Microbiologia: diferenças entre revisões

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
m adição de conteúdo, hiperlinks e referências
m Adição de conteúdo, referências e correções gerais.
Linha 1: Linha 1:
{{mais fontes|data=junho de 2021}}
[[Imagem:SalmonellaNIAID.jpg|A bactéria ''[[Salmonella]]'' (em vermelho) invade [[célula]]s humanas cultivadas.|thumb|right]]
[[Imagem:SalmonellaNIAID.jpg|A bactéria ''[[Salmonella]]'' (em vermelho) invade [[célula]]s humanas cultivadas.|thumb|right]]
'''Microbiology''' (do [[Grego]] {{lang|grc|μῑκρος}}, ''mīkros'', "pequeno"; {{lang|grc|βίος}}, ''bios'', "[[vida]]"; e {{lang|grc|-λογία}}, ''-logia, "estudo"; "estudo da vida pequena"'') é o [[Método científico|estudo científico]] de [[Micro-organismo|microrganismos]], aqueles sendo [[Organismo unicelular|unicelulares]] (célula única), [[Organismo multicelular|multicelulares]] (colônia de células) ou [[acelulares]] (ausentes de células; e.g. [[vírus]]).<ref>{{citar web|url=https://www.nature.com/subjects/microbiology|título=Microbiology - Latest research and news {{!}} Nature|website=www.nature.com|acessodata=2020-02-01}}</ref><ref name=Brock>{{citar livro|autor = Madigan M, Martinko J (editors) |título= Brock Biology of Microorganisms |edição= 13th |publicado= Pearson Education |ano= 2006 | isbn = 978-0-321-73551-5 |página= 1096}}</ref> A microbiologia abrange várias sub-disciplinas, incluindo [[virologia]], [[bacteriologia]], [[protistologia]], [[micologia]], [[imunologia]] e [[parasitologia]].
'''Microbiology''' (do [[Grego]] {{lang|grc|μῑκρος}}, ''mīkros'', "pequeno"; {{lang|grc|βίος}}, ''bios'', "[[vida]]"; e {{lang|grc|-λογία}}, ''-logia, "estudo"; "estudo da vida pequena"'') é o [[Método científico|estudo científico]] de [[Micro-organismo|microrganismos]], aqueles sendo [[Organismo unicelular|unicelulares]] (célula única), [[Organismo multicelular|multicelulares]] (colônia de células) ou [[acelulares]] (ausentes de células; e.g. [[vírus]]).<ref>{{citar web|url=https://www.nature.com/subjects/microbiology|título=Microbiology - Latest research and news {{!}} Nature|website=www.nature.com|acessodata=2020-02-01}}</ref><ref name=Brock>{{citar livro|autor = Madigan M, Martinko J (editors) |título= Brock Biology of Microorganisms |edição= 13th |publicado= Pearson Education |ano= 2006 | isbn = 978-0-321-73551-5 |página= 1096}}</ref> A microbiologia abrange várias sub-disciplinas, incluindo [[virologia]], [[bacteriologia]], [[protistologia]], [[micologia]], [[imunologia]] e [[parasitologia]].
Linha 9: Linha 8:
==História==
==História==


[[Imagem:Avicenna TajikistanP17-20Somoni-1999 (cropped).png|left|thumb|upright|[[Avicena]] teorizou a existência de [[Micro-organismo|microrganismos]]]]
[[Imagem:Avicenna TajikistanP17-20Somoni-1999 (cropped).png|left|thumb|[[Avicena]] teorizou a existência de [[Micro-organismo|microrganismos]]|194x194px]]
A existência de [[Micro-organismo|microrganismos]] foi teorizada por muitos séculos antes de sua descoberta real. A existência de vida microbiológica invisível foi postulada pelo [[Jainismo]], que se baseia nos ensinamentos de [[Mahavira]] já no século 6 a.C.<ref>Mahavira is dated 599 BC - 527 BC. See {{citar livro|último =Dundas |primeiro =Paul |autor2 =John Hinnels ed. |título=The Jain |publicado=Routledge |ano=2002 |local=London | isbn =978-0-415-26606-2 }} p. 24</ref> Paul Dundas observa que Mahavira afirmou a existência de criaturas microbiológicas invisíveis que vivem na terra, na água, no ar e no fogo.<ref>Dundas, Paul (2002) p. 88</ref> As escrituras jainistas descrevem [[nigodas]] que são criaturas submicroscópicas que vivem em grandes aglomerados e têm uma vida muito curta, que permeiam todas as partes do universo, até mesmo em tecidos de plantas e carne de animais.<ref>{{citar livro|último =Jaini |primeiro =Padmanabh |título=The Jaina Path of Purification |publicado=Motilal Banarsidass |ano=1998 |local=New Delhi | isbn =978-81-208-1578-0 |página= 109}}</ref> O romano [[Marco Terêncio Varrão]] fez referências aos micróbios quando advertiu contra a localização de uma cabana nas proximidades dos pântanos "porque existem certas criaturas diminutas que não podem ser vistas pelos olhos, que flutuam no ar e entram no corpo pela boca e nariz e, portanto, podem causar doenças graves."<ref>[[Marco Terêncio Varrão]]. ''Varro on Agriculture'' 1, xii Loeb.</ref>
A existência de [[Micro-organismo|microrganismos]] foi teorizada por muitos séculos antes de sua descoberta real. A existência de vida microbiológica invisível foi postulada pelo [[Jainismo]], que se baseia nos ensinamentos de [[Mahavira]] já no século 6 a.C.<ref>Mahavira is dated 599 BC - 527 BC. See {{citar livro|último =Dundas |primeiro =Paul |autor2 =John Hinnels ed. |título=The Jain |publicado=Routledge |ano=2002 |local=London | isbn =978-0-415-26606-2 }} p. 24</ref> Paul Dundas observa que Mahavira afirmou a existência de criaturas microbiológicas invisíveis que vivem na terra, na água, no ar e no fogo.<ref>Dundas, Paul (2002) p. 88</ref> As escrituras jainistas descrevem [[nigodas]] que são criaturas submicroscópicas que vivem em grandes aglomerados e têm uma vida muito curta, que permeiam todas as partes do universo, até mesmo em tecidos de plantas e carne de animais.<ref>{{citar livro|último =Jaini |primeiro =Padmanabh |título=The Jaina Path of Purification |publicado=Motilal Banarsidass |ano=1998 |local=New Delhi | isbn =978-81-208-1578-0 |página= 109}}</ref> O romano [[Marco Terêncio Varrão]] fez referências aos micróbios quando advertiu contra a localização de uma cabana nas proximidades dos pântanos "porque existem certas criaturas diminutas que não podem ser vistas pelos olhos, que flutuam no ar e entram no corpo pela boca e nariz e, portanto, podem causar doenças graves."<ref>[[Marco Terêncio Varrão]]. ''Varro on Agriculture'' 1, xii Loeb.</ref>


Linha 16: Linha 15:
Em 1546, [[Girolamo Fracastoro]] propôs que as doenças [[Epidemia|epidêmicas]] eram causadas por entidades semelhantes a sementes que podiam transmitir a infecção por contato direto ou indireto.<ref>Fracastoro, Girolamo (1546), ''De Contagione et Contagiosis Morbis'' transl. [[Wilmer Cave Wright]] (1930). New York: G.P. Putnam's</ref>
Em 1546, [[Girolamo Fracastoro]] propôs que as doenças [[Epidemia|epidêmicas]] eram causadas por entidades semelhantes a sementes que podiam transmitir a infecção por contato direto ou indireto.<ref>Fracastoro, Girolamo (1546), ''De Contagione et Contagiosis Morbis'' transl. [[Wilmer Cave Wright]] (1930). New York: G.P. Putnam's</ref>


Em 1676, [[Anton van Leeuwenhoek|Antonie van Leeuwenhoek]], que viveu a maior parte de sua vida em [[Delft]], Holanda, observou [[bactéria]]s e outros microrganismos usando um [[microscópio]] de lente única de sua autoria.<ref name="NickLane_RS">{{citar periódico|título=The Unseen World: Reflections on Leeuwenhoek (1677) 'Concerning Little Animal' |data=6/03/2015 |jornal= |último =Lane |primeiro =Nick |página=20140344 |doi=10.1098/rstb.2014.0344 |pmc=4360124 |pmid=25750239 |volume=370 |autorlink =Nick Lane |periódico=Philos Trans R Soc Lond B Biol Sci |número=1666}}</ref> Ele é considerado o pai da microbiologia por ter sido o pioneiro no uso de microscópios de lente única simples.<ref name="NickLane_RS" /> Embora Van Leeuwenhoek seja frequentemente citado como o primeiro a observar micróbios, [[Robert Hooke]] fez sua primeira observação microscópica registrada de corpos frutíferos de fungos, em 1665.<ref>{{citar periódico|url=https://www.semanticscholar.org/paper/078c955311d39b6a22e8d7c28e9aa010d983ec52 |título=The remarkable vision of Robert Hooke (1635-1703): first observer of the microbial world |jornal= |autor =Gest H |ano=2005 |páginas=266–72 |doi=10.1353/pbm.2005.0053 |pmid=15834198 |volume=48 |periódico=Perspect. Biol. Med. |número=2}}</ref> No entanto, foi sugerido que um padre [[Companhia de Jesus|jesuíta]] chamado [[Athanasius Kircher]] foi o primeiro a observar os microrganismos.<ref name="pmid12964250">{{citar livro|último1 =Wainwright |primeiro1 =Milton |título=An Alternative View of the Early History of Microbiology |volume=52 |páginas=333–55 |ano=2003 |pmid=12964250 |doi=10.1016/S0065-2164(03)01013-X |series=Advances in Applied Microbiology |isbn=978-0-12-002654-8 }}</ref>
[[Imagem:Anthonie van Leeuwenhoek (1632-1723). Natuurkundige te Delft Rijksmuseum SK-A-957.jpeg|thumb|[[Anton van Leeuwenhoek]], considerado o primeiro microscopista e [[microbiologista]].|202x202px]][[Imagem:Van Leeuwenhoek's microscopes by Henry Baker.jpg|thumb|alt=Schematic drawings|Microscópios de Van Leeuwenhoek por Henry Baker<ref name="ChungLiu">Chung, King-thom; Liu, Jong-kang: ''Pioneers in Microbiology: The Human Side of Science''. (World Scientific Publishing, 2017, {{ISBN|978-9813202948}}). "We may fairly call Leeuwenhoek “The first microbiologist” because he was the first individual to actually [[culture (microbiology)|culture]], see, and describe a large array of [[microbial life]]. He actually measured the multiplication of the bugs. What is more amazing is that he published his discoveries."</ref>|149x149px|esquerda]]Em 1676, [[Anton van Leeuwenhoek|Antonie van Leeuwenhoek]], que viveu a maior parte de sua vida em [[Delft]], Holanda, foi o primeiro a descobrir (observar), estudar, descrever, conduzir experimentos científicos com uma grande variedade de organismos microscópicos (incluindo [[bactéria]]s, que ele chamou de "animálculos")<ref>{{citar livro|url=https://archive.org/details/antonyvanleeuwen00dobe|título=Antony van Leeuwenhoek and His "Little Animals": being some account of the father of protozoology and bacteriology and his multifarious discoveries in these disciplines|último=Dobell|primeiro=Clifford|publicado=[[Harcourt (publisher)|Harcourt, Brace and Company]]|ano=1932|local=New York|autorlink=Clifford Dobell|edição=[[Dover Publications]]}}</ref> e aproximadamente determinar seu tamanho, usando microscópios de lente única de seu próprio projeto.<ref name="BrianJFord_19922">{{citar periódico |url=http://www.brianjford.com/a-avl01.htm |título=From Dilettante to Diligent Experimenter: a Reappraisal of Leeuwenhoek as microscopist and investigator |data=1992 |periódico=Biology History |número=3 |autor=Ford, Brian J. |autorlink=Brian J. Ford |volume=5}}</ref><ref>Toledo-Pereyra, Luis H.: ''The Strange Little Animals of Antony van Leeuwenhoek — Surgical Revolution'', in ''Surgical Revolutions: A Historical and Philosophical View''. (World Scientific Publishing, 2008, {{ISBN|978-9814329620}})</ref><ref name="NickLane_RS2">{{citar periódico |título=The Unseen World: Reflections on Leeuwenhoek (1677) 'Concerning Little Animal' |data=6/03/2015 |jornal= |periódico=Philos Trans R Soc Lond B Biol Sci |número=1666 |último=Lane |primeiro=Nick |autorlink=Nick Lane |página=20140344 |doi=10.1098/rstb.2014.0344 |pmc=4360124 |pmid=25750239 |volume=370}}</ref> Ele é considerado o pai da microbiologia por ter sido o pioneiro no uso de microscópios de lente única simples.<ref name="NickLane_RS">{{citar periódico |título=The Unseen World: Reflections on Leeuwenhoek (1677) 'Concerning Little Animal' |data=6/03/2015 |jornal= |periódico=Philos Trans R Soc Lond B Biol Sci |número=1666 |último=Lane |primeiro=Nick |autorlink=Nick Lane |página=20140344 |doi=10.1098/rstb.2014.0344 |pmc=4360124 |pmid=25750239 |volume=370}}</ref><ref>{{citar periódico |título=Three Centuries of Protozoology: A Brief Tribute to its Founding Father, A. van Leeuwenhoek of Delft |periódico=The Journal of Protozoology |número=1 |ano=1975 |páginas=3–7 |doi=10.1111/j.1550-7408.1975.tb00934.x |pmid=1090737 |volume=22 |último1=Corliss |primeiro1=John O}}</ref><ref name="ChungLiu2">Chung, King-thom; Liu, Jong-kang: ''Pioneers in Microbiology: The Human Side of Science''. (World Scientific Publishing, 2017, {{ISBN|978-9813202948}}). "We may fairly call Leeuwenhoek “The first microbiologist” because he was the first individual to actually [[Culture (microbiology)|culture]], see, and describe a large array of [[microbial life]]. He actually measured the multiplication of the bugs. What is more amazing is that he published his discoveries."</ref> Embora Van Leeuwenhoek seja frequentemente citado como o primeiro a observar micróbios, [[Robert Hooke]] fez sua primeira observação microscópica registrada de corpos frutíferos de fungos, em 1665.<ref>{{citar periódico|url=https://www.semanticscholar.org/paper/078c955311d39b6a22e8d7c28e9aa010d983ec52 |título=The remarkable vision of Robert Hooke (1635-1703): first observer of the microbial world |jornal= |autor =Gest H |ano=2005 |páginas=266–72 |doi=10.1353/pbm.2005.0053 |pmid=15834198 |volume=48 |periódico=Perspect. Biol. Med. |número=2}}</ref> No entanto, foi sugerido que um padre [[Companhia de Jesus|jesuíta]] chamado [[Athanasius Kircher]] foi o primeiro a observar os microrganismos.<ref name="pmid12964250">{{citar livro|último1 =Wainwright |primeiro1 =Milton |título=An Alternative View of the Early History of Microbiology |volume=52 |páginas=333–55 |ano=2003 |pmid=12964250 |doi=10.1016/S0065-2164(03)01013-X |series=Advances in Applied Microbiology |isbn=978-0-12-002654-8 }}</ref>

[[Imagem:Anthonie van Leeuwenhoek (1632-1723). Natuurkundige te Delft Rijksmuseum SK-A-957.jpeg|thumb|upright|Como o primeiro [[microscopista]] e [[microbiologista]] reconhecido na história, [[Anton van Leeuwenhoek|Antonie van Leeuwenhoek]] foi o primeiro a descobrir (observar), estudar, descrever, conduzir experimentos científicos com uma grande variedade de organismos microscópicos (incluindo [[bactéria]]s, que ele chamou de "animálculos") e aproximadamente determinar seu tamanho, usando microscópios de lente única de seu próprio projeto.<ref>{{citar livro|autorlink =Clifford Dobell |último =Dobell |primeiro =Clifford |ano= 1932 |local=New York |título=Antony van Leeuwenhoek and His "Little Animals": being some account of the father of protozoology and bacteriology and his multifarious discoveries in these disciplines |publicado=[[Harcourt (publisher)|Harcourt, Brace and Company]] |url=https://archive.org/details/antonyvanleeuwen00dobe |edição=[[Dover Publications]]}}</ref><ref>{{citar periódico|último1 = Corliss |primeiro1 = John O |ano= 1975 |título= Three Centuries of Protozoology: A Brief Tribute to its Founding Father, A. van Leeuwenhoek of Delft |periódico= The Journal of Protozoology | volume = 22 |número= 1|páginas= 3–7 | doi= 10.1111/j.1550-7408.1975.tb00934.x| pmid = 1090737 }}</ref><ref name="BrianJFord_1992">{{citar periódico|autor =Ford, Brian J.|data=1992 |título=From Dilettante to Diligent Experimenter: a Reappraisal of Leeuwenhoek as microscopist and investigator |periódico=Biology History |volume= 5 |número=3 |url= http://www.brianjford.com/a-avl01.htm|autorlink =Brian J. Ford }}</ref><ref>Toledo-Pereyra, Luis H.: ''The Strange Little Animals of Antony van Leeuwenhoek — Surgical Revolution'', in ''Surgical Revolutions: A Historical and Philosophical View''. (World Scientific Publishing, 2008, {{ISBN|978-9814329620}})</ref><ref name="NickLane_RS" /><ref name="ChungLiu" />]]
[[Imagem:Van Leeuwenhoek's microscopes by Henry Baker.jpg|thumb|alt=Schematic drawings|Microscópios de Van Leeuwenhoek por Henry Baker<ref name="ChungLiu">Chung, King-thom; Liu, Jong-kang: ''Pioneers in Microbiology: The Human Side of Science''. (World Scientific Publishing, 2017, {{ISBN|978-9813202948}}). "We may fairly call Leeuwenhoek “The first microbiologist” because he was the first individual to actually [[culture (microbiology)|culture]], see, and describe a large array of [[microbial life]]. He actually measured the multiplication of the bugs. What is more amazing is that he published his discoveries."</ref>]]
[[Imagem:Martinus Willem Beijerinck in his laboratory.jpg|thumb|upright|[[Martinus Beijerinck]], o pai fundador da Delft School of Microbiology, em seu laboratório. Beijerinck é frequentemente considerado o fundador da [[virologia]], [[microbiologia ambiental]] e [[microbiologia industrial]].<ref>Bennett, J.W. (1996). ''Martinus Willem Beijerinck: Dutch father of industrial microbiology''. (''[[Society for Industrial Microbiology|SIM News]]'' 46(2):69–72)</ref>]]


Kircher foi um dos primeiros a projetar lanternas mágicas para fins de projeção, então ele devia estar bem familiarizado com as propriedades das lentes.<ref name="pmid12964250" /> Ele escreveu "Sobre a estrutura maravilhosa das coisas na natureza, investigada pelo Microscópio" em 1646, declarando "quem acreditaria que o vinagre e o leite abrigam uma infinidade de vermes". Ele também notou que o material pútrido está cheio de inúmeros animálculos rastejantes. Ele publicou seu ''Scrutinium Pestis'' (Exame da Peste) em 1658, afirmando corretamente que a doença era causada por micróbios, embora o que ele viu foram provavelmente glóbulos vermelhos ou brancos, e não o próprio agente da peste.<ref name="pmid12964250" />
Kircher foi um dos primeiros a projetar lanternas mágicas para fins de projeção, então ele devia estar bem familiarizado com as propriedades das lentes.<ref name="pmid12964250" /> Ele escreveu "Sobre a estrutura maravilhosa das coisas na natureza, investigada pelo Microscópio" em 1646, declarando "quem acreditaria que o vinagre e o leite abrigam uma infinidade de vermes". Ele também notou que o material pútrido está cheio de inúmeros animálculos rastejantes. Ele publicou seu ''Scrutinium Pestis'' (Exame da Peste) em 1658, afirmando corretamente que a doença era causada por micróbios, embora o que ele viu foram provavelmente glóbulos vermelhos ou brancos, e não o próprio agente da peste.<ref name="pmid12964250" />
{{Limpar}}

==O Nascimento da Bacteriologia==
{{Artigo principal|Bacteriologia}}[[File:Albert Edelfelt - Louis Pasteur - 1885.jpg|thumb|left|Innovative [[laboratory glassware]] and experimental methods developed by [[Louis Pasteur]] and other biologists contributed to the young field of bacteriology in the late 19th century.|191x191px]]

O campo da [[bacteriologia]] (mais tarde se tornou uma subdisciplina da microbiologia) foi fundado no século 19 por [[Ferdinand Cohn]], um [[botânico]] cujos estudos sobre [[alga]]s e [[bactéria]]s [[Fotossíntese|fotossintéticas]] o levaram a descrever várias bactérias, incluindo [[Bacillus]] e [[Beggiatoa]]. Cohn também foi o primeiro a formular um esquema para a classificação [[Taxonomia|taxonômica]] de bactérias e a descobrir [[Endósporo|endosporos]].<ref>{{citar periódico|autor =Drews, G. |título=Ferdinand Cohn, among the Founder of Microbiology |periódico=ASM News |volume=65 |número=8 |página=547 |ano=1999}}</ref> [[Louis Pasteur]] e [[Robert Koch]] foram contemporâneos de Cohn e são frequentemente considerados os pais da microbiologia moderna e da microbiologia médica, respectivamente.<ref name="pmid12964250" /><ref name="Sherris">{{citar livro| editor=Ryan, K.J. |editor2=Ray, C.G. |título=Sherris Medical Microbiology |edição=4th |publicado=McGraw Hill |ano=2004 | isbn=978-0-8385-8529-0 }}</ref> Pasteur é mais famoso por sua série de experimentos projetados para refutar a então amplamente aceita [[Abiogênese|teoria da geração espontânea]], solidificando assim a identidade da microbiologia como ciência biológica.<ref>{{citar periódico|autor =Bordenave, G. |título=Louis Pasteur (1822-1895) |periódico=Microbes Infect. |volume=5 |número=6 |páginas=553–60 |ano=2003 |pmid=12758285 |doi=10.1016/S1286-4579(03)00075-3}}</ref> Um de seus alunos, [[Adrien Certes]], é considerado o fundador da microbiologia marinha.<ref>{{citar periódico|último1 =Adler |primeiro1 =Antony |último2 =Dücker |primeiro2 =Erik |data=2017-04-05 |título=When Pasteurian Science Went to Sea: The Birth of Marine Microbiology |periódico=Journal of the History of Biology |volume=51 |número=1 |páginas=107–133 |doi=10.1007/s10739-017-9477-8|pmid=28382585 |url=https://www.semanticscholar.org/paper/84e7965ec1934d9478cef80348316282bac7d5d8 }}</ref> Pasteur também projetou métodos de preservação de alimentos ([[pasteurização]]) e [[vacina]]s contra várias doenças, como [[antraz]], [[cólera]] aviária e [[Raiva (doença)|raiva]].<ref name="Brock" /> Koch é mais conhecido por suas contribuições para a teoria dos germes das doenças, provando que doenças específicas eram causadas por microrganismos [[Agente patogénico|patogênicos]] específicos. Ele desenvolveu uma série de critérios que se tornaram conhecidos como [[Postulados de Koch]]. Koch foi um dos primeiros cientistas a se concentrar no isolamento de bactérias em cultura pura, resultando em sua descrição de várias novas bactérias, incluindo [[Mycobacterium tuberculosis]], o agente causador da [[tuberculose]].<ref name="Brock" />[[Imagem:Martinus Willem Beijerinck in his laboratory.jpg|thumb|[[Martinus Beijerinck]] em seu laboratório. |211x211px]]

Embora Pasteur e Koch sejam frequentemente considerados os fundadores da microbiologia, seu trabalho não refletia com precisão a verdadeira diversidade do mundo microbiano por causa de seu foco exclusivo em microrganismos com relevância médica direta. Foi somente no final do século 19 e no trabalho de [[Martinus Beijerinck]] e [[Sergei Winogradsky]] que a verdadeira amplitude da microbiologia foi revelada.<ref name="Brock" /> [[Martinus Beijerinck]], o pai fundador da ''Delft School of Microbiology,'' frequentemente considerado como o fundador da [[virologia]], [[microbiologia ambiental]] e [[microbiologia industrial]],<ref>Bennett, J.W. (1996). ''Martinus Willem Beijerinck: Dutch father of industrial microbiology''. (''[[Society for Industrial Microbiology|SIM News]]'' 46(2):69–72)</ref> fez duas contribuições importantes para a microbiologia: a descoberta de [[vírus]] e o desenvolvimento de técnicas de cultura de enriquecimento.<ref>{{citar web|autor =Johnson, J. |título=Martinus Willem Beijerinck |obra=APSnet|publicado=American Phytopathological Society | url=http://apsnet.org/education/feature/TMV/intro.html |arquivourl=https://web.archive.org/web/20100620173433/http://apsnet.org/education/feature/TMV/intro.html |arquivodata=2010-06-20 |ano=2001 |anooriginal=1998 |acessodata=2 de maio de 2010}} Retrieved from Internet Archive January 12, 2014.</ref> Embora seu trabalho com o [[vírus do mosaico do tabaco]] tenha estabelecido os princípios básicos da [[virologia]], foi seu desenvolvimento da cultura de enriquecimento que teve o impacto mais imediato na microbiologia, permitindo o cultivo de uma ampla gama de micróbios com [[fisiologia]]s totalmente diferentes. Winogradsky foi o primeiro a desenvolver o conceito de [[quimiolitotrofia]] e, assim, revelar o papel essencial desempenhado pelos microrganismos nos processos [[Geoquímica|geoquímicos]].<ref>{{citar livro|vauthors=Paustian T, Roberts G |capítulo=Beijerinck and Winogradsky Initiate the Field of Environmental Microbiology |título=Through the Microscope: A Look at All Things Small |em=§&nbsp;1–14 |edição=3rd |ano=2009 |publicado=Textbook Consortia |capítulourl=http://www.microbiologytext.com/index.php?module=Book&func=displayarticle&art_id=32}}</ref> Ele foi responsável pelo primeiro isolamento e descrição de [[bactérias nitrificantes]] e fixadoras de nitrogênio.<ref name="Brock" /> O microbiologista franco-canadense [[Felix d'Herelle]] co-descobriu os [[bacteriófago]]s em 1917 e foi um dos primeiros microbiologistas aplicados.<ref name="Keen">{{citar periódico|autor =Keen, E.C. |título=Felix d'Herelle and Our Microbial Future |periódico=Future Microbiology |volume=7 |número=12 |páginas=1337–1339 |ano=2012 |pmid=23231482|doi=10.2217/fmb.12.115}}</ref>

[[Joseph Lister]] foi o primeiro a usar desinfetante [[fenol]] em feridas abertas de pacientes.<ref>{{citar periódico|último =Lister |primeiro =Joseph |data=2010-08-01 |título=The Classic: On the Antiseptic Principle in the Practice of Surgery |periódico=Clinical Orthopaedics and Related Research |volume=468 |número=8 |páginas=2012–2016 |doi=10.1007/s11999-010-1320-x |pmc=2895849 |pmid=20361283}}</ref>


== Conceito ==
== Conceito ==
[[Ficheiro:Onchocerca volvulus emerging from a black fly.jpg|esquerda|thumb|[[Simuliidae|Mosca-preta adulta]] (''Simulium yahense'') com ''[[Onchocerca volvulus]]'' que emerge da antena do inseto.{{efn|O parasita é responsável pela doença conhecida como cegueira dos rios na África. A amostra foi fixada quimicamente, secada ao ponto crítico e, então, observada usando microscopia eletrônica de varredura convencional. Ampliada 100 ×.}} |186x186px]]
[[Micróbio]]s possuem características básicas do fundo dos organismos basicromáticos que os tornam os [[organismo modelo|modelos de organismos]] ideais. Foi descoberta a origem das bactérias, tendo sido anterior à origem de outros corpos, tais como protozoários, eucariontes e vírus. Dentre os citados, o último a se desenvolver foram os protozoários, por tratar-se de seres com uma complexidade maior:
[[Micróbio]]s possuem características básicas do fundo dos organismos basicromáticos que os tornam os [[organismo modelo|modelos de organismos]] ideais. Foi descoberta a origem das bactérias, tendo sido anterior à origem de outros corpos, tais como protozoários, eucariontes e vírus. Dentre os citados, o último a se desenvolver foram os protozoários, por tratar-se de seres com uma complexidade maior:
* São muito pequenos, então eles não consomem muitos recursos;
* São muito pequenos, então eles não consomem muitos recursos;
* Eles podem-se reproduzir por divisão [[mitose|mitótica]], permitindo a propagação de [[clone]]s idênticos em populações;
* Eles podem-se reproduzir por divisão [[mitose|mitótica]], permitindo a propagação de [[clone]]s idênticos em populações;
* Eles podem ser congelados por longos períodos de tempo. Mesmo se 90% das células são mortas pelo processo de congelamento, há milhões de células em um mililitro da cultura líquida.
* Eles podem ser congelados por longos períodos de tempo. Mesmo se 90% das células são mortas pelo processo de congelamento, há milhões de células em um mililitro da cultura líquida.

[[Ficheiro:Onchocerca volvulus emerging from a black fly.jpg|esquerda|thumb|[[Simuliidae|Mosca-preta adulta]] (''Simulium yahense'') com ''[[Onchocerca volvulus]]'' que emerge da antena do inseto. O parasita é responsável pela doença conhecida como [[Oncocercose|cegueira dos rios]] em [[África]]. A amostra foi fixado quimicamente, secada ao ponto crítico e, então, observada usando [[microscopia eletrônica]] de varredura convencional. Ampliada 100 ×.]]


Estes traços permitiram que [[Joshua Lederberg]] e sua mulher [[Esther Lederberg]] pudessem dirigir um elegante experimento em [[1951]] demonstrando que adaptações [[evolução|evolutivas]] surgem melhor da preadaptação do que da [[mutação]] dirigida. Para isto, eles inventaram a [[replicação em placa]], que permitiu que eles transferissem numerosas [[Colónia (biologia)|colônias de bactérias]] para locais específicos de uma [[placa de petri]] preenchida com [[Ágar-ágar]] para regiões análogas em diversas outras placas de petri. Após a replicação de uma placa com ''E. coli'', eles expuseram cada uma das placas a [[fago]]s. Eles observaram que colônias resistentes aos fagos estavam presentes em partes análogas de cada placa, possibilitando-os concluir que os traços de resistência aos fagos existiam na colonia original, que nunca havia sido exposta aos fagos, ao invés de surgirem após as bactérias terem sido expostas aos vírus.
Estes traços permitiram que [[Joshua Lederberg]] e sua mulher [[Esther Lederberg]] pudessem dirigir um elegante experimento em [[1951]] demonstrando que adaptações [[evolução|evolutivas]] surgem melhor da preadaptação do que da [[mutação]] dirigida. Para isto, eles inventaram a [[replicação em placa]], que permitiu que eles transferissem numerosas [[Colónia (biologia)|colônias de bactérias]] para locais específicos de uma [[placa de petri]] preenchida com [[Ágar-ágar]] para regiões análogas em diversas outras placas de petri. Após a replicação de uma placa com ''E. coli'', eles expuseram cada uma das placas a [[fago]]s. Eles observaram que colônias resistentes aos fagos estavam presentes em partes análogas de cada placa, possibilitando-os concluir que os traços de resistência aos fagos existiam na colonia original, que nunca havia sido exposta aos fagos, ao invés de surgirem após as bactérias terem sido expostas aos vírus.
Linha 87: Linha 91:
* [http://www.omo.com.br/museu-de-microbiologia/ Museu de Microbiologia]
* [http://www.omo.com.br/museu-de-microbiologia/ Museu de Microbiologia]


{{referências}}

{{Esboço-microbiologia}}
{{Biologia-rodapé}}
{{Biologia-rodapé}}
{{Authority control}}
{{Authority control}}

Revisão das 19h12min de 17 de junho de 2021

A bactéria Salmonella (em vermelho) invade células humanas cultivadas.

Microbiology (do Grego μῑκρος, mīkros, "pequeno"; βίος, bios, "vida"; e -λογία, -logia, "estudo"; "estudo da vida pequena") é o estudo científico de microrganismos, aqueles sendo unicelulares (célula única), multicelulares (colônia de células) ou acelulares (ausentes de células; e.g. vírus).[1][2] A microbiologia abrange várias sub-disciplinas, incluindo virologia, bacteriologia, protistologia, micologia, imunologia e parasitologia.

Os microrganismos eucarióticos possuem organelas ligadas à membrana e incluem fungos e protistas, enquanto os organismos procarióticos - todos os quais são microrganismos - são convencionalmente classificados como desprovidos de organelas ligadas à membrana e incluem Bactérias e Archaea.[3][4] Os microbiologistas tradicionalmente confiavam na cultura, coloração e microscopia. No entanto, menos de 1% dos microrganismos presentes em ambientes comuns podem ser cultivados isoladamente usando os meios atuais.[5] Microbiologistas costumam confiar em ferramentas da biologia molecular, como a identificação baseada na sequência de DNA, por exemplo, a sequência do gene 16S rRNA usada para a identificação de bactérias.

A existência de microrganismos foi prevista muitos séculos antes de serem observados pela primeira vez, por exemplo, pelos jainistas na Índia e por Marco Terêncio Varrão na Roma antiga. A primeira observação microscópica registrada foi de corpos frutíferos de fungos, por Robert Hooke em 1666, mas o padre jesuíta Athanasius Kircher foi provavelmente o primeiro a ver micróbios, que ele mencionou ter observado no leite e em material pútrido em 1658. Antonie van Leeuwenhoek é considerado como o pai da microbiologia quando observou e fez experiências com organismos microscópicos na década de 1670, usando microscópios simples de seu próprio projeto.[6] A microbiologia científica se desenvolveu no século 19 por meio do trabalho de Louis Pasteur e da microbiologia médica de Robert Koch.[7]

História

Avicena teorizou a existência de microrganismos

A existência de microrganismos foi teorizada por muitos séculos antes de sua descoberta real. A existência de vida microbiológica invisível foi postulada pelo Jainismo, que se baseia nos ensinamentos de Mahavira já no século 6 a.C.[8] Paul Dundas observa que Mahavira afirmou a existência de criaturas microbiológicas invisíveis que vivem na terra, na água, no ar e no fogo.[9] As escrituras jainistas descrevem nigodas que são criaturas submicroscópicas que vivem em grandes aglomerados e têm uma vida muito curta, que permeiam todas as partes do universo, até mesmo em tecidos de plantas e carne de animais.[10] O romano Marco Terêncio Varrão fez referências aos micróbios quando advertiu contra a localização de uma cabana nas proximidades dos pântanos "porque existem certas criaturas diminutas que não podem ser vistas pelos olhos, que flutuam no ar e entram no corpo pela boca e nariz e, portanto, podem causar doenças graves."[11]

Na era de ouro da civilização islâmica, os cientistas persas levantaram a hipótese da existência de microrganismos, como Avicena em seu livro O Cânone da Medicina, Ibn Zuhr (também conhecido como Avenzoar), que descobriu ácaros da sarna, e Rasis, que deu a descrição mais antiga conhecida da varíola em seu livro A Vida Virtuosa (al-Hawi).[12]

Em 1546, Girolamo Fracastoro propôs que as doenças epidêmicas eram causadas por entidades semelhantes a sementes que podiam transmitir a infecção por contato direto ou indireto.[13]

Anton van Leeuwenhoek, considerado o primeiro microscopista e microbiologista.
Schematic drawings
Microscópios de Van Leeuwenhoek por Henry Baker[14]

Em 1676, Antonie van Leeuwenhoek, que viveu a maior parte de sua vida em Delft, Holanda, foi o primeiro a descobrir (observar), estudar, descrever, conduzir experimentos científicos com uma grande variedade de organismos microscópicos (incluindo bactérias, que ele chamou de "animálculos")[15] e aproximadamente determinar seu tamanho, usando microscópios de lente única de seu próprio projeto.[16][17][18] Ele é considerado o pai da microbiologia por ter sido o pioneiro no uso de microscópios de lente única simples.[19][20][21] Embora Van Leeuwenhoek seja frequentemente citado como o primeiro a observar micróbios, Robert Hooke fez sua primeira observação microscópica registrada de corpos frutíferos de fungos, em 1665.[22] No entanto, foi sugerido que um padre jesuíta chamado Athanasius Kircher foi o primeiro a observar os microrganismos.[23]

Kircher foi um dos primeiros a projetar lanternas mágicas para fins de projeção, então ele devia estar bem familiarizado com as propriedades das lentes.[23] Ele escreveu "Sobre a estrutura maravilhosa das coisas na natureza, investigada pelo Microscópio" em 1646, declarando "quem acreditaria que o vinagre e o leite abrigam uma infinidade de vermes". Ele também notou que o material pútrido está cheio de inúmeros animálculos rastejantes. Ele publicou seu Scrutinium Pestis (Exame da Peste) em 1658, afirmando corretamente que a doença era causada por micróbios, embora o que ele viu foram provavelmente glóbulos vermelhos ou brancos, e não o próprio agente da peste.[23]

O Nascimento da Bacteriologia

Ver artigo principal: Bacteriologia
Innovative laboratory glassware and experimental methods developed by Louis Pasteur and other biologists contributed to the young field of bacteriology in the late 19th century.

O campo da bacteriologia (mais tarde se tornou uma subdisciplina da microbiologia) foi fundado no século 19 por Ferdinand Cohn, um botânico cujos estudos sobre algas e bactérias fotossintéticas o levaram a descrever várias bactérias, incluindo Bacillus e Beggiatoa. Cohn também foi o primeiro a formular um esquema para a classificação taxonômica de bactérias e a descobrir endosporos.[24] Louis Pasteur e Robert Koch foram contemporâneos de Cohn e são frequentemente considerados os pais da microbiologia moderna e da microbiologia médica, respectivamente.[23][25] Pasteur é mais famoso por sua série de experimentos projetados para refutar a então amplamente aceita teoria da geração espontânea, solidificando assim a identidade da microbiologia como ciência biológica.[26] Um de seus alunos, Adrien Certes, é considerado o fundador da microbiologia marinha.[27] Pasteur também projetou métodos de preservação de alimentos (pasteurização) e vacinas contra várias doenças, como antraz, cólera aviária e raiva.[2] Koch é mais conhecido por suas contribuições para a teoria dos germes das doenças, provando que doenças específicas eram causadas por microrganismos patogênicos específicos. Ele desenvolveu uma série de critérios que se tornaram conhecidos como Postulados de Koch. Koch foi um dos primeiros cientistas a se concentrar no isolamento de bactérias em cultura pura, resultando em sua descrição de várias novas bactérias, incluindo Mycobacterium tuberculosis, o agente causador da tuberculose.[2]

Martinus Beijerinck em seu laboratório.

Embora Pasteur e Koch sejam frequentemente considerados os fundadores da microbiologia, seu trabalho não refletia com precisão a verdadeira diversidade do mundo microbiano por causa de seu foco exclusivo em microrganismos com relevância médica direta. Foi somente no final do século 19 e no trabalho de Martinus Beijerinck e Sergei Winogradsky que a verdadeira amplitude da microbiologia foi revelada.[2] Martinus Beijerinck, o pai fundador da Delft School of Microbiology, frequentemente considerado como o fundador da virologia, microbiologia ambiental e microbiologia industrial,[28] fez duas contribuições importantes para a microbiologia: a descoberta de vírus e o desenvolvimento de técnicas de cultura de enriquecimento.[29] Embora seu trabalho com o vírus do mosaico do tabaco tenha estabelecido os princípios básicos da virologia, foi seu desenvolvimento da cultura de enriquecimento que teve o impacto mais imediato na microbiologia, permitindo o cultivo de uma ampla gama de micróbios com fisiologias totalmente diferentes. Winogradsky foi o primeiro a desenvolver o conceito de quimiolitotrofia e, assim, revelar o papel essencial desempenhado pelos microrganismos nos processos geoquímicos.[30] Ele foi responsável pelo primeiro isolamento e descrição de bactérias nitrificantes e fixadoras de nitrogênio.[2] O microbiologista franco-canadense Felix d'Herelle co-descobriu os bacteriófagos em 1917 e foi um dos primeiros microbiologistas aplicados.[31]

Joseph Lister foi o primeiro a usar desinfetante fenol em feridas abertas de pacientes.[32]

Conceito

Mosca-preta adulta (Simulium yahense) com Onchocerca volvulus que emerge da antena do inseto.[a]

Micróbios possuem características básicas do fundo dos organismos basicromáticos que os tornam os modelos de organismos ideais. Foi descoberta a origem das bactérias, tendo sido anterior à origem de outros corpos, tais como protozoários, eucariontes e vírus. Dentre os citados, o último a se desenvolver foram os protozoários, por tratar-se de seres com uma complexidade maior:

  • São muito pequenos, então eles não consomem muitos recursos;
  • Eles podem-se reproduzir por divisão mitótica, permitindo a propagação de clones idênticos em populações;
  • Eles podem ser congelados por longos períodos de tempo. Mesmo se 90% das células são mortas pelo processo de congelamento, há milhões de células em um mililitro da cultura líquida.

Estes traços permitiram que Joshua Lederberg e sua mulher Esther Lederberg pudessem dirigir um elegante experimento em 1951 demonstrando que adaptações evolutivas surgem melhor da preadaptação do que da mutação dirigida. Para isto, eles inventaram a replicação em placa, que permitiu que eles transferissem numerosas colônias de bactérias para locais específicos de uma placa de petri preenchida com Ágar-ágar para regiões análogas em diversas outras placas de petri. Após a replicação de uma placa com E. coli, eles expuseram cada uma das placas a fagos. Eles observaram que colônias resistentes aos fagos estavam presentes em partes análogas de cada placa, possibilitando-os concluir que os traços de resistência aos fagos existiam na colonia original, que nunca havia sido exposta aos fagos, ao invés de surgirem após as bactérias terem sido expostas aos vírus.

A extensiva caracterização dos micróbios tem nos permitido o uso deles como ferramentas em outras linhas da biologia:

  • Bactérias (especialmente Escherichia coli) podem ser usadas para reduplicar DNA na forma de um plasmídeo. Este DNA é frequentemente modificado quimicamente in vitro e, então, inserido em bactérias para selecionar traços desejados e isolar o produto desejado de derivados da reação. Após o crescimento da bactéria e, deste modo, a replicação do DNA, o DNA pode ser, adicionalmente, modificado e inserido em outros organismos.
  • Bactérias podem também ser usadas para a produção de grandes quantidades de proteínas usando genes codificados em um plasmídeo.
  • Genes bacteriais tem sido inseridos em outros organismos como genes repórteres.
  • O sistema de hibridação em levedura combina genes de bactérias com genes de outros organismos já estudados e os insere em uma célula de levedura para estudar interações proteicas em um ambiente celular.

Profissões relacionadas

Ver também

Ligações externas

Commons
Commons
O Commons possui imagens e outros ficheiros sobre Microbiologia

Referências

  1. «Microbiology - Latest research and news | Nature». www.nature.com. Consultado em 1 de fevereiro de 2020 
  2. a b c d e Madigan M, Martinko J (editors) (2006). Brock Biology of Microorganisms 13th ed. [S.l.]: Pearson Education. p. 1096. ISBN 978-0-321-73551-5 
  3. Whitman, Whilliam B (2015). Whitman, William B; Rainey, Fred; Kämpfer, Peter; Trujillo, Martha; Chun, Jonsik; Devos, Paul; Hedlund, Brian; Dedysh, Svetlana, eds. Bergey's Manual of Systematics of Archaea and Bacteria. [S.l.]: John Wiley and Sons. CiteSeerX 10.1.1.737.4970Acessível livremente. ISBN 9781118960608. doi:10.1002/9781118960608 
  4. Pace, Norman R. (2006). «Time for a change». Nature (em inglês). 441 (7091). 289 páginas. Bibcode:2006Natur.441..289P. ISSN 0028-0836. PMID 16710401. doi:10.1038/441289a 
  5. Nitesh RA, Ludwig W, Schleifer KH (2011). «Phylogenetic identification and in situ detection of individual microbial cells without cultivation». Microbiological Reviews. 59 (1): 143–169. PMC 239358Acessível livremente. PMID 7535888 
  6. «Resultado da enquete: Antoni van Leeuwenhoek é considerado o "pai" da Microbiologia». LabNetwork (em inglês). Consultado em 17 de junho de 2021 
  7. «A História do surgimento da Microbiologia: Fatos Marcantes - Microbiologia». www.microbiologia.ufrj.br. Consultado em 17 de junho de 2021 
  8. Mahavira is dated 599 BC - 527 BC. See Dundas, Paul; John Hinnels ed. (2002). The Jain. London: Routledge. ISBN 978-0-415-26606-2  p. 24
  9. Dundas, Paul (2002) p. 88
  10. Jaini, Padmanabh (1998). The Jaina Path of Purification. New Delhi: Motilal Banarsidass. p. 109. ISBN 978-81-208-1578-0 
  11. Marco Terêncio Varrão. Varro on Agriculture 1, xii Loeb.
  12. «فى الحضارة الإسلامية - ديوان العرب» [Microbiologia no Islã]. Diwanalarab.com (em árabe). Consultado em 8 de junho de 2021 
  13. Fracastoro, Girolamo (1546), De Contagione et Contagiosis Morbis transl. Wilmer Cave Wright (1930). New York: G.P. Putnam's
  14. Chung, King-thom; Liu, Jong-kang: Pioneers in Microbiology: The Human Side of Science. (World Scientific Publishing, 2017, ISBN 978-9813202948). "We may fairly call Leeuwenhoek “The first microbiologist” because he was the first individual to actually culture, see, and describe a large array of microbial life. He actually measured the multiplication of the bugs. What is more amazing is that he published his discoveries."
  15. Dobell, Clifford (1932). Antony van Leeuwenhoek and His "Little Animals": being some account of the father of protozoology and bacteriology and his multifarious discoveries in these disciplines Dover Publications ed. New York: Harcourt, Brace and Company 
  16. Ford, Brian J. (1992). «From Dilettante to Diligent Experimenter: a Reappraisal of Leeuwenhoek as microscopist and investigator». Biology History. 5 (3) 
  17. Toledo-Pereyra, Luis H.: The Strange Little Animals of Antony van Leeuwenhoek — Surgical Revolution, in Surgical Revolutions: A Historical and Philosophical View. (World Scientific Publishing, 2008, ISBN 978-9814329620)
  18. Lane, Nick (6 de março de 2015). «The Unseen World: Reflections on Leeuwenhoek (1677) 'Concerning Little Animal'». Philos Trans R Soc Lond B Biol Sci. 370 (1666): 20140344. PMC 4360124Acessível livremente. PMID 25750239. doi:10.1098/rstb.2014.0344 
  19. Lane, Nick (6 de março de 2015). «The Unseen World: Reflections on Leeuwenhoek (1677) 'Concerning Little Animal'». Philos Trans R Soc Lond B Biol Sci. 370 (1666): 20140344. PMC 4360124Acessível livremente. PMID 25750239. doi:10.1098/rstb.2014.0344 
  20. Corliss, John O (1975). «Three Centuries of Protozoology: A Brief Tribute to its Founding Father, A. van Leeuwenhoek of Delft». The Journal of Protozoology. 22 (1): 3–7. PMID 1090737. doi:10.1111/j.1550-7408.1975.tb00934.x 
  21. Chung, King-thom; Liu, Jong-kang: Pioneers in Microbiology: The Human Side of Science. (World Scientific Publishing, 2017, ISBN 978-9813202948). "We may fairly call Leeuwenhoek “The first microbiologist” because he was the first individual to actually culture, see, and describe a large array of microbial life. He actually measured the multiplication of the bugs. What is more amazing is that he published his discoveries."
  22. Gest H (2005). «The remarkable vision of Robert Hooke (1635-1703): first observer of the microbial world». Perspect. Biol. Med. 48 (2): 266–72. PMID 15834198. doi:10.1353/pbm.2005.0053 
  23. a b c d Wainwright, Milton (2003). An Alternative View of the Early History of Microbiology. Col: Advances in Applied Microbiology. 52. [S.l.: s.n.] pp. 333–55. ISBN 978-0-12-002654-8. PMID 12964250. doi:10.1016/S0065-2164(03)01013-X 
  24. Drews, G. (1999). «Ferdinand Cohn, among the Founder of Microbiology». ASM News. 65 (8): 547 
  25. Ryan, K.J.; Ray, C.G., eds. (2004). Sherris Medical Microbiology 4th ed. [S.l.]: McGraw Hill. ISBN 978-0-8385-8529-0 
  26. Bordenave, G. (2003). «Louis Pasteur (1822-1895)». Microbes Infect. 5 (6): 553–60. PMID 12758285. doi:10.1016/S1286-4579(03)00075-3 
  27. Adler, Antony; Dücker, Erik (5 de abril de 2017). «When Pasteurian Science Went to Sea: The Birth of Marine Microbiology». Journal of the History of Biology. 51 (1): 107–133. PMID 28382585. doi:10.1007/s10739-017-9477-8 
  28. Bennett, J.W. (1996). Martinus Willem Beijerinck: Dutch father of industrial microbiology. (SIM News 46(2):69–72)
  29. Johnson, J. (2001) [1998]. «Martinus Willem Beijerinck». APSnet. American Phytopathological Society. Consultado em 2 de maio de 2010. Cópia arquivada em 20 de junho de 2010  Retrieved from Internet Archive January 12, 2014.
  30. Paustian T, Roberts G (2009). «Beijerinck and Winogradsky Initiate the Field of Environmental Microbiology». Through the Microscope: A Look at All Things Small 3rd ed. [S.l.]: Textbook Consortia. § 1–14 
  31. Keen, E.C. (2012). «Felix d'Herelle and Our Microbial Future». Future Microbiology. 7 (12): 1337–1339. PMID 23231482. doi:10.2217/fmb.12.115 
  32. Lister, Joseph (1 de agosto de 2010). «The Classic: On the Antiseptic Principle in the Practice of Surgery». Clinical Orthopaedics and Related Research. 468 (8): 2012–2016. PMC 2895849Acessível livremente. PMID 20361283. doi:10.1007/s11999-010-1320-x 


Erro de citação: Existem etiquetas <ref> para um grupo chamado "lower-alpha", mas não foi encontrada nenhuma etiqueta <references group="lower-alpha"/> correspondente