneceram em voga na União Soviétca até meados dos anos [[1960]]. Sob o governo de Stalin, o governo queria resultados imediatos na agricultura e não via a pesquisa científica com bons olhos se trouxesse rápidos retornos. Apesar de todas as ressalvas que tinha contra Lysenko, Vavilov o apoiou nacional e internacionalmente, pensando que uma maior produtividade na agricultura seria benéfica para o país. Vavilov defendia que a técnica de Lysenko era promissora, mas que não deveria ser usada para a produção em larga escoala.
Ficheiro:Vavilov family2.jpg|Família Vavilov em 1916: Nikolai, sua mãe Aleksandra Mikhailovna e seu irmão, o [[físico]] [[Sergey Vavilov]]

Ficheiro:The travels of Vavilov (3421294702).jpg|Exposição de mapas das expedições de Vavilov.
No começo de [[1936]], Lysenko critiou abertamente Vavilov e suas ideias, principalmente pelo fato de apoiar a genética mendeliana. Conforme Lysenko ganhava mais poderes políticos, ele começou a perseguir e a desafiar as ideias de Vavilov abertamente. Vavilov, já sob a vigilância do Serviço Secreto, foi considerado suspeito por vir de uma família rica e por ter ligações com a ciência ocidental. Notando o aumento da pressão, Vavilov tentou buscar proteção diplomática para seus colegas, sendo que alguns foram presos na mesma época.<ref name="pringle"/><ref name=embryo/>
Ficheiro:Vavilov-center.jpg|[[Centros Vavilov]]

Ficheiro:Maize diversity in Vavilovs office (3421259242).jpg|Variedades de milho no escritório de Vavilov.
==Morte==
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Como resultado, Vavilov acabou preso em [[6 de agosto]] de [[1940]] enquanto estava em uma expedição na [[Ucrânia]].<ref name="pringle"/> Foi sentenciado à morte em julho de 1941. Sua sentença acabou revertida para 20 anos de prisão.<ref name=embryo/> Em [[26 de janeiro]] de [[1943]], Vavilov morreu sob circunstâncias pouco claras, mas as péssimas condições da prisão indicam seu estado precário. Na ficha médica de Vavilov na cadeia consta que ele foi internado na enfermaria da prisão com sinais de [[pneumonia]], [[distrofia]] e [[edema]], bem como fraqueza geral. Seu atestado de óbito menciona "declínio da atividade cardíaca".<ref>{{Citar web |url=http://old.ihst.ru/projects/sohist/document/vavilov/132.htm |título=о смерти заключенного |publicado=Old Russian History |acessadoem=9 de agosto de 2020}}</ref>
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Alguns autores alegam que a causa real da morte foi inanição.<ref>{{citar web |url= http://www.splendidtable.org/story/how-nikolay-vavilov-the-seed-collector-who-tried-to-end-famine-died-of-starvation |título=How Nikolay Vavilov, the seed collector who tried to end famine, died of starvation |publicado= NPR |editor=Gary Paul Nabhan |acessadoem=9 de agosto de 2020}}</ref><ref>{{citar livro |nome= Loren |sobrenome=R. Graham | título= Science in Russia and the Soviet Union: A Short History | editora=Cambridge University Press | ano= 1993 | isbn = 978-0-521-28789-0 | página= 130}}</ref>
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Ficheiro:Vavilov in prison.jpg|Foto da [[NKVD]] feita após sua prisão.
==Legado==
Ficheiro:Vavilov (3420450037).jpg|[[Busto]]
O banco de sementes, com várias sementes coletadas por Vavilov, foi protegito e preservado ao longo dos 28 meses do [[Cerco a Leninegrado]]. Os soviéticos retiraram as obras de arte do [[Hermitage|Museu Hermitage]], mas não tomaram qualquer medida para preservar as mais de 250 mil sementes, raízes e frutos estocadas no maior banco de sementes do mundo. Um grupo de cientistas do Instituto Vavilov encaixou as amostras e as levou para o porão do prédio, se revesando em turnos para protegê-lo. Eles se recusaram a comer as sementes armazenadas mesmo durante a parte mais pesada do cerco, em 1944 e nove deles morreram de fome.<ref name="pringle"/><ref name="siebert"/>
Ficheiro:USSR-Stamp-1977-NIVavilov.jpg|[[Selo postal]] soviético de [[1977]].

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Em 1943, parte da coleção de Vavilov, a maior parte delas amostras estocadas em territórios ocupados pelas tropas alemãs, principalmente na Ucrânia e na [[Crimeia]], foi roubada por uma unidade alemã lilderada por [[Heinz Brücher]]. Muitas delas foram transferidas para o Instituto de Genética Vegetal da [[Schutzstaffel|SS]], estabelecido na [[Áustria]].<ref name=embryo/>
</center>

A Royal Society de Edimburgo menciona o nome de Vavilov como um de seus membros, indicando que ele morreu em um campo soviético na [[Sibéria]], em 26 de janeiro de 1943. Porém, ele morreu em uma prisão em [[Saratov]].<ref>{{citar livro |título=Biographical Index of Former Fellows of the Royal Society of Edinburgh 1783–2002|ano=2006 |editora=The Royal Society of Edinburgh |isbn=0-902-198-84-X }}</ref>
=== Expedições e descobertas ===
[[File:Vavilovs notebooks (3421294520).jpg|thumb|Cadernos de Vavilov]]
Sua primeira expedição, em [[1919]], levou-o à [[Pérsia]] e depois às montanhas da [[Ásia Central]], onde voltaria anos depois em três oportunidades. Em [[1921]] visitou os [[Estados Unidos]]. [[Afeganistão]], [[Nuristão]], o [[litoral]] do [[mar Mediterrâneo]], [[Oriente Médio]] - incluindo [[Síria (região)|Síria]] e [[Palestina (região)|Palestina]] - e o nordeste de [[África]] foram outros dos lugares visitados pelo [[cientista]]. Depois foi a vez da [[China]], [[Japão]] e [[Coreia]]. Entre [[1930]] e [[1931]] voltou aos Estados Unidos, onde recolheu espécies nos estados da [[Flórida]] e [[Texas]] e em algumas [[Reserva indígena|reservas indígenas]]. Nessa mesma viagem atravessou para o [[México]] e daí para a [[Guatemala]]. Sua última expedição a realizou entre [[1932]] e [[1933]], visitando [[El Salvador]], [[Costa Rica]], [[Honduras]], [[Panamá]], [[Peru]], [[Bolívia]], [[Chile]], [[Argentina]], [[Uruguai]], [[Brasil]], [[Trinidad]] e [[Cuba]].<ref name="frs"/><ref name="pringle"/>

Nas suas viagens, Vavilov registrou que a [[biodiversidade]] agrícola estava repartida de maneira desigual: enquanto em alguns lugares sobravam plantas, outros pouco ou nada tinham para oferecer. Também registrou que os lugares com mais biodiversidade agrícola contam com diferentes [[topografia]]s, tipos de [[solo]] e [[clima]] e que tendem a estar rodeados de [[Cadeia montanhosa|cadeias de montanhas]], que evitam as invasões de espécies exóticas. Também determinou que a biodiversidade agrícola vem na sua maioria de oito núcleos perfeitamente identificáveis: [[China]] (onde se origina a [[soja]]), [[Índia]], Oriente Próximo- Ásia Central, [[sudeste da Ásia]], regiões montanhosas de [[Etiópia]], [[México]] e [[América Central]] (berço do milho), os [[Andes]] centrais (de onde vem a batata) e o Mediterrâneo. Ainda hoje, essas áreas geográficas se conhecem como [[centros Vavilov]], verdadeiros refúgios de biodiversidade, essenciais para a [[alimentação]] humana. Por exemplo, independentemente de onde se cultive batata ou milho, para serem viáveis, são necessárias várias [[cepa]]s que se encontram apenas em seu centro de origem.<ref name="frs"/><ref name="pringle"/><ref name=embryo/>

{{Referências}}


== Bibliografia ==
== Bibliografia ==
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== Ligações externas ==
== Ligações externas ==
* [http://oregonstate.edu/instruct/css/330/two/ Oregon State] - Centers of Diversity, Crop Adaptation. Vavilov, Centers of Origin, Spread of Crops. {{en}}
* [http://oregonstate.edu/instruct/css/330/two/ Centros de diversidade] na Universidade Estadual do Oregon
* [http://www.vir.nw.ru/ Vavilov Research Institute of Plant Industry] {{en}}
* [http://www.vir.nw.ru/ Vavilov Research Institute of Plant Industry] {{en}}
{{commons category|Nikolai Vavilov}}
*[http://www.vir.nw.ru/ Vavilov Center for Plant Industry] em russo
*[https://www.marxists.org/subject/science/essays/vavilov.htm N. I. Vavilov, ''The Problem of the Origin of the World's Agriculture in the Light of the Latest Investigations'']
*[https://www.marxists.org/subject/science/essays/speeches.htm#vavilov Discurso de 1939, na Conferência de Genética e Seleção Natural]


{{Botânico|Vavilov}}
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{{Portal3|Biografias|Botânica|Genética|História da ciência|União Soviética}}
{{Biografias}}
{{Esboço-biografia}}

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[[Categoria:Membros da Academia de Ciências da Rússia]]
[[Categoria:Membros da Academia de Ciências da Rússia]]

Revisão das 23h45min de 9 de agosto de 2020

Nikolai Ivanovich Vavilov
Nikolai Vavilov
Vavilov em 1933
Conhecido(a) por Centros Vavilov
Nascimento 25 de novembro de 1887
Moscou, Império Russo
Morte 26 de janeiro de 1943 (55 anos)
Saratov, União Soviética
Nacionalidade russo
Alma mater Instituto Agrícola de Moscou
Prêmios
Instituições Sociedade Geográfica Russa
Campo(s) Botânica, agronomia e genética

Nikolai Ivanovich Vavilov, em russo Николай Иванович Вавилов (Moscou, 25 de novembro(calendário juliano)/13 de novembro(mudança para o calendário gregoriano) de 1887Saratov, 26 de janeiro de 1943), foi um proeminente botânico, agrônomo e geneticista russo. É conhecido por ter identificado os centros de diversidade de plantas cultivadas.[2]

Dedicou sua vida ao estudo e melhoramentodo trigo, milho e outros grãos essenciais para a alimentação da população.[3] Seu trabalho foi bastante criticado por Trofim Lysenko, cujas ideias anti-mendelianas sobre a biologia das plantas ganharam a simpatia de Joseph Stalin. Como resultado, Vavilov acabou preso e sentenciado à morte em julho de 1941. Sua sentença foi revertida para uma pena de 20 anos, mas ele acabou morrendo de fome na prisão em 1943.[4][5][6]

Biografia

Vavilov nasceu em Moscou em 25 de novembro de 1887 pelo calendário juliano (13 de novembro pelo calendário gregoriano). Era filho de Aleksandra Mikhailovna e Ivan Ilich Vavilov. Sua família era de comerciantes, vinda de uma vila faminta e muito pobre, que vivia racionando os alimentos aos seus habitantes. Vendo a situação dos camponeses, Vavilov ficou obcecado em buscar um meio de acabar com a fome generalizada não apenas na Rússia como no mundo. Seu irmão era o físico Sergey Ivanovich Vavilov.[7]

Formou-se no Instituto Agrícola de Moscou em 1910 e nos dois anos seguintes trabalhou para o departamento de botânica aplicada e no departamento de micologia e fitopatologia. Entre 1913 e 1914, viajou pela Europa estudando a imunidade das plantas em colaboração com o biólogo britânico William Bateson, com quem estabeleceu a ciência da genética.[8] Foi professor na faculdade de agronomia da Universidade de Saratov. Casou-se com Yekaterina Sakharova com quem teve um filho, Oleg, nascido em 1918.[9]

Família Vavilov em 1916: Nikolai, sua mãe Aleksandra Mikhailovna e seu irmão, o físico Sergey Vavilov.

De 1924 a 1935 foi diretor da Academia Lenin de Ciências Agrícolas, em Leningrado. Impressionado com o trabalho da fitopatologista canadense Margaret Newton com a doença do trigo, em 1930 ele tentou contratá-la para trabalhar o instituto, com um bom salário e benefícios para realizar expedições. Margaret recusou, mas passou três meses no instituto treinando 50 alunos em sua área de pesquisa.[10]

Seu primeiro casamento terminou em divórcio em 1926 e ele então se casou com a geneticista Elena Ivanovna Barulina, especialista em lentilhas e assistente na coleção de sementes do instituto. Seu filho Yuri nasceu em 1928.[9] Enquanto desenvolvia sua teoria sobre os centros de origem de plantas cultivadas, Vavilov organizou várias expedições botânicas, onde coletou centenas de sementes de vários lugares do mundo. Em Leningrado, criou a maior coleção do mundo de sementes. Ele também reformulou as leis das séries homólogas em variação.[1][9]

A pesquisa de Vavilov em imunidade das plantas o levou a teorizar que as plantas e os patógenos evoluíram através da diferenciação e da seleção natural através de pressões ambientais. Esse trabalhou acabou levando a teorias sobre a diversidade genética das lavouras e como tal diversidade contribuía para a imunidade a doenças. Em 1935, ele publicou sua teoria sobre a imunidade de plantas atacadas por doenças, onde defendeu que seria possível usar a imunidade a patógenos como forma de inferir o local de origem de determinado vegetal.[11]

Foi membro do Comitê Executivo da União Soviética, presidente da Sociedade Geográfica Russa e recebeu do governo o Prêmio Lenin.[9][11]

Perseguição

Em 1932, durante o VI Congresso Internacional de Genética, Vavilov propôs a realização do VII na União Soviética. Após alguma resistência inicial do comitê organizador, em 1935 eles concordaram em levar o evento para Moscou em 1937. A comissão da Academia Soviétia de Ciências decidiu apoiar a ideia e pediu ao Partido Comunista por aprovação, que foi dada em 31 de julho de 1935. Vavilov foi eleito presidente do congresso.[9][11]

Foto de Vavilov do arquivo da investigação, 1942

Porém, em 14 de novembro de 1936, o Politburo decidiu cancelar o congresso. O evento foi adiado até 1939 e acabou acontecendo em Edimburgo. O Politburo também decidiu proibir as viagens de Vavilov, inclusive para o congresso, onde apenas uma homenagem simbólica foi feita devido à sua ausência involuntária.[12]

Vavilov conheceu o trabalho do jovem Trofim Lysenko e o apoiou. Na época Lysenko não era o melhor cientista da área, mas Vavilov o apoiou mesmo assim. Lysenko não tinha qualquer formação científica e não conhecia os conceitos modernos de genética. Além disso, não fazia experimentos controlados e ainda por cima manipulava dados. Ele propôs que as sementes fossem expostas ao frio e à umidade de maneira a mudar o tempo de seu plantio e propôs tal técnica com uma forma de adaptar qualquer lavoura para o clima severo da União Soviética. Ele defendia que tal medida aumentaria o tamanho das lavouras e recebeu o apoio de Stalin por isso.[9][11]

Lysenko também tinha problemas ideológicos com a genética moderna, o que levou a acreditar nas ideias de Jean-Baptiste Lamarck. Staling era outro grande apoiador das teorias de Lamarck, o que aumentou ainda mais a influência de Lysenko. Vavilov não questionou Lysenko abertamente de início e chegou a compartecer em eventos de genética ao seu lado. Ele experava que, com algum treino e prática, Lysenko acabasse se transformando em um bom cientista. Mas Lysenko não tinha interesse em aprender com Vavilov.[9][11]

As ideias de Lysenko permaneceram em voga na União Soviétca até meados dos anos 1960. Sob o governo de Stalin, o governo queria resultados imediatos na agricultura e não via a pesquisa científica com bons olhos se trouxesse rápidos retornos. Apesar de todas as ressalvas que tinha contra Lysenko, Vavilov o apoiou nacional e internacionalmente, pensando que uma maior produtividade na agricultura seria benéfica para o país. Vavilov defendia que a técnica de Lysenko era promissora, mas que não deveria ser usada para a produção em larga escoala.

No começo de 1936, Lysenko critiou abertamente Vavilov e suas ideias, principalmente pelo fato de apoiar a genética mendeliana. Conforme Lysenko ganhava mais poderes políticos, ele começou a perseguir e a desafiar as ideias de Vavilov abertamente. Vavilov, já sob a vigilância do Serviço Secreto, foi considerado suspeito por vir de uma família rica e por ter ligações com a ciência ocidental. Notando o aumento da pressão, Vavilov tentou buscar proteção diplomática para seus colegas, sendo que alguns foram presos na mesma época.[9][11]

Morte

Como resultado, Vavilov acabou preso em 6 de agosto de 1940 enquanto estava em uma expedição na Ucrânia.[9] Foi sentenciado à morte em julho de 1941. Sua sentença acabou revertida para 20 anos de prisão.[11] Em 26 de janeiro de 1943, Vavilov morreu sob circunstâncias pouco claras, mas as péssimas condições da prisão indicam seu estado precário. Na ficha médica de Vavilov na cadeia consta que ele foi internado na enfermaria da prisão com sinais de pneumonia, distrofia e edema, bem como fraqueza geral. Seu atestado de óbito menciona "declínio da atividade cardíaca".[13]

Alguns autores alegam que a causa real da morte foi inanição.[14][15]

Legado

O banco de sementes, com várias sementes coletadas por Vavilov, foi protegito e preservado ao longo dos 28 meses do Cerco a Leninegrado. Os soviéticos retiraram as obras de arte do Museu Hermitage, mas não tomaram qualquer medida para preservar as mais de 250 mil sementes, raízes e frutos estocadas no maior banco de sementes do mundo. Um grupo de cientistas do Instituto Vavilov encaixou as amostras e as levou para o porão do prédio, se revesando em turnos para protegê-lo. Eles se recusaram a comer as sementes armazenadas mesmo durante a parte mais pesada do cerco, em 1944 e nove deles morreram de fome.[9][7]

Em 1943, parte da coleção de Vavilov, a maior parte delas amostras estocadas em territórios ocupados pelas tropas alemãs, principalmente na Ucrânia e na Crimeia, foi roubada por uma unidade alemã lilderada por Heinz Brücher. Muitas delas foram transferidas para o Instituto de Genética Vegetal da SS, estabelecido na Áustria.[11]

A Royal Society de Edimburgo menciona o nome de Vavilov como um de seus membros, indicando que ele morreu em um campo soviético na Sibéria, em 26 de janeiro de 1943. Porém, ele morreu em uma prisão em Saratov.[16]

Expedições e descobertas

Cadernos de Vavilov

Sua primeira expedição, em 1919, levou-o à Pérsia e depois às montanhas da Ásia Central, onde voltaria anos depois em três oportunidades. Em 1921 visitou os Estados Unidos. Afeganistão, Nuristão, o litoral do mar Mediterrâneo, Oriente Médio - incluindo Síria e Palestina - e o nordeste de África foram outros dos lugares visitados pelo cientista. Depois foi a vez da China, Japão e Coreia. Entre 1930 e 1931 voltou aos Estados Unidos, onde recolheu espécies nos estados da Flórida e Texas e em algumas reservas indígenas. Nessa mesma viagem atravessou para o México e daí para a Guatemala. Sua última expedição a realizou entre 1932 e 1933, visitando El Salvador, Costa Rica, Honduras, Panamá, Peru, Bolívia, Chile, Argentina, Uruguai, Brasil, Trinidad e Cuba.[1][9]

Nas suas viagens, Vavilov registrou que a biodiversidade agrícola estava repartida de maneira desigual: enquanto em alguns lugares sobravam plantas, outros pouco ou nada tinham para oferecer. Também registrou que os lugares com mais biodiversidade agrícola contam com diferentes topografias, tipos de solo e clima e que tendem a estar rodeados de cadeias de montanhas, que evitam as invasões de espécies exóticas. Também determinou que a biodiversidade agrícola vem na sua maioria de oito núcleos perfeitamente identificáveis: China (onde se origina a soja), Índia, Oriente Próximo- Ásia Central, sudeste da Ásia, regiões montanhosas de Etiópia, México e América Central (berço do milho), os Andes centrais (de onde vem a batata) e o Mediterrâneo. Ainda hoje, essas áreas geográficas se conhecem como centros Vavilov, verdadeiros refúgios de biodiversidade, essenciais para a alimentação humana. Por exemplo, independentemente de onde se cultive batata ou milho, para serem viáveis, são necessárias várias cepas que se encontram apenas em seu centro de origem.[1][9][11]

Referências

  1. a b c d Harland, S. C. (1954). «Nicolai Ivanovitch Vavilov. 1885-1942». Obituary Notices of Fellows of the Royal Society. 9 (1): 259–264. JSTOR 769210. doi:10.1098/rsbm.1954.0017 
  2. Crow, J. F. (2001). «Plant breeding giants. Burbank, the artist; Vavilov, the scientist». Genetics. 158 (4): 1391–1395. PMC 1461760Acessível livremente. PMID 11514434 
  3. Shumnyĭ, V. K. (2007). «Two brilliant generalizations of Nikolai Ivanovich Vavilov (for the 120th anniversary)». Genetika. 43 (11): 1447–1453. PMID 18186182 
  4. Zakharov, I. A. (2005). «Nikolai I Vavilov (1887–1943)». Journal of Biosciences. 30 (3): 299–301. PMID 16052067. doi:10.1007/BF02703666 
  5. Crow, J. F. (1993). «N. I. Vavilov, martyr to genetic truth». Genetics. 134 (1): 1–4. PMC 1205417Acessível livremente. PMID 8514123 
  6. Cohen, B. M. (1991). «Nikolai Ivanovich Vavilov: The explorer and plant collector a». Economic Botany. 45: 38–46. doi:10.1007/BF02860048 
  7. a b Siebert, Charles (julho de 2011). «Food Ark». National Geographic. 220 (1): 122–126 
  8. «Nikolay Ivanovich Vavilov». Encyclopaedia Britannica. Consultado em 9 de agosto de 2020 
  9. a b c d e f g h i j k l Pringle, Peter (2008). The Murder of Nikolai Vavilov: The Story of Stalin's Persecution of One of the Great Scientists of the Twentieth Century. Nova York: Simon and Schuster. p. 137. ISBN 978-0-7432-6498-3 
  10. Dale-Burnett, Lisa Lynne; Mlazagar, Brian (2006). Saskatchewan Agriculture: Lives Past and Present. 17. [S.l.]: Canadian Plains Research Center. ISBN 978-0889771697 
  11. a b c d e f g h i «Nikolai Ivanovic Vavilov (1887-1943)». The Embryo Project Encyclopedia. Consultado em 9 de agosto de 2020 
  12. Valery N. Soyfer (ed.). «Tragic History of the VII International Congress of Genetics». Europe PMC. Consultado em 9 de agosto de 2020 
  13. «о смерти заключенного». Old Russian History. Consultado em 9 de agosto de 2020 
  14. Gary Paul Nabhan (ed.). «How Nikolay Vavilov, the seed collector who tried to end famine, died of starvation». NPR. Consultado em 9 de agosto de 2020 
  15. R. Graham, Loren (1993). Science in Russia and the Soviet Union: A Short History. [S.l.]: Cambridge University Press. p. 130. ISBN 978-0-521-28789-0 
  16. Biographical Index of Former Fellows of the Royal Society of Edinburgh 1783–2002. [S.l.]: The Royal Society of Edinburgh. 2006. ISBN 0-902-198-84-X 

Bibliografia

  • Science in Russia and the Soviet Union: A Short History. Loren R. Graham, Cambridge University Press, 1994, ISBN 0521287898
  • The Murder of Nikolai Vavilov: The Story of Stalin's Persecution of One of the Great Scientists of the Twentieth Century. Peter Pringle, Simon and Schuster, 2008, ISBN 0743264983
  • Origin and Geography of Cultivated Plants. Nickolai Ivanovich Vavilov, Cambridge University Press, 1992, ISBN 0521404274

Ligações externas

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